17 de jan. de 2011

A TRAGÉDIA É MAIS AMPLA QUE OS DESABAMENTOS DO RIO

Eu já havia escrito aqui que o Brasil não é exatamente aquele país contagiantemente alegre e imensamente belo, pintado em filmetes promocionais para convencer os delegados da FIFA e do COI em deferir-nos a promoção da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016.

Nos últimos dias, o que ficou absolutamente claro é que o Brasil encontra-se no caos urbano completo, é um país absolutamente incapaz de organizar suas cidades dentro de um mínimo conceito de civilidade, e isso não se limita à ocupação irregular de várzeas e encostas, muito menos ao manejo caótico do lixo.

Aqui, qualquer idiota abre o porta-malas do carro de som às 3h da manhã em qualquer lugar, saca várias latinhas de cerveja consecutivas e faz arruaça até as 6 da manhã tocando axé e música sertaneja. Se a polícia é chamada, não atende. Se atende, não prende o indivíduo nem se ele estiver traficando drogas, que geralmente é o que está fazendo. A PM, se atende (porque a regra é sequer atender o inútil telefone 190), limita-se a dispersar a manifestação e deixar que ela se abolete em outro ponto da cidade, ignorando o fato de que, ao ser encontrado com as chaves de um veículo e uma lata de cerveja na mão, deveria fazer exame de dosagem alcoólica, ser multado ou até preso conforme a quantidade de álcool que ingeriu. No Brasil bebe-se na rua, dá-se mal exemplo contumaz para a juventude, que supostamente estaria amparada pela mais retardada de suas leis, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ontem eu estava providenciando um presente de casamento em um magazine aqui de Curitiba. Em certo momento me aproximei do caixa e me assustei com uma pilha que havia ao lado, de louças quebradas, caixas vazias e talheres entortados, causados pelo público na tentativa de roubá-los ou na incapacidade absoluta de conter os ânimos animalescos de seus filhotes, crianças cuja má educação é visível nos olhos. E pouco antes disso, eu havia presenciado um grupo de garotos de uns 15 a 16 anos no máximo, olhando para um vaso e dizendo que usariam ele para encher de rabo de galo... ou seja, jovens que estão conscientemente partindo para alcoolismo e achando isso lindo e divertido!

E alguém já perguntou para algum vendedor de uma Lojas Americanas o problema que é dentro delas o roubo puro e simples de chocolates, CD(s), DVD(s) e brinquedos?

A irresponsabilidade e o cupidismo comem soltos no Brasil. As pessoas aprontam, pintam e bordam e depois fazem que não é com elas, e isso não é exclusividade de pobres ou ricos, é geral e irrestrito... ou alguém aqui nunca presenciou alguma madame estacionando em fila tripla sua SUV importada para pegar o filho no colégio?

Nossa classe política reflete bem o que virou o Brasil depois de tantos anos de "deixa disso", desprezo à lei e confusão entre autoridade e autoritarismo.

É óbvio que a morte de mais de 600 pessoas no RJ é culpa dos políticos porque, afinal, eles é que têm a obrigação de regulamentar ocupação urbana... mas não deixemos de pensar que os políticos no Brasil são eleitos por voto direto, e temos, sim, responsabilidade pelas omissões deles.

O Brasil precisa se reorganizar como sociedade e escolher valores, hoje viramos um país de vale tudo cujo efeito mais visível são essas mortes estúpidas, essas tragédias. Mas há efeitos menos perceptíveis, como os índices de violência que não páram de crescer, o alcoolismo e as drogas que viraram epidemia entre jovens, os preços que pagamos sempre mais caros por conta das pessoas que roubam e depredam produtos nos supermercados.

Enfim, o brasileiro precisa começar a mudar a partir de si mesmo.

BABY DOC VOLTOU AO HAITI


François Duvalier e Jean-Claude Duvalier, respectivamente "Papa Doc" e "Baby doc", foram dois dos mais sanguinários ditadores da história da humanidade.

Seu regime de terror policialesco e roubalheira sem limites legou ao Haiti o título de país mais pobre do mundo, em meio da miséria absoluta acompanhada de torturas, roubos, estupros e pura e simples imposição da força em substituição a qualquer tipo de processo político.

Com os "tonton macoutes" agindo como suas "longa manus", pai e filho ditadores massacraram opositores e prostraram qualquer tipo de movimento político. Não havia situação e muito menos oposição, havia apenas o interesse dos ditadores, imposto pelo terror, a partir do que o Haiti jamais teve sequer a possibilidade de montar governos com mínima estabilidade.

Pior que isso, ao notarem que seu regime não gerava nenhuma riqueza e progresso econômico, roubaram a única riqueza natural visível, as florestas do país, vendendo a madeira pelo melhor preço. O Haiti atual é um país sem recursos naturais, tudo foi roubado, transformado em dinheiro e transferido para contas em paraísos fiscais.

E agora este indivíduo volta provocando sentimentos estranhos. Há quem diga que será morto, há quem diga que exista gente no país capaz de vislumbrar nele a possibilidade de um governo. Se o Haiti fosse pouco mais que um amontoado de almas penadas, deveria prendê-lo, julgá-lo de preferência condená-lo à morte. Seria o mínimo exigível de alguém que renegou milhões de pessoas à miséria absoluta.

14 de jan. de 2011

VAMOS AJUDAR O POVO DO RIO DE JANEIRO!


As pessoas atingidas pela tragédia do Rio de Janeiro precisam de praticamente tudo.

Água potável, alimentos não perecíveis, colchões, roupas, materiais de limpeza e higiene pessoal são itens de necessidade urgentíssima.

Sejamos solidários e cidadãos. Estou pedindo aos meus leitores de Curitiba e de todo o lugar para que procurem locais de coleta de donativos e os enviem para nossos irmãos fluminenses. Retire uma muda de roupas do seu armário, compre garrafas de água mineral, sabonetes, água sanitária e o que puder para ajudar na reconstrução da serra fluminense.

Em Curitiba, é possivel entregar donativos na Prefeitura Municipal, na avenida Cândido de Abreu, 817, Centro Cívico. Na Fundação de Ação Social na rua Eduardo Sprada. 4520, Campo Comprido e em todas as regionais municipais e ruas da cidadania.

Também é possivel entregar donativos no Hospital da Cruz Vermelha, na rua Vicente Machado, 1310.

Contas correntes bancárias que recebem doações:

110000-9 - ag. 741 - Banco do Brasil (Teresópolis)
120000-3 - ag. 594-7 - Banco do Brasil (Nova Friburgo)
002594-7 - ag. 5673 - Itaú Unibanco
2011-7 - ag. 6570-6 Bradesco
2011-0 - ag. 0199 Caixa Econômica Federal

13 de jan. de 2011

MAIS DE 300 MORTOS

Na Austrália, as enchentes causaram enormes prejuízos mas mataram pouco mais ou pouco menos de 20 pessoas em vários dias.

No Brasil, em uma única noite morreram mais de 300 pessoas, sendo que a tragédia é recorrente se lembrarmos do Morro do Bumba em Niterói (2010), de Angra dos Reis(2010) e das vítimas de Santa Catarina em 2009.

Ou seja, fica patente a diferença entre um país onde se controla o descarte do lixo, e se fiscaliza com rigor o desmatamento e a ocupação irregular de áreas de risco. É gritante a diferença de um país onde a Lei existe para ser cumprida, comparado a um lugar onde a Lei é ignorada ao sabor de interesses políticos mesquinhos, de populismo, irresponsabilidade e preguiça e falta de rigor administrativo.

Ontem, no Rio de Janeiro, ninguém sabia onde estava o governador Sergio Cabral.

E hoje de manhã, o noticiário afirmava que o dinheiro prometido para recuperar Santa Catarina dos estragos de 2009 simplesmente não chegou, ficou preso na burocracia estatal insana, na corrupção e nos interesses paroquiais de políticos desonestos.

E não se retire a responsabilidade do povo brasileiro, cujo individualismo excessivo, a falta de cultura e a mania de se encostar no Estado nem que para isso tenha que vender a alma para algum político de raia miúda, causam sim, estes problemas e estas mortes!

300 mortes e até agora, nenhuma autoridade sequer soube explicar um indício das causas da tragédia. Limitou-se a usar a desculpa esfarrapada de que "choveu muito", transferindo para Deus a conta de décadas de leniência com invasores de encostas, com desmatadores irregulares e com descartadores irresponsáveis de lixo.

PS.:

Só consegui apurar até o momento, a conta corrente 110000-9, agência 0741 do Banco do Brasil, informada como SOS Teresópolis. Vamos ajudar o povo do Rio de Janeiro porque nem todos são irresponsáveis, nem todos invadem áreas de riscos, nem todos jogam lixo em qualquer lugar. Nossos irmãos fluminenses precisam de nosso apoio, e tão logo houver informação de onde entregar doações aqui em Curitiba e região, eu vou informar aqui. E o mesmo vale para todos os lugares do Brasil, porque é certo que as vítimas precisarão de água potável, alimentos, roupas, produtos de higiene, colchões, cobertores, etc...

12 de jan. de 2011

VAI MUDAR QUANDO?

Centenas de mortos no Rio de Janeiro, problemas sérios em São Paulo e Minas Gerais, e prováveis no Paraná, por conta das chuvas que estão caindo aqui hoje.

Desde que me conheço por gente, TODOS os anos entre finais de dezembro e meados de fevereiro o Brasil experimenta enchentes, desabamentos e desbarrancamentos de encostas, com mortes de pessoas que vivem em áreas de risco e prejuízos materiais enormes para pessoas que seguem as leis e constróem em lugares adequados e legalizados.

E todos os anos é a mesma coisa. Os políticos liberam verbas emergenciais, os lugares onde acontecem as tragédias recebem obras de perfumaria, chega o carnaval e ninguém mais fala do assunto. Ele é esquecido, deixa-se de planejar o combate efetivo a tais problemas, continua-se a incentivar a ocupação irregular de várzeas e encostas e o descarte irresponsável de lixo, além de não se investir nem em urbanismo, nem em moradia popular digna, muito menos em equipamentos mínimos para a defesa civil funcionar a contento. Investe-se em Copa do Mundo e Olimpíada, ou seja, em embelezamento para turista ver e brasileiro ficar embasbacado.

O Brasil é incapaz até de conter incêndios florestais, porque neste país, para comprar aviões VIP para uso de políticos (inclusive presidentes) os processos são céleres, mas para adquirir equipamentos de uso da sociedade, é preciso licitação, burocracia, financiamentos externos complicadíssimos, jabás e anos de espera, enquanto as coisas simplesmente degringolam.

Ora, se não conseguimos combater incêndios em áreas inóspitas, como combater então essas hecatombes urbanas que acontecem em todo o início do ano, com tanta má vontade quando o assunto é proteger os cidadãos?

O pior de tudo isso é o Judiciário leniente, que baixa a cabeça para os interesses mesquinhos de administradores públicos de péssima qualidade, ao não determinar indenizações para as pessoas que, após seguirem as Leis de urbanismo e uso do solo, perdem seus patrimônios por conta de ações políticas irresponsáveis e populistas, como aquelas de incentivar a ocupação de favelas em encostas, que tempos depois desabam. O Judiciário brasileiro segue a linha de que se condenar o Estado estará c0ndenando a si mesmo, razão pela qual deixa que a população se funheque na esteira de administrações públicas incapazes, que nada fazem porque sabem que nada atinge os políticos.

Enquanto o Estado brasileiro não tiver que indenizar o cidadão pelas suas omissões, o quadro será este que estamos vendo: políticos incompetentes prometendo soluções que eles jamais vão cumprir, esquecidas logo que a primeira escola de samba ponha os pés na Sapucaí... e mortes, muitas mortes estúpidas e destituídas de sentido!

O FLAMENGO É POBRE OU RICO?

Especula-se que o Flamengo vai pagar mais de 1 milhão de reais por mês para Ronaldinho Gaúcho. O mesmo Flamengo que "paga" salários de 5 ou 6 dígitos para a maioria dos seus titulares, mas não tem um estádio próprio, muito menos um Centro de Treinamentos adequado ao futebol profissional.

Hoje, um colunista da imprensa curitibana se perguntava como o Flamengo vai pagar mais de 1 milhão de reais para o jogador vindo da Europa, se, segundo o jornalista, nos processos judiciais em que responde, o clube pede o benefício da Justiça Gratuita alegando-se insolvente e incapaz de pagar as custas processuais brasileiras, que dificilmente ultrapassam R$ 10 mil mesmo nos processos com causas de maior valor.

Não existe mágica com dinheiro. O capitalismo impõe que contratos sejam pagos de alguma forma ou cobrados judicialmente. Na minha experiência de advogado e contabilista, sei que a primeira coisa que uma instituição faz quando encontra-se sem dinheiro é deixar de pagar os fornecedores mais fracos, pessoas físicas donas de pequenos negócios, depois, passa a atrasar ou a não pagar impostos, depois, a folha de pagamento, especialmente o pessoal cuja falta do serviço não afeta imediatamente as atividades, o que, no caso do futebol, significa que os atletas são os últimos da lista. Se uma insituição tem dinheiro mas não paga impostos, é porque está desviando recursos, crime de sonegação. Se uma instituição não tem dinheiro, mas gasta, está agindo com má-fé, acobertada por algum tipo de falcatrua.

Que mágica é esta em que se fazem transações milionárias e se prometem salários nababescos ao mesmo tempo em que existem indícios de insolvência? Quem está financiando isso? Alguém está deixando de receber para que o Flamengo pague tais salários? Estão efetivamente em dia as obrigações do clube com o INSS, a fazenda municipal, estadual e/ou federal? São perguntas que eu gostaria que, hoje, na apresentação do atleta na Gávea, a presidente do clube respondesse.

O Brasil agradeceria um exemplo de probidade em um meio tão sujo e irresponsável como é o do futebol.



Leia mais aqui:

No G-1 (Globo Esporte):
O outro lado: jogadores do Fla não recebem desde novembro
No portal Paraná-Online, coluna de Augusto Mafuz:

11 de jan. de 2011

O MARACANÃ VAI ATRASAR E CUSTAR MAIS CARO


O estádio do Maracanã sofreu reformas logo após a tragédia da final do Campeonato Brasileiro de 1997, quando vários torcedores sairam feridos e um morreu, numa queda decorrente da uma murada que cedeu, porque o lugar estava absolutamente abandonado e pessimamente administrado, e mesmo assim recebeu um público superior a 100 mil pessoas naquele dia.

Depois, sofreu nova reforma em 2001, para sediar o 1º Mundial de Clubes da FIFA, vencido pelo Corinthians.

E para os Jogos Panamericanos de 2007, foi novamente reformado, com reforço estrutural e encadeiramento completo, além do rebaixamento do gramado. Se diz que isso custou R$ 250 milhões, mas há as más linguas que afirmam que custou o equivalente a dois Engenhões, o que estaria em torno de R$ 700 milhões (é, o Engenhão custou R$ 350 milhões, mas não foi indicado para sediar a Copa 2014).

Ficarei com versão de que a reforma para o Pan custou R$ 250 milhões e vamos acrescer uns R$ 50 milhões para as outras duas reformas citadas.

Então, o custo disso foi de 300 milhões de reais e mesmo assim, o estádio inaugurado em 1950, que sediou a Copa do Mundo daquele ano inacabado justamente pelos mesmos motivos que hoje preocupam a FIFA - super-faturamento e incompetência visceral na execução das obras - continua precisando de adequações para a Copa 2014.

Pensava-se em por abaixo o complexo, que também abriga o Parque Aquático Julio Delammare, um conjunto de pistas de atletismo e o Maracanazinho, mas veio a grita, dizendo que o patrimônio histórico estaria comprometido.

Um estádio novo custaria algo em torno de 600 milhões de reais, e daria ao Rio de Janeiro uma praça de futebol com o que há de mais moderno em infra-estrutura e conforto para ser usada por mais 50 anos, se bem que o Rio não precisaria dela tendo o Engenhão. Mas venceu a tese do "patrimônio histórico" e resolveram reformar o elefante branco ao custo de 712 milhões de reais.

Ou seja, 1,012 bilhões de reais por um estádio que, agora, os engenheiros estão "descobrindo" que tem as estruturas comprometidas, de um tal modo que sua recuperação vai custar mais 300 milhões e 6 meses adicionais de obras, atrasando o cronograma para 2014. Isso, você confere em O Globo de hoje, ou no Portal G-1

Enfim, contando tudo, a reforma do Maracanã vai custar quase 1,4 bilhão de reais, ao passo que um complexo novo sairia por algo em torno de 900 milhões, o que também é caro, considerando que seria uma praça para receber jogos de clubes de futebol falidos, com preços subsidiados de ingressos, o que acaba levando para dentro do estádio todo tipo de vândalo, como os que têm destruído o novíssimo e desprezado estádio do Engenhão.

É a farra da imoralidade no trato com o dinheiro público, da incompetência visceral na administração dos projetos e das obras (ora, ninguém imaginou que depois de 60 anos não haveria problemas estruturais?)e da demagogia em torno de um patrimônio histórico que simplesmente não existe, afinal, o Maracanã não foi palco de nenhum momento cívico importante, porque jogos de futebol não são importantes para história de lugar nenhum, como comprovam as demolições de estádios como o Da Luz e o José Alvalade(Lisboa), do Dragão (Porto) e Wembley (Londres), ou ainda o Sarriá (Barcelona) ou o Vicente Calderón (em Madrid), que será brevemente posto abaixo.

Dinheiro público jogado no lixo, numa cidade conhecida por sua leniência em deixar que pessoas construam em encostas e morram a cada chuva mais forte, ao invés de investir em moradia popular digna...

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...