Eu esperei um pouco antes de comentar o assunto dos tais cartões corporativos, basicamente porque não gosto de escrever aqui sobre o óbvio.
Que houve gastos excessivos e irregulares, que muita gente se fartou com o dinheiro público por prazeres pessoais, isso todo mundo está sabendo e nem é novidade, num país onde um detentor do cargo inútil de vereador tem verba de gabinete mesmo em municípios paupérrimos. Com efeito, um deputado ou senador de qualquer partido que ousar atacar o presidente Lula ou o governador Serra por gastos de gabinete no cartão corporativo, estará esquecendo das dezenas de funcionários que contrata,os jetons, os auxílio-moradia ou bolsa terno ou coisas parecidas que fazem parte das inúmeras mordomias legislativas.
Fui acompanhando o caso até que no sábado apareceu algo que valia a pena comentar.
O Ministério Público e o Judiciário abriram inquérito para apurar o uso irregular de cartões corporativos no valor de R$ 1,2 milhão.
1,2 milhão no Judiciário e no MP, contra os 120 milhões já apurados no do Executivo Federal e os estimados 100 e 70 milhões, respectivamente do Executivo paulista e do paranaense, campeão proporcional absoluto na arte de torrar dinheiro público com asneiras.
O fato do MP e do Judiciário jogarem menos dinheiro fora em irregularidades assim é explicável pelo fato de serem órgãos profissionalizados, com quadros funcionais fixos, altamente técnicos e versados em serviço público. Portanto, órgãos onde os funcionários sabem distinguir o dinheiro público do privado e, mais que isso, sabem as consequências (em teoria) do gasto irregular.
Os gastos excessivos no poder Executivo (e no Legislativo também, bastará alguém verificar isso que encontra) são potencializados pelos ocupantes de cargos em comissão, gente de regra desqualificada e incapaz de prestar concursos públicos, mas que é lotada em cargos chave (como secretarias e chefias administrativas), recebendo salários muito acima da média nacional mas mesmo assim se fartando nas mordomias como se elas não fossem pagas pelo suor do povão roubado por impostos estúpidos como a CPMF (estúpidos e venais também os que a defendem!).
O uso do cartão corporativo será tão mais irregular quanto menos profissional e preparado o agente que portá-lo. É óbvio que haverá agentes profissionais e preparados pegos usando-o de modo irregular mas pensemos bem: será que a maioria não recebe "ordens superiores" para tal?
Enfim, esse episódio serve para que mais uma vez eu venha aqui defender o funcionalismo de carreira e lutar contra os comissionados que fazem do Estado brasileiro uma estrutura inchada, ineficiente e eleitoreira, o que explica, em muito, a eterna crise fiscal que mantém os juros altos e as contas públicas eternamente contingenciadas, mesmo quando há recorde sobre recorde de arrecadação tributária.
E que fique bem claro que boa parte dos recordes de arrecadação tributária são fruto da eficiência de funcionários de carreiras profissionalizadas na Receita Federal do Brasil.
11 de fev. de 2008
7 de fev. de 2008
MAIS UM CANDIDATO A DITADOR
Vejam, conforme a Folha de S.Paulo, que a onda de reformas constitucionais "latrino" americanas não atinge apenas os regimes bolivarianos. Aliados dos EUA, como Álvaro Uribe, também querem entrar no bloco do "fica mais 4 anos prorrogando o quanto puder":
Aliados de Alvaro Uribe voltam a propor reforma por terceiro mandato
Não difere em quase nada de Hugo Chaves.
Aliados de Alvaro Uribe voltam a propor reforma por terceiro mandato
Não difere em quase nada de Hugo Chaves.
O INCRÍVEL! O BIZARRO!! O EX-TRA-OR-DI-NÁ-RIO!!!

Eu já respondi esse me-me em alguns blogs, e provavelmente vou repetir algumas das (muitas) particularidades minhas, mas ele é interessante, de modo que lá vai:
1. Faço o possível para não comprar absolutamente nada na cor vermelha, uma das poucas exceções é tomate.
2. Sempre tenho um papel próximo ao computador para rabiscar enquanto penso. Todos os dias jogo fora pelo menos uma folha cheia de rabiscos e frases incompreensíveis.
3. Guardo as moedas de 1, 5, 10 e 25 centavos que recebo numa lata e, quando ela completa algo próximo de R$ 100, troco por papel-moeda no supermercado ou na papelaria de perto de casa.
4. Não gosto de telefone. Faço o possível para não usá-lo, prefiro a comunicação via e-mail ou MSN. Sempre que é possível, peço para outra pessoa fazer a ligação ou atender. Só uso telefone celular quando estou longe do escritório e mesmo assim, privilegio a troca de mensagens SMS.
5. Sou desorganizado com roupas e calçados, que ficam todos entulhados dentro dos armários, de tal modo que preciso procurar (e bagunçar ainda mais) a roupa que pretendo vestir. Ao mesmo tempo, mantenho minhas estantes de livros em perfeita organização por ordem alfabética.
6. Sou de lua. Se acordo de mau-humor, a pior coisa que uma pessoa pode fazer é perguntar por que estou assim, isso me deixa ainda mais puto. Fico de mau-humor sem razão e se acordo assim, assim ficarei o dia inteiro.
A coisa mais extraordinária deste me-me, é que ele foi enviado, quem diria, pelo Ricardo Rayol. Ou é o final dos tempos, ou alguém está amaciando o coração do lendário e indignado blogueiro.
6 de fev. de 2008
DESGOVERNO
Na minha cidade o serviço 190 simplesmente não funciona e corre o boato de que não há nenhum policial lotado aqui, porque o estado exigiu contraprestação do serviço por parte da prefeitura, que não é do PMDB e não apoiou Requião no último pleito.
Boato ou não, a cidade está entregue a arruaceiros que ligam as aparelhagens de som de seus carros por volta de 23:00 e desfilam impunes todos os lugares até pelo menos 03:00, sem que ninguém consiga fazer nada
A última batida policial ocorrida aqui, foi há alguns meses, quando o atual prefeito estava afastado e o seu vice, filiado ao PMDB e candidato para este ano por estar brigado com o cabeça de chapa, comandava o município.
Enfim, mais um aspecto do desgoverno em que se converteu a administração Roberto Requião.
E a propósito, vale a pena ler o comentário de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo. O artigo CURITIBA DÁ PENA, que demonstra bem que a capital do Paraná já não é mais o oásis de estabilidade do passado, o que foi causado pelo inchaço populacional tanto quanto pela irresponsabilidade do atual governo em abandonar a Polícia Militar ao Deus dará.
Políciamento é atribuição dos governos estaduais, que isso fique bem claro.
E fique bem claro também que, pelas estatísticas do Ministério da Saúde, Curitiba hoje é mais violenta que São Paulo.
Mas o governador Requião fez um giro por Cuba e Miami neste carnaval, assim como passa os finais de semana ou em Foz do Iguaçú ou em Caiobá e reside na altamente segura Granja do Canguiri, onde certamente não sofre com arruaceiros atormentando seu sono de madrugada.
Boato ou não, a cidade está entregue a arruaceiros que ligam as aparelhagens de som de seus carros por volta de 23:00 e desfilam impunes todos os lugares até pelo menos 03:00, sem que ninguém consiga fazer nada
A última batida policial ocorrida aqui, foi há alguns meses, quando o atual prefeito estava afastado e o seu vice, filiado ao PMDB e candidato para este ano por estar brigado com o cabeça de chapa, comandava o município.
Enfim, mais um aspecto do desgoverno em que se converteu a administração Roberto Requião.
E a propósito, vale a pena ler o comentário de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo. O artigo CURITIBA DÁ PENA, que demonstra bem que a capital do Paraná já não é mais o oásis de estabilidade do passado, o que foi causado pelo inchaço populacional tanto quanto pela irresponsabilidade do atual governo em abandonar a Polícia Militar ao Deus dará.
Políciamento é atribuição dos governos estaduais, que isso fique bem claro.
E fique bem claro também que, pelas estatísticas do Ministério da Saúde, Curitiba hoje é mais violenta que São Paulo.
Mas o governador Requião fez um giro por Cuba e Miami neste carnaval, assim como passa os finais de semana ou em Foz do Iguaçú ou em Caiobá e reside na altamente segura Granja do Canguiri, onde certamente não sofre com arruaceiros atormentando seu sono de madrugada.
4 de fev. de 2008
UMA SÍNTESE DO CARNAVAL
"Não vi nada de carnaval esse ano. Minto. Vi 5 minutos de um desfile da, creio eu, Acadêmicos do Tucuruvi, cujo enredo versava sobre o sorvete. Duas escolas elegeram sorvete como tema. Junte a falência do axé, pense nesses temas, lembre o carro do Holocausto que foi sabiamente proibido de sair na avenida, a invasão de banners com propagandas de cerveja no Galo da madrugada em Recife e quem sabe não tenhamos dados suficiente para afirmar que o carnaval, a mais espetacular manifestação popular do planeta, saiu dos trilhos, perdeu o rumo, vendeu-se".
Leia aqui, a matéria completa, coluna de Márcio Alemão, no Terra Magazine.
2 de fev. de 2008
PRÉDICA E HISTÓRIA
Depois de algum tempo abandonado, tem post novo em Prédica e História, o artigo
CONCILIAÇÃO: PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL.
É longo, tem 7 capítulos, citações e bibliografia, dividido em 4 blocos de publicação, para facilitar os comentários de quem quiser fazer críticas, elogios, correções ou simplesmente dar um pitaco sobre o assunto.
Conto com a leitura dos mais pacientes, apesar do tamanho.
CONCILIAÇÃO: PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL.
É longo, tem 7 capítulos, citações e bibliografia, dividido em 4 blocos de publicação, para facilitar os comentários de quem quiser fazer críticas, elogios, correções ou simplesmente dar um pitaco sobre o assunto.
Conto com a leitura dos mais pacientes, apesar do tamanho.
30 de jan. de 2008
O FIM-DA-PICADA

Nos campos nazistas de concentração, milhões de judeus foram torturados e mortos a sangue frio.
Destituídos de agasalhos, praticavam trabalhos forçados em temperaturas abaixo de zero. Dormiam em catres infestados de piolhos e outros insetos, comiam algo pior que uma lavagem que não se dá nem para porcos, eram usados em experimentos científicos cruéis e muitos imploravam pela morte que os nazistas, por maldade e desumanidade não deferiam. Na mínima tentativa de buscar alento em Deus e em sua religião, ou eram punidos com ainda mais crueldade ou tinham algum amigo ou familiar seviciado para lhes mostrar o dever de obediência cega a seus verdugos.
Se isso tivesse acontecido na Idade Média não causaria tanto choque. Mas aconteceu no século XX, em um país culturalmente desenvolvido, terra de poetas como Goethe, de cientistas como Einstein e músicos como Beethoven, Mozart e Bach, onde já se praticava (apenas em teoria, é verdade) a separação do Estado e da igreja e, portanto, deveria ser um lugar de tolerância religiosa e racial.
No mundo inteiro, o Holocausto é um fato da história que causa vergonha a qualquer ser humano com um mínimo de inteligência, porque foi a representação física da maldade e dos instintos mais selvagens do homem.
É uma ferida purulenta da história que deve ser lembrada para fazer todo o ser humano baixar a cabeça e pensar nos limites da crueldade e da loucura de regimes políticos e estados latentes das sociedades. Mais que isso, deve ser lembrado e seguir-se de um pedido de perdão a Deus porque a humanidade inteira foi responsável ao se omitir ante a sabida loucura daqueles que perpetraram essa ofensa à Ele no corpo de milhões de Seus filhos.
Mas no Brasil, onde tudo é motivo de piada e nada é levado à sério, por que alguém não pensaria em se exibir aproveitando o desespero de milhões de pessoas, como o carnavalesco da Escola de Samba Viradouro, que pretende sair na avenida com um carro alegórico chamado "Holocausto"?
Isso me dá engulhos e vontade de vomitar, ainda mais quando o tal carnavalesco ainda teve o desplante de dizer que o carro não terá destaques e se ninguém sambar em cima, não é ofensivo e não tem problema.
Quer dizer que não é ofensivo lembrar do massacre em meio de um monte de gente nua ou seminua sambando, a bateria bombando e o povão pulando na arquibancada?
Se isso não é ofensivo, então as funerárias devem começar a contratar conjuntos de Axé Music para tocar nos enterros, com direito inclusive a dançarinas quase sem roupa e letras como a boquinha da garrafa.
É uma vergonha e um despropósito de proporções monumentais porque a dramática falta de educação e cultura do brasileiro médio, especialmente do povo que assiste desfiles de escola de samba e frequenta bailes carnavalescos não tem a menor idéia do que foi o holocausto, sem contar aqueles néscios que existem em todo o lugar, que usando de piadas e clichês sobre judeus, ainda defendem o nazismo.
Um carro assim, a ser apresentado em um desfile cujas imagens vão ser divulgadas no mundo inteiro, vai dar a impressão de que o Brasil faz troça do sofrimento alheio, razão pela qual não combate à contento a violência que existe por aqui.
Muito pior que isso vai passar a impressão errada para milhares de brasileiros analfabetos e desaculturados, de que o Holocausto foi algo tão insignificante que pode até ser citado por uma escola de samba para divertir as pessoas na festa "alegre" do carnaval.
Não dá pra dizer que chegamos no fundo do poço da ignorância brasileira, porque ela sempre nos surpreende. Antigamente as pessoas desfilavam na avenida em fantasias elegantes, mas a partir do advento da TV e do vale tudo pela audiência, as fantasias foram substituídas pelos seios nus e calcinhas lantejouladas ou simples tapa-sexo de modelos e atrizes burras, prática que já está chegando também aos corpos masculinos, afinal, mulher também assiste TV e também turbina a audiência.
Nas TV(s) mais pobres, o negócio é faturar em cima da promiscuidade de gente bêbada e drogada que se exibe em frente das câmeras sob a suposta desculpa da "alegria" da ocasião, mostrando para o Brasil inteiro não apenas os seus corpos e órgãos sexuais, mas sua falta de educação, de cultura e mesmo de vergonha na cara, entremeada a vadiagem institucionalizada com entrevistas estúpidas com pseudo-celebridades.
Transformaram o carnaval numa festa de prostitutas e cafetões que faturam alto em verbas publicitárias e em comissões de contratos futuros de "modelos e atrizes" ou "modelos e atores".
Será que já não bastava isso? Até aí seria suportável porque basta desligar a TV, atravessar a rua na porta dos bailes carnavalescos.
Mas não, essa gente nunca está satisfeita enquanto não atrair os holofotes para seus atos tresloucados. O negócio agora é atrair ainda mais audiência chocando o ofendendo as pessoas, suas crenças e suas tragédias pessoais.
Anos atrás o carnavalesco Joãozinho Trinta achou ruim que a Justiça o impediu de por na avenida uma imagem do Cristo Redentor envolto em lixo. Eu pensava que nunca mais o carnaval desceria tão baixo. Estava enganado... Deus queira que as autoridades não deixem esse carro desfilar, pouco me importa se terá palermas dizendo que é censura.
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Não gosto do Gilberto Dimenstein, que sempre me pareceu alguém um tanto quanto alheio à realidade que nos cerca. Porém, hoje, na sua coluna ...