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27 de abr. de 2010

O PESADELO DA CASA PRÓPRIA


Brasileiro acredita demais em publicidade.

Eu tenho procurado apartamentos, quero me casar ao fim deste ano.

Fui surpreendido com um suposto "boom" do mercado imobiliário, que faz com que imóveis que há 3 anos atrás custavam R$ 100 mil, hoje valham R$ 250 mil nas contas de corretores e empresas de construção civil. Até aí tudo bem é o ônus de viver numa sociedade capitalista e livre, mas o fato é que as pessoas estão acreditando em falácias e agindo como manada, correndo em direção a algo que lhes dizem que é bom, mas em realidade não é, com o efeito de elevar preços por aumento de demanda.

A primeira falácia é de que o crédito imobiliário está facilitado. Não está. A burocracia para um empréstimo junto à CEF é exatamente a mesma de quando eu fiz uma primeira sondagem anos atrás. Os juros são pouco menores, coisa entre 0,7 e 1,0% ao ano. A única facilidade é o subsídio que o governo dá no programa Minha Casa, Minha Vida que, porém, é limitadíssimo, na medida em que mesmo com ele, a maioria das familias não consegue arcar com o custo de uma aquisiçao de imóvel nem com 30 anos de financiamento. O programa só atende famílias cuja renda total é de no máximo uns 3 mil reais e as construtoras, por sua vez, não lançam imóveis para esta faixa de interessados, aguardando a valorização especulativa dos bairros onde eles poderiam ser construídos.

Mas existe ainda uma outra mentira, a do imóvel em si, anunciado com larga publicidade cheia de casais de modelos com dentes alvos e crianças sorridentes entre imagens de áreas espetaculares de lazer que em qualquer condomínio real simplesmente não existem.

Semana passada fui visitar um apartamento novo, recém acabado em um bom bairro curitibano, construído por uma destas empresas que investem pesado em publicidade usando inclusive o mote do Minha Casa, Minha Vida.

Antes de visitá-lo pessoalmente, entrei em contato com o corretor que prometeu um bem com, digamos, 60 metros de área útil(aquela onde a pessoa vive, excluída a vaga de garagem e as áreas comuns do condomínio) e que era a que constava da publicidade do empreendimento. Pois bem, ao olhar a planta e fazer um somatório das metragens dos cômodos, descobri que a dita área privativa somava até o espaço dos dutos de ventilação e contava a garagem também, ou seja, o imóvel anunciado com 60 metros de área útil, tinha 40!

Mas ainda assim fui olhar. Minúsculo e mal distribuído, fui saber também que sua construção é feita de modo a minimizar os custos. Grandes áreas comuns que encarecem o condomínio (que, afinal, não será pago pela construtora) e diminuem os custos, além de permitir anunciar um imóvel com 90 metros quadrados (mas com área privativa muito menor) e ao mesmo tempo, com pouca estrutura, de modo que as paredes não podem ser mexidas pelo proprietário sob risco de colocar o prédio inteiro em risco. Tudo feito para maximizar os lucros, exatamente como fazem as montadoras de veículos, que chegam a tirar o espelho do passageiro para economizar 2 reais por carro vendido.

E o preço? Caríssimo! Incompatível com bairro, com o tamanho e principalmente com a técnica construtiva. Um imóvel pior que um apartamento popular da COHAB de Curitiba, da COHAPAR ou dos antigos conjuntos do BNH, só que localizado em bairro mais central, vendido com uma publicidade mais adequada para mansões nos Jardins em São Paulo ou nos Moinhos de Vento em Porto Alegre ou ainda, no Batel em Curitiba. E o pior de tudo: a mesma construtora está erguendo dois prédios absolutamente iguais em bairros afastados e outrora marginalizados de Curitiba e vendendo-os pelo mesmo preço!

Pura especulação apostando no "efeito manada" e naquelas pessoas que compram apenas olhando a publicidade. Além disso, impedindo que imóveis em locais menos nobres (mas não tão afastados do centro) custem menos para atender familias de baixa renda.

Essas construtoras criminosas estão empurrando milhões de brasileiros para bairros afastadíssimos das suas cidades e usando o programa Minha Casa, Minha Vida para especular, quando a idéia dele era facilitar o acesso ao financiamento imobiliário para lugares menos inóspitos. Pior do que isso, estão condenando as pessoas que caem no golpe a pagar por imóveis que seriam adequados como quartos de hotel, mas que não atendem aos requisitos mínimos de vida cotidiana de uma familia pequena de 3 pessoas.

Eu critico o governo brasileiro por não ter política habitacional mas, quando ele lança algo (mesmo ruim) nesse sentido, é tomado de assalto por oportunistas que querem que os brasileiros vivam em casas de cachorros! Imóveis assim são indignos na exata medida em que roubam a qualidade de vida das pessoas por minúsculos, ao mesmo tempo enfiando-as em dívidas para pagamento em décadas.

NO meu caso, ainda tenho alternativas para esse estado de coisas mas, e as pessoas que não querem viver em favelas, amontoadas em áreas de risco ou mesmo aquelas que têm condições de arcar com um financiamento mas precisam de imóveis com um tamanho adequado para viver?

A casa de uma pessoa não é um depósito de carne como querem essas construtoras e os especuladores imobiliários. Ela precisa ter espaço para guardar seus objetos pessoais e dar o conforto que não existe no trabalho braçal ou nas baias dos modernos escritórios.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...