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3 de mai. de 2017

LE PEN, TRUMP, BREXIT, NACIONALISMO... O PÊNDULO HISTÓRICO



Se observarmos um pouco a história recente da humanidade, veremos que pelo menos desde o fim da Segunda Guerra o nacionalismo hibernou. Países de patriotismo exacerbado como a Alemanha e a França abriram mão de parte de sua soberania em prol da União Européia, atraindo outros, menores e menos poderosos, mas historicamente também nacionalistas, como a Grécia, a Polônia e a Áustria, juntando-se aos que eram historicamente mais propensos à abertura de suas fronteiras, como a Inglaterra, a Itália, Portugal e Espanha.

No limiar da Segunda Guerra, França, Alemanha e EUA eram potências ensimesmadas, mesmo com a França ainda administrando um império colonial. Foi a mudança de status da Alemanha, para um nacionalismo agressivo e conquistador que mudou isso, e causou a onda internacionalista que seguiu nos 70 anos seguintes, em maior ou menor grau, até decorrente da necessidade de ajuda externa para recuperar o continente europeu.

Do outro lado do Atlântico, o país que até meados da Segunda Guerra era isolacionista (que não deixa de ser um aspecto nacionalista) porque sua economia se bastava em si, os EUA, passou a promover o livre comércio a partir da lição recebida na própria guerra, que o tirou da mais grave recessão de sua história e o alavancou para o status de superpotência mais rica e poderosa do globo, ofuscando até o império colonial que o criou fundado no conceito de livre tráfego de riquezas.

Claro que o medo de um novo conflito também impulsionou a internacionalização, mas o fato é que a Europa e os EUA descobriram com a grande guerra, que o mundo era ávido por livre comércio, menos regulamentações, menos alfândegas e fronteiras, menos entraves para a comunicação e o transporte de um lugar para o outro. O desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação também contribuiu para se formar um conceito de "aldeia global" que prometia riqueza e progresso para todos, mas que falhou ao deparar com o radicalismo islâmico, em face de inúmeros fatores, entre os quais menciono a obsessão ocidental em exportar democracia, mesmo apenas conceitual, e a dependência que o mundo adquiriu ao petróleo, que gerou intervenções desastrosas e injustiças em boa parte pobre do globo.

O mesmo internacionalismo que pregava livre comércio, União Européia, NAFTA, Mercosul, Pacto Andino, OPEP e dezenas de outras ações econômicas, também quis exportar um modelo democrático que nem sempre era adequado aos países. Caíram impérios, monarquias e ditaduras pelo mundo afora, substituídos muitas vezes por regimes depauperados e incapazes de manter coesas suas sociedades, gerando guerras civis e o fenômeno da migração forçada de refugiados e de combatentes, mola mestra do terrorismo global que causa pânico nos países ricos.

Dizem que o mundo que aprovou o Brexit, elegeu Donald Trump e reforçou imensamente o capital politico de Marine Le Pen da Força Nacional está em divisão ideológica. Mentira porque ele já era dividido bem antes disso, com a diferença que, de modo geral,  experimentava-se um viés internacionalista, que dava força às políticas socialistas, democratas-cristãs e sociais-democratas, que pregavam uma sociedade global ao mesmo tempo em que internamente limitavam os direitos de seus cidadãos.

O que estamos vendo é uma reação natural, uma nova guinada ao nacionalismo. Cidadãos amedrontados com o terrorismo e cansados do discurso de liberdade e fronteiras abertas, que forçam a diminuição da liberdade interna. Estes cidadãos estão migrando seus votos para a direita e a extrema-direita, que prometem justamente o contrário - mais liberdade interna e menos internacionalismo econômico -  economias que não exportem empregos para outros lugares, acumulação de riqueza interna, menos ajuda para o externo.

É uma daquelas guinadas históricas. Ouvi um historiador dizer que, na última vez que o mundo guinou ao nacionalismo, isso causou duas guerras mundiais. Mas arrisco dizer também que o internacionalismo também está acabando com uma guerra mundial, embora ela seja assimétrica e não declarada por estados nacionais. Vivemos uma guerra do radicalismo islâmico (não do Islã) contra o modo de vida ocidental, com uma reação que, se não é militar, é tão radical em suas idéias como se fosse, de restituir o status nacional em prejuízo do internacional.

No futuro imediato é provável a assunção de líderes que preguem nacionalismo, alavancados pelo medo causado por esta guerra de fim de ciclo internacional. Não será algo novo na humanidade, nem se pode afirmar que será bom ou mal, será apenas o pêndulo da história voltando para o outro lado.



12 de out. de 2008

OBRIGADO COXA-BRANCA.


Frederico “Fritz” Essenfelder trouxe do Rio Grande do Sul a primeira bola de futebol e o entusiasmo para difundir o novo esporte bretão em terras paranaenses. Ele resolveu montar um “team” e agregou à sua volta outros jovens oriundos do Club Ginástico Tuverein (ou Teuto-Brasileiro), todos de origem germânica.

Desafiados Essenfelder e seu grupo de amigos para um jogo a realizar-se em Ponta Grossa, no mesmo dia do convite, ao invés de organizar apenas uma equipe, rapazes como ele, de uma família tradicional que produzia pianos, resolveram fundar um clube que nasceu com a marca de muitos dos nomes mais tradicionais da sociedade paranaense até hoje, como Leopoldo Obladen, Arthur Iwersen, Arthur Hauer, João Vianna Seiler e outros tantos... E nasceu naquele 12 de outubro de 1909, o Coritybano Football Club, a preparar-se para o jogo que se realizaria em 23 de outubro seguinte em Ponta Grossa.

Será que essa decisão de fundar um clube foi tomada por entusiasmo juvenil? Ou será que eles tinham em mente uma vaga idéia de que, ali, naquele momento, plantavam a semente de tudo o que aconteceu nos 99 anos seguintes?

Impossível responder isso, mas eu tenho como palpite que eles planejaram algo efetivamente grande, bem do disciplinado jeito alemão de fazer as coisas olhando sempre ao futuro. Mas mesmo assim fico a me perguntar:

Será que eles sabiam que, de clube de colônia, o depois renomeado Corityba passaria a ser um clube do povo, agregando italianos, poloneses, ucranianos, portugueses, caboclos e negros?

Imaginavam que as cores verde e branca da casa dos Habsburgos teriam suas metas defendidas por gigantes de ébano como Jairo e Edson Bastos? E que na linha, atuariam artistas negros e mulatos como Zé Roberto, Lela “o careta”, Eli Carlos e Tóby? Mais que isso, concebiam que até a colônia japonesa se faria presente nessa história com Kazuoshi Miúra, o Kazu e Pedro Ken?

Teriam eles, a vaga noção de que a idéia agregaria tanta gente à sua volta e seria capaz de criar ídolos marcados nas memórias de gerações de pessoas, como Rafael Camarota, Manga, Oderdan, “capitão” Hidalgo, Pachequinho, Aladim, Pizatinho, Hermes, Lanzoninho, Hamilton Guerra, Bequinha, Miltinho, Neno, Leocádio, Duílio Dias, Paquito, Tião Abatiá, Kosilec, Vilson Tadei, Luiz Freire, Tostão, Keirrison, Henrique Dias e Vanderlei?

O que eles pensariam se soubessem que aquela era e semente da criação de um mito como Fedato, o zagueiro que recusou jogar na época do auge do futebol carioca para continuar defendendo as cores do seu amado alvi-verde? E que o “flecha loira” Krüguer pensaria em dar sua vida pelo ideal, a ponto de enfrentar a morte e voltar a campo para depois aposentar-se e continuar trabalhando por 30 anos no clube, ajudando a formar novos jogadores para a instituição?

E qual seria o seu orgulho, sabendo dos atletas que desfilariam seu futebol pelo mundo, representando o Brasil na seleção brasileira, como Nilo, Dirceu, Alex e Dida?

Isso tudo talvez eles pudessem conceber. Afinal, o esporte agrega valores como estes, de lealdade, doação, garra, patriotismo, honra e tradição. E esporte, enfim, não discrimina ninguém pela cor da pele ou pela origem, o esporte faz aflorar os mais belos sentimentos da alma.

Mas, e se alguém lhes dissesse que da inveja de um adversário contra o zagueiro Hans Egon Breyer nasceria um grito de guerra, um mantra, uma identificação eterna e sincera a ser pronunciada pela eternidade? E que o apelido Coxa-Branca viraria Coxa e seria gritado como Cooooo-Xaaaaa! impondo respeito aos adversários pelo mundo afora?

E o que eles diriam, se soubessem que a instituição que fundaram presumivelmente apenas para uma partida de futebol construiria um dos maiores estádios particulares do país e do mundo? E que neste mesmo templo da fé que eles fundaram, até o “papa do povo”, João Paulo II visitaria dando sua benção?

E como agradeceriam seus vitoriosos sucessores na tarefa de manter viva a chama da ideologia do esporte em alvi-verde, como Antonio do Couto Pereira, Lincoln Hey, Aryon Cornelsen, Miguel Checchia, Bayard Osna, Joel Malucelli e Giovani Gionédis?

E será que prestariam reverência ao maior dos seus “filhos”, o imortal Evangelino da Costa Neves?

Sobre isso, só podemos especular. Deus não nos dá o poder de pedir a opinião dos antigos, Ele nos instrui apenas a agradecer a eles pelo bem que seus atos criaram no futuro.

Por isso eu venho aqui e lhes digo de todo o coração: OBRIGADO!!!

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...