3 de jan. de 2011

DILMA E LULA

Foto: Evaristo Sá/AFP.


Dilma Roussef inicia seu governo privatizando terminais de aeroportos por Medida Provisória, segundo notícia veiculada na Folha de S.Paulo de hoje.

Em outras palavras, numa canetada só fará mais para a solução do caos aéreo do que todo o falatório inútil de Lula nos 8 anos anteriores, desde que, é claro, essa privatização seja acompanhada de fiscalização no cumprimento de metas das empresas que farão a operação.

Enfim, Dilma Roussef não é o poste que muita gente pintou durante a campanha. Ela não só tem idéias próprias, como vai imprimir um ritmo diferente de governo. Sou otimista em relação à ela, penso que teremos muito mais rigor administrativo nos próximos anos, apesar das enormes dificuldades na relação com o Poder Legislativo, porque as insatisfações do PMDB são tão notórias quanto a sede de poder do PT. Basta saber os efeitos dessa relação Presidente X Congresso, em um contexto em que oposição oficial é fraquíssima, muito menos ativa do que tende a ser a oposição não-oficial, partida da própria "base aliada".

O bom da democracia é isto, por mais que se eleja alguém de um certo grupo político continuista, as idéias mudam. Dilma não será a continuidade de Lula no Planalto, por mais que o marketing de campanha tenha dado essa impressão, até porque ninguém pode desprezar o poder eleitoral de um governo com mais de 80% de aprovação popular. Ela seguirá, claro, diretrizes partidárias e governamentais em uso nos 8 anos anteriores, mas não será a presidente-fantoche a assinar documentos pelo antecessor.

Dilma é Dilma, e a partir da posse é ela a dona na caneta que assina decretos, medidas privisórias e projetos de Lei, é ela quem manda no Diário Oficial da União. Agora continuamos com um governo do PT mas sem a liderança de Lula, por mais que existam petistas que defendam a teoria da Dilma poste, a receber ordens do ex-presidente.

Na democracia, cidadãos deificados como o presidente Lula voltam para suas casas como pessoas comuns tendo que reaprender a viver longe da badalação do poder, dos muitos assessores, das efemérides quase diárias. A impressão é que Lula terá dificuldades nisso, porque, repito, foi alçado à mitologia. Mas pelo bem da democracia os mitos devem ser desfeitos, as pessoas devem ser exaltadas pelos seus méritos e qualidades, mas nunca transformadas em semi-deuses.

Que Lula foi um grande presidente ninguém pode negar. Tirar milhões de pessoas da pobreza não é uma tarefa fácil mesmo com situação econômica internacional boa, como a que encarou nesses anos todos. Lula tem, sim, o mérito de ter restituído auto-estima ao povo brasileiro por meio de programas governamentais nem sempre ortodoxos que alimentaram o consumo das classes sociais mais baixas, gerando empregos, riquezas e principalmente a realização de sonhos, o que explica essa imagem de "pai" da nação, construída pelo PT.

É um grande brasileiro com o nome marcado na história da luta contra a miséria, pela democracia e pela justiça social. Mas uma vez entregando a faixa presidencial, pelo bem do Brasil ele precisa deixar de ser mito, até para que não faça sombra para sua sucessora.

7 comentários:

  1. Olha só Fábio!

    Acredito que Lula tomou a melhor decisão da vida dele ao não aceitar 'um terceiro mandato' como queria o PT (tenho duvidas se FHC faria a mesma coisa se estivesse no poder, ou outro da oposição). Esse foi dele, para mim, o maior manifesto pela democracia e pela sua consolidação.

    O problema do Lula foi que ele vestiu a camisa (coisa que muitos não fizeram) e agora se desfazer disso, dói. Ele não é nenhum Deus, não é perfeito e eu concordo, mas como governante teve os méritos dele em que superou muitos que o antecederam. E, acredito, seu maior feito no país foi fazer as pessoas retornarem a ter o amor pelo Brasil. A acreditar. Principalmente, algumas pessoas da oposição e da velha mídia, que insistiam e preferiam que o Brasil adotasse e seguisse a cartilha e o modelo administrativo de gestão dos EUA, em detrimento de nossa origem e cultura.

    Hoje, ao andar nas ruas é possível ver as pessoas felizes, de peito erguido, com orgulho da nação Brasil, coisas impensáveis anos atrás.

    Acredito realmente que o maior patrimonio de uma nação é sim, o seu povo e auto-estima desse povo. Lula, mesmo com seus acertos e erros em algumas coisas, conseguiu despertar esse sentimento tupiniquim na sociedade, e é por isso que bato palmas para ele, pois ao mexer com a auto-estima das pessoas, ele foi de fato direto na veia.

    ---------------------

    Dilma é Dilma, não é Lula e não seguirá o modelo adotado por seu ex. Ela é uma mulher desenvolvimentista e tem suas próprias ideias. Ninguem, como ela, que tornou-se ministra da Casa Civil desconhece o que é governo governo. Ela tinha antes suas ideias embora sem poder agir. Agora, com a caneta, ela pode. Penso sim que a maior dificuldade que ela terá - e seu maior desafio - é como vai lidar com a míriade de ideias (e de gulas) das cabeças pensantes do Congresso, onde todos querem fazer valer e prevalecer suas opiniões individuais. Isto sim será algo novo para ela, pois, algumas vezes, vai ter que negociar, e saber fazê-lo sem ser rigorosa, mas tambem sem ser fácil demais.

    Finalmente, torço pelo sucesso da Dilma e pelo Brasil. Não sou como aqueles que se ocultam num lugar escuro, acendem uma vela e quando o governo erra ou cai em desgraça eles saem de onde estão e dizem: "eu não disse! eu não avisei! mulher no poder é uma droga! não serve!"...

    Não. Não sou do contra. Sou a favor do Brasil, acredito e amo este país. Entramos finalmente num ciclo virtuoso e numa rota de crescimento, e agora não podemos mais parar... Mesmo indo contra os pessimistas de plantão.

    Abraços

    ResponderExcluir
  2. O que incomoda FB, é esta conduta dúbia, desonesta. Na campanha: Serra vai privatizar o pré-sal; eles vão privatizar o BB... colocando-se como contrários a isto e aquilo, no entanto, age contrário, ou melhor age de igual forma e maneira do outro.

    Quanto a Lula, número por número, ele é tão igual quanto ao FHC, tudo na média e na mediana. Ele fala muito, propaga muito o que fez, e o que ele não fez diz assim mesmo que foi ele.

    Já fiz minhas criticas a ele, na educação, na saúde, na segurança, na infra-estrutura, nas refomas não feitas, no desrespeito as intituiçõs, ao loteamento politico das agências reguladora, o desrespeito as leis, e sobretudo, a esta mistificação de sua condição de semi analfabeto. Isto é de uma canalhice sem tamanho.

    Dentro do que era possível pela economia da época o Governo de FHC beneficiou 6 milhões de família. O Governo Lula ampliou para 12,xx milhões. E o que tem isto demais? Nada! Tanto ele, quanto os anteriores, FHC e Itamar fizeram o que tinha que ser feito. Nem elogio nem critica por fazerem o trabalho que lhes fora entregue.

    Eles em público dizem algo, nos bastidores agem contrários a pregação pública. Essa lorota de falar manso com uns e falar grosso com outros, é desmascarado pelos documentos do Wikileaks, quando se descobre que de fato, eles agem não como vira latas, mas, como puxa-sacos, uma classe bem pior do que cão vira lata, que vez ou outra, se noticia destes atos heróicos.

    Quanto a Dilma, ela tem um caminho limpo, para se reeleger. Veja bem, hoje, 03/01/2011 já digo, que Dilma tem todas as condições de se reeleger em 2014, e para tal, Dilma terá que fazer o básico do momento:

    - Criar infra-estrutura necessária para a copa do mundo. Estradas, aeroportos, portos, estádios, CBF, Clubes de futebol... vamos viver 4 anos dedicada ao circo, afinal, os anos de Lula, foram os anos do pão.

    A campanha da reeleição de Dilma, se o governo e a equipe montada fizerem uma boa copa, será baseada nas olimpiadas de 2016.

    ResponderExcluir
  3. E, tem mais, escrevi a Futurologia política sobre Dilma já está publicada desde 01/01

    ResponderExcluir
  4. Adão,

    O grande erro de FHC foi ter feito um governo fiscalista demais. Um governo que prometia arroxar suas contas e não o fazia, e que prometia não aumentar impostos, mas aumentava.

    FHC perdeu a batalha da opinião pública por coisas assim. Não adianta mais comparar os governos Lula e FHC, porque Lula venceu isso ao criar uma imagem bondosa e pragmática, bem longe da imagem fiscalista e demasiado técnica dde FHC.

    FHC poderia ter feito mais que Lula em termos de inclusão social (e na minha opinião não fez, embora não se possa desprezar o que tenha feito) que ainda assim, sua imagem seria desgastada ao passo que a de Lula, de herói.

    São coisas da vida...

    Neto,

    Tambem torço por DIlma, como torci por Lula e mesmo por FHC contra quem tenho notória má-vontade por conta de sua gestão tributária.

    Se há uma coisa que não farei jamais é torcer contra o Brasil. Posso criticar a recepção de uma Copa ou de uma Olimpíada, mas o Brasil não, pelo Brasil, eu sempre vou torcer pelo melhor. Uma das grandes coisas do governo Lula foi justamente isso: hoje há mais orgulho pelo Brasil, embora longe do ideal.

    ResponderExcluir
  5. Eu espero que a Dilma seja forte para fazer seu proprio governo. O Lula tem que esquecer o governo do Brasil,mas parece que ele quer continuar mandando e a Dilma pode ter dificuldade para afastar esse homem que acha que pode tudo.

    ResponderExcluir
  6. Isto da forma que estar FB, na minha opinião, é tão somente, desonestidade com os fatos. Se FHC incluiu na distribuição de renda 6 milhões de famílias, e Lula aumentou para 12,xx milhões, em números qual a diferença? 12-6=6
    Entendeu?

    Na questão, por exemplo, das universidades. Ele diz, que aumentou o número de campus, mas, o número de formando não aumentou no período? Porque?

    E, "o nós pagamos a dívida Externa?" Vai dizer que é verdade?

    Insisto: em questão de número a número ele FHC e Itamar Franco, são muito iguais. Ele é muito bom em propaganda e marketing.

    ResponderExcluir
  7. Adão,

    Concordo contigo, nós não pagamos a dívida externa, na exata medida em que esta não é relacionada à dívida mobiliária, que é detida em grande parte dos estrangeiros. Ou seja, dívida externa ainda existe, e grande.

    E também não nego que o governo Lula foi bem impulsionado pelo marketing, muitas coisas que nãofez, acabaram atribuídas à ele.

    Mas o governo Lula fez grande inclusão social, isso é inegável, sendo que não se pode avaliar isso pelo número de informantes X o número de novos campus, porque um campus, leva ao menos 4 anos para formar uma´turma, ou seja, dependendo de sua instalação, é impossivel mesmo que o número de formandos cresça a tempo de contar nas estatisticas do governo Lula.

    ResponderExcluir

Não serão publicados comentários ofensivos, fora dos limites da crítica educada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...