24 de nov. de 2008

TRAGÉDIA EM SANTA CATARINA

Há uns 25 ou 30 anos aconteceu algo parecido em Santa Catarina. Blumenau, Itajaí e outros municípios tiveram problemas enormes como quedas de barreiras que fecharam rodovias vitais para cidades que ficaram inundadas por quase uma semana sem luz e água.

Um verdadeiro caos.

Eu lembro bem disso. Na época, Curitiba também estava na lista das cidades em estado de calamidade e a TV Bandeirantes iniciou quase que por acaso no programa Flávio Cavalcanti uma campanha, a SOS SUL, que demonstrou como o brasileiro é solidário nessas horas.

Gente que praticamente não tinha nada para comer em casa no nordeste, entrou na campanha para ajudar os irmãos sulistas. E dos poucos alimentos que pessoas humildes do norte/nordeste se esforçaram em mandar, a campanha cresceu em um ritmo impressionante a ponto de caminhões e mais caminhões de donativos virem em direção ao sul trazendo desde alimentos até roupas e colchões em quantidades excepcionais.

Mas o que eu pretendo escrever aqui é outra coisa.

O leitor já notou que essas tragédias são recorrentes e não exclusivas de estado algum? Já pensou em quantas vezes ocorreram deslizamentos no Rio de Janeiro, em Minas, no Rio Grande do Sul e mesmo em São Paulo? E quantas casas arrastadas por rios em Pernambuco, Paraná ou Mato Grosso?

Pois é, há algo que torna essas tragédias comuns dentro destes fatos, o descaso do poder público aliado à irresponsabilidade dos políticos, especialmente dos populistas, aqueles que vivem falando nos "mais pobres" e tentando justificar atos de ilegalidade com a desculpa da condição de miserabilidade dos agentes.

Naquela região de Santa Catarina onde ocorreu a tragédia, é comum que se instalem favelas e loteamentos irregulares em encostas de morro, tal qual o que acontece no Rio de Janeiro, onde isso já virou praga que nenhuma autoridade teve, na época certa, a coragem de enfrentar para salvar a cidade do caos. E uma vez instaladas, os governantes não se preocupam em tirá-las, assim como a Justiça pouco faz para reintegrar a posse a quem de direito e os órgãos ambientais se omitem em combater a devastação de tais áreas de preservação.

Os políticos tem pavor de contrariar esse povo que, dizendo não ter para onde ir, põe sua própria vida em risco, devasta o meio ambiente e destrói qualquer planejamento urbano das cidades. Mas que vota, e de regra, mal.

O resultado disso, cedo ou tarde são tragédias como estas, onde o deslizamento de encostas destruiu casas e barracos e matou pessoas, as mesmas que os políticos temem contrariar quando há tempo de salvarem.

Falamos muito do Rio de Janeiro com seus problemas insolúveis e suas favelas enormes e incorrigíveis, mas o fato é que, sob a desculpa de "não ter para onde ir" e com a benção de políticos e autoridades que desprezam a Lei e o bom senso, milhares de pessoas pelo Brasil afora invadem encostas de morros, várzeas de rios e mananciais, sujeitando-se a a perder o pouco que construíram na vida ou, pior, a mortes estúpidas de si mesmos e/ou parentes, além das mortes e problemas que causam pela irresponsabilidade ambiental. E o pior de tudo, depois que invadem, ninguém toma providências!

Cada vez que acontecem tragédias como esta de Santa Catarina, muita gente se pergunta do porque, mas o fato é que se as leis fossem cumpridas por todos, povo e políticos, a probabilidade de coisas assim acontecerem seria bem menor.

É algo a se pensar sempre, e não esquecer para esperar a próxima tragédia.

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