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Os EUA doaram US$ 100 milhões de ajuda ao Haiti. E o Brasil, US$ 17 milhões. Fora eles, com doações compatíveis com suas potencialidades econômicas, os demais países fizeram doações pífias, que não condizem com a realidade de certas economias nacionais.
É certo que, quanto mais distante da tragédia, menores os valores doados. Mas não se pode esquecer que o Haiti é objeto de ações internacionais constantes há pelo menos meia década, o que seria justificativa para uma ação internacional mais efetiva. Trata-se de um regime escacarado, em que todo o mundo conhece as enormes dificuldades envolvidas.
E disso se constata que o Brasil tem razão: há países doando pouco, talvez por não mesurar o tamanho da tragédia.
US$ 17 milhões é um pingo d'água no oceano orçamentário brasileiro, onde a corrupção (por exemplo) corrói mais que isso por ano só no Distrito Federal. Se é um pingo no Brasil, também será nos países ricos, como a Itália, a França, a Alemanha, o Canadá, a China, a Índia e a Rússia.
É preciso montar um fundo consistente de recursos a ser administrado pela ONU, com vias a efetivamente construir um Estado naquele país. Seria um dinheiro usado em parte para montar estruturas governamentais e em parte para aliviar a fome e a miséria extremas que o país está exprimentando. Apenas a ajuda internacional salvará o país, até porque se não se fizer isto, criará um problema sério para a República Dominicana, Cuba, Venezuela e demais países do Caribe, lugares para onde irão refugiados do caos haitiano.
Se uma modelo como Gisele Bundchen ou um casal de atores como Angelina Jolie e Brad Pitt doam quantias superiores a US$ 1 milhão, há países que podem fazer mais do que isto, na tentativa de organizar um país no Haiti e dar alento a milhões de pessoas que estão abandonadas à própria sorte.
Na Folha de S.Paulo: