12 de set. de 2011

AS ESCOLAS BRASILEIRAS SÃO PIORES QUE O ENEM

O resultado alarmante o ENEM (apesar do governo Dilma entendê-lo satisfatório dentro de sua perspectiva de uma melhoria efetiva em um processo de 10 anos*) mostra apenas aspectos objetivos da questão.

Não adentra nos subjetivos que estão em aspectos como a falta do interesse dos pais no desempenho escolar, ou ainda, o interesse de outros pais em se livrarem dos filhos chatos depositando-os nas escolas para que nelas pratiquem a falta dos modos que não aprendem em casa.

Notaram os ótimos resultados de escolas militares? Que fator às faz mais eficientes?

Pois é! O Brasil experimentou uma onda libertária com o fim do regime militar. A partir de 1985, toda disciplina imposta de cima para baixo passou a ser tratada como algo ruim e "não pedagógico". O resultado é o que está aí - não existe mais autoridade nas escolas - professor virou refém ou dos alunos mal-educados ou dos pais incapazes de contrariarem seus reizinhos particulares, impondo o primado do quem pode mais, a prática do vale-tudo, o "sabe com quem está falando?", o clientelismo e uma relação consumidor-fornecedor e ao cúmulo de escolas públicas terem virado palco da politicagem mais rasteira de prefeitos e vereadores analfabetos, com regras estúpidas de "eleição" de diretores que no passado eram escolhidos por competência, não por votação.

Tudo o que desde então se ganhou em universalização foi anulado na incapacidade das escolas em impor disciplina para ensinar alguma coisa. Há mais alunos estudando, há transporte, uniformes, livros e materiais gratuitos nas escolas públicas e inovações tecnológicas de ponta nas escolas privadas.

Mas em essência, a escola virou um lugar para diversão e suposta socialização dos alunos sem muita relação obrigacional com quem quer que seja. Professor não apita mais nada (isso quando não é pura e simplesmente agredido) e a antiga chamada para a sala do diretor virou motivo para processos de dano moral, partidos de famílias cujos pais envergonhados com sua falta de tempo para os filhos, lhes dão razão em tudo mesmo nas situações mais extremas.

O brasileiro pobre tende a pensar que a escola vai por freios nos filhos que não soube educar e o brasileiro rico acha que pagando, isso será suficiente para seu filho aprender valores. Etiqueta não se produz em sala de aula e valores não se compram apesar da publicidade agressiva das escolas que dizem formar cidadãos, mas em verdade formam consumidores com suas listas enormes de material escolar, com a tolerância com mochilas cada vez mais caras estampadas com os astros de TV do momento, suas festas juninas animadas com sertanejo universitário a ensinar a "pegação" e a bebedeira como formas de alegria (e nesse item, não diferente nas escolas públicas), e suas mil formas de nunca reprovarem ninguém porque isso pode expor o jovem a uma situação supostamente vexatória.

As Leis de diretrizes e bases da educação esqueceram de blindar as escolas da paranóia generalizada contra a autoridade confundida com autoritarismo.

Se um professor não tiver a prerrogativa de ralhar com um aluno ou se o diretor não puder suspendê-lo, o fato é que as famílias lenientes com os maus modos (e diga-se de passagem, estas são a maioria)do jovem vão apelar para a velha desculpa da perseguição que hoje é corroborada com ameaças de processos com inversão do ônus da prova por se tratar ou de relação com o Estado, ou de relação de consumo.

A escola tem que voltar a ser obrigação, o desempenho escolar precisa ser cobrado. É inaceitável que um país que nas últimas décadas tenha aumentado (e muito, eles praticamente foram multiplicados por 5 na esteira do aumento do percentual sobre o PIB e do próprio PIB) os recursos para a educação, não consiga sequer dar um passo a frente nesse assunto, sujeitando-se a uma falta dramática de mão-de-obra em todos os setores, desde os menos necessitados de formação, mas especialmente nos que mais dependem dela.

O ENEM apenas demonstrou que o Brasil está é completamente paralisado quando o assunto é educação.


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*Mas fica a pergunta: Se Lula governou por 8 anos sempre com crescimento econômico e em céu de brigadeiro, já não deveríamos estar no ano 5 ou 6 deste processo?

8 de set. de 2011

AS UPP(S) VIRARAM SUCO?

No Brasil existe o costume de achar que o que dá certo em um primeiro momento, é eterno. No Rio de Janeiro, então, passar do caos à festança é uma tradição local e todo mundo acreditava piamente, para o gáudio dos políticos da região, de que o problema da violência nas favelas estaria resolvido com as UPP(s).

Os últimos acontecimentos comprovaram que as UPP(s) são uma boa idéia, mas não solucionam coisa alguma.

São uma boa idéia porque representam policiamento ostensivo, que em qualquer lugar do mundo é a melhor arma contra a violência do dia a dia. Polícia na rua, afinal, significa pronto atendimento às pequenas ocorrências, que não raro viram grandes ocorrências.

Mas solução definitiva efetivamente não são.

Já escrevi aqui antes, posso estar errado, mas o que soluciona o problema de violência nas favelas do Rio (e de qualquer lugar) é urbanização. Acabar com os guetos, melhorar as condições de vida e facilitar a ascensão social.

O Estado brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro, é preguiçoso. Ele quer dar uma esmola qualquer aos cidadãos, no caso as UPP(s), para dizer que solucionou problemas, mas não se mexe de modo efetivo para fazer ações efetivas de desenvolvimento.

As UPP(s) seriam apenas o primeiro passo de um processo que necessariamente tem que passar por derrubar barracos e fazer arruamento, recompor topos de morro com vegetação, construir praças, postos de saúde e quadras esportivas, dotar as regiões de linhas de ônibus e corredores de transporte por onde circulem pessoas e valorizem os imóveis para que seus proprietários montem negócios e façam florescer a economia local. Uma vez havendo economia, naturalmente o progresso chega e melhora sensivelmente as condições de segurança, até porque isso gera empregos e ocupação econômica que tira pessoas do tráfico.


É certo que existe algo nesse sentido no Rio de Janeiro, faça-se justiça, o Programa Favela-Bairro atua nesse sentido, embora não pareça ser uma prioridade naquelas bandas.

Mas buscou-se pintar as UPP(s) como a panacéia, o ovo de Colombo, a solução definitiva gestada em 1 ano, para um problema causado pela irresponsabilidade política de mais de século, que começou com a desapropriação de cortiços para a urbanização da parte central da cidade do Rio há muito tempo atrás, e que de omissão em omissão legou um complexo colossal de favelas nascidas da inexistência de ação estatal.

As UPP(s), como solução definitiva viraram suco. Será que desta vez as autoridades vão entender que esse problema só se resolve com ação integrada do Estado por décadas e começar já a investir nessas favelas, integrando-as às cidades?

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...