É um saco cumprimentar pessoas e ser instado a tomar certas atitudes apenas por simbolismos, que na prática nada resolvem e nada mudam a sociedade. Eu já passei daquela fase lúdica da juventude, de acreditar que passeata, dia internacional disso ou daquilo, hora disso ou daquilo resolva alguma coisa e/ou gere algum tipo de conscientização para as massas ou para quem quer que seja. Esses dias, experimentamos a "hora do planeta", que se propunha a fazer com que por uma hora, as pessoas desligassem todos seus aparelhos elétricos da tomada. Sinceramente, alguém acredita mesmo que se 1/40 avos da humanidade tomasse essa atitude (e o número de adeptos certamente foi muito, mas muito inferior a esse) mudaria alguma coisa no planeta? Não adianta absolutamente nada a pessoa sair de casa para manter seus eletrodomésticos desligados, e ir ao shoppping comprar um novo modelo de telefone celular. Assim como não adianta as prefeituras aderirem ao "dia sem carro", fechando algumas vias da cidade para forçar as pessoas a usarem outros meios de transporte. Aqui, em Curitiba, o último "dia sem carro" foi um fiasco tão grande, que as 3 da tarde os fiscais de trânsito liberaram o uso das vias em face do supercongestionamento no resto da cidade. Como também é inútil celebrar o "dia do contador" quando o governo federal atulha os profissionais desta área com obrigações estúpidas e trabalhosas como nota fiscal eletrônica, SPED, escrituração fiscal eletrônica e quetais, aumentando a carga de trabalho deles, sem mexer, claro, na remuneração de ninguém e sem a menor preocupação com o aumento exponencial, dramático e anti-desenvolvimentista da burocracia brasileira, que normalmente sempre foi insana, mas anda batendo recordes de imbecilidade. A burocracia brasileira é tão grande que atravanca o crescimento econômico, e não é com cumprimentos elogiosos a um bravo contador (como este que vos escreve) que isso melhora! E por fim, de que adianta celebrar o "dia internacional da mulher" para ver reportagens melosas e irreais no Jornal Nacional ou homenagens mentirosas e pouco sinceras de qualquer natureza? Me fio no exemplo de uma cabeileireira de Minas Gerais, que foi à delegacia pedir proteção contra o ex-marido que lhe ameaçava de morte. Ela ia à delegacia e além de não receber proteção, fazia um BO, que é simbolo nacional de hipocrisia, um atestado de que o Estado tá se lixando para os perigos que lhe rondam ou para as afrontas sofridas ao seu patrimônio ou sua pessoa. Pois bem, o "dia internacional" não a salvou. Além de sofrer todo tipo de violência física e emocional, foi assassinada a tiros na frente de uma câmera de segurança, com um monte de testemunhas, à luz do dia... e arrisca algum juiz não condenar o homicida por ser primário e de bons antecedentes ou por alegar insanidade temporária ou coisa assim, fato que já aconteceu no Brasil várias vezes, independentemente da celebração anual da homenagem (merecida, diga-se de passagem) às mulheres. Simbolismo não melhora a situação dramática do meio ambiente, nem a condição profissional de ninguém, muito menos a condição feminina em lugar algum. O que muda a sociedade é praticidade, com aplicação plena da Lei, nem que ela seja rigorosíssima. Se o indivíduo desmata área de preservação, tem que ir preso, tem que perder a propriedade e responder financeiramente pelo dano que causou, e não ficar discutindo autos de infração nas 4 esferas da justiça. Se o machista mata a ex-esposa, deve sofrer agravante na pena e mofar na prisão por 30 anos. Se alguém joga lixo nos boeiros e entope escoamento de águas, multa pesada e pena alternativa. Enfim, se não multar, se não prender, se não confiscar, se não impuser a Lei com todo o rigor dela com velocidade e efetividade, pode-se comemorar o dia internacional de tudo ou a hora de tudo que nada muda em lugar nenhum do mundo, comemorações como estas, só geram benefício para quem às promove.
PS: O blogspot pirou de vez! Agora, não aceita mais parágrafo... por isso, o texto sai assim, perdão aos leitores!