Que a CPMF não demoraria ser discutida de novo todo mundo sabia, porque a classe política brasileira é feita de escroques amorais, a fazer demagogia com o dinheiro do povo, supostamente para beneficiá-lo.
A tal emenda 29 é mais um capítulo da demagogia política nacional, porque a saúde não precisa de mais recursos. Desde a Constituição de 1988, os recursos dela aumentam todos os anos no orçamento da União e nem por isso sua situação melhora porque o dinheiro é mal gasto, vez que repassado para estados e principalmente prefeituras gerenciadas de regra (nas pequenas cidades) por corruptos analfabetos.
O preço que o SUS paga por uma consulta médica é o mesmo há uns 10 anos e é muito menor que irrisório, não paga o esforço de capacitação dos bons profissionais.
Os procedimentos médicos têm sua tabela congelada por anos a fio e quando reajustados, o índice não cobre a diferença de custo de um ou dois anos.
A exemplo de como são mal geridos os recursos da área, basta dizer que na semana passada, A Assembléia Legislativa do Paraná aprovou a criação de 180 cargos em comissão para a saúde, cargos estes que o governador Requião exigiu que fossem criados, torcendo o nariz e mobilizando sua base parlamentar para sepultar a idéia de ocupá-los por concurso público onde o custo seria bem menor, que pelo jeito é algo condenado pela Carta de Puebla.
Enfim, se os recursos da saúde, que, repita-se, crescem todos os anos, fossem bem usados, os médicos e hospitais receberiam o valor justo pelos serviços que prestam, e não haveria a crise recorrente em hospitais nos mais diversos locais do país, causada pela falta de verbas mínimas de manutenção. Neste exato momento em que o leitor me honra com sua atenção, certamente há algum hospital no país em sérias dificuldades, porque trabalha muito para o SUS, mas não recebe verbas compatíveis com toda essa dedicação.
A emenda 29 é apenas um mote, uma desculpa esfarrapada, um enjambre para recriar a CPMF, mesmo com o governo federal batendo recordes mensais de arrecadação, projetando um aumento real dela em torno de 10% em 2008, que somado aos 10% de 2007, correspondem a duas da extinta CPMF.
E isso porque a CPMF é uma verba política. Foi usada durante sua existência para programas sociais em que nem sempre as contas foram contempladas com transparência. Extinta ano passado, a situação não piorou em hospital nenhum, apenas se manteve, basicamente porque ela era desnecessária, embora muito, muito atraente aos olhos gordos de políticos safados.
Sinceramente, esse dinheiro que supostamente querem carrear para a área de saúde, seria melhor usado no sistema educacional, especialmente no reforço do ensino fundamental nas áreas e cidades mais pobres do país, o que teria um efeito imediato na situação da saúde - quanto mais educada uma população, menos ela precisa de hospitais.
PS: Estarei de folga e longe de casa até segunda-feira. Se os comentários não entrarem, é porque não encontrei um computador onde moderá-los. Abraços e bom feriado a todos.
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