21 de nov. de 2008
QUEM DISSE QUE NÃO É BOM INVESTIR NAS FORÇAS ARMADAS?
No Brasil, sempre que se fala em re-aparelhar as forças armadas, há quem levante a tese de que o país é pacífico, que não precisa, que é bobagem, que o dinheiro seria melhor utilizado em outras áreas, apesar do dinheiro que não é investido nelas, jamais chega em outras áreas, mas fica no bolso de quem não merece.
Agora peço que você, leitor, clique nos links abaixo e constate um pequeno exemplo de relevância de forças armadas operacionais e bem equipadas:
Equipamento de combate a incêndios é testado em Campo Grande
FAB atua em combate a incêndio no Parque Nacional da Chapada Diamantina
C-130 da FAB cumpre missões de combate a incêndio na Chapada Diamantina
Aviões de transporte tático equipados com kits de uso militar (acreditem os leitores, os citados kits MAFFS tem funções militares, muito antes de usados com funções civis) ajudam a sociedade numa situação de dificuldade extrema. E não é só por conta do equipamento, porque o pessoal militar é treinado para trabalhar nas condições mais adversas e estuda profundamente os terrenos onde atua, sem contar que faz isso de modo extremanente organizado.
Por isso que eu sempre defendo aqui neste blog a valorização do pessoal militar, bem como o reequipamento das forças que, em bom estado operacional, protegem as riquezas do país, combatem o narcotráfico e o crime organizado de modo geral, promovem a evolução tecnológica da indústria nacional e atuam nas mais variadas e relevantes funções.
O Brasil precisa aprender que um sistema de defesa não é apenas uma arma de guerra ou agressão, é algo muito mais amplo, que assegura a integridade de toda a sociedade.
PS.: A foto é de divulgação da Força Aérea Brasileira.
19 de nov. de 2008
ONDE ESTÁ O DINHEIRO?
A Receita Federal do Brasil anunciou que entre janeiro e outubro de 2008, a arrecadação de impostos e contribuições federais e previdenciárias somou R$ 564,7 bilhões.
Este valor, repita-se, até outubro de 2008 é 10,33% maior que o do ano passado, após a correção monetária pelo IPCA, o que significa algo em torno de 50 bilhões de reais adicionais nos cofres da União, sem contar novembro e dezembro, ainda.
Ou seja, praticamente uma CPMF e meia, sem contar a CPMF que o aumento de arrecadação do ano passado já representou.
Mas o Executivo diz que não há dinheiro para atender a emenda constitucional da saúde, para o que depende de ressucitar a CPMF com o nome CSS.
E ao mesmo tempo, ninguém fala em rever o absurdo aumento do IOF ocorrido em fevereiro deste ano, para substituir parte do imposto que, não renovado, foi a maior derrota deste governo no Congresso Nacional.
Também não há dinheiro para o reequipamento das forças armadas e mesmo para sua operação comezinha, pois os cortes nessa área são tão grandes que a marinha opera hoje com 1/10 de seus navios, enquanto a FAB, com no máximo 30% de seus aviões.
E nem vou entrar nas outras áreas, onde há pressões salariais não atendidas, ao mesmo tempo em que se constata que nunca antes, na história deste país, foram criados (e contratados) tantos cargos em comissão, isentos de concurso público e demissíveis ad nutum, mas preenchidos por razões eminentemente políticas.
Onde está o dinheiro?
Este valor, repita-se, até outubro de 2008 é 10,33% maior que o do ano passado, após a correção monetária pelo IPCA, o que significa algo em torno de 50 bilhões de reais adicionais nos cofres da União, sem contar novembro e dezembro, ainda.
Ou seja, praticamente uma CPMF e meia, sem contar a CPMF que o aumento de arrecadação do ano passado já representou.
Mas o Executivo diz que não há dinheiro para atender a emenda constitucional da saúde, para o que depende de ressucitar a CPMF com o nome CSS.
E ao mesmo tempo, ninguém fala em rever o absurdo aumento do IOF ocorrido em fevereiro deste ano, para substituir parte do imposto que, não renovado, foi a maior derrota deste governo no Congresso Nacional.
Também não há dinheiro para o reequipamento das forças armadas e mesmo para sua operação comezinha, pois os cortes nessa área são tão grandes que a marinha opera hoje com 1/10 de seus navios, enquanto a FAB, com no máximo 30% de seus aviões.
E nem vou entrar nas outras áreas, onde há pressões salariais não atendidas, ao mesmo tempo em que se constata que nunca antes, na história deste país, foram criados (e contratados) tantos cargos em comissão, isentos de concurso público e demissíveis ad nutum, mas preenchidos por razões eminentemente políticas.
Onde está o dinheiro?
18 de nov. de 2008
GM, FORD E CHRISLER PEDINDO AJUDA GOVERNAMENTAL
No século XX, os EUA desenvolveram dezenas de marcas de automóveis, tais como Buick, Pontiac, Cadillac, Chevrolet, Chevy, Mercury, Ford, Dodge, Jeep, Lincoln, Saturn, Plymonth, Chrisler, AMC, Hummer, Oldsmobile, Shelby, Willys Overland, etc... que em meio a uma concorrência feroz alavancaram o crescimento industrial do país, a ponto de, hoje, se dizer que correspondem a 20% do gigantesco parque industrial de lá, um país em que, sem carro, você é praticamente um nada!
Com o passar do tempo praticamente todas essas marcas foram englobadas pelas três gigantes, a General Motors, a Ford e a Chrisler.
E talvez esteja aí a gênese da crise que as três vivem hoje em dia, quando seus executivos vão ao Congresso do país, de pires na mão, implorar ajuda estatal para se salvarem.
A GM alcançou a hegemonia do mercado, quando num ato de ousadia ofereceu veículos coloridos ao consumidor médio, cansado do tradicional preto, que Henry Ford se recusava a mudar. E a Ford revolucionou o mercado automobilístico com o Mustang, um carro que virou símbolo de esportividade e fez a concorrência copiar para se salvar.
São dois exemplos de algo que os americanos sempre adotaram e inexplicavelmente deixaram ser deturpado na sua indústria automobilística: CONCORRÊNCIA!
As três poderosas se acomodaram.
Essa crise não existe há pouco tempo. Desde o início da década de 80, quando as montadoras japonesas passaram a ofertar veículos médios e grandes ao gosto americano (como os Honda Civic e Accord, o Toyota Corola e a linha Lexus), as 3 gigantes simplesmente não têm mais sossego e, pior que isso, não conseguem se reinventar.
Primeiro acharam que não haveria concorrência contra elas, praticamente apostando num cartel. Depois, porque seus executivos pensaram que a concorrência dos japoneses seria passageira e inútil, por ofertar veículos pequenos. E em um momento mais recente, apostaram tudo em veículos grandes que consomem muito combustível, a verdadeira praga automobilística resumida na sigla SUV, um modismo alimentado pela farra dos yuppies e do consumo exagerado que marcou a prosperidade do país nas últimas décadas.
É interessante notar que elas canibalizam seus esforços e concorrem consigo mesmas, oferecendo, as vezes, 5 veículos com as mesmas características gerais, diferenciados por detalhes de acabamento e logotipos diferentes.
E ao invés de usarem as muitas marcas para criar variações de tipos de veículos, como por exemplo especializar uma em grandes e outra em econômicos, fizeram isso de modo muito tímido, preferindo produzir uma gama de enormes SUV(s) gastadores de combustível, apostando do american way of life, que preconiza carros grandes e imponentes e cujo maior símbolo recente é um horroroso Hummer, que, aliás, foi a primeira vítima da crise, pois a GM pôs a marca à venda.
O baque final dessa inacreditável cadeia de erros foi o aumento exponencial do preço do petróleo ocorrido entre 2006 e 2008 e o estouro da crise econômica a partir do sub-prime.
Nos EUA, o preço do combustível na bomba reflete o preço do barril do petróleo no dia anterior, que levou os consumidores a trocar seus veículos por outros mais econômicos, especialmente os japoneses. E agora, mesmo com o petróleo em baixa, ainda há a crise, em que ninguém sabe se terá emprego no dia seguinte, com o mesmo efeito de troca de modelo.
Se já não era fácil competir com as SUV(s) japonesas, imagine competir com os carros menores contra os quais as 3 gigantes nunca se preocuparam em apresentar alternativas?
Enfim, seus executivos declararam hoje, que estão em situação caótica e sem capacidade de gerar caixa imediato para manter suas operações. A que se encontra em melhor estado é a Ford, cujo presidente foi enfático ao alertar que, a falência de qualquer uma das outras gigantes, significará também a sua, porque haverá falência de milhares de fornecedores comuns.
É estranho que isso aconteça nos EUA, país onde o mercado sempre foi considerado a mãe de todas as soluções econômicas e agora volta-se para a bondade governamental.
Mas como há muitos interesses em jogo e 20% do parque industrial do país não pode parar, haverá sim, ajuda imediata.
Basta saber se as três gigantes vão entender o recado histórico. Elas precisam de capital não só para se salvar, mas para se reinventar e projetar carros menores, mais econômicos e modernos. Também terão que fazer um esforço trabalhista gigantesco, no sentido de fazer carros mais bem acabados a custos menores, o que depende muito da sua mão-de-obra, extremamente engessada por conta da estrutura sindical adotada lá.
Enfim, muito longe de ser um desafio das empresas, é do país inteiro.
É apenas uma parte dos problemas que aguardam a posse do novo presidente recém eleito.
Com o passar do tempo praticamente todas essas marcas foram englobadas pelas três gigantes, a General Motors, a Ford e a Chrisler.
E talvez esteja aí a gênese da crise que as três vivem hoje em dia, quando seus executivos vão ao Congresso do país, de pires na mão, implorar ajuda estatal para se salvarem.
A GM alcançou a hegemonia do mercado, quando num ato de ousadia ofereceu veículos coloridos ao consumidor médio, cansado do tradicional preto, que Henry Ford se recusava a mudar. E a Ford revolucionou o mercado automobilístico com o Mustang, um carro que virou símbolo de esportividade e fez a concorrência copiar para se salvar.
São dois exemplos de algo que os americanos sempre adotaram e inexplicavelmente deixaram ser deturpado na sua indústria automobilística: CONCORRÊNCIA!
As três poderosas se acomodaram.
Essa crise não existe há pouco tempo. Desde o início da década de 80, quando as montadoras japonesas passaram a ofertar veículos médios e grandes ao gosto americano (como os Honda Civic e Accord, o Toyota Corola e a linha Lexus), as 3 gigantes simplesmente não têm mais sossego e, pior que isso, não conseguem se reinventar.
Primeiro acharam que não haveria concorrência contra elas, praticamente apostando num cartel. Depois, porque seus executivos pensaram que a concorrência dos japoneses seria passageira e inútil, por ofertar veículos pequenos. E em um momento mais recente, apostaram tudo em veículos grandes que consomem muito combustível, a verdadeira praga automobilística resumida na sigla SUV, um modismo alimentado pela farra dos yuppies e do consumo exagerado que marcou a prosperidade do país nas últimas décadas.
É interessante notar que elas canibalizam seus esforços e concorrem consigo mesmas, oferecendo, as vezes, 5 veículos com as mesmas características gerais, diferenciados por detalhes de acabamento e logotipos diferentes.
E ao invés de usarem as muitas marcas para criar variações de tipos de veículos, como por exemplo especializar uma em grandes e outra em econômicos, fizeram isso de modo muito tímido, preferindo produzir uma gama de enormes SUV(s) gastadores de combustível, apostando do american way of life, que preconiza carros grandes e imponentes e cujo maior símbolo recente é um horroroso Hummer, que, aliás, foi a primeira vítima da crise, pois a GM pôs a marca à venda.
O baque final dessa inacreditável cadeia de erros foi o aumento exponencial do preço do petróleo ocorrido entre 2006 e 2008 e o estouro da crise econômica a partir do sub-prime.
Nos EUA, o preço do combustível na bomba reflete o preço do barril do petróleo no dia anterior, que levou os consumidores a trocar seus veículos por outros mais econômicos, especialmente os japoneses. E agora, mesmo com o petróleo em baixa, ainda há a crise, em que ninguém sabe se terá emprego no dia seguinte, com o mesmo efeito de troca de modelo.
Se já não era fácil competir com as SUV(s) japonesas, imagine competir com os carros menores contra os quais as 3 gigantes nunca se preocuparam em apresentar alternativas?
Enfim, seus executivos declararam hoje, que estão em situação caótica e sem capacidade de gerar caixa imediato para manter suas operações. A que se encontra em melhor estado é a Ford, cujo presidente foi enfático ao alertar que, a falência de qualquer uma das outras gigantes, significará também a sua, porque haverá falência de milhares de fornecedores comuns.
É estranho que isso aconteça nos EUA, país onde o mercado sempre foi considerado a mãe de todas as soluções econômicas e agora volta-se para a bondade governamental.
Mas como há muitos interesses em jogo e 20% do parque industrial do país não pode parar, haverá sim, ajuda imediata.
Basta saber se as três gigantes vão entender o recado histórico. Elas precisam de capital não só para se salvar, mas para se reinventar e projetar carros menores, mais econômicos e modernos. Também terão que fazer um esforço trabalhista gigantesco, no sentido de fazer carros mais bem acabados a custos menores, o que depende muito da sua mão-de-obra, extremamente engessada por conta da estrutura sindical adotada lá.
Enfim, muito longe de ser um desafio das empresas, é do país inteiro.
É apenas uma parte dos problemas que aguardam a posse do novo presidente recém eleito.
17 de nov. de 2008
FIM DO MUNDO
Quanto mais eu leio sobre essa crise econômica, mais me convenço da natureza sazonal da humanidade, onde quando as coisas vão bem é porque a bonança nunca acabará e, quando vão mal, é porque o mundo está nos estertores, numa alternância constante e cíclica entre essas duas opiniões.
Estamos vivendo uma fase do tipo "fim do mundo".
O banco ou empresa X teve um lucro de "apenas" 10 bilhões de dólares no terceiro trimestre, 0,000003549455% inferior ao do trimestre anterior e a bolsa cai. Não raro, analistas vão a público declarar em alto e bom som que não sabem como uma empresa como esta sobreviverá frustrando as expectativas de seus acionistas e do mercado, entendido este como o conjunto de gananciosos operadores cujo trabalho consiste em lançar e desmentir boatos para valorizar apenas e tão somente as próprias polpudas comissões, que, por sinal, muitas vezes são cobradas até quando dão prejuízo aos seus clientes.
Mas vai mais longe que isso. Num dia, a bolsa opera em alta histórica, porque o Congresso dos EUA aprovou o crédito especial de 750 bilhões para acudir o sistema financeiro. No dia seguinte, sem que nenhuma letra tenha sido alterada nos textos legais, a bolsa derrete em quedas espetaculares porque o dinheiro não será suficiente e porque o governo não está fazendo tudo o que pode para conter a crise.
Ora o pacote de infra-estrutura da China é recebido com aplausos e índices positivos, ora ele representa a capitulação do tigre asiático à crise, e os índices ficam vergonhosamente negativos.
A Petrobrás anuncia um lucro recorde para um trimestre em toda a sua história, mas no dia seguinte os analistas decretam que isso não importa, porque o preço do petróleo (que a Petrobrás de regra importa) caiu e isso vai lhe afetar a lucratividade.
Pouco importa se a notícia é boa. Os velhacos histéricos que pretendem auferir seu primeiro milhão de dólares antes dos 25 anos de idade inventam notícias e interpretações que fogem até ao mínimo bom senso, mas que funcionam, porque uma boa parte de quem atua no mercado de capitais é de velhacos amadores, aqueles otários que vendem a casa onde moram para apostar no dinheiro fácil que a bolsa diz que dá naquelas épocas em que a bonança é "eterna". O olho gordo destes, alimenta a mentira deslavada daqueles.
Especulação é da própria natureza humana, de modo que nada, medida alguma ou regulamentação alguma pode mudar esse estado de coisas.
Mas isso não significa que não seja necessário rever as regras que regem o mercado financeiro internacional.
Eu penso que esta crise deva levar a alguma regulamentação, principalmente para evitar que operações financeiras sejam lastreadas em outras, que por sua vez são lastreadas em outras e assim por diante, até que se descubra que as garantias de todos os negócios da cadeia, são apenas escriturais e irreais.
É um processo que demanda muito mais que reuniões afobadas do G-20, que ao contrário do que alguns políticos andam dizendo (inclusive o presidente do Brasil), não salvará a humanidade de nada, porque mudanças globais como as requeridas dependem de estudos aprofundados, que resultam em tratados e convenções, que dependem da aceitação pelos parlamentos dos países.
Sem contar que não estamos mais num pós guerra, vivendo a reconstrução lenta do mundo com um capítulo em Bretton Woods. Para conseguir essa alguma regulamentação, não é improvável que antes tenhamos que viver uma fase de pânico extremo e muito mais que histérico, promovido pelos financistas que, por óbvio, não querem que nada atrapalhe suas apostas ou impeça as letras mortas de "analistas" especializados em vender pessimismo para ganhar comissões nas futuras realizações de lucros dos corretores.
Mudar o mundo exige mudar antes o tom dos discursos.
Estamos vivendo uma fase do tipo "fim do mundo".
O banco ou empresa X teve um lucro de "apenas" 10 bilhões de dólares no terceiro trimestre, 0,000003549455% inferior ao do trimestre anterior e a bolsa cai. Não raro, analistas vão a público declarar em alto e bom som que não sabem como uma empresa como esta sobreviverá frustrando as expectativas de seus acionistas e do mercado, entendido este como o conjunto de gananciosos operadores cujo trabalho consiste em lançar e desmentir boatos para valorizar apenas e tão somente as próprias polpudas comissões, que, por sinal, muitas vezes são cobradas até quando dão prejuízo aos seus clientes.
Mas vai mais longe que isso. Num dia, a bolsa opera em alta histórica, porque o Congresso dos EUA aprovou o crédito especial de 750 bilhões para acudir o sistema financeiro. No dia seguinte, sem que nenhuma letra tenha sido alterada nos textos legais, a bolsa derrete em quedas espetaculares porque o dinheiro não será suficiente e porque o governo não está fazendo tudo o que pode para conter a crise.
Ora o pacote de infra-estrutura da China é recebido com aplausos e índices positivos, ora ele representa a capitulação do tigre asiático à crise, e os índices ficam vergonhosamente negativos.
A Petrobrás anuncia um lucro recorde para um trimestre em toda a sua história, mas no dia seguinte os analistas decretam que isso não importa, porque o preço do petróleo (que a Petrobrás de regra importa) caiu e isso vai lhe afetar a lucratividade.
Pouco importa se a notícia é boa. Os velhacos histéricos que pretendem auferir seu primeiro milhão de dólares antes dos 25 anos de idade inventam notícias e interpretações que fogem até ao mínimo bom senso, mas que funcionam, porque uma boa parte de quem atua no mercado de capitais é de velhacos amadores, aqueles otários que vendem a casa onde moram para apostar no dinheiro fácil que a bolsa diz que dá naquelas épocas em que a bonança é "eterna". O olho gordo destes, alimenta a mentira deslavada daqueles.
Especulação é da própria natureza humana, de modo que nada, medida alguma ou regulamentação alguma pode mudar esse estado de coisas.
Mas isso não significa que não seja necessário rever as regras que regem o mercado financeiro internacional.
Eu penso que esta crise deva levar a alguma regulamentação, principalmente para evitar que operações financeiras sejam lastreadas em outras, que por sua vez são lastreadas em outras e assim por diante, até que se descubra que as garantias de todos os negócios da cadeia, são apenas escriturais e irreais.
É um processo que demanda muito mais que reuniões afobadas do G-20, que ao contrário do que alguns políticos andam dizendo (inclusive o presidente do Brasil), não salvará a humanidade de nada, porque mudanças globais como as requeridas dependem de estudos aprofundados, que resultam em tratados e convenções, que dependem da aceitação pelos parlamentos dos países.
Sem contar que não estamos mais num pós guerra, vivendo a reconstrução lenta do mundo com um capítulo em Bretton Woods. Para conseguir essa alguma regulamentação, não é improvável que antes tenhamos que viver uma fase de pânico extremo e muito mais que histérico, promovido pelos financistas que, por óbvio, não querem que nada atrapalhe suas apostas ou impeça as letras mortas de "analistas" especializados em vender pessimismo para ganhar comissões nas futuras realizações de lucros dos corretores.
Mudar o mundo exige mudar antes o tom dos discursos.
14 de nov. de 2008
COMEÇAM A APARECER OS CULPADOS PELA TRAGÉDIA DE CONGONHAS
Na Agência Estado, hoje, via UOL:
Perícia aponta falhas de TAM, piloto, pista e Anac em acidente em Congonhas
Bem, se a perícia aponta falhas da ANAC e na pista (portanto, INFRAERO), na tragédia com o avião da TAM em Congonhas, o governo é responsável pelo menos em parte pelo acidente, o que não é menos grave, nem o isenta de responsabilidades.
A despeito do "top-top" do sinistro senhor Marco Aurélio Garcia, que festejou a suposta não-responsabilidade do governo a partir de falhas INFRAERO, houve sim, engendrada no Palácio do Planalto, uma verdadeira "caça às bruxas" em razão do acidente, pois ocorreu a substituição do Ministro da Defesa, do presidente da ANAC, além de diversos diretores da mesma ANAC e da INFRAERO.
Em outras palavras, o governo já sabia, pouco após o acidente, que tinha responsabilidades. Só não sabia a extensão, mas se delas estivesse livre, não teria forçado a renúncia do senhor Zuanazzi nem substituído Waldir Pires por Nelson Jobim.
Agora, começam a surgir as confirmações.
Não são águas passadas, porque a partir de um laudo como este, as famílias das vítimas podem e devem requisitar indenizações contra o Estado brasileiro, que se deixou levar pelos interesses comerciais das empresas de aviação e negligenciou a adequação do sistema, mesmo bradando aos quatro ventos sobre a exuberância e o crescimento da economia, que refletia na demanda por serviços aeroportuários.
Se por um lado, a responsabilidade não é do presidente Lula, por outra, é do governo que ele preside, que tem apoio de amplo espectro político, incluindo partidos como o próprio PT, o PMDB, o PP e o PTB, entre outros, sempre ávidos por muitos cargos em comissão, cargos estes que, criados às dezenas de milhares desde 2003, roubaram verbas e dinheiro que poderia ser aplicado em obras e, consequentemente, aeroportos.
Se o governo investisse mais em infra-estrutura e menos em contratação de comissionados, teria boas chances de evitar essa tragédia. Aliás, só depois dela houve algum movimento do PAC em direção ao sistema aeroportuário.
Portanto, o governo merece a crítica, mesmo que sua responsabilidade seja parcial e indireta.
Perícia aponta falhas de TAM, piloto, pista e Anac em acidente em Congonhas
Bem, se a perícia aponta falhas da ANAC e na pista (portanto, INFRAERO), na tragédia com o avião da TAM em Congonhas, o governo é responsável pelo menos em parte pelo acidente, o que não é menos grave, nem o isenta de responsabilidades.
A despeito do "top-top" do sinistro senhor Marco Aurélio Garcia, que festejou a suposta não-responsabilidade do governo a partir de falhas INFRAERO, houve sim, engendrada no Palácio do Planalto, uma verdadeira "caça às bruxas" em razão do acidente, pois ocorreu a substituição do Ministro da Defesa, do presidente da ANAC, além de diversos diretores da mesma ANAC e da INFRAERO.
Em outras palavras, o governo já sabia, pouco após o acidente, que tinha responsabilidades. Só não sabia a extensão, mas se delas estivesse livre, não teria forçado a renúncia do senhor Zuanazzi nem substituído Waldir Pires por Nelson Jobim.
Agora, começam a surgir as confirmações.
Não são águas passadas, porque a partir de um laudo como este, as famílias das vítimas podem e devem requisitar indenizações contra o Estado brasileiro, que se deixou levar pelos interesses comerciais das empresas de aviação e negligenciou a adequação do sistema, mesmo bradando aos quatro ventos sobre a exuberância e o crescimento da economia, que refletia na demanda por serviços aeroportuários.
Se por um lado, a responsabilidade não é do presidente Lula, por outra, é do governo que ele preside, que tem apoio de amplo espectro político, incluindo partidos como o próprio PT, o PMDB, o PP e o PTB, entre outros, sempre ávidos por muitos cargos em comissão, cargos estes que, criados às dezenas de milhares desde 2003, roubaram verbas e dinheiro que poderia ser aplicado em obras e, consequentemente, aeroportos.
Se o governo investisse mais em infra-estrutura e menos em contratação de comissionados, teria boas chances de evitar essa tragédia. Aliás, só depois dela houve algum movimento do PAC em direção ao sistema aeroportuário.
Portanto, o governo merece a crítica, mesmo que sua responsabilidade seja parcial e indireta.
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11 de nov. de 2008
Ontem, o Coritiba Foot Ball Club iniciou oficialmente as comemorações do seu centenário, que ocorrerá em 11/10/2009.
Por conta disso, entrou no ar o site Coxa 100 anos, que mostra em imagens a história do clube, um trabalho do mesmo grupo de pesquisadores que mantém o site História do Coritiba, conhecido como Os Helênicos.
Vale a pena conferir uma bela página da história do futebol brasileiro. Poucos clubes no Brasil e no mundo têm algo semelhante. E considerando que muitos dos gigantes do futebol brasileiro(*) já comemoraram 100 anos e não tiveram ação parecida, isso aumenta ainda mais os méritos da gente Coxa-Branca.
(*) Flamengo, Vasco da Gama, Vitória, Grêmio, Atlético-MG
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E não deixe de participar da blogagem coletiva: ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA, clicando aqui e aqui.
10 de nov. de 2008
ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA!
O Dácio e a Geórgia convocaram esta blogagem, que irá até o próximo dia 15. Divulgo minha participação desde já, para evitar que a correria me impeça a participação.
Antes de mais nada, quero dizer que ter filhos, biológicos e/ou adotados, é um ato de responsabilidade. Não queira ter filhos apenas porque seu "relógio biológico" está pedindo. Não queira ter filhos para salvar um relacionamento ou mesmo para forçá-lo a ocorrer. Não queira ter filhos por imposição social. Não tenha filhos se o seu parceiro não os quiser e muito menos por que sente-se sozinho ou sozinha.
Tenha filhos exclusivamente por amor e entendendo que dali em diante você terá enormes responsabilidades em criá-los e educá-los, porque é difícil ser pai e/ou mãe.
E se você decidir enfrentar o desafio considere a opção de adotar uma criança. Se você é solitário ou não quer ter um relacionamento estável. Se tendo um relacionamento não podem ser filhos ou ainda, se seu relacionamento é homossexual, pense em adotar uma criança. Melhor ainda, se você quer e pode criar mais um filho, adote uma criança.
Mas claro, desde que tenha amor para dar e condições materiais de criá-la.
Décadas atrás, numa cidade do interior do Paraná, meus pais conheceram um casal de quem ficaram amigos e a quem passei a tratar como tios. Ele foi jogador de futebol num tempo em que isso não dava dinheiro e depois que acabou a carreira, fez concurso e virou fiscal de rendas do estado, enquanto ela sempre assumiu o duro encargo de cuidar de casa e das suas 4 crianças no dia a dia.
Um dia, encontraram um bebê deixado à sua porta. Então, chamaram as crianças falaram das dificuldades e mesmo da necessidade que elas teriam em ajudar na casa e perguntaram se aceitavam mais um irmão. Todas elas disseram que sim, a família inteira resolveu adotar o bebê. E aquela família foi um exemplo de felicidade como poucas que vi na minha vida e aquele bebê cresceu sadio e feliz como filho e irmão.
Um grande exemplo de adoção por amor. Uma adoção por amor de uma familia inteira.
8 de nov. de 2008
IMAGENS DE CURITIBA - 12
Próximo ao Centro Cívico e praticamente na mesma área verde que abriga o Museu Oscar Niemeyer, existe em Curitiba o Memorial da Imigração Polonesa, comumente chamado de Bosque Polonês ou Bosque do Papa, vez que foi parte do roteiro da visita de João Paulo II, quando esteve em Curitiba.
É a reprodução de uma vila de imigrantes, com suas casas rústicas erguidas em madeira encaixada, que abrigam uma loja de souvenires, uma capela onde o "papa do povo" rezou uma das missas em Curitiba e um museu, que homenageia os imigrantes e também o saudoso Carol Wojtyla.
A primeira foto é a entrada do parque. À esquerda, antes da ponte, há uma confeitaria que vende doces típicos poloneses, que eu recomendo.
Esta é a capela, uma das várias casas típicas polonesas que existem no local.
As duas fotos que seguem, são detalhes das janelas, por fora, e por dentro a partir da casa que abriga a loja de souvenires.
Única parte do acervo do museu que é possivel fotografar, os utensílios usados pelos imigrantes, num estábulo que é parte do complexo.
As fotos que seguem, são de monumentos em homenagem a dois dos mais famosos poloneses da história, Nicolau Copérnico, estátua que foi inaugurada quando da visita do também histórico presidente polonês, Lech Walesa,e, claro, a de outro bravo soldado da democracia, o papa João Paulo II.
Estas fotos não saíram com a qualidade desejada, porque eu estava inaugurando minha nova câmera e ainda não havia entendido boa parte de seus recursos. Aliás, não entendo até agora.
No mesmo local, ainda há a sede de um núcleo escoteiro, com outro belo monumento de autoria do curitibano Poty Lazarotto que, de tão apaixonado pela cidade, deixou suas marcas espalhadas por ela, algumas das quais já mostrei aqui, mas que serão objeto de um Imagens de Curitiba especial, em homenagem ao grande artista plástico.
CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS.
USO LIVRE DA INTERNET, CITADA A FONTE.
É a reprodução de uma vila de imigrantes, com suas casas rústicas erguidas em madeira encaixada, que abrigam uma loja de souvenires, uma capela onde o "papa do povo" rezou uma das missas em Curitiba e um museu, que homenageia os imigrantes e também o saudoso Carol Wojtyla.
A primeira foto é a entrada do parque. À esquerda, antes da ponte, há uma confeitaria que vende doces típicos poloneses, que eu recomendo.
Esta é a capela, uma das várias casas típicas polonesas que existem no local.
As duas fotos que seguem, são detalhes das janelas, por fora, e por dentro a partir da casa que abriga a loja de souvenires.
Única parte do acervo do museu que é possivel fotografar, os utensílios usados pelos imigrantes, num estábulo que é parte do complexo.
As fotos que seguem, são de monumentos em homenagem a dois dos mais famosos poloneses da história, Nicolau Copérnico, estátua que foi inaugurada quando da visita do também histórico presidente polonês, Lech Walesa,e, claro, a de outro bravo soldado da democracia, o papa João Paulo II.
Estas fotos não saíram com a qualidade desejada, porque eu estava inaugurando minha nova câmera e ainda não havia entendido boa parte de seus recursos. Aliás, não entendo até agora.
No mesmo local, ainda há a sede de um núcleo escoteiro, com outro belo monumento de autoria do curitibano Poty Lazarotto que, de tão apaixonado pela cidade, deixou suas marcas espalhadas por ela, algumas das quais já mostrei aqui, mas que serão objeto de um Imagens de Curitiba especial, em homenagem ao grande artista plástico.
CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS.
USO LIVRE DA INTERNET, CITADA A FONTE.
7 de nov. de 2008
O POVO NÃO JULGA COISA ALGUMA
A Assembléia Legislativa do Paraná está em polvorosa, porque o deputado Antonio Belinatti, que foi eleito prefeito de Londrina, viu sua candidatura impugnada depois do segundo turno. A mesa da casa convocou a assessoria jurídica a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para contribuir com a defesa do ilustre colega, réu em mais de 100 processos, muitos de improbidade administrativa e criminais pelos quais chegou a ser preso em duas ocasiões.
Dizem muitos dos "doutos" deputados que ele foi absolvido pelo povo, o que é uma bobagem monumental. É comum nessa fase pós-eleitoral, ouvir essa desculpa de muita gente, defendendo que o político não pode perder o mandato conseguido nas urnas por conta de decisão judicial após o pleito.
Guardado o fato de que a Justiça brasileira falha ao deferir liminares sem muito critério, autorizando a candidatura de indivíduos condenados por improbidade administrativa, restrições de aprovações de contas e mesmo condenações criminais.
Que se diga, ainda, que a Justiça deve aprender a cumprir do processo eleitoral, porque não é uma, nem são apenas duas, as cidades com problemas assim, há centenas de lugares pelo Brasil afora, em que ainda não se sabe quem administrará o município a partir de 1º de janeiro.
Mesmo assim, não consigo compactuar com a idéia de que a vitória num pleito torna-se uma absolvição ou salvo-conduto para crimes e infrações administrativas de qualquer natureza praticadas pelos senhores políticos, a ponto de determinar como o Judiciário deve proferir uma decisão final posterior à das urnas.
Julgar implica analisar os fatos e adequá-los a uma Lei em vigor, coisa que o povo não faz em lugar nenhum do mundo, que dizer no Brasil onde, de regra, ele vota em quem acha mais simpático sem analisar o rol de ações de improbidade e mesmo casos de prisão preventiva, enriquecimento estranho, ou mesmo comportamentos não condizentes com os de um ocupante de cargo público.
Sinceramente, o povo não têm competência, nem material, nem moral e muito menos intelectual para julgar ninguém. Se assim fosse, traficante que protege favela seria sempre libertado da prisão e policial condenado à morte. Aceitar que o povo "julga" implica em necessariamente nunca discutir os atos errôneos de políticos populistas e de pessoas que agradem às massas, dando-lhes salvo conduto para agirem como bem entender.
Um amigo meu define isso de modo simples: "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". A falha da Justiça em julgar dentro de prazos que impeçam candidaturas, ou mesmo em não ter critério em deferir liminares, não significa que ela delegou ao povo a tarefa de julgar e absolver ninguém. Julgar é exclusividade da Justiça, o povo apenas escolhe e está sujeito a não ver aceita sua escolha se ela não condizer com a Lei.
Dizem muitos dos "doutos" deputados que ele foi absolvido pelo povo, o que é uma bobagem monumental. É comum nessa fase pós-eleitoral, ouvir essa desculpa de muita gente, defendendo que o político não pode perder o mandato conseguido nas urnas por conta de decisão judicial após o pleito.
Guardado o fato de que a Justiça brasileira falha ao deferir liminares sem muito critério, autorizando a candidatura de indivíduos condenados por improbidade administrativa, restrições de aprovações de contas e mesmo condenações criminais.
Que se diga, ainda, que a Justiça deve aprender a cumprir do processo eleitoral, porque não é uma, nem são apenas duas, as cidades com problemas assim, há centenas de lugares pelo Brasil afora, em que ainda não se sabe quem administrará o município a partir de 1º de janeiro.
Mesmo assim, não consigo compactuar com a idéia de que a vitória num pleito torna-se uma absolvição ou salvo-conduto para crimes e infrações administrativas de qualquer natureza praticadas pelos senhores políticos, a ponto de determinar como o Judiciário deve proferir uma decisão final posterior à das urnas.
Julgar implica analisar os fatos e adequá-los a uma Lei em vigor, coisa que o povo não faz em lugar nenhum do mundo, que dizer no Brasil onde, de regra, ele vota em quem acha mais simpático sem analisar o rol de ações de improbidade e mesmo casos de prisão preventiva, enriquecimento estranho, ou mesmo comportamentos não condizentes com os de um ocupante de cargo público.
Sinceramente, o povo não têm competência, nem material, nem moral e muito menos intelectual para julgar ninguém. Se assim fosse, traficante que protege favela seria sempre libertado da prisão e policial condenado à morte. Aceitar que o povo "julga" implica em necessariamente nunca discutir os atos errôneos de políticos populistas e de pessoas que agradem às massas, dando-lhes salvo conduto para agirem como bem entender.
Um amigo meu define isso de modo simples: "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". A falha da Justiça em julgar dentro de prazos que impeçam candidaturas, ou mesmo em não ter critério em deferir liminares, não significa que ela delegou ao povo a tarefa de julgar e absolver ninguém. Julgar é exclusividade da Justiça, o povo apenas escolhe e está sujeito a não ver aceita sua escolha se ela não condizer com a Lei.
5 de nov. de 2008
OBAMA VENCEU! (OS VENTOS DA MUDANÇA...)
Há quem diga a vitória de Barack Hussein Obama deu-se em razão de duas crises graves, a de política externa simbolizada pelo Iraque, e a econômica, o que levou o eleitorado a buscar a mudança sem analisar os candidatos.
Eu discordo disso. São crises graves, mas penso que os americanos resolveram dar uma guinada no pensamento extremamente conservador,liberal, isolacionista e militarista que tomou conta do país especialmente após os atentados de 11/09/2001, dada a influência grande que os "neocons" passaram a ter sobre o partido Republicano e consequentemente sobre a administração federal de George W.Bush.
Só que a história é dinâmica. Em 2006, os democratas venceram as eleições legislativas e conseguiram uma maioria apertada no Senado e folgada na Câmara. Foi um lance da eleição presidencial de 2008, indício de que havia, no país, insatisfação contra as políticas equivocadas e radicais decorrentes da catarse nacional que o terrorismo despertou em 2001 e que foram capitalizadas pelos republicanos para sua manutenção no poder, catarse da qual os americanos foram se libertando paulatinamente.
Portanto, os ventos da mudança já se faziam presentes bem antes do estouro do sub-prime e mesmo da disparada dos preços do petróleo, cujo resultado causou insatisfação popular em um país viciado em gasolina. E já se faziam notar de modo bem mais tímido anda antes de 2006, quando da discussão sobre o Iraque.
E os ventos da mudança sopraram ainda mais forte, porque nas eleições primárias, o partido Democrata polarizou a disputa entre uma mulher, Hillary Clinton, e o negro Barack Obama, demonstrando que a busca pelo câmbio de idéias e atitudes em relação ao mundo não era apenas no âmbito da economia ou mesmo no das relações exteriores da nação mais poderosa do planeta.
O povo dos EUA, a partir do partido Democrata, deu sinais de que pretendia reafirmar sua condição de nação pluralista a dar oportunidades a todos, o que vai muito além da insatisfação com os revezes militares no Iraque e com os tropicões econômicos.
Os republicanos, ao indicarem o moderado John McCain, pareciam ter percebido tais ventos até o último momento, quando na sua convenção, indicaram para vice a ultra-radical "neocon" Sarah Palin, imposta na tentativa de unir o partido, mas que acabou com efeito contrário, sendo um fator decisivo pró-Democrata, em vista até da idade do candidato, que aumentava a probabilidade dela assumir a Casa Branca. Eu mesmo escrevi em vários lugares que a atitude do partido Republicano poderia conservar-lhe a Casa Branca, desde que ele se mantivesse unido, coisa que não aconteceu.
E ontem, o que se viu foi o comparecimento em massa às urnas, pois 66% é recorde neste século e mais do que isso, uma forte indicação da vontade de mudar o país, pois sabe-se que o maior desafio dos Democratas a cada 4 anos, é efetivamente levar o seu eleitorado ao voto.
Se as crises externa e econômica bastassem para eleger um presidente democrata, o partido não teria se arriscado em polarizar a disputa com duas novidades (uma mulher ou um negro). Escolheria um candidato caucasiano de algum estado influente da federação, como John Kerry, John Edwards ou mesmo Albert Gore e iria para a disputa sem se preocupar sequer com a baixa afluência às urnas, nas últimas eleições presidenciais.
Mas não. Obama, mal ou bem, representa uma clara indicação de que o povo dos EUA quer mudanças. Se ele vai consegui-las, isso é outro assunto, mas o fato é que ele foi eleito não só por sua capacidade política, mas também pela sólida formação intelectual (Colúmbia e Harvard) aliada à sua imagem de alguém que venceu barreiras numa sociedade pluralista, mas ao mesmo tempo fortemente influenciada por idéias conservadoras e permeada com preconceitos, eternamente debatento direitos civis e buscando dar voz às minorias.
O povo dos EUA não votu contra Bush, muito menos contra os "neocons" ou contra os republicanos. Votou pela mudança, talvez a busca por atitudes equilibradas, em contraposição ao aferramento em opiniões pré-concebidas que aconteceu especialmente a partir de 11/09/2001, com consequências políticas, sociais e econômicas.
Eu discordo disso. São crises graves, mas penso que os americanos resolveram dar uma guinada no pensamento extremamente conservador,liberal, isolacionista e militarista que tomou conta do país especialmente após os atentados de 11/09/2001, dada a influência grande que os "neocons" passaram a ter sobre o partido Republicano e consequentemente sobre a administração federal de George W.Bush.
Só que a história é dinâmica. Em 2006, os democratas venceram as eleições legislativas e conseguiram uma maioria apertada no Senado e folgada na Câmara. Foi um lance da eleição presidencial de 2008, indício de que havia, no país, insatisfação contra as políticas equivocadas e radicais decorrentes da catarse nacional que o terrorismo despertou em 2001 e que foram capitalizadas pelos republicanos para sua manutenção no poder, catarse da qual os americanos foram se libertando paulatinamente.
Portanto, os ventos da mudança já se faziam presentes bem antes do estouro do sub-prime e mesmo da disparada dos preços do petróleo, cujo resultado causou insatisfação popular em um país viciado em gasolina. E já se faziam notar de modo bem mais tímido anda antes de 2006, quando da discussão sobre o Iraque.
E os ventos da mudança sopraram ainda mais forte, porque nas eleições primárias, o partido Democrata polarizou a disputa entre uma mulher, Hillary Clinton, e o negro Barack Obama, demonstrando que a busca pelo câmbio de idéias e atitudes em relação ao mundo não era apenas no âmbito da economia ou mesmo no das relações exteriores da nação mais poderosa do planeta.
O povo dos EUA, a partir do partido Democrata, deu sinais de que pretendia reafirmar sua condição de nação pluralista a dar oportunidades a todos, o que vai muito além da insatisfação com os revezes militares no Iraque e com os tropicões econômicos.
Os republicanos, ao indicarem o moderado John McCain, pareciam ter percebido tais ventos até o último momento, quando na sua convenção, indicaram para vice a ultra-radical "neocon" Sarah Palin, imposta na tentativa de unir o partido, mas que acabou com efeito contrário, sendo um fator decisivo pró-Democrata, em vista até da idade do candidato, que aumentava a probabilidade dela assumir a Casa Branca. Eu mesmo escrevi em vários lugares que a atitude do partido Republicano poderia conservar-lhe a Casa Branca, desde que ele se mantivesse unido, coisa que não aconteceu.
E ontem, o que se viu foi o comparecimento em massa às urnas, pois 66% é recorde neste século e mais do que isso, uma forte indicação da vontade de mudar o país, pois sabe-se que o maior desafio dos Democratas a cada 4 anos, é efetivamente levar o seu eleitorado ao voto.
Se as crises externa e econômica bastassem para eleger um presidente democrata, o partido não teria se arriscado em polarizar a disputa com duas novidades (uma mulher ou um negro). Escolheria um candidato caucasiano de algum estado influente da federação, como John Kerry, John Edwards ou mesmo Albert Gore e iria para a disputa sem se preocupar sequer com a baixa afluência às urnas, nas últimas eleições presidenciais.
Mas não. Obama, mal ou bem, representa uma clara indicação de que o povo dos EUA quer mudanças. Se ele vai consegui-las, isso é outro assunto, mas o fato é que ele foi eleito não só por sua capacidade política, mas também pela sólida formação intelectual (Colúmbia e Harvard) aliada à sua imagem de alguém que venceu barreiras numa sociedade pluralista, mas ao mesmo tempo fortemente influenciada por idéias conservadoras e permeada com preconceitos, eternamente debatento direitos civis e buscando dar voz às minorias.
O povo dos EUA não votu contra Bush, muito menos contra os "neocons" ou contra os republicanos. Votou pela mudança, talvez a busca por atitudes equilibradas, em contraposição ao aferramento em opiniões pré-concebidas que aconteceu especialmente a partir de 11/09/2001, com consequências políticas, sociais e econômicas.
3 de nov. de 2008
OBAMA OU McCAIN?
Impossível negar a importância global de uma eleição nos EUA. E ao mesmo tempo, impossível deixar de admirar o processo democrático de lá, onde em mais de 200 anos as eleições presidenciais repetiram-se quase que religiosamente a cada 4, com uma única alteração substancial de regra, a ocorrida quando resolveu-se impedir a reeleição indefinida do chefe do executivo.
É fato que a democracia americana não é perfeita. É comum que o candidato mais votado nas urnas não seja eleito presidente em razão do colégio eleitoral que define o pleito, criado por motivos vários, entre eles, o fato do país ser uma federação e buscar impedir a excessiva influência de apenas um estado nas decisões nacionais.
Também se constatou nas últimas décadas um aumento exponencial nos custos das campanhas, o que impõe aos candidatos, além dos atributos políticos, a capacidade de agregar recursos financeiros.
Apesar de dezenas de candidatos de pequenos partidos espalhados pelo país e muitas vezes concorrendo apenas dentro de um ou alguns estados, os EUA escolherão amanhã entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain.
Eu já escrevi que, como brasileiro, se tivesse o direito votaria em McCain, porque historicamente os republicanos defendem o livre comércio, impostos menores e liberdade econômica, que são valores favoráveis aos parceiros comerciais dos EUA.
Mas se americano fosse, votaria em Obama em razão da necessidade premente de rever os conceitos de política externa do país, marcados nos últimos 8 anos pela influência radical dos "neocons", que após os atentados de 11/09/2001 passaram a defender um intervencionismo excessivo do país, com gastos militares irreais mesmo para ume economia tão poderosa quanto aquela.
Sem contar que vivemos uma época em que é certo que haverá mais regulamentação sobre mercados financeiros, tarefa para a qual, assim entendo, os democratas são mais qualificados.
Obama tem seu calcanhar de aquiles na pouca experiência política. É senador de primeiro mandato num partido cujas divisões internas são grandes, muitas vezes implicando posições irreconciliáveis que já implicaram na derrota em várias eleições presidenciais. Apesar de sua sólida formação acadêmica (Colúmbia e Harvard), Obama terá dificuldades em lidar com isso, até por ser um representante de minorias raciais, o que certamente aumentará o tom dos debates internos no partido Democrata.
Já McCain tem duas pedras no sapato. Sua idade avançada e a candidata a vice, Sarah Palin. Ela é uma radical "neocon" que lhe foi imposta na tentativa de reagregar o partido que tradicionalmente entra unido no pleito presidencial, mas que em 2008 está dividido, em razão dos equívocos das políticas interna e externa do governo George W.Bush. Os analistas entendem que, dada a idade de McCain, aumenta a probabilidade de Palin assumir suas funções, o que preocupa boa parte do eleitorado, dado sua pouca experiência aliada justamente ao radicalismo do seu discurso tanto sobre direitos civis, quanto política econômica interna e política externa.
Amanhã, os americanos decidirão quem vai governá-los durante uma tormenta em que sua influência global é seriamente contestada. Além disso, a própria candidatura de Obama indica a efervescência das tensões raciais de um país multiculturalista, que aceitou imigrantes de todas as partes do globo, mas que nem sempre lhes deferiu poderes políticos, apesar de contar com sua força de trabalho na construção da superpotência que é. Os EUA votam durante um hiato, em que tanto podem reafirmar sua liderança econômica, política e militar do mundo, quanto podem começar a repassá-la para a China.
É fato que a democracia americana não é perfeita. É comum que o candidato mais votado nas urnas não seja eleito presidente em razão do colégio eleitoral que define o pleito, criado por motivos vários, entre eles, o fato do país ser uma federação e buscar impedir a excessiva influência de apenas um estado nas decisões nacionais.
Também se constatou nas últimas décadas um aumento exponencial nos custos das campanhas, o que impõe aos candidatos, além dos atributos políticos, a capacidade de agregar recursos financeiros.
Apesar de dezenas de candidatos de pequenos partidos espalhados pelo país e muitas vezes concorrendo apenas dentro de um ou alguns estados, os EUA escolherão amanhã entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain.
Eu já escrevi que, como brasileiro, se tivesse o direito votaria em McCain, porque historicamente os republicanos defendem o livre comércio, impostos menores e liberdade econômica, que são valores favoráveis aos parceiros comerciais dos EUA.
Mas se americano fosse, votaria em Obama em razão da necessidade premente de rever os conceitos de política externa do país, marcados nos últimos 8 anos pela influência radical dos "neocons", que após os atentados de 11/09/2001 passaram a defender um intervencionismo excessivo do país, com gastos militares irreais mesmo para ume economia tão poderosa quanto aquela.
Sem contar que vivemos uma época em que é certo que haverá mais regulamentação sobre mercados financeiros, tarefa para a qual, assim entendo, os democratas são mais qualificados.
Obama tem seu calcanhar de aquiles na pouca experiência política. É senador de primeiro mandato num partido cujas divisões internas são grandes, muitas vezes implicando posições irreconciliáveis que já implicaram na derrota em várias eleições presidenciais. Apesar de sua sólida formação acadêmica (Colúmbia e Harvard), Obama terá dificuldades em lidar com isso, até por ser um representante de minorias raciais, o que certamente aumentará o tom dos debates internos no partido Democrata.
Já McCain tem duas pedras no sapato. Sua idade avançada e a candidata a vice, Sarah Palin. Ela é uma radical "neocon" que lhe foi imposta na tentativa de reagregar o partido que tradicionalmente entra unido no pleito presidencial, mas que em 2008 está dividido, em razão dos equívocos das políticas interna e externa do governo George W.Bush. Os analistas entendem que, dada a idade de McCain, aumenta a probabilidade de Palin assumir suas funções, o que preocupa boa parte do eleitorado, dado sua pouca experiência aliada justamente ao radicalismo do seu discurso tanto sobre direitos civis, quanto política econômica interna e política externa.
Amanhã, os americanos decidirão quem vai governá-los durante uma tormenta em que sua influência global é seriamente contestada. Além disso, a própria candidatura de Obama indica a efervescência das tensões raciais de um país multiculturalista, que aceitou imigrantes de todas as partes do globo, mas que nem sempre lhes deferiu poderes políticos, apesar de contar com sua força de trabalho na construção da superpotência que é. Os EUA votam durante um hiato, em que tanto podem reafirmar sua liderança econômica, política e militar do mundo, quanto podem começar a repassá-la para a China.
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