11 de fev. de 2008

CARTÕES CORPORATIVOS

Eu esperei um pouco antes de comentar o assunto dos tais cartões corporativos, basicamente porque não gosto de escrever aqui sobre o óbvio.

Que houve gastos excessivos e irregulares, que muita gente se fartou com o dinheiro público por prazeres pessoais, isso todo mundo está sabendo e nem é novidade, num país onde um detentor do cargo inútil de vereador tem verba de gabinete mesmo em municípios paupérrimos. Com efeito, um deputado ou senador de qualquer partido que ousar atacar o presidente Lula ou o governador Serra por gastos de gabinete no cartão corporativo, estará esquecendo das dezenas de funcionários que contrata,os jetons, os auxílio-moradia ou bolsa terno ou coisas parecidas que fazem parte das inúmeras mordomias legislativas.

Fui acompanhando o caso até que no sábado apareceu algo que valia a pena comentar.

O Ministério Público e o Judiciário abriram inquérito para apurar o uso irregular de cartões corporativos no valor de R$ 1,2 milhão.

1,2 milhão no Judiciário e no MP, contra os 120 milhões já apurados no do Executivo Federal e os estimados 100 e 70 milhões, respectivamente do Executivo paulista e do paranaense, campeão proporcional absoluto na arte de torrar dinheiro público com asneiras.

O fato do MP e do Judiciário jogarem menos dinheiro fora em irregularidades assim é explicável pelo fato de serem órgãos profissionalizados, com quadros funcionais fixos, altamente técnicos e versados em serviço público. Portanto, órgãos onde os funcionários sabem distinguir o dinheiro público do privado e, mais que isso, sabem as consequências (em teoria) do gasto irregular.

Os gastos excessivos no poder Executivo (e no Legislativo também, bastará alguém verificar isso que encontra) são potencializados pelos ocupantes de cargos em comissão, gente de regra desqualificada e incapaz de prestar concursos públicos, mas que é lotada em cargos chave (como secretarias e chefias administrativas), recebendo salários muito acima da média nacional mas mesmo assim se fartando nas mordomias como se elas não fossem pagas pelo suor do povão roubado por impostos estúpidos como a CPMF (estúpidos e venais também os que a defendem!).

O uso do cartão corporativo será tão mais irregular quanto menos profissional e preparado o agente que portá-lo. É óbvio que haverá agentes profissionais e preparados pegos usando-o de modo irregular mas pensemos bem: será que a maioria não recebe "ordens superiores" para tal?

Enfim, esse episódio serve para que mais uma vez eu venha aqui defender o funcionalismo de carreira e lutar contra os comissionados que fazem do Estado brasileiro uma estrutura inchada, ineficiente e eleitoreira, o que explica, em muito, a eterna crise fiscal que mantém os juros altos e as contas públicas eternamente contingenciadas, mesmo quando há recorde sobre recorde de arrecadação tributária.

E que fique bem claro que boa parte dos recordes de arrecadação tributária são fruto da eficiência de funcionários de carreiras profissionalizadas na Receita Federal do Brasil.

7 de fev. de 2008

MAIS UM CANDIDATO A DITADOR

Vejam, conforme a Folha de S.Paulo, que a onda de reformas constitucionais "latrino" americanas não atinge apenas os regimes bolivarianos. Aliados dos EUA, como Álvaro Uribe, também querem entrar no bloco do "fica mais 4 anos prorrogando o quanto puder":

Aliados de Alvaro Uribe voltam a propor reforma por terceiro mandato

Não difere em quase nada de Hugo Chaves.

O INCRÍVEL! O BIZARRO!! O EX-TRA-OR-DI-NÁ-RIO!!!


Eu já respondi esse me-me em alguns blogs, e provavelmente vou repetir algumas das (muitas) particularidades minhas, mas ele é interessante, de modo que lá vai:

1. Faço o possível para não comprar absolutamente nada na cor vermelha, uma das poucas exceções é tomate.

2. Sempre tenho um papel próximo ao computador para rabiscar enquanto penso. Todos os dias jogo fora pelo menos uma folha cheia de rabiscos e frases incompreensíveis.

3. Guardo as moedas de 1, 5, 10 e 25 centavos que recebo numa lata e, quando ela completa algo próximo de R$ 100, troco por papel-moeda no supermercado ou na papelaria de perto de casa.

4. Não gosto de telefone. Faço o possível para não usá-lo, prefiro a comunicação via e-mail ou MSN. Sempre que é possível, peço para outra pessoa fazer a ligação ou atender. Só uso telefone celular quando estou longe do escritório e mesmo assim, privilegio a troca de mensagens SMS.

5. Sou desorganizado com roupas e calçados, que ficam todos entulhados dentro dos armários, de tal modo que preciso procurar (e bagunçar ainda mais) a roupa que pretendo vestir. Ao mesmo tempo, mantenho minhas estantes de livros em perfeita organização por ordem alfabética.

6. Sou de lua. Se acordo de mau-humor, a pior coisa que uma pessoa pode fazer é perguntar por que estou assim, isso me deixa ainda mais puto. Fico de mau-humor sem razão e se acordo assim, assim ficarei o dia inteiro.

A coisa mais extraordinária deste me-me, é que ele foi enviado, quem diria, pelo Ricardo Rayol. Ou é o final dos tempos, ou alguém está amaciando o coração do lendário e indignado blogueiro.

6 de fev. de 2008

DESGOVERNO

Na minha cidade o serviço 190 simplesmente não funciona e corre o boato de que não há nenhum policial lotado aqui, porque o estado exigiu contraprestação do serviço por parte da prefeitura, que não é do PMDB e não apoiou Requião no último pleito.

Boato ou não, a cidade está entregue a arruaceiros que ligam as aparelhagens de som de seus carros por volta de 23:00 e desfilam impunes todos os lugares até pelo menos 03:00, sem que ninguém consiga fazer nada

A última batida policial ocorrida aqui, foi há alguns meses, quando o atual prefeito estava afastado e o seu vice, filiado ao PMDB e candidato para este ano por estar brigado com o cabeça de chapa, comandava o município.

Enfim, mais um aspecto do desgoverno em que se converteu a administração Roberto Requião.

E a propósito, vale a pena ler o comentário de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo. O artigo CURITIBA DÁ PENA, que demonstra bem que a capital do Paraná já não é mais o oásis de estabilidade do passado, o que foi causado pelo inchaço populacional tanto quanto pela irresponsabilidade do atual governo em abandonar a Polícia Militar ao Deus dará.

Políciamento é atribuição dos governos estaduais, que isso fique bem claro.

E fique bem claro também que, pelas estatísticas do Ministério da Saúde, Curitiba hoje é mais violenta que São Paulo.

Mas o governador Requião fez um giro por Cuba e Miami neste carnaval, assim como passa os finais de semana ou em Foz do Iguaçú ou em Caiobá e reside na altamente segura Granja do Canguiri, onde certamente não sofre com arruaceiros atormentando seu sono de madrugada.

4 de fev. de 2008

UMA SÍNTESE DO CARNAVAL


"Não vi nada de carnaval esse ano. Minto. Vi 5 minutos de um desfile da, creio eu, Acadêmicos do Tucuruvi, cujo enredo versava sobre o sorvete. Duas escolas elegeram sorvete como tema. Junte a falência do axé, pense nesses temas, lembre o carro do Holocausto que foi sabiamente proibido de sair na avenida, a invasão de banners com propagandas de cerveja no Galo da madrugada em Recife e quem sabe não tenhamos dados suficiente para afirmar que o carnaval, a mais espetacular manifestação popular do planeta, saiu dos trilhos, perdeu o rumo, vendeu-se".


Leia aqui, a matéria completa, coluna de Márcio Alemão, no Terra Magazine.

2 de fev. de 2008

PRÉDICA E HISTÓRIA

Depois de algum tempo abandonado, tem post novo em Prédica e História, o artigo
CONCILIAÇÃO: PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL.

É longo, tem 7 capítulos, citações e bibliografia, dividido em 4 blocos de publicação, para facilitar os comentários de quem quiser fazer críticas, elogios, correções ou simplesmente dar um pitaco sobre o assunto.

Conto com a leitura dos mais pacientes, apesar do tamanho.

30 de jan. de 2008

O FIM-DA-PICADA


Nos campos nazistas de concentração, milhões de judeus foram torturados e mortos a sangue frio.

Destituídos de agasalhos, praticavam trabalhos forçados em temperaturas abaixo de zero. Dormiam em catres infestados de piolhos e outros insetos, comiam algo pior que uma lavagem que não se dá nem para porcos, eram usados em experimentos científicos cruéis e muitos imploravam pela morte que os nazistas, por maldade e desumanidade não deferiam. Na mínima tentativa de buscar alento em Deus e em sua religião, ou eram punidos com ainda mais crueldade ou tinham algum amigo ou familiar seviciado para lhes mostrar o dever de obediência cega a seus verdugos.

Se isso tivesse acontecido na Idade Média não causaria tanto choque. Mas aconteceu no século XX, em um país culturalmente desenvolvido, terra de poetas como Goethe, de cientistas como Einstein e músicos como Beethoven, Mozart e Bach, onde já se praticava (apenas em teoria, é verdade) a separação do Estado e da igreja e, portanto, deveria ser um lugar de tolerância religiosa e racial.

No mundo inteiro, o Holocausto é um fato da história que causa vergonha a qualquer ser humano com um mínimo de inteligência, porque foi a representação física da maldade e dos instintos mais selvagens do homem.

É uma ferida purulenta da história que deve ser lembrada para fazer todo o ser humano baixar a cabeça e pensar nos limites da crueldade e da loucura de regimes políticos e estados latentes das sociedades. Mais que isso, deve ser lembrado e seguir-se de um pedido de perdão a Deus porque a humanidade inteira foi responsável ao se omitir ante a sabida loucura daqueles que perpetraram essa ofensa à Ele no corpo de milhões de Seus filhos.

Mas no Brasil, onde tudo é motivo de piada e nada é levado à sério, por que alguém não pensaria em se exibir aproveitando o desespero de milhões de pessoas, como o carnavalesco da Escola de Samba Viradouro, que pretende sair na avenida com um carro alegórico chamado "Holocausto"?

Isso me dá engulhos e vontade de vomitar, ainda mais quando o tal carnavalesco ainda teve o desplante de dizer que o carro não terá destaques e se ninguém sambar em cima, não é ofensivo e não tem problema.

Quer dizer que não é ofensivo lembrar do massacre em meio de um monte de gente nua ou seminua sambando, a bateria bombando e o povão pulando na arquibancada?

Se isso não é ofensivo, então as funerárias devem começar a contratar conjuntos de Axé Music para tocar nos enterros, com direito inclusive a dançarinas quase sem roupa e letras como a boquinha da garrafa.

É uma vergonha e um despropósito de proporções monumentais porque a dramática falta de educação e cultura do brasileiro médio, especialmente do povo que assiste desfiles de escola de samba e frequenta bailes carnavalescos não tem a menor idéia do que foi o holocausto, sem contar aqueles néscios que existem em todo o lugar, que usando de piadas e clichês sobre judeus, ainda defendem o nazismo.

Um carro assim, a ser apresentado em um desfile cujas imagens vão ser divulgadas no mundo inteiro, vai dar a impressão de que o Brasil faz troça do sofrimento alheio, razão pela qual não combate à contento a violência que existe por aqui.

Muito pior que isso vai passar a impressão errada para milhares de brasileiros analfabetos e desaculturados, de que o Holocausto foi algo tão insignificante que pode até ser citado por uma escola de samba para divertir as pessoas na festa "alegre" do carnaval.

Não dá pra dizer que chegamos no fundo do poço da ignorância brasileira, porque ela sempre nos surpreende. Antigamente as pessoas desfilavam na avenida em fantasias elegantes, mas a partir do advento da TV e do vale tudo pela audiência, as fantasias foram substituídas pelos seios nus e calcinhas lantejouladas ou simples tapa-sexo de modelos e atrizes burras, prática que já está chegando também aos corpos masculinos, afinal, mulher também assiste TV e também turbina a audiência.

Nas TV(s) mais pobres, o negócio é faturar em cima da promiscuidade de gente bêbada e drogada que se exibe em frente das câmeras sob a suposta desculpa da "alegria" da ocasião, mostrando para o Brasil inteiro não apenas os seus corpos e órgãos sexuais, mas sua falta de educação, de cultura e mesmo de vergonha na cara, entremeada a vadiagem institucionalizada com entrevistas estúpidas com pseudo-celebridades.

Transformaram o carnaval numa festa de prostitutas e cafetões que faturam alto em verbas publicitárias e em comissões de contratos futuros de "modelos e atrizes" ou "modelos e atores".

Será que já não bastava isso? Até aí seria suportável porque basta desligar a TV, atravessar a rua na porta dos bailes carnavalescos.

Mas não, essa gente nunca está satisfeita enquanto não atrair os holofotes para seus atos tresloucados. O negócio agora é atrair ainda mais audiência chocando o ofendendo as pessoas, suas crenças e suas tragédias pessoais.

Anos atrás o carnavalesco Joãozinho Trinta achou ruim que a Justiça o impediu de por na avenida uma imagem do Cristo Redentor envolto em lixo. Eu pensava que nunca mais o carnaval desceria tão baixo. Estava enganado... Deus queira que as autoridades não deixem esse carro desfilar, pouco me importa se terá palermas dizendo que é censura.

28 de jan. de 2008

PRÓS E CONTRAS SOBRE O GOVERNADOR DO PARANÁ

Por mais que eu seja oposição e não goste dele, não posso deixar de dizer que Roberto Requião do Mello e Silva, governador do Paraná, tem uma folha de serviços pelo estado. Ninguém se elege governador três vezes sem méritos, e isso deve ser ressaltado ao tratar da figura polêmica do atual ocupante do Palácio Iguaçú.

Foi bom governador nas gestões 1991/1994 e 2003/2006, marcadas por rigor administrativo-fiscal, controle das contas públicas e gestões tributárias eficientes. Eu mesmo votei nele em duas ocasiões. Em 2002 porque o segundo mandato de Jaime Lerner foi horroroso e não fez absolutamente nada pela região onde vivo. E em 2006, porque ele, Requião, cumpriu a promessa velada feita na frente da minha casa, de recapar a PR-092 e asfaltá-la entre Rio Branco do Sul e Cerro Azul no seu segundo mandato.

Foi um deputado estadual combativo e fiscalizador, e um senador atuante.

Tem algumas virtudes difíceis de encontrar nos políticos brasileiros, como a oratória, a boa cultura e formação acadêmica e conhecimento de administração pública, tanto em teoria quanto na prática.

Porém, tem aparecido na mídia nacional nas últimas semanas à guisa da suposta censura por parte da Justiça, mais especificamente uma decisão proferida pelo desembargador-federal da 4ª Região, Edgard Antonio Lippmann Junior, contra quem, em represália, o governador insinuou numa entrevista à Folha de S.Paulo o crime de vender sentenças.

Requião se acha censurado por não poder utilizar a TV Educativa para atacar seus adversários, que são muitos e cuja lista nunca pára de crescer, uma vez que ele não admite qualquer alusão a defeitos de sua paralisada terceira gestão à frente do estado do Paraná.

Diz que não tem espaço na mídia e obriga-se a usar a TV Educativa como único órgão que lhe restou para para apresentar as suas versões para os muitos fatos noticiados sobre seu governo, bem como prestar contas de suas realizações.

Contra o Judiciário a briga já é antiga, vêm desde o primeiro mandato, porque o governador simplesmente acostumou-se a não cumprir decisões judiciais, especialmente as de reintegração de posse de invasões do MST, que no Paraná tem trânsito livre inclusive para fechar e vandalizar praças de pedágio.

Já o Ministério Público é inimigo porque ousa discutir o nepotismo no governo estadual, onde 8 parentes próximos ao governador ocupam altos cargos administrativos, mas o número de familiares chega a mais de 40, considerando também os cargos de segundo escalão.

Outra reclamação do governador, é sobre uma suposta perseguição implacável contra o superintendente do Porto de Paranaguá, seu irmão Eduardo.

Nesse caso, em defesa dos Requião, deve-se dizer que eles têm razão ao reclamar da RPC (Rede Globo local) que, ao noticiar a fila de caminhões para o desembarque de soja na época da colheita, usou imagens de arquivo e inflou o problema que se repete todos os anos, mas não é tão grave quanto o noticiado.

Mas isso não significa que o porto não tenha problemas, até porque perdeu clientela e movimento, ao não aceitar exportar produtos transgênicos, não modernizar a área de containeres e postergar indefinidamente as obras de aumento da calha e dragagem do Canal da Galheta, sem as quais os navios de grande porte não poderão mais operar ali.

E as concessionárias de pedágio são objeto de eterna diatribe, mesmo tendo a recentemente demissionária ex-procuradora geral do Estado, Josélia Nogueira Broliani, declarado em alto e bom som que ainda não houve acordo com elas para reduzir as tarifas apenas e tão somente porque o governador prefere manter a discussão.

Vejam, não foi foi a imprensa, nem o MP e muito menos o Judiciário que sugeriu a declaração da ex-assessora de confiança de Requião, e que saiu às turras do governo, tal qual o procurador-geral anterior, Sergio Botto de Lacerda e também uma terceira figura de proa da segunda gestão, o ex-governador Paulo Pimentel, que foi o presidente da COPEL que reergueu a companhia, tornando-a uma das maiores energéticas do país (com méritos também para o governador, sejamos justos) mas que saiu do governo pondo seus jornais em claro e imediato oposicionismo.

E também não se pode dizer que o governador não tem espaço na mídia, quando o estado carreia as verbas estaduais de publicidade apenas para veículos que nunca criticam a administração pública, muito embora de repercussão mínima ou inexistente.

O jornal HoraH de Curitiba, ligado ao PMDB e ao MR-8, e a TV Exclusiva, receberam gordas verbas publicitárias, que chegam a ser desproporcionais às suas repercussão, tiragem e audiência. Mas eles dão o espaço quando e como o governador queira, de tal maneira que nem mesmo há censura sobre um suposto dossiê contra o juiz Lippmann, que tais órgãos fizeram questão de divulgar.

Se parte da mídia lhe tem má vontade e foi injusta em um dos aspectos do porto, ela não inventou os problemas que o afligem, como o caso das TV laranjas, uma licitação em que o estado adquiriu TV(s) de uma empresa que vende móveis escolares e de escritório, e que coincidentemente foi a maior doadora de recursos para a campanha do PMDB em 2006.

O preço unitário das TV(s) vendidas ao governo, foi comprovadamente superior ao encontrado em lojas de eletrodomésticos, mesmo com o negócio contando com isenção do ICMS e em grande quantidade, o que deveria baixar sensivelmente o preço final unitário. Os documentos foram trazidos à baila pela oposição, mas são oficiais, não foram forjados por jornais e TV(s).

A reclamação de ser ignorado cai por terra justamente em situações como esta, em que o governador é manchete de todos os grandes órgãos de comunicação do estado e ainda por cima recebe espaço na Folha de S.Paulo, órgão de imprensa que certa feita ele classificou de "jornalão de direita", mas onde teve espaço para disparar a grave insinuação supra citada.

Logo, tanto quanto a mídia não ignora o governador, censura não há, até porque esta se caracteriza como ato de arbitrariedade e contra legem, o que não ocorre numa decisão judicial que determina o uso de um bem público, a TV Educativa, para os fins para os quais foi criada, o que não inclui o uso proselitista por governante.

Censura seria lacrar a TV Exclusiva ou apreender as tiragens do jornal HoraH, coisa que a Justiça não fez.

Com efeito, o governador não está impedido de dar entrevistas (como deu à Folha) ou de pagar publicidade oficial para esclarecer questões relativas à sua administração.

Ele não sofre censura. O problema é que seu terceiro mandato é marcado por discussões estéreis, falta de foco e reclamação excessiva contra a imprensa, decorrente do fato do governador atribuir a ela sua vitória por apenas 10 mil votos nas eleições de 2006.

Até hoje, parece que o governador não se conforma que venceu.

26 de jan. de 2008

IMAGENS DE CURITIBA - 6

Não tem jeito. É eu pegar a câmera e dizer que vou fotografar para o blog o tempo fecha a a garoa começa. Mesmo assim, IMAGENS DE CURITIBA está de volta.

Hoje trago fotos do parque mais bonito da cidade.

Encravado na divisa entre os municípios de Curitiba e Almirante Tamandaré, o parque foi inaugurado na gestão do prefeito Raphael Greca de Macedo (ótimo prefeito, pena que de anos para cá bandeou pro lado do Requião, cuja gestão à frente de Curitiba foi de ruim para desastrosa).

É a área de uma antiga mineradora da família Gava, complexo de extração de pedras do qual também faziam parte os terrenos da Pedreira Paulo Leminski e da Ópera de Arame.

Segundo consta foi doado justamente para virar espaço público.

Na época, Greca era discípulo de Jaime Lerner, de quem herdou o gosto por monumentos bem cuidados e arquitetura inovadora, de modo que o parque conta com um mirante, essa estrutura do fundo dos chafarizes na primeira foto, de onde se pode avistar o lago artificial criado com a vazão do Rio Barigui. Á água do rio é bombeada para o sistema dos chafarizes no alto de um morro e depois devolvida ao rio, por uma lindíssima queda d'água, que fica cintilante nos dias de sol, e pode ser vista de baixo, porque abriram uma passagem na pedra e um mirante inferior dentro da água.

Dentro do mirante, uma pequena cachoeira artificial, um bistrô e uma loja de souvenires.

Vamos às fotos, tirei em formato bem grande, clique sobre elas para ampliar.

A 1ª, uma vista dos chafarizes e do mirante, na entrada no parque.









2ª, foto lateral, para mostrar o complexo de chafarizes. Procurei mostrar os três.

















3ª, a visão do lado contrário ao do mirante.


















4ª, a visão do lago, a partir do mirante.
















5ª, a visão do lago, e do paredão de pedra sobre o qual está o mirante.
















6ª, panorâmica do mirante, e do paredão de pedra.
















7ª, a queda d'água. Não dá a impressão que ela sobe?

22 de jan. de 2008

A APOSTA AÉREA!

Foto: O Globo

Ontem o ministro da defesa, Nelson Jobim, anunciou que Congonhas, aeroporto onde no ano passado aconteceu a maior tragédia da aviação brasileira, voltará a receber escalas, conexões e vôos charter.

Eu lembro ao leitor, que logo após a tragédia, Congonhas teve suas operações limitadas, como que reconhecendo-se que sua pista curta e antiquada, e sua localização central na cidade de São Paulo causavam um risco demasiado aos usuários.

Lembro também que as companhias aéreas reclamaram sobremaneira da decisão de limitar as operações lá, porque isso diminuiria seus lucros (leia aqui, aqui e aqui), a ponto de, antes da tragédia, haver negociações no sentido de aumentar ainda mais o movimento naquele aeroporto, conforme o Estadão noticiou em 17/07/2007 (leia aqui)

A quantidade de "slots" (pousos e decolagens) que foi diminuída para de 38 para 33 depois do acidente, era para ser de 44 segundo o plano das companhias aéreas discutido com a ANAC, antes da tragédia.

Em outras palavras, o governo cedeu ao colossal lobby aéreo e definitivamente encostou a barriga no problema, para empurrá-lo torcendo para que o azar não mate ninguém em mais algum acidente antes das eleições de 2010.

Isso nada mais é que uma aposta sinistra, mesmo que a retomada de tais procedimentos não aumente o número atual de "slots".

As vezes me pergunto se a operação deste aeroporto é suspensa quando chove ou ainda se as obras de "grooving" que faltavam no momento da tregédia foram efetivamente encerradas.

Até ontem eu imaginava que o governo tratava de diminuir gradualmente as operações lá e por fim limitar ao máximo o uso do local, tirando Congonhas da malha aérea, mesmo contrariando os interesses do duopólio da aviação comercial brasileira.

Porém, descobri que desde julho passado, o governo falou muito e não fez nada.

Uma medida que o governo poderia tomar sem custo, senão o político, seria de iniciar os processos de reintegração de posse da área contígua a Cumbica, onde deveria ser construída uma nova pista. A área foi invadida e lá se deixou criar uma favela em detrimento dos interesses econômicos maiores do país. Nem isso, que é simples, o governo fez, que dizer obras e principalmente, a contenção dos interesses comerciais das companhias aéreas, que pretendem Congonhas congestionado ainda por muito tempo.

Deus nos ajude para que não aconteça nenhum novo acidente com tanta irresponsabilidade no ar.

Mais sobre o assunto na Folha de S.Paulo/Defesanet, aqui.

21 de jan. de 2008

JUSTIÇA?

Curitiba, acredite o leitor, não tem um fórum. O que existe para atender o público são vários prédios em lugares diferentes da cidade, todos improvisados e acanhados, sem contar que o número de varas cíveis e criminais da capital é o mesmo há 30 anos. Há uma promessa de criar no bairro do Ahú, no lugar da antiga penitenciária, um Centro Judiciário. Mas as obras que eram para iniciar em 2007, ainda não saíram do discurso vazio e dos lindíssimos "banners" de publicidade oficial.

Rio Branco do Sul/PR, tem um fórum em construção cujas obras estão paradas há 6 meses por falta de verbas para comprar móveis e fazer o acabamento. Enquanto isso, trabalha-se num prédio improvisado e inseguro. As audiências são feitas em uma sala menor que canil aqui de casa e os júris, julgamentos de crimes contra a vida, são feitos na sala de sessão da Câmara Municipal da cidade.

O município de Almirante Tamandaré/PR doou um terreno para a construção de um fórum, o que só é lembrado pela placa de bronze que puseram no local. O fórum funciona numa antiga escola improvisada, com corredores estreitos e boa parte da construção em madeira, a ponto do escrivão da vara cível ter alugado uma casa próxima para instalar sua serventia, que fica há 300 metros da sede do judiciário do local.

Faltam verbas para o TJPR atender o público?

Claro que não! Há cerca de 3 anos, o TJ inaugurou um anexo suntuoso ao seu prédio original, que custou em torno de 70 milhões de reais, e é decorado com muito mármore e granito, contando com nada menos que 8 elevadores, e espaços para barbeiros, cabeleireiros, chaveiros e engraxates. Na época do projeto, especulou-se em fazer 5 andares adicionais no prédio original, mas isso foi afastado porque, segundo o noticiário, era preciso estudar melhor os aspectos estruturais.

Eis que ontem, na Gazeta do Povo de Curitiba, a notícia de que, por módicos 97,5 milhões de reais, o prédio original do TJ receberá 5 novos andares (?) e uma reforma completa!

É a tal coisa, no Palácio da Justiça o afluxo de público é 1/10 do que ocorre nas varas cíveis, criminais e de pequenas causas de Curitiba. Mas lá, os corredores são amplos, as salas de espera idem e tudo é muito bem cuidado. Onde transita o povão, porém, é tudo apertadinho e improvisado em prédios alugados que vivem mudando de lugar. Para o deleite dos senhores desembargadores, sempre há verbas. Para melhorar o acesso do povão ao Judiciário, dá-lhe alegar problemas com licitação e falta de dinheiro.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...