27 de out. de 2009

VIOLÊNCIA SEM SENTIDO

Bonito, bem disputado por duas equipes tradicionais em campo e vencido pelo Coritiba, o clássico maior do futebol paranaense teve um saldo trágico fora das quatro linhas do gramado e do Estádio.

28 ônibus destruídos ou danificados em terminais de bairros afastados mais de 10 quilômetros do local do jogo.

E muito pior que "só" esse atentado contra o patrimônio público, que aumenta a tarifa de quem usa o transporte coletivo, também ocorreu a morte estúpida e revoltante de um jovem rapaz, com ferimento de mais 3 atropelados por um néscio embriagado que resolveu jogar o carro sobre eles, alegando que tinha medo de parar e ser linchado por serem torcedores do adversário.

A experiência mostra que não adianta enquadrar as torcidas organizadas, porque elas não têm culpa da ignorância de parte dos seus membros. As torcidas organizadas Império Alvi-Verde, Fanáticos, Mancha Verde, Ultras e MUC foram chamadas antes do clássico e tomaram todas as providências cabíveis para evitar confrontos, que não ocorreram dentro ou nas imediações do estádio Couto Pereira.

Querer puni-las paliativamente, é esquecer do caldo de cultura que gera a violência sem sentido que experimenta-se no Brasil.

Ora, se no dia de um clássico do futebol (seja Atle-Tiba, seja Gre-Nal, seja Corinthians e Palmeiras ou Fla-Flu, pouco importa, a história é sempre a mesma) há gente que começa a beber as 9 da manhã e resolve assumir o volante de um carro, ou ainda há os que não se limitam a torcer pelo seu time tendo que provocar torcedores adversários até com bombas caseiras como acontece em qualquer lugar do Brasil, a culpa só pode ser atribuída à dramática falta de cultura e discernimento de gente que cresce sem aprender o mínimo de regras de convivência social, ouvindo o porno axé, funk e música sertaneja que exaltam o "se dar bem" a violência, a bebedeira e o sexo irresponsável que gera crianças indesejadas, matéria-prima da criminalidade dentro do contexto de se exaltar tudo o que é errado, apostando sempre no descumprimento da Lei, que no Brasil não é cumprida sequer pelos políticos.

O Brasil experimenta a violência pela violência, algo sem razão, decorrente apenas do pouco apreço que nossa gente tem pela Lei, num país onde se dirige embriagado e juízes passam a mão na cabeça do infrator invalidando o teste do bafômetro ou onde entidades que recebem verbas públicas invadem e destróem patrimônio privado sem sequer serem admoestadas pelos políticos que lhes dão guarida.

Experimentamos a época do infringir por infringir, havendo gente que se diverte ao matar ou mutilar pessoas que não compartilham da mesma preferência futebolística.

O Brasil só saí dessa fazendo cumprir as Leis para todos, fazendo dos grandes infratores grandes exemplos e dos pequenos infratores a prova da Justiça. Só que isso não será possível enquanto se exaltar para juventude apenas o que há de mal (e me desculpem os fãs de axé, funk ou sertanejo, mas gente que exalta as coisas que as letras dessas "músicas" exaltam, não pode querer viver em sociedade) e enquanto a Lei não for aplicada por preguiça judiciária em mudar jurisprudências arcaicas.

23 de out. de 2009

O QUE FAZ A FALTA DE INVESTIMENTO NAS FORÇAS ARMADAS E DEFESA NACIONAL

Do site "DEFESANET":

FUZIS DAS FARC PARA OS MORROS DO RIO

O equipamento, adestramento e manutenção das forças armadas se faz imperioso em qualquer país do mundo, porque elas são as responsáveis pelo controle de fronteiras.

A negligência com que o Brasil sempre encarou isso, facilitou por muitas décadas o trabalho de contrabandistas, que afeta diretamente a receita tributária, com efeitos ainda no fortalecimento da pirataria de produtos e concorrência desleal contra empresários devidamente legalizados.

E, pior, também possibilitou a entrada e saída no país de drogas e seus insumos, bem como de armas a fortalecer vários setores do crime organizado.

Dois fatores fizeram o Brasil acordar para discutir de modo sério a defesa nacional:

a) A discussão sobre a aceitação dos encargos para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 e consequentemente, a assunção da obrigação de combater seus altíssimos índices de violência urbana, especialmente no Rio de Janeiro, mas não muito menores em São Paulo, ou mesmo em cidades mais calmas, como Curitiba e Porto Alegre.

b) A constatação de que precisa proteger as muitas riquezas nacionais, tais como os estoques de água potável, a biodiversidade, os minérios e, claro, seu petróleo, com o reforço decorrente em razão do início da produção na camada Pré-Sal (já que a descoberta se deu há bastante tempo, muito antes do atual governo).

E agora está constatando o grave erro que foi negligenciar as forças armadas por tanto tempo. Apenas recentemente, com o advento da Lei do Abate com a patrulha aérea pelos aviões modelo Super Tucano da Embraer, e pela tímida revisão da estrutura de pelotões de fronteira, o sistema SIVAM passou a ser efetivo em termos de controle na amazônia, mas de modo ainda incipiente, pois que ainda existe muito contingenciamento de recursos orçamentários para a pasta de Defesa.

No entanto, a notícia acima é sintomática do tamanho do problema que o país tem que enfrentar, o que passa por aumentar o número de militares bem armados nas fronteiras, além de dotar a FAB e a Marinha de aeronaves e navios adequados à enorme tarefa.

Nas últimas décadas, houve completo abandono de políticas de defesa do país. Boa parte dos aviões da FAB está não-operacional. A Marinha tem 30% menos navios que há 15 anos e a maior parte da esquadra terá que ser desativada na próxima década. E o Exército sofre com a obsolescência de seus veículos blindados e até com a falta de fuzis modernos, pois o pádrão ainda é o FAL, uitilizado desde a década de 60.

Por isso o crime organizado é poderoso no país. Por mais esforços empreendidos pelas polícias, elas precisam licitar os equipamentos que adquirem, enquanto a bandidagem simplesmente consegue os que precisa no mercado negro, importando-os pelas fronteira ainda mal guarnecidas, mesmo com todo o esforço dos militares brasileiros, que dispendem muito tempo e pessoal em programas como o FX-2, que simplesmente só geram papelório e raramente chegam a uma solução final.

O investimento em defesa pode parecer caro e ao mesmo tempo é antipático na exata medida em que implica na compra de armas. Mas no médio prazo ele se paga e gera até dividendos, basta pensar nos custos menores de combate ao crime organizado (sob a premissa de que ele teria bem menos insumos e equipamentos à sua disposição), no aumento da arrecadação tributária pela diminuição do contrabando e do descaminho e mesmo com a aquisição e desenvolvimento pelo país, de tecnologia em programas militares, capaz de gerar produtos de exportação até mesmo na área civil

21 de out. de 2009

REAJA OU DESISTA, SERRA!

O presidente Lula e sua ministra Dilma Roussef estão em campanha, isso é indiscutível.

Na exata medida em que as conveniências partidárias se ajustam, e partidos diversos fecham com o governo para apoiar a ministra, o presidente desfila com ela à tiracolo fazendo discursos em palanque, atacando sem razão o Tribunal de Contas da União e bravateando, ao chamar o adversário para a briga, como fez semana passada com José Serra.

Campanha pura. O governo sabe das razões do TCU, sabe que inaugurar obras tem efeito eleitoral e escolheu como adversário o governador de São Paulo, porque a outra opção, Aécio Neves, já é considerada carta fora do baralho. É simples: Aécio tem poucas chances dentro de seu partido e mesmo nas eleições em si.

E dado que enquanto José Serra não assume sua condição de candidato, os apoios vão se fechando pelas conveniências de momento e o governo vai se aproveitando. Dilma não só está em campanha, como já amealhou a maior parte do tempo da propaganda de TV, passando por cima inclusive de lideranças e semi-lideranças do PMDB, como Orestes Quércia e Roberto Requião respectivamente, que tendem em apoiar os tucanos.

E isso, aliado à figura do presidente à faz favorita para as eleições, independentemente de qualquer pesquisa atual, que a coloque em terceiro lugar ou menos.

O PSDB comete um erro que é recorrente em sua história, o da falta de decisão, o muro sobre o qual sempre sobem seus líderes.

Porque Serra é o único candidato que o partido possui, na medida em que é o único conhecido nacionalmente. Ja Aécio é promessa, mas mesmo dentro do partido há quem duvide dele, que é muito próximo do PT dentro de seu estado.

Sem contar que uma chapa Serra/Aécio é perigosa, na exata medida em que sua derrota enterra os dois maiores líderes do partido que ficariam sem mandato e ao mesmo tempo afasta o apoio do DEM, que deve apoiar os tucanos, mas fazendo questão de lançar o vice.

A questão é que o fortalecimento da candidatura Dilma é sabido e esperado há meses e nesse meio tempo, José Serra só enfraqueceu sua candidatura por não colocar seu partido à frente dela como fez o presidente Lula com o PT em relação à Dilma.

O PSDB fica discutindo Serra X Aécio e perdendo tempo precioso.

Se quiser ter chances em 2010, Serra precisa convencer já o PSDB sobre sua candidatura e enterrar as especulações.

É isso, ou entrar numa campanha contando apenas com a sorte do povão não vincular Dilma à Lula, o que é perigoso porque improvável.

É reagir ou desistir, só sobrou isso para Serra e os tucanos.

19 de out. de 2009

RIO 2016: O COMBATE AO CRIME

Note bem o leitor, na guerra do Afeganistão contra a URSS, os talibã e mujahedins só conseguiram abater helicópteros após a "ajuda" dos EUA com suas baterias de mísseis portáteis Stinger.

No Rio nem foi preciso ajuda externa para começar uma guerra anti-aérea, tamanho é o poder da sua criminalidade. O tráfico do Rio de Janeiro controla cidades inteiras dentro da cidade maravilhosa, as enormes favelas que a classe política irresponsável deixou que se criassem e que hoje sustentam uma guerra assimétrica, o terrorismo tupiniquim, a guerrilha do tráfico que agora reage contra o enfrentamento pela polícia, sem o qual não sairão os Jogos Olímpicos em 2016.

Sem contar que o Rio ainda terá um inimigo tão poderoso quanto o tráfico para encarar a tarefa, os políticos de raia miúda, que se beneficiam do trágico favelamento da cidade, os que negociam áreas de mangue da Baía de Guanabara e mesmo os associados à criminalidade patológica do lugar. Esse tipo de político pode sentar em cima de projetos de lei, atrapalhar licitações e causar tumultos tais que inviabilizem o evento.

Bem disse o Cobra, um leitor do Luiz Antonio Ryff, que se o Rio de Janeiro não combater a própria existência de favelas, não conseguirá conter a violência.

Eu já havia escrito aqui sobre a importância de desfavelizar não só o Rio, como toda e qualquer cidade do Brasil, se este quer efetivamente virar um país desenvolvido.

A questão é que o binômio favela e guerra assimétrica, aquela um gueto onde se formam os soldados do crime, e esta uma situação prática contra a qual não existe possibilidade de vitória militar (vide o que acontece com as FARC, o que aconteceu no Vietnã e o que acontece no Afeganistão) só consegue ser combatida gerando oportunidades e crescimento econômico dentro das comunidades, o que não vai acontecer jamais enquanto perdurar o modelo brizolista de urbanização, que é o de fazer escadarias, pintar muros e construir uma creche e umas quadras esportivas.

Favela só se resolve se transformada em cidade, com avenidas, praças, bosques, áreas comerciais e residenciais, zoneamento, urbanismo e legalidade. Sem isso, continua gueto, e gueto é berçário de violência.

Esses episódios de violência extrema vão se repetir daqui até 2016 com maior intensidade. Queira Deus que as autoridades entendam que se isso acontecer, é para abrir caminhos dentro das favelas para efetivamente urbanizá-las. Mas se insistirem em apenas matar traficantes, não se chegará a lugar nenhum.


Na BBC/Folha de S.Paulo:
Para jornais, "novos níveis de violência" expõem desafio de Rio 2016

15 de out. de 2009

A GLOBO QUER "MATAR-MATAR" O FUTEBOL BRASILEIRO

A Rede Globo tenta convencer os clubes a mudar a fórmula de disputa do campeonato brasileiro, impondo um "play-off" entre os 8 melhores colocados para decidir quem será o campeão.

Alegam os representantes da TV dos Marinho, que a fórmula atual não é lucrativa e a audiência está em baixa, e que a solução é ter uma fase emocionante, mesmo que o campeão seja o 8º colocado, ao invés do primeiro da fase de classificação.

Talvez seja mais um aspecto da absoluta falta do conceito meritório que existe no Brasil, onde quem se esforça (no caso, quem se organiza para ter times fortes e regulares, pagando salários em dia, contratando com critério e dando condições de trabalho aos atletas) é sempre tratado com desdém, em benefício dos "mais espertos" que, no caso, são as preferências mercadológicas da TV carioca.

À Rede Globo só interessam os jogos de Flamengo e Corinthians, dois clubes que juntos devem 700 milhões de reais, a maior parte em impostos não pagos, e que recebem até seis vezes mais verba de TV que alguns dos demais da série A. Dois clubes que apesar de suas belas histórias, suas torcidas fantásticas e seu apelo popular, não são exemplos de boa organização, já que sequer possuem estádio e centro de treinamentos parecidos com os de clubes bem menos tradicionais, como o Coritiba, o Figueirense, o Avaí, o Vitória e o clube rubro-negro de Curitiba, que dizer se comparados com gigantes como o Grêmio, o Internacional e o São Paulo.

Ora, se a Globo não está contente com os resultados financeiros do campeonato brasileiro a ponto de insistir em premiar os mais populares em detrimento dos mais competentes, deveria é largar o osso e deixar que a transmissão seja feita pela Record e/ou pelo SBT, que já tentaram, em passado recente, oferecendo até 50% mais para os clubes.

Ou seja, o campeonato por pontos corridos dá lucro, muito lucro, que só não é suficiente para os executivos da Globo. Porque se lucro não desse, a TV dos Marinho já teria caído fora do negócio há muito tempo.

Querem mais lucro mandando às favas o conceito de mérito e dando o recado de que, no futebol brasileiro, organização não importa. Ou seja: não se organize mais nada, conte com a sorte dos "play-offs".

14 de out. de 2009

OBAMA NOBEL?

O presidente dos EUA, Barack Obama, não era mais para o mundo que um ilustre desconhecido até janeiro de 2008, quando se iniciaram as eleições primárias que o escolheriam como candidato democrata à Casa Branca.

E eis que menos de um ano após sua posse, recebe a mais importante honraria da humanidade sem ter feito em 10 meses absolutamente nada que a justificasse.

Muitos americanos já haviam recebido o prêmio com absoluta justiça. O então presidente Woodrow Wilson foi laureado por seus esforços em criar a Liga das Nações. O general George Marshall foi premiado pela criação e os esforços em prol do plano que levou seu nome, e que ajudou a reconstruir a Europa devastada pela guerra com recursos do tesouro norte-americano. Henry Kissinger pelo plano de paz com o Vietnã, o ex vice-presidente Albert Gore por seus esforços pelo meio ambiente e o ex-presidente Jimmy Carter por sua atuação em prol dos direitos humanos e da solução pacífica de conflitos.

Se houvesse algum critério para o Nobel, até mesmo um presidente malquisto dentro e fora dos EUA, Richard Nixon, poderia ser premiado por aproximar a China ao ocidente. A abertura econômica que disto decorreu resultou na retirada de milhões de chineses da miséria completa na adoção de um sistema econômico misto de socialismo e capitalismo, sem contar a diminuição sensível das tensões militares na Ásia.

Apesar de ser um marco político na história americana, representando minorias raciais que compõe a heterogênea sociedade daquele país e mesmo governando a partir de conceitos mais flexíveis de segurança nacional e abrindo-se ao diálogo com focos de tensão como o Irã, Obama não praticou ainda nenhum ato de verdadeiro impacto que o qualificasse ao prêmio.

Em 2009, comemora-se 20 anos da queda do muro de Berlin, que foi um dos fatos mais importantes do século XX, talvez um divisor de eras da humanidade, por representar que regimes mantidos apenas pela coação contra os cidadãos não prosperam, e ao mesmo tempo indicar que não existe sistema econômico tão perfeito que não possa agregar novos parâmetros. Por esta razão, talvez o ex-chanceler alemão Helmuth Kohl mereceria a homenagem. Ainda havia a possibilidade de laurear o dissidente chinês Hu-Jia por esforços em prol da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, por mais que isso irritasse o governo chinês. E ainda, Oswaldo Paya pela luta sem tréguas contra a ditadura cubana ou o Dr.Denis Mukwege, médico congolês que ampara e protege mulheres vítimas de violência sexual em seu país.

Todos eles merecem o prêmio mais que Barack Obama, uma vez que não se pode premiar ninguém por atos futuros. Talvez Obama entre para a história e um dia justifique a láurea que ele mesmo recebeu com surpresa, mas hoje, a homenagem não se justifica.

7 de out. de 2009

ONTEM, HOJE E ETERNAMENTE


Frederico Fritz Essenfelder, ousado empreendedor que construiu na provinciana Curitiba uma das mais famosas marcas de pianos do mundo, trouxe do Rio Grande do Sul a primeira bola de futebol e o entusiasmo para difundir o esporte bretão em terras paranaenses. Ele arregimentou ginastas do Clube Teuto-Brasileiro e conseguiu um lugar para que treinassem e aprendessem o novo jogo. E um dia os jovens foram convidados para um “match” em Ponta Grossa que o Clube Teuto-Brasileiro proibiu em seu nome. E ele, Essenfelder, e mais uma centena de rapazes, a maioria de origem germânica como João Vianna Seiler, Walter Dietrich, Leopoldo Obladen, Artur Hauer e Artur Iwersen resolveram criar uma verdadeira religião, um exercício contínuo de fé, esperança, garra, vibração e júbilo que completará 100 anos no próximo dia 12 de outubro: o Coritiba Foot Ball Club.

Escrever sobre o Coritiba para mim é transpor as barreiras do tempo.

Se existe reencarnação, certamente a experimentei algumas vezes e fui um daqueles jovens que subscreveu a ata de fundação. Eu fiz campanha para eleger Antonio Couto Pereira presidente, martelei pregos e cimentei tijolos para construir e inaugurar o estádio Belford Duarte. Visitei São Paulo para inaugurar o estádio do Pacaembú e estive no jogo onde um pobre de espírito, querendo ofender o zagueiro Hans Egon Breyer, o chamou de “alemão, quinta coluna, coxa-branca” e como castigo divino, além da derrota daquele dia acabou criando o mantra que identifica e orgulha até hoje os adeptos do clube alviverde sediado no bairro do Alto da Glória:Coxa-Branca!!!

Vibrei com jogadas sensacionais e times fantásicos, comemorei títulos e vi a bola nos pés de craques inesquecíveis nos tempos românticos do futebol como o maior deles, a lenda Fedato, ou ainda Bequinha, Miltinho, Neno, Duílio Dias, Ninho, Pizzatinho, Tonico, Baby, Nico, Pizzatto, Merlin, Janguinho, Rei, Staco, Carazzai, Carnieri, Leocádio, Maxabomba, Breyer e Sanford, que numa encarnação seguinte seria meu tio pelos laços de amizade que ele e tia Rose construíram com meus pais.

Nasci (ou reencarnei novamente, sabe Deus!) em 03/01/1969 no bairro do Juvevê, ali pertinho do templo erguido com o mais poderoso dos materiais, o amor incondicional da comunidade Coxa-Branca, o estádio Major Antonio Couto Pereira.

Voltei a esta terra abençoada de pinheiros em plena era Evangelino da Costa Neves, o maior dos Coxas, o presidente eterno e inesquecível dos óculos fundo de garrafa e competência que transcendeu uma vida comum.








Senti desde bebê as energias positivas que emanavam do templo que se avizinha à Igreja do Perpétuo Socorro, mas assustei minha mãe ao chorar de dor no berço, em solidariedade ao herói Krüger, que quase morreu em abril de 1969 num jogo contra o Água Verde, e que recuperado com as graças de Deus e as preces de toda nação alviverde, resolveu ficar no clube para sempre, até hoje ajudando o Coxa a transpor desafios.

Nos anos seguintes, a criança calma que fui talvez tenha deixado minha mãe intrigada, por tentar fugir de casa algumas vezes. Na verdade, mesmo inconscientemente eu queria ir para a rua acompanhar a chegada dos heróis do tricampeonato (71,72, 73), do Torneio do Povo, do tetra, do penta e do hexa.

Eu saboreava a pipoca que papai trazia do estádio para agradar as crianças e que tinha um sabor diferente, de paixão que causava uma atração inexplicável, um chamado poderoso para as imediações das ruas Mauá e Ubaldino do Amaral.

Então, em um domingo dos anos 70, papai levou-me pela primeira vez ao templo em que tantas vezes estive nas minhas vidas passadas. E o como alguém louco de saudades a dar boas vindas ao filho que retornava à sua casa, o Coxa venceu por 7 x 1 a Desportiva Ferroviária do Espírito Santo. E se não bastasse, no domingo seguinte repetiu o placar contra o Ferroviário do Ceará para ter certeza que o filho nunca mais deixaria de orar ali para os deuses alviverdes.

Voltei ao templo. Não pude ver Hidalgo, Zé Roberto, Kosilec, Paulo Vecchio, Dirceu, Cláudio Marques, Paquito e Tião Abatiá nos timaços treinados por Elba de Pádua Lima, o Tim, mas estava em casa novamente para presenciar os recitais de mais gênios como o gigante de ébano Jairo, mais Manga e Mazaropi, Vilson Tadei, Luis Freire, Eli Carlos e Aladim, o maior craque que vi ostentar a camisa sagrada nesta encarnação.






E o regenerado Rafael Camarota, mais André, Gomes, Heraldo, Dida, Almir, Vavá, Marildo, Marcos Aurélio, Lela (o careta), Indio e Edson, treinados pelo grande Enio Andrade me ensinaram numa noite fria da 31/07/1985 a nunca duvidar da existência de Deus, porque foi Ele quem tirou da linha uma bola maliciosa que daria o gol e o título brasileiro daquele ano para o Bangú do Rio de Janeiro.

Vibrei com os títulos paranaenses de 1986 e 1989 tanto quando chorei de raiva contra a injusta canetada de um mafioso que condenou a minha vida a 10 anos de jejum e humilhações embora ainda assim com craques como Alex e Pachequinho, e que no dia 10 de julho de 1999 me fez chegar ao cúmulo de dizer que não torceria mais para o Coritiba por exatos 30 minutos, até que Darci empatou o jogo que deu o título ao time que tinha Reginaldo Nascimento e Cleber Arado lá no longínquo Pinheirão, onde eu não pude ir por estar me recuperando de uma pneumonia.

Enfim, o tempo foi passando e o Coxa foi se recuperando aos poucos, com alegrias extremas e algumas tristezas, e numa noite gelada de julho de 2007, ano de crise, gravei na memória a imagem mais bonita de todas as minhas vidas de Coxa-Branca.

Naquele jogo feio, em que a bola não rolava de tanto que chovia, o Coritiba perdia da Ponte Preta até os 37 do segundo tempo quando o mítico Henrique, verdadeira reencarnação de Fedato, empatou o jogo que o Coxa virou aos 48 minutos com um gol do prodígio Keirrison, representante da alma imortal de Duílio Dias.

Naquele momento, sob chuva e com os cabelos encharcados eu berrava a plenos pulmões, pulava, corria a esmo e abraçava todas as pessoas que passavam pela minha frente. Eu era pura emoção e o Coxa mística, porque naquele gramado os garotos valentes treinados pelo grande Renê Simões eram as reencarnações dos guerreiros do passado, renascidos nos garotos Coxas Edson Bastos, Henrique, Pedro Ken, Ricardinho e Keirrison e encarnados nos leões Gustavo e Túlio e no brevemente futuro herói imortal Henrique Dias.

E a cada vez que subo as escadarias das arquibancadas da Mauá o coração bate mais forte e me faz saber que aquele ato singelo acontecerá ainda por milhões de vezes e milhares de vidas pela eternidade afora, como será repetido por milhões de almas enamoradas de uma instituição de adeptos guerreiros que jamais a abandonam mesmo desafiando o tempo e o espaço por um amor que completa 100 anos, mas que não acabará jamais.



O COXA, AQUI NO BLOG:

Imagens do Coxa - 3

Imagens do Coritiba - 2

Obrigado Coxa-Branca

Cooooooooxxxxxxaaaaaaa!!!!!

O Adeus ao Maior dos Coxas

A Festa

Imagens do Coritiba

Coritiba Foot Ball Club Marschner Mayer

Convocação

97 Anos de Amor!



LIVROS SOBRE O COXA:

O Campeoníssimo - de Carneiro Neto e Vinicius Coelho, conta a saga do maior dos Coxas, o presidente Evangelino da Costa Neves.

Fedato - O Estampilla Rubia - autobiografia de Aroldo Fedato, com a colaboração de Paulo Krauss, a história do maior atleta que já vestiu a camisa alvi-verde do Alto da Glória.

Emoção Alviverde - DBA Editora, a história do clube em imagens.

Do Caos ao Topo, Uma Odisséia Coxa-Branca - do técnico Renê Simões, contando a história do dramático título brasileiro da série B em 2007.

VIDEOS SOBRE O COXA:

Da Queda ao Alto da Glória - A trajetória alviverde na conquista do campeonato brasileiro 2007 da série B, uma homenagem à torcida que nunca abandona.

REVISTAS E EDIÇÕES ESPECIAIS:

100 Anos de Glórias - Edição especial da revista Placar, editora Abril, 2009.

98 Anos - Revista comemorativa distribuída aos sócios, 2007.

Coritiba - O Orgulho de Ser Coxa-Branca - Edição especial do jornal Lance, 2005.

Coritiba Foot Ball Club 80 anos - Edição especial da revista Paraná em Páginas, 1989.

As Maiores Torcidas do Brasil - Coritiba - Edição especial da revista Placar, editora Abril, 1988.

FAVELAS - UM DOS DESAFIOS DA RIO 2016


Até por ser contra as olimpíadas no Rio de Janeiro, embora, repita, voto vencido e portanto agora torcendo para que sejam um sucesso, mesmo assim não vou deixar de apontar os enormes desafios que a cidade terá que enfrentar para sediar os jogos.

Em primeiro lugar, é preciso um amplo programa de desfavelização, que não pode ser confundido com aquela experiência demagógica dos anos 80, quando estado e município construíram escadarias para melhorar o acesso da população aos morros e quando muito bondes e teleféricos nos casos mais graves, mas sem uma visão verdadeiramente urbanística. O "socialismo moreno" institucionalizou o morro tolerando a instalação do caos urbano. Custou caro para o Brasil inteiro, que dizer para o Rio.

Há dois tipos de favelas no Rio, as pequenas, com até 5 mil habitantes, e as demais, que são verdadeiras cidades dentro cidade e cujo porte implica investimentos colossais em diversas áreas.

Urbanização pressupõe acesso, transporte, lazer, educação e segurança pública, de modo que, para desfavelizar uma comunidade não raro é preciso derrubar 1/3 dos barracos para fazer arruamento, iluminação pública, praças, canchas esportivas e obras de contenção de encostas, quando existe num morro.

A questão é que, em áreas menores, esse processo não é tão difícil ou custoso, e já existe ação pública nesse sentido, o programa Favela-Bairro, cujos fundamentos o leitor pode conferir aqui, e são justamente o de anexá-las aos bairros próximos, melhorando a mobilidade das pessoas que nelas vivem e buscando a melhoria da organização urbana, o arruamento e a construção de equipamentos de lazer, segurança e educação.

É óbvio também que, pelas características da empreitada, as pequenas comunidades são prioridade, porque urbanizando-as, a tendência é que deixem de ser fortalezas do crime organizado, até porque a enorme maioria de quem vive nelas não tem relação alguma com o crime. Ademais, em lugares com poucas pessoas, basta transferi-las, demolir os barracos e reconstituir a área.

Agora, o que fazer com as favelas de grandes dimensões, que além do caos urbano ainda encontram o seríssimo problema da criminalidade organizada a ditar seus rumos?

Num lugar onde vivem 20 mil pessoas como o da foto acima, é preciso ter arruamento pelo qual se possa fomentar o trânsito, especialmente o transporte coletivo regular integrado ao resto da cidade. É preciso ter parques e praças que aguentem um grande fluxo de visitantes. É errada a idéia de que bastam canchas esportivas e postos de saúde, é preciso criar corredores de trânsito e ruas arborizadas para fazer com que as pessoas circulem, o que leva à criação de áreas comerciais com melhoria efetiva da qualidade de vida das pessoas. Lugares assim precisam deixar de ser guetos para virarem parte de uma cidade, um bairro com ruas residenciais pacatas e outras movimentadas para o comércio. Estas áreas devem conhecer desenvolvimento econômico, o que é impossível sem mobilidade urbana.

A questão é que no Rio algo assim implicará numa anterior guerra ao crime organizado, que certamente não quer urbanização nenhuma. E haverá, claro, a contraposição a interesses políticos dos mais mesquinhos, partida daqueles que se aproveitam da miséria e da exclusão de pessoas, indivíduos que não têm interesse na criação de novos bairros e corredores de desenvolvimento.

É um desafio monumental. Mas se o Rio de Janeiro pelo menos não tentá-lo, e adotar a solução mais fácil, de fazer acordo com traficantes para sediar jogos tranquilos como ocorreu em 2007, o projeto olímpico de nada valerá para as pessoas que vivem nesses lugares, elas continuarão excluídas da sociedade.

4 de out. de 2009

QUE AS OLIMPÍADAS DO RIO EM 2016 SEJAM UM SUCESSO!

Bem, ninguém pode negar que o trabalho de promoção do Rio de Janeiro foi um sucesso. Os filmes foram lindos, os projetos são bem montados e a mobilização política e institucional foi perfeita, tanto que o resultado já se anunciava há cerca de 10 dias, o Rio era favorito, até porque, em termos de belezas naturais, é a cidade mais esplendorosa do mundo.

O leitor pode pensar, por várias postagens minhas anteriores que sou daqueles que agora vai torcer contra.

Não sou, não! Fui voto vencido e vivemos numa democracia, isso nos obriga a aceitar as decisões contrárias àquilo que pensamos. Ademais, sou patriota, não quero que o Brasil se envergonha de nada do que decida fazer, apesar das muitíssimas decepções que já tivemos no passado.

E da minha parte, quero que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, como a própria Copa do Mundo Brasil 2014 sejam um sucesso absoluto.

Até porque, não há muita alternativa. Eu me preocupo com a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Mas se os eventos fracassarem, além desses maus fatos, ainda teremos que amargar a derrota, que sempre custa bem mais caro que o sucesso.

Logo, vamos fiscalizar. Quem era (e é, como eu) tem o dever de cobrar seriedade e fazer escarcéu a cada notícia de mau uso do suado dinheiros dos nossos impostos.

Portanto, mãos à obra! Não devemos esquecer o fato grave de que o país já gastou milhões em dinheiro público em projetos de estádios para a Copa 2014, mas ainda não fixou um prego em obra alguma.

1 de out. de 2009

RAZÕES PARA ABOMINAR A RIO 2016

1. Veja matéria de hoje no ESTADÃO:

Tiro, nova dor de cabeça para o COBPromessas em vão e inoperância dos dirigentes ameaçam o funcionamento do Centro Nacional em Deodoro

2. E matéria sobre o Parque Aquático Maria Lenk, construído a peso de ouro para os Panamericanos de 2007:

COB agora diz que Maria Lenk não receberá Olimpíada
Complexo aquático não atende exigências para que a cidade do Rio receba uma edição de Jogos Olímpicos


3. E as notícias de abandono:

PRIMEIROS SINAIS DE ABANDONO NO PARQUE AQUÁTICO MARIA LENK

Acho que não preciso tecer comentários adicionais, leiam as matérias e vejam o descalabro, a desfaçatez, a sem-vergonhice com o dinheiro público, às vistas dos tribunais de contas e legislativos. E ainda gastam-se milhões de reais para candidatar a cidade maravilhosa a continuar jogando dinheiro público fora, prejudicando saúde, educação, habitação e segurança pública para atender a interesses mesquinhos e ao ego de uns poucos dirigentes esportivos quase eternos do COB.

30 de set. de 2009

RIO 2016?

Esta semana, saiu uma notícia segundo a qual o Flamengo, clube que ostentou por décadas o patrocínio de empresa pública mesmo sendo contumaz devedor de impostos, pretende reorganizar sua divida de meio bilhão de reais aproveitando as verbas para construção de estádios que o BNDES aventa liberar para a Copa 2014. O presidente do clube chegou a exortar os demais integrantes do Clube dos 13 a fazer o mesmo.

Ou seja, o que já era ruim, o financiamento com dinheiro estatal e subsidiado para estádios públicos em cidades onde não há futebol (Natal, Campo Grande, Manaus) ou para entidades privadas (Curitiba, São Paulo, Porto Alegre), piorou porque está claro que existem interesses em aproveitar de brechas nesta carteira de crédito, para fazer com que o suado dinheiro dos impostos seja usado para sanear clubes de futebol mal administrados por dirigentes amadores e não raro mal intencionados.

E ontem, nada mais, nada menos que o presidente da FIFA, Joseph Blatter, aderiu de corpo e alma ao lobby contra o estádio do Morumbi, fazendo menção a uma reforma absurda que a Prefeitura de São Paulo pretende tocar no estádio do Pacaembu, orçada em 250 milhões, podendo chegar a 300, para depois entregar a praça para o Corinthians.

Mas nas entrelinhas, Blatter faz coro a quem diz que, se São Paulo quiser sediar o jogo de abertura ou uma semi-final do evento, tem que levantar um estádio totalmente novo, para 60 ou 70 mil pessoas, ao custo aproximado de 1 bilhão de reais, segundo o que têm se especulado, porque o "novo" Pacaembu teria capacidade máxima de 45 mil espectadores.

Bom para o Corinthians que, de sem estádio, poderia escolher o que mais lhe agradasse, além de deixar de se preocupar com o terreno que recebeu da municipalidade em Itaquera, para construir um estádio, mas que hoje é usado como centro de treinamentos.

O Brasil aceitou o encargo da Copa em 2007. Passados mais de 2 anos, ainda não iniciou sequer uma obra.

E assistimos um verdadeiro circo onde se diz que não haverá dinheiro público para estádios, mesmo com prefeituras e governos estaduais prometendo levantar estádios nababescos em praças onde não existe um clube de futebol capaz de atrair público que torne a arena viável financeiramente, como Manaus, Natal e Cuiabá. O mesmo filme que vimos nos Jogos Pan-Americanos de 2007, com as cifras multiplicadas por 100: O impasse sobre o financiamento das praças esportivas, depois o atraso desesperador para a entrega das obras, depois a liberação de recursos públicos emergenciais sem licitação e por fim, o esquecimento dos casos de hiper-faturamento nos meandros de tribunais de contas atrelados aos interesses políticos menores dos orgãos político-legislativos.

E ainda a safadeza dos clubes proprietários dos estádios privados escolhidos para o evento. Antes da escolha, faziam campanha por ela em meio a discursos otimistas e projetos mirabolantes. Agora, choram e dizem que não se endividarão para cumprir o encargo, clamando por dinheiro público, de preferência a fundo perdido e contando com o apoio velado de políticos, como um vereador de Curitiba que afirmou em alto e bom som que 150 milhõesnão entregues para reformar um estádio, farão a cidade perder 2,4 bilhões em obras do PAC.

Sem contar alguns relatórios menos divulgados, segundo os quais, obras como o trem-bala entre Campinas, Sâo Paulo e Rio, o metrô de Curitiba, a extensão do metrô de Porto Alegre e outras, não ficariam prontas ao tempo do evento.

E como um pesadelo que só piora e faz a vítima suar frio nos colchões e cobertores, ainda existe a possibilidade real do Rio de Janeiro ser escolhido para sediar as olimpíadas de 2016, mesmo com os escândalos do Pan-Americano de 2007, sua violência descontrolada e sua desorganização urbana vergonhosa, a ponto de exigir o "choque de ordem", verdadeira guerra da prefeitura contra o hábito da desordem e desrespeito à Lei, parte da cultura da Cidade Maravilhosa.

Não bastasse a conta colossal que pagaremos por esta Copa do Mundo de 2014, ainda daremos um troco para financiar uma aventura primeiro-mundista, num país onde a educação é ridícula, a saúde inexistente e a segurança pública exclusividade de políticos corruptos.

Queira Deus que o Comitê Olímpico Internacional impeça mais este acinte!

PS: Vejam a matéria que segue, da Folha de S.Paulo. É sobre a cidade brasileira que pretende sediar uma olimpíada, onde se não se morre por conta da onda de criminalidade, se morre no péssimo sistema de saúde pública.

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