A Marinha do Brasil enviou para rastrear o provável local do acidente com o avião da Air France o único meio naval que dispunha na região, a corveta Caboclo cuja velocidade máxima é de 14 nós, 1/3 do que um navio oceânico militar comum pode e deve operar. Essa corveta é da classe Imperial Marinheiro e de tão antigas as suas unidades, algumas delas foram transferidas para uso fluvial na Amazônia, por absoluta defasagem tecnológica, sem contar que das 14 que existiam, só 4 ou 5 ainda operam.
Já a Força Aérea Brasileira não conta com um avião de patrulha marítima e SAR adequado para a situação. Os P-95 "Bandeirulha", são aviões que trabalham sempre na linha costeira e dificilmente se aventuram em missões de alto-mar, dado sua pouca autonomia. Para improvisar, a FAB mandou aviões de transporte C-130 Hércules que têm a autonomia requerida para a missão, mas não são dotados dos sensores que ajudariam na varredura do mar em busca de destroços.
A FAB ainda informou que os P3 Órium M, aviões comprados (muito) usados dos EUA e em processo de ampla modernização na Espanha, só entrarão em serviço em 2010, sendo que o último avião brasileiro que tinha essas capacidades, saiu de serviço ainda na década de 70, o Neptune, um modelo que iniciou seus trabalhos logo após a 2a. Guerra Mundial.
Bem, dizer o que?
Só posso dizer que o Brasil orçou os Jogos Panamericanos em 300 milhões e gastou 2,5 bilhões, sem que ficasse uma única melhoria urbana no Rio de Janeiro. Se esses 2,2 bilhões de diferença fossem pelo menos usados para reequipar as forças armadas, quem sabe o país não estaria dando o vexame que está dando hoje, ou não?
Mas a questão é pior ainda. Projeta-se um submarino nuclear para daqui há 15 anos, sabendo-se que o último navio de guerra produzido pelo país levou 14 anos para encontrar o mar. Mais do que isso, discute-se há intermináveis 8 anos o projeto F-X, enquanto os meios aéreos da FAB estão saindo de operação por obsolescência.
Mas o país vai arranjar na marra os 150 bilhões necessários para a Copa do Mundo, nem que para isso tenha que inventar uma CPMF com alíquota de 100%, fazendo a alegria dos corruptos que agora, resolveram "investir" na construção de estádios que depois de 2014, receberão jogos fantásticos como Atlético-PR X ROMA (de Apucarana), Brasiliense X Gama, Corinthians X Mirassol, São Paulo X Barueri, Flamengo X Volta Redonda, América-RN X Assú e Internacional X Vacaria. É mole?
Para manter as forças armadas, com toda a sua importância estratégica e de integração nacional, nada.
Para colocar dinheiro em obras que provavelmente que serão superfaturadas e pagas com dinheiro público a fundo perdido, tudo!
1 de jun. de 2009
31 de mai. de 2009
CONTINUO CONTRA A COPA 2014...
Hoje serão anunciadas as sedes para a Copa do Mundo 2014 no Brasil.
Notem os leitores que há cidades que não sabem se efetivamente serão escolhidas, que organizaram festas públicas para comemorar um fato que não sabem se é liquido e certo.
Ou seja, estão metendo a mão nos nossos bolsos por conta!
Podem me chamar de pessimista. Podem até dizer que, por ser Coxa-Branca e saber que em Curitiba o evento será no estádio do clube adversário, estou de birra.
Mas não aceito esse evento no Brasil, do mesmo jeito que não quero os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e do mesmo jeito que me envergonho dos Jogos Panamericanos de 2007, onde grassou a roubalheira, a desfaçatez, a mentira e a irresponsabilidade, debitando o efeito de tudo isso no bolso dos contribuintes.
Duvido que haverá investidores privados para construir estádios suntuosos pelo país afora, com exceção de 4 cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), o que significa que serão erguidos com dinheiro público a fundo perdido em regime emergencial (sem licitação), que seria muito mais bem aplicado em segurança pública, saúde e educação, mas vai acabar no bolso de cartolas corruptos do futebol brasileiro.
E até hoje ninguém explicou o hiperfaturamento praticado nos Jogos Panamericanos. E ninguém explicou também o fato do Engenhão não servir sequer para abrigar um clássico Flamengo X Botafogo. Nem o abandono total e completo do Centro Aquático Maria Lenk. Um evento que deveria custar 300 milhões, custou mais de 2 bilhões, não deixou nada de bom para a população do Rio de Janeiro, teve participação pífia do Brasil, não desenvolveu nosso esporte e ainda querem mais?
Pouco me importa se as favas estão contadas, vou continuar brigando contra esse assalto aos bolsos dos contribuintes, pelo menos para conseguir mais transparência no que diz respeito ao dinheiro aplicado, cuja promessa é ir para obras viárias e infra-estrutura, mas que, considerando o exemplo do Pan, não necessariamente deixará coisas boas para o país.
Notem os leitores que há cidades que não sabem se efetivamente serão escolhidas, que organizaram festas públicas para comemorar um fato que não sabem se é liquido e certo.
Ou seja, estão metendo a mão nos nossos bolsos por conta!
Podem me chamar de pessimista. Podem até dizer que, por ser Coxa-Branca e saber que em Curitiba o evento será no estádio do clube adversário, estou de birra.
Mas não aceito esse evento no Brasil, do mesmo jeito que não quero os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e do mesmo jeito que me envergonho dos Jogos Panamericanos de 2007, onde grassou a roubalheira, a desfaçatez, a mentira e a irresponsabilidade, debitando o efeito de tudo isso no bolso dos contribuintes.
Duvido que haverá investidores privados para construir estádios suntuosos pelo país afora, com exceção de 4 cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), o que significa que serão erguidos com dinheiro público a fundo perdido em regime emergencial (sem licitação), que seria muito mais bem aplicado em segurança pública, saúde e educação, mas vai acabar no bolso de cartolas corruptos do futebol brasileiro.
E até hoje ninguém explicou o hiperfaturamento praticado nos Jogos Panamericanos. E ninguém explicou também o fato do Engenhão não servir sequer para abrigar um clássico Flamengo X Botafogo. Nem o abandono total e completo do Centro Aquático Maria Lenk. Um evento que deveria custar 300 milhões, custou mais de 2 bilhões, não deixou nada de bom para a população do Rio de Janeiro, teve participação pífia do Brasil, não desenvolveu nosso esporte e ainda querem mais?
Pouco me importa se as favas estão contadas, vou continuar brigando contra esse assalto aos bolsos dos contribuintes, pelo menos para conseguir mais transparência no que diz respeito ao dinheiro aplicado, cuja promessa é ir para obras viárias e infra-estrutura, mas que, considerando o exemplo do Pan, não necessariamente deixará coisas boas para o país.
23 de mai. de 2009
ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA
Em fins do século XX, os avanços da TV e da computação facilitaram o ensino de ciências, ao mesmo tempo em que os programas especiais norte-americano e soviético causaram um aumento exponencial de campos de pesquisa e assuntos dos quais se poderia tratar.
Um garoto de 15 anos que assista hoje os especiais de astronomia do Canal de História e do Discovery, não tem nem idéia de como era pouca a informação que tínhamos nos anos 60 e 70 sobre o espaço e mais do que isso, de como era complexo entendê-lo apenas a partir de mapas e demonstrações visuais estáticas.
Aprendíamos mais sobre o espaço em séries como Star Trek e Lost in Space e as vezes, sem grandes fundamentos científicos, so que em programas técnicos voltados para o assunto, que eram praticamente inexistentes.
Mas em 1980 isso mudou quando a TV pública norte-americana, a PBS, em conjunto com a inglesa BBC apresentaram pela primeira vez a premiadíssima e hoje mundialmente conhecida série "Cosmos", originada do trabalho do cientista da NASA, Carl Sagan.
Em 1980, com 11 anos de idade, eu já ficara maravilhado com o jeito de Sagan em explicar o universo a partir de uma ótica não exatamente científica, intelegível mesmo para um garoto.
Passados tantos anos, por cortesia do meu primo Marcelo, revi a série e me surpreendi novamente. Três décadas depois, continua atual e instigante, nada devendo às também maravilhosas séries que podemos assistir nos canais da TV por assinatura.
Nós, pessoas comuns, as vezes encaramos cientistas de um modo distante. Tendemos a imaginá-los como pessoas que não falam nossa língua e cujos raciocínios são demasiado complexos para acompanhá-los. Talvez isso fosse verdade há 30 anos atrás, mas o grande Carl Sagan mudou esse quadro e lançou as bases da popularização da ciência, pelo modo simples e prático com que abordou os muitos assuntos em sua vasta obra, quase toda voltada ao grande público.
Além da série "Cosmos", tive contato com a obra dele pelo livro "Pálido Ponto Azul", onde faz um apanhado sobre as muitas descobertas científicas dos programas espaciais, que mudaram nossa maneira de entender o universo.
Também a o livro "O Mundo Assombrado Pelos Demônios", no qual compara a ciência verdadeira com a psudo-ciência mística, uma face do tempo em que vivemos em que as pessoas buscam alento no sobrenatural para suas muitas angústias. Em "O Mundo..." Sagan não desfaz do trabalho de ninguém, e também não nega que as vezes, as pessoas sentem-se bem ao receber uma mensagem de fé não necessariamente científica, venha de onde venha. Ele apenas defende a ciência e a distância da pseudo-ciência.
"Contato" além de livro de enorme sucesso, foi transferido para as telas do cinema, onde Jodie Foster interpretou a doutora Ellie Arroway, numa inteligentíssima trama sobre como seria o primeiro contato de alienígenas com a raça humana, trama esta que não negou em absolutamente nenhum momento os piores defeitos da humanidade, como a inveja, a intolerância e o ceticismo, tão comuns entre nós.
Por fim, em "Bilhões e Bilhões", já próximo da morte, devastado pelos muitos tratamentos, pela quimioterapia e mesmo pela parcial frustração de não ver seu filho chegar à idade adulta, Sagan transmite uma mensagem de otimismo discorrendo sobre temas que ainda são tabus em nossa sociedade como o aborto, o aquecimento global e o eterno conflito entre religião e ciência.
Carl Sagan nasceu em Nova York em 9 de novembro de 1934 e faleceu em 20 de dezembro de 1996 em Seattle. Foi astrônomo e exobiólogo, trabalhou no Laboratório de Propulsão a Jato (JET) na NASA, esteve a frente dos projetos Apolo (conquista da Lua), Mariner e Viking (exploração de Marte), Voyager (Jupiter, Saturno, Urano e Netuno) e Galileo, todas sondas especiais que produziram bilhões de informações sobre o sistema solar, desvendando um universo novo, instigante e fascinante.
Também lecionou em Harvard, Stamford e Cornell e nesta, fundou o Laboratório de Estudos Planetários.
Dirigiu uma entidade civil de astronomia com a finalidade de divulgar e popularizar a ciência, a The Planet Society.
Foi agraciado com o prêmio Pulitzer por "Os Dragões do Éden" (que ainda não li) e ganho 3 prêmios Emmy (o Oscar da TV) pela série Cosmos.
Há quem possa dizer que Sagan era muito mais um homem de mídia que um cientista a desvendas mistérios do universo. Talvez assim seja, mas eu o coloco no mesmo rol dos gênios universais como Galilei Galilei, Leonardo Da Vinci, Albert Einstein, Werner von Braun, Johannes Kepler e Nicolau Copérnico.
Ele não só ajudou a desvendar mistérios do mundo, como fez algo ainda mais difícil, fez esse conhecimento chegar a um grande público, instigar intelectos, convencer pessoas a abraçar a carreira científica, fazendo da ciência uma atividade cada vez mais concorrida a trazer cada vez mais avanços que melhorem a vida humana e quem sabe, preservem nossa raça por milênios.
Concluo este post com as palavras da esposa e companheira de pesquisas, Ann Druyan:
É provável que, se você veio aqui para se juntar a mim em um ato de recordação neste décimo aniversário da morte de Carl, você já conheça bem as numerosas realizações científicas e culturais do homem. É provável que você saiba que ele desempenhou um papel principal na exploração de nosso sistema solar, que ele acrescentou algo a nosso conhecimento das atmosferas de Vênus, Marte e Terra, que ele abriu caminho a novos ramos de investigação científica, que ele atraiu mais pessoas ao empreendimento científico que talvez qualquer outro ser humano e que ele era um cidadão consciencioso tanto da Terra como do cosmo. Talvez você seja um de muitos que foi levemente empurrado a uma trajetória de vida diferente pela atração gravitacional de algo que ele disse ou escreveu ou sonhou. Em minha estimativa parcial, ele era uma figura histórica mundial que nos incentivou a deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” de nossa infância e abraçar a vastidão — amadurecer ao tomar as revelações da revolução científica moderna de coração.
Com suas revelações sobre um pequenino mundo embelezado pela música e pelo amor, a nave Voyager já saiu do sistema solar e se dirige ao mar aberto do espaço interestelar. A uma velocidade de 70 mil quilômetros por hora, projeta-se em direção às estrelas e a um destino com o qual só podemos sonhar. Estou cercada por pacotes do correio, cartas de pessoas de todo o planeta que lamentam a perda de Carl. Muitos lhe dão crédito por tê-los despertado. Alguns dizem que o exemplo de Carl os inspirou a trabalhar pela ciência e pela razão contra as forças da superstição e do fundamentalismo. Esses pensamentos me consolam e me resgatam de minha dor. Permitem que eu sinta, sem recorrer ao sobrenatural, que Carl vive. 14/02/1997.
Ano Internacional da Astronomia:
site oficial do evento.
21 de mai. de 2009
A CPI, O PRÉ-SAL E A REFORMA POLÍTICA
A CPI da Petrobrás só saiu porque alguns senadores do PMDB, portanto, "base aliada", assinaram o requerimento.
Esse fato me foi lembrado há pouco pelo Ronald, que inteligentemente ligou-o à questão do petróleo da camada pré-sal, que também é alvo de discussões no Congresso, pois ainda não se definiu o modelo de exploração.
Não é implausível pensar que os próceres do PMDB estejam de olho em diretorias da Petrobrás ou da nova petrolífera que eventualmente será montada para explorar a riqueza mineral, mas penso que agindo de modo modo dúbio assim, o PMDB mata três coelhos com uma cajadada só.
Em primeiro lugar tem à disposição uma CPI que facilita a imposição dos interesses de seus líderes no caso da camada do pré-sal. O modelo preferido deles é a criação de uma nova empresa exploradora de petróleo, mas completamente estatal e cheia de diretorias, já que mais de 60% do capital da Petrobrás é privado. Outro modelo, é a contratação de petrolíferas (Petrobrás, inclusive) apenas para prestar o serviço de extração, ficando o produto sob administração também de uma estatal da União que, porém, não praticaria a atividade de extração, limitando sua atuação e, consequentemente, o número de diretores a serem indicados politicamente. Como o PMDB é historicamente ávido por cargos, isso pode muito bem não ser especulação.
Segundo, colocaria o governo contra a parede, justamente quando o PT está (pelo menos temporariamente) enfraquecido para 2010 por conta da doença da Ministra Dilma Roussef o que aumenta o poder de barganha do partido capitaneado por figuras raras como José Sarney, Michel Temer e Orestes Quércia, de quem o partido governista precisa para enfrentar o pleito de 2010, que dizer se eventualmente Dilma não puder concorrer.
Em terceiro lugar, enterra novamente a reforma política, que não atende em absolutamente nada os interesses da legenda, que é a que mais se beneficia do clientelista sistema atual de proteção de oligarcas, vulgarmente chamado de eleições. Manobrando na CPI o PMDB força o governo a abrir mão da reforma política ou limitá-la ao máximo, inclusive convocando a "base aliada" para não votá-la, se for o caso, para evitar um novo show de mídia como o do mensalão às ante vésperas de uma eleição presidencial.
É fato que isso tudo é especulação minha, mas fico sempre com a nítida impressão que o PMDB detém mais poder do que nós, pobres mortais podemos imaginar.
Esse fato me foi lembrado há pouco pelo Ronald, que inteligentemente ligou-o à questão do petróleo da camada pré-sal, que também é alvo de discussões no Congresso, pois ainda não se definiu o modelo de exploração.
Não é implausível pensar que os próceres do PMDB estejam de olho em diretorias da Petrobrás ou da nova petrolífera que eventualmente será montada para explorar a riqueza mineral, mas penso que agindo de modo modo dúbio assim, o PMDB mata três coelhos com uma cajadada só.
Em primeiro lugar tem à disposição uma CPI que facilita a imposição dos interesses de seus líderes no caso da camada do pré-sal. O modelo preferido deles é a criação de uma nova empresa exploradora de petróleo, mas completamente estatal e cheia de diretorias, já que mais de 60% do capital da Petrobrás é privado. Outro modelo, é a contratação de petrolíferas (Petrobrás, inclusive) apenas para prestar o serviço de extração, ficando o produto sob administração também de uma estatal da União que, porém, não praticaria a atividade de extração, limitando sua atuação e, consequentemente, o número de diretores a serem indicados politicamente. Como o PMDB é historicamente ávido por cargos, isso pode muito bem não ser especulação.
Segundo, colocaria o governo contra a parede, justamente quando o PT está (pelo menos temporariamente) enfraquecido para 2010 por conta da doença da Ministra Dilma Roussef o que aumenta o poder de barganha do partido capitaneado por figuras raras como José Sarney, Michel Temer e Orestes Quércia, de quem o partido governista precisa para enfrentar o pleito de 2010, que dizer se eventualmente Dilma não puder concorrer.
Em terceiro lugar, enterra novamente a reforma política, que não atende em absolutamente nada os interesses da legenda, que é a que mais se beneficia do clientelista sistema atual de proteção de oligarcas, vulgarmente chamado de eleições. Manobrando na CPI o PMDB força o governo a abrir mão da reforma política ou limitá-la ao máximo, inclusive convocando a "base aliada" para não votá-la, se for o caso, para evitar um novo show de mídia como o do mensalão às ante vésperas de uma eleição presidencial.
É fato que isso tudo é especulação minha, mas fico sempre com a nítida impressão que o PMDB detém mais poder do que nós, pobres mortais podemos imaginar.
19 de mai. de 2009
CAMPANHA POLÍTICA PERMANENTE
O Brasil está em campanha política permanente desde que o presidente Lula assumiu o cargo. Seja por culpa do próprio presidente com seus discursos dúbios que muitas vezes atacam a oposição em inaugurações e eventos eminentemente sociais, seja por conta da especulação sobre um terceiro mandato patrocinada por petistas de baixo clero, seja por conta da incapacidade institucional da oposição em fiscalizar o governo a contento e se fazer entender pelo grande público.
Aliás, acontece com a oposição atual um fenômeno único na histórica republicana, que provavelmente jamais se repetirá.
A oposição não tem moral para apontar casos de corrupção porque quando estava no poder, não os apurava do mesmo jeito que o atual governo os minimiza hoje.
É um fato que jamais se repetirá pois, no dia em que o PT voltar a ser oposição, terá o mesmo problema, não conseguirá apontar defeitos nos outros com um currículo tão ruim nas costas, quanto o que têm hoje o PSDB e o DEM, que dizer o as vezes governista, as vezes oposicionista PMDB.
Alguém pode dizer que Delúbio Soares foi absolvido, e que José Dirceu vai no mesmo caminho. Mas sejamos francos, a mesma Justiça que os absolveu, também liberou de responsabilidade muitos tucanos e dems envolvidos nas privatizações e nos casos levantados entre 1994 e 2002. O fato é que não havendo punições, a moral dos partidos fica ainda mais baixa, de tal modo que, uma vez na oposição, o PT será tão estéril em reclamar quanto são hoje o PSDB e o DEM, nem que isso só aconteça depois de 2014 ou depois de 2018. Sobrará a invenção de CPI(s) inúteis como esta da Petrobrás, reclamar de mordomias e quem sabe, mudar de nome, para tentar descolar-se de um passado não muito admirável no campo da teoria da ética.
Aquela situação que existia no passado, de um partido grande como o PT apontar defeitos e clamar pela moral com autoridade nunca mais ocorrerá no Brasil, salvo se aparecer algum outro grande partido que tenha a oportunidade pelo menos passageira de parecer inteiramente honesto e alheio à sujeira geral da política brasileira.
O fato é que hoje, tanto o governo do PT quanto a oposição representada pelo PSDB e pelo DEM, preferem manter o país em campanha política. O governo porque fazendo isso foge dos problemas morais causados por seus integrantes usando do apelo sentimental de campanha, ainda mais sendo capitaneado por um líder de massas amado pelo povão como é o presidente. E a oposição o faz por fraqueza institucional e também pela necessidade de fazer com que o PT passe a ter um histórico ético absolutamente igual ao dela, emparelhando as coisas após o fim da era Lula.
Aliás, acontece com a oposição atual um fenômeno único na histórica republicana, que provavelmente jamais se repetirá.
A oposição não tem moral para apontar casos de corrupção porque quando estava no poder, não os apurava do mesmo jeito que o atual governo os minimiza hoje.
É um fato que jamais se repetirá pois, no dia em que o PT voltar a ser oposição, terá o mesmo problema, não conseguirá apontar defeitos nos outros com um currículo tão ruim nas costas, quanto o que têm hoje o PSDB e o DEM, que dizer o as vezes governista, as vezes oposicionista PMDB.
Alguém pode dizer que Delúbio Soares foi absolvido, e que José Dirceu vai no mesmo caminho. Mas sejamos francos, a mesma Justiça que os absolveu, também liberou de responsabilidade muitos tucanos e dems envolvidos nas privatizações e nos casos levantados entre 1994 e 2002. O fato é que não havendo punições, a moral dos partidos fica ainda mais baixa, de tal modo que, uma vez na oposição, o PT será tão estéril em reclamar quanto são hoje o PSDB e o DEM, nem que isso só aconteça depois de 2014 ou depois de 2018. Sobrará a invenção de CPI(s) inúteis como esta da Petrobrás, reclamar de mordomias e quem sabe, mudar de nome, para tentar descolar-se de um passado não muito admirável no campo da teoria da ética.
Aquela situação que existia no passado, de um partido grande como o PT apontar defeitos e clamar pela moral com autoridade nunca mais ocorrerá no Brasil, salvo se aparecer algum outro grande partido que tenha a oportunidade pelo menos passageira de parecer inteiramente honesto e alheio à sujeira geral da política brasileira.
O fato é que hoje, tanto o governo do PT quanto a oposição representada pelo PSDB e pelo DEM, preferem manter o país em campanha política. O governo porque fazendo isso foge dos problemas morais causados por seus integrantes usando do apelo sentimental de campanha, ainda mais sendo capitaneado por um líder de massas amado pelo povão como é o presidente. E a oposição o faz por fraqueza institucional e também pela necessidade de fazer com que o PT passe a ter um histórico ético absolutamente igual ao dela, emparelhando as coisas após o fim da era Lula.
16 de mai. de 2009
A CPI DA PETROBRÁS
O governo não conseguiu evitar a CPI da Petrobrás, que recebeu assinaturas até da "base aliada" e que levou o presidente Lula a chamar a oposição de "irresponsável" e "não patriota".
Que a Petrobrás é uma caixa preta desde que foi criada nos anos Vargas, todo mundo sabe.
No atual governo ficou esclarecida a política da empresa em relação ao preço dos combustíveis, ou seja, mantê-los o máximo de tempo estáveis, para mais ou para menos, para sustentar o crescimento econômico do país evitando as altas frequentes e coibindo a corrida aos postos em caso queda deles.
Sinceramente, mesmo pagando mais caro pelos combustíveis, prefiro esta política, à que vegia no governo anterior, quando os preços na bomba acompanhavam o preço internacional do petróleo, mas só quando ele subia.
Aliás, esta seria uma razão para investigar a Petrobrás. Eu gostaria muito de saber porque até 2002, os preços dos combustíveis só aumentavam.
Mas não vou dizer que a oposição deve apenas investigar os atos dos administradores que indicou para a empresa, porque esse caso do suposto não pagamento de impostos em decorrência de manobra contábil também é gravíssimo.
A primeira coisa a se dizer sobre isto, aliás, é que numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras contábeis não são feitas pela diretoria, na surdina. Para fazer algo assim num colosso empresarial é preciso adequar sistemas de informática em toda a estrutura administrativa e mesmo cooptar chefias e departamentos inteiros. Numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras de elisão fiscal não são feitas por um ou outro indivíduo, isso é coisa de empresa pequena.
Outro aspecto a partir disto, é o efeito que isto tem na suposta concorrência que vige em teoria, no mercado brasileiro de combustíveis. A única vez que o governo anterior baixou o preço dos combustíveis, foi quando criou a CIDE, um imposto regulador que teoricamente facilitaria a importação de álcool e gasolina para que distribuidoras pudessem competir com a Petrobrás. Mas na prática, a concorrência não aconteceu, e pelo jeito, basicamente porque a poderosa estatal já se utiliza há tempos, de instrumentos políticos para evitar o aparecimento de distribuidoras privadas e, agora, se descobre que além disso, usa também de instrumentos fiscais. Isso deve ser investigado sim! Ou, pelo menos, deve-se reconstituir o pleno monopólio da Petrobráse acabar com a hipocrisia que vige desde a criação da CIDE.
O pagamento a menor de impostos pela estatal tem efeito dúbio. Seu principal acionista é o governo, que a usa em vários aspectos políticos. Se ele não recebe os impostos porque manda não pagá-los, o país não perde, afinal, o dinheiro continua com a viúva, usando o termo bem moldado pelo jornalista Hélio Gaspari. Se bem a prática pode implicar em lucros maiores aos acionistas privados, quebrando o princípio da isonomia entre os cidadãos.
Não vou aderir ao radicalismo do presidente Lula em chamar os defensores da CPI de irresponsáveis e não patriotas. A CPI da Petrobrás pode até ser motivada por questões eleitorais, afinal, o presidente está em campanha escancarada em favor de Dilma Roussef e não pode pensar que a oposição vai esperar até julho do ano que vem para reagir. Mas, se for para investigar a empresa, investiguem-na em suas práticas monopolistas num sistema teoricamente livre, coisa que não é exclusividade do atual governo socialista. Teve muito governo de inclinação dita liberal que promoveu o monopólio a caneladas, nem sempre respeitando os cidadãos.
Que a Petrobrás é uma caixa preta desde que foi criada nos anos Vargas, todo mundo sabe.
No atual governo ficou esclarecida a política da empresa em relação ao preço dos combustíveis, ou seja, mantê-los o máximo de tempo estáveis, para mais ou para menos, para sustentar o crescimento econômico do país evitando as altas frequentes e coibindo a corrida aos postos em caso queda deles.
Sinceramente, mesmo pagando mais caro pelos combustíveis, prefiro esta política, à que vegia no governo anterior, quando os preços na bomba acompanhavam o preço internacional do petróleo, mas só quando ele subia.
Aliás, esta seria uma razão para investigar a Petrobrás. Eu gostaria muito de saber porque até 2002, os preços dos combustíveis só aumentavam.
Mas não vou dizer que a oposição deve apenas investigar os atos dos administradores que indicou para a empresa, porque esse caso do suposto não pagamento de impostos em decorrência de manobra contábil também é gravíssimo.
A primeira coisa a se dizer sobre isto, aliás, é que numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras contábeis não são feitas pela diretoria, na surdina. Para fazer algo assim num colosso empresarial é preciso adequar sistemas de informática em toda a estrutura administrativa e mesmo cooptar chefias e departamentos inteiros. Numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras de elisão fiscal não são feitas por um ou outro indivíduo, isso é coisa de empresa pequena.
Outro aspecto a partir disto, é o efeito que isto tem na suposta concorrência que vige em teoria, no mercado brasileiro de combustíveis. A única vez que o governo anterior baixou o preço dos combustíveis, foi quando criou a CIDE, um imposto regulador que teoricamente facilitaria a importação de álcool e gasolina para que distribuidoras pudessem competir com a Petrobrás. Mas na prática, a concorrência não aconteceu, e pelo jeito, basicamente porque a poderosa estatal já se utiliza há tempos, de instrumentos políticos para evitar o aparecimento de distribuidoras privadas e, agora, se descobre que além disso, usa também de instrumentos fiscais. Isso deve ser investigado sim! Ou, pelo menos, deve-se reconstituir o pleno monopólio da Petrobráse acabar com a hipocrisia que vige desde a criação da CIDE.
O pagamento a menor de impostos pela estatal tem efeito dúbio. Seu principal acionista é o governo, que a usa em vários aspectos políticos. Se ele não recebe os impostos porque manda não pagá-los, o país não perde, afinal, o dinheiro continua com a viúva, usando o termo bem moldado pelo jornalista Hélio Gaspari. Se bem a prática pode implicar em lucros maiores aos acionistas privados, quebrando o princípio da isonomia entre os cidadãos.
Não vou aderir ao radicalismo do presidente Lula em chamar os defensores da CPI de irresponsáveis e não patriotas. A CPI da Petrobrás pode até ser motivada por questões eleitorais, afinal, o presidente está em campanha escancarada em favor de Dilma Roussef e não pode pensar que a oposição vai esperar até julho do ano que vem para reagir. Mas, se for para investigar a empresa, investiguem-na em suas práticas monopolistas num sistema teoricamente livre, coisa que não é exclusividade do atual governo socialista. Teve muito governo de inclinação dita liberal que promoveu o monopólio a caneladas, nem sempre respeitando os cidadãos.
14 de mai. de 2009
ATÉ QUE PONTO UM JOVEM TEM CAPACIDADE DE ASSUMIR CARGO POLÍTICO?
O deputado estadual do PR, Fernando Ribas Carli Filho (23 anos, PSB) envolveu-se em um gravíssimo acidente de automóvel semana passada. Seu Passat alemão blindado, destruiu um Honda Fit e matou dois jovens na hora, numa violência tamanha, que houve dificuldade na identificação dos corpos.
O deputado encontra-se em recuperação do traumatismo craniano que sofreu, e as famílias dos jovens mortos contrataram um advogado para buscar as punições legais, pois testemunhas afirmam que o deputado dirigia em altíssima velocidade, e há quem jure que no local do aciente se pode verificar o velocímetro parado na marca de 190 Km/h.
Hoje, com a continuidade das investigações, os jornais noticiam que a equipe do SIATE anotou que o deputado estava em estado etílico, cheirando a álcool, o que é corroborado por testemunhas que estiveram com ele antes do acidente. E, pior, aventa-se que ele estaria com a carteira de motorista cassada, com 130 pontos acumulados, a maioria por excesso de velocidade.
Poucas vezes vi uma onda de indignação tão grande contra um político aqui no Paraná. Hoje a Assembléia Legislativa deu início ao processo de cassação dele por quebra do decoro parlamentar, e é grande a pressão popular para que faça isso o mais rápido possível.
Quem ouviu o depoimento desesperado da mãe de uma das vítimas não conseguiu conter as lágrimas. Uma senhora serena, pedindo não a punição do deputado, mas Justiça terrena para ele e também para amenizar a dor da sua família, se dizendo desamparada por uma sociedade onde uma pessoa responsável por fazer Leis age de modo temerário e irresponsável.
A questão fica para comentário dos meus leitores, mas eu ponho uma adicional:
Uma pessoa de 23 anos tem maturidade para assumir um cargo de poder como o de deputado?
Sempre desconfiei do velho discurso do jovem na política justamente porque sempre achei que é preciso um pouco de experiência de vida e temperança para lidar com o destinos de pessoas. Um jovem, ainda mais um jovem rico que nunca trabalhou na vida e nunca enfrentou as agruras da vida, não está preparado, por melhor que seja sua formação acadêmica, para experimentar a sensação de poder. Se é verdade que esse rapaz acumulou 130 pontos na carteira desde que assumiu o cargo, e que dirigia a 190 km/h. numa avenida cheia de radares, é justamente porque sentia-se acima da Lei.
O deputado encontra-se em recuperação do traumatismo craniano que sofreu, e as famílias dos jovens mortos contrataram um advogado para buscar as punições legais, pois testemunhas afirmam que o deputado dirigia em altíssima velocidade, e há quem jure que no local do aciente se pode verificar o velocímetro parado na marca de 190 Km/h.
Hoje, com a continuidade das investigações, os jornais noticiam que a equipe do SIATE anotou que o deputado estava em estado etílico, cheirando a álcool, o que é corroborado por testemunhas que estiveram com ele antes do acidente. E, pior, aventa-se que ele estaria com a carteira de motorista cassada, com 130 pontos acumulados, a maioria por excesso de velocidade.
Poucas vezes vi uma onda de indignação tão grande contra um político aqui no Paraná. Hoje a Assembléia Legislativa deu início ao processo de cassação dele por quebra do decoro parlamentar, e é grande a pressão popular para que faça isso o mais rápido possível.
Quem ouviu o depoimento desesperado da mãe de uma das vítimas não conseguiu conter as lágrimas. Uma senhora serena, pedindo não a punição do deputado, mas Justiça terrena para ele e também para amenizar a dor da sua família, se dizendo desamparada por uma sociedade onde uma pessoa responsável por fazer Leis age de modo temerário e irresponsável.
A questão fica para comentário dos meus leitores, mas eu ponho uma adicional:
Uma pessoa de 23 anos tem maturidade para assumir um cargo de poder como o de deputado?
Sempre desconfiei do velho discurso do jovem na política justamente porque sempre achei que é preciso um pouco de experiência de vida e temperança para lidar com o destinos de pessoas. Um jovem, ainda mais um jovem rico que nunca trabalhou na vida e nunca enfrentou as agruras da vida, não está preparado, por melhor que seja sua formação acadêmica, para experimentar a sensação de poder. Se é verdade que esse rapaz acumulou 130 pontos na carteira desde que assumiu o cargo, e que dirigia a 190 km/h. numa avenida cheia de radares, é justamente porque sentia-se acima da Lei.
11 de mai. de 2009
SOU FAVORÁVEL AO VOTO EM LISTA
Porque a proposta partiu do ministro da Justiça, Tarso Genro, tem muita gente afirmando que o voto em lista é antidemocrático e golpista, o que não é verdade. Não vou entrar nessa discussão sobre os pendores antidemocráticos do ministro, até porque isso é especulativo, enquanto reforma política é questão urgente e pontual.
No voto em lista, o eleitor escolheria o partido de sua preferência e este enviaria para o parlamento um número de indivíduos correspondente à proporção de votos que conseguiu, dentro de uma lista da preferência estabelecida pela convenção partidária. Ou seja, a campanha por votos pessoais seria dentro do partido e não mais nas ruas, junto ao eleitorado. O candidato ao parlamento teria que conseguir votos de militantes e delegados partidários, capazes de colocá-lo o mais próximo do topo da lista e o partido como um todo, passaria a fazer campanha para fazer o máximo de votos possível para poder indicar o maior número de parlamentares.
O candidato teria efetivamente de ser um militante capaz de conseguir a indicação e a posição na lista junto a outros militantes partidários. Mais do que isso, uma vez eleito, seu mandato seria do partido e isso acabaria com a trampolinagem e a falta de fidelidade política, seja partidária, seja em votações em que ocorra um embate entre governo e oposição.
Ou seja, não veríamos mais deputados pulando de partidos conforme suas próprias conveniências, as siglas de aluguel sofreriam grande restrição e os fenômenos eleitorais (artistas e políticos folclóricos que amealham votos por curiosidade do eleitorado) ficariam restritos, pois teriam uma barreira partidária a transpor antes de serem candidatos, sem contar que todo mundo trabalharia pelo partido no período eleitoral, coisa que não necessariamente acontece atualmente, reduzindo drasticamente os custos de uma campanha.
Eu ainda vejo a vantagem dos parlamentares já consagrados pelo seu bom trabalho terem alguma vantagem e de certa forma, terem seus mandatos preservados. Bons parlamentares e lideranças partidárias históricas estariam no topo das listas e isso qualificaria o poder Legislativo, aumentando sua influência, experiência e mesmo a qualidade das peças legislativas, que hoje são extremamente mal redigidas. Justamente o contrário de hoje em dia, em que o Legislativo está sempre cheio de novatos fisiológicos de baixo clero, quase sempre incapazes para o exercício da função.
Óbvio que listas partidárias não vão acabar com partidos de aluguel ou partidos de proprietários. E a corrupção também não vai ceder apenas por conta disto. No entanto, não existe sistema perfeito, mas este fortaleceria os partidos, por mais que eles ainda sejam primários entre nós.
Eu prefiro um sistema assim mes sabendo que, por exemplo, se ele estivesse em vigor em 2007, a CPMF teria sido renovada. A questão em si não pode restrigir-se a não discutir a proposta apenas porque ela é de autoria do ministro da Justiça ou do atual governo, é preciso refletir sobre a medíocre atuação do poder Legislativo desde a redemocratização do país, seja pelos escândalos quase diários envolvendo parlamentares, seja pelos excessos de mordomias, seja pela baixíssima qualidade dos textos legais que por sua vez entulha o Judiciário de questões interpretativas, seja, enfim, pela necessidade de qualificar o Legislativo com pessoas mais comprometidas com programas partidários.
PS.: Quem lê este blog sabe que eu defendo voto distrital, muito antes de simpatizar com a proposta do voto em lista. Mas voto distrital não está na pauta de ninguém, então, é melhor se contentar com o que é possivel.
No voto em lista, o eleitor escolheria o partido de sua preferência e este enviaria para o parlamento um número de indivíduos correspondente à proporção de votos que conseguiu, dentro de uma lista da preferência estabelecida pela convenção partidária. Ou seja, a campanha por votos pessoais seria dentro do partido e não mais nas ruas, junto ao eleitorado. O candidato ao parlamento teria que conseguir votos de militantes e delegados partidários, capazes de colocá-lo o mais próximo do topo da lista e o partido como um todo, passaria a fazer campanha para fazer o máximo de votos possível para poder indicar o maior número de parlamentares.
O candidato teria efetivamente de ser um militante capaz de conseguir a indicação e a posição na lista junto a outros militantes partidários. Mais do que isso, uma vez eleito, seu mandato seria do partido e isso acabaria com a trampolinagem e a falta de fidelidade política, seja partidária, seja em votações em que ocorra um embate entre governo e oposição.
Ou seja, não veríamos mais deputados pulando de partidos conforme suas próprias conveniências, as siglas de aluguel sofreriam grande restrição e os fenômenos eleitorais (artistas e políticos folclóricos que amealham votos por curiosidade do eleitorado) ficariam restritos, pois teriam uma barreira partidária a transpor antes de serem candidatos, sem contar que todo mundo trabalharia pelo partido no período eleitoral, coisa que não necessariamente acontece atualmente, reduzindo drasticamente os custos de uma campanha.
Eu ainda vejo a vantagem dos parlamentares já consagrados pelo seu bom trabalho terem alguma vantagem e de certa forma, terem seus mandatos preservados. Bons parlamentares e lideranças partidárias históricas estariam no topo das listas e isso qualificaria o poder Legislativo, aumentando sua influência, experiência e mesmo a qualidade das peças legislativas, que hoje são extremamente mal redigidas. Justamente o contrário de hoje em dia, em que o Legislativo está sempre cheio de novatos fisiológicos de baixo clero, quase sempre incapazes para o exercício da função.
Óbvio que listas partidárias não vão acabar com partidos de aluguel ou partidos de proprietários. E a corrupção também não vai ceder apenas por conta disto. No entanto, não existe sistema perfeito, mas este fortaleceria os partidos, por mais que eles ainda sejam primários entre nós.
Eu prefiro um sistema assim mes sabendo que, por exemplo, se ele estivesse em vigor em 2007, a CPMF teria sido renovada. A questão em si não pode restrigir-se a não discutir a proposta apenas porque ela é de autoria do ministro da Justiça ou do atual governo, é preciso refletir sobre a medíocre atuação do poder Legislativo desde a redemocratização do país, seja pelos escândalos quase diários envolvendo parlamentares, seja pelos excessos de mordomias, seja pela baixíssima qualidade dos textos legais que por sua vez entulha o Judiciário de questões interpretativas, seja, enfim, pela necessidade de qualificar o Legislativo com pessoas mais comprometidas com programas partidários.
PS.: Quem lê este blog sabe que eu defendo voto distrital, muito antes de simpatizar com a proposta do voto em lista. Mas voto distrital não está na pauta de ninguém, então, é melhor se contentar com o que é possivel.
8 de mai. de 2009
DIA DA VITÓRIA
Fui lembrado há pouco que hoje é dia da Vitória, data para homenagearmos figuras históricas ímpares como Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt e também os milhões de soldados anônimos que lutaram pela democracia em forças armadas regulares ou não.
A nós, brasileiros, cabe lembrar especialmente os bravos brasileiros da FEB, que mal treinados e equipados, assumiram a árdua tarefa de lutar pela democracia que na época não tinham aqui, pois o Brasil vivia uma ditadura. Eles foram até lá e lutaram os campos e nas ruas, nos montes, nas praias de desembarque, nos céus, nas águas e nos oceanos honrando sua Pátria ao custo até mesmo de suas próprias vidas.
Um exemplo, para um país em tão grave crise moral, como a que vivemos.
Em homenagem, deixo um vídeo e a letra da Canção do Expedicionário.
Composição: Guilherme de Almeida
Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacaranda,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
7 de mai. de 2009
AINDA OS JUROS
Recebi uma carta do meu banco, me informando que ganhei uma nova taxa mensal de juros no cartão de crédito, com desconto de 30%. Segundo o banco, mais uma facilidade para eu "fazer aquela viagem, realizar um sonho, organizar o orçamento".
O percentual da taxa? 9,16%
É como dizer, realize um sonho e tenha uma vida posterior de pesadelos!
Acontece que essa carta coincidiu com uma pesquisa minha. Preciso comprar um computador novo e não quero pagá-lo à vista, e constatei que algumas lojas vendem o produto em 12 vezes sem juros, e outras em até 24 vezes, com taxas que variam de 2,95 a 4,97% ao mês dependendo da loja, sendo que consultei todos os grandes varejistas (Wal Mart, Extra, Carrefour, Casas Bahia, Ponto Frio, Submarino, Americanas, etc...).
O interessante disso é que o meu banco me oferece no cartão uma taxa de 9,16%, sendo que ele tem todas as minhas informações cadastrais. O banco sabe que pago o cartão em dia, das garantias que ofereço e o meu histórico de crédito, até porque se não soubesse, eu não receberia uma ligação semanal dele oferecendo cartões adicionais.
Mas os varejistas de rua, que não me conhecem, que nunca ouviram falar de mim, que não têm cadastros meus em mãos e que me exigem apenas um comprovante de endereço e outro qualquer de renda, oferecem taxas que, na pior das hipóteses, são 50% menores que as praticadas pelo meu banco.
Que lógica tem isso? Fala-se que os spreads são altos por conta da dificuldade de cobrar os inadimplentes, mas ferra-se os adimplentes com taxas astronômicas e aliviam-nas para quem sequer tem cadastro?
São essas coisas que me levam a concluir que o sistema financeiro brasileiro pode ser sólido do ponto de vista do controle público para evitar crise sistêmica, mas é desorganizado e praticante de má-fé do outro lado, quando presta serviços para as pessoas.
4 de mai. de 2009
A CULTURA DA MORDOMIA
Essas várias questões insistentemente discutidas no Brasil nos últimos anos, tais como a farra das passagens aéreas no Congresso ou os cartões corporativos, ou, puxando pela memória, os carros oficiais que Fernando Collor mandou recolher quando assumiu a presidência, ou, mais longe ainda, a famosa mansão com a piscina em forma de "J", paga pelo Banco do Brasil nos tempos dos governos militares, são apenas a ponta de um iceberg que corrói as contas públicas há décadas, senão desde os tempos de colônia.
A mordomia é institucionalizada no Brasil.
A Presidência da República, por exemplo, gasta com o que bem entende, pois há relatos de despesas absurdas praticadas nos palácios do Planalto e da Alvorada por todos os mandatários da nação desde o general Arthur da Costa e Silva, e quase nada relacionado ao cerimonial, que efetivamente teria razão de fazer alguns gastos supérfluos.
Se fosse só na presidência, eu até aceitava. Mas cada governador de estado recebe um naco de benesses pelo cargo que ocupa. O governador do Paraná, por exemplo, mora na Granja do Canguiri, com direito ao vai e vem de carros oficiais pois o local é afastado do Palácio Iguaçú. Além disso, ele conta com uma guarnição policial permanente no local, podendo requisitar os cavalos que lhe agradem, da criação da Polícia Militar.
E os prefeitos de grandes cidades, idem. Tal qual os ministros do STF e do STJ, mais os juízes do Tribunais Regionais Federais, do Trabalho, Eleitorais e de Tribunais de Justiça dos estados. E ainda há relatos de mordomias que adoçam a vida de presidentes de companhias estatais e de superintendentes de autarquias e órgãos da administração pública direta e indireta.
E parlamentares recebem carros oficiais, auxílio-moradia, "bolsa-terno" e quotas para absolutamente tudo, que, acredite o leitor, não se restringem a passagens aéreas, tem muito mais caroço nesse angú, que traslados de avião, coisa que não se restringe aos representantes federais, mas que são repetidos nos estados e nos municípios, ou ninguém lembra da invasão de Brasília por prefeitinhos de m... e vereadores borra botas com suas respectivas comitivas em fevereiro?
E em certos casos, até juizes de primeiro grau, comandantes e altos oficiais das forças armadas e e eventualmente, até ocupantes de cargos em comissão, todo mundo se fartando do conforto que só o dinheiro público pode oferecer.
A farra é mais grave do que se pode supor assistindo as desculpas esfarrapadas dos senhores parlamentares que comercializavam passagens aéreas de uma quota que eles sempre esgotavam. Ela começa pelos comissionados contratados pelo mais mediocre vereador, do menor município do país, e vai até os altos escalões da república com requintes e sofisticações que pobres mortais como nós nem imaginamos.
É a cultura da mordomia, e o pior, é que o povão não só não a combate, como a incentiva, pois não foram poucas as pessoas que eu ouvi dizerem, que fariam absolutamente igual, se ungidas a receber um cargo público.
A mordomia é institucionalizada no Brasil.
A Presidência da República, por exemplo, gasta com o que bem entende, pois há relatos de despesas absurdas praticadas nos palácios do Planalto e da Alvorada por todos os mandatários da nação desde o general Arthur da Costa e Silva, e quase nada relacionado ao cerimonial, que efetivamente teria razão de fazer alguns gastos supérfluos.
Se fosse só na presidência, eu até aceitava. Mas cada governador de estado recebe um naco de benesses pelo cargo que ocupa. O governador do Paraná, por exemplo, mora na Granja do Canguiri, com direito ao vai e vem de carros oficiais pois o local é afastado do Palácio Iguaçú. Além disso, ele conta com uma guarnição policial permanente no local, podendo requisitar os cavalos que lhe agradem, da criação da Polícia Militar.
E os prefeitos de grandes cidades, idem. Tal qual os ministros do STF e do STJ, mais os juízes do Tribunais Regionais Federais, do Trabalho, Eleitorais e de Tribunais de Justiça dos estados. E ainda há relatos de mordomias que adoçam a vida de presidentes de companhias estatais e de superintendentes de autarquias e órgãos da administração pública direta e indireta.
E parlamentares recebem carros oficiais, auxílio-moradia, "bolsa-terno" e quotas para absolutamente tudo, que, acredite o leitor, não se restringem a passagens aéreas, tem muito mais caroço nesse angú, que traslados de avião, coisa que não se restringe aos representantes federais, mas que são repetidos nos estados e nos municípios, ou ninguém lembra da invasão de Brasília por prefeitinhos de m... e vereadores borra botas com suas respectivas comitivas em fevereiro?
E em certos casos, até juizes de primeiro grau, comandantes e altos oficiais das forças armadas e e eventualmente, até ocupantes de cargos em comissão, todo mundo se fartando do conforto que só o dinheiro público pode oferecer.
A farra é mais grave do que se pode supor assistindo as desculpas esfarrapadas dos senhores parlamentares que comercializavam passagens aéreas de uma quota que eles sempre esgotavam. Ela começa pelos comissionados contratados pelo mais mediocre vereador, do menor município do país, e vai até os altos escalões da república com requintes e sofisticações que pobres mortais como nós nem imaginamos.
É a cultura da mordomia, e o pior, é que o povão não só não a combate, como a incentiva, pois não foram poucas as pessoas que eu ouvi dizerem, que fariam absolutamente igual, se ungidas a receber um cargo público.
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