6 de mai. de 2008

O ME-ME DOS LIVROS

A Letícia Coelho me passou a doce tarefa de escrever sobre literatura, com o me-me "5 LIVROS QUE EU GOSTO E UM QUE FICARIA APODRECENDO NA PRATELEIRA".

É dífícil para mim listar apenas 5 livros dos quais gosto, então vou eleger os 5 que considero melhores, numa escolha extremamente difícil. Depois deixo uma lista de recomendações adicionais e no final, cito o livro que ficaria apodrecendo na prateleira.

1º - A FESTA DO BODE -Mário Vargas Llosa.

É a narrativa romanceada dos últimos dias de vida do ditador da República Dominicana, Trujillo, e ao mesmo tempo um alerta sobre os males do poder total, da ditadura personalista e sem freios morais.

Em toda e qualquer lista de bons romances que eu fizer, esta obra estará presente e provavelmente, na primeira posição. O melhor livro que já li, o que fiz em um fim de semana em que praticamente não o larguei.

Garcia Marques, ao comentar sobre essa obra afirmou em alto e bom som que "não se faz isso com um velho como eu", querendo afirmar que é melhor que o seu consagradíssimo "Cem Anos de Solidão".






2º - CEM ANOS DE SOLIDÃO - Gabriel Garcia Marques.

A saga dos Buendia e da cidade que fundaram, Macondo. Envoltas em revoluções a família e a cidade evoluem entre fatos bizarros e fantásticos,
ditaduras, generais e romances diversos. Os Buendia adotam a prática de nomear seus descendentes com os mesmos nomes dos ícones familiares do passado, o que leva a uma narrativa que demonstra a passagem do tempo que, no entanto, não altera a essência das pessoas.

Antes do livro de Llosa, era meu preferido.




3º - O ÚLTIMO SUSPIRO DO MOURO - Salman Rushdie.

Um indivíduo cujo corpo cresce à razão de 2 anos para 1, que acompanha a evolução da Índia, de colônia do Império Britânico, a uma república influenciada por inúmeras tradições milenares, religiões, raças e superstições.

Este livro sucedeu o também muito bom, embora polêmico, "Os Versículos Satânicos", e faz uma crítica não só à Índia, mas ao mundo caótico em que vivemos.



4º - A CAPITAL - Eça de Queirós.

Foi difícil escolher entre este livro, "O Primo Basílio" e o "O Crime do Padre Amaro", todos absolutamente sensacionais, polêmicos e com a marca da crítica severa de Eça sobre a aristocracia portuguesa que já na época atrasava o desenvolvimento daquele país.


O que acontece quando um jovem ajudante de farmácia entediado com a vida no interior herda uma bela quantia em dinheiro e, cansado da vida simples, resolve viver na então sofisticada Lisboa?

Uma crítica ácida contra os costumes da aristocracia da época, mas de uma atualidade marcante, ao voltar-se contra a futilidade das aparências que ficam acima do caráter.




5º - O EGÍPCIO - Mika Waltari.

Há quem diga que Mika Waltari é um autor menor e piegas. Mas "O Egípcio" é um livro excepcional, que prende o leitor pela simplicidade da história da vida agitada de Sinuhe, o trepanador real, médico que acompanhou os faraós Akhenaton e Nefertiti no que foi uma verdadeira revolução religiosa do antigo Egito, substituindo a principal divindade do país na época, Aton, pelo culto a Amon-Rá.

O livro conta a história dos faraós segundo uma versão que foi em parte confirmada por arqueólogos e historiadores muitos anos após seu lançamento, tendo como elemento dramático a vida agitada do médico da corte, que acompanhava o faraó, tratando-o de surtos de epilepsia.

Eu ficaria dias aqui só tratando de livros, não só por gostar de lê-los, mas também por colecionar tantos quantos meu dinheiro pode comprar. Vou deixar também uma lista de obras diversas que recomendo, desejando boa leitura para meus leitores:

História/Biografias:
- A Era dos Extremos. Eric Hobsbawn;
- Chatô - O Rei do Brasil. Fernando Morais;
- Churchill - Visionário, Estadista, Historiador. John Lukacs;
- Mauá, o Empresário do Império. Jorge Caldeira;
- A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis. Lilia Moritz Schwarcz;
- Vale Tudo, Tim Maia. Nelson Mota;
- Churchill. Lorde Roy Jenkins;
- Estrela Solitária, Garrincha. Ruy Castro;
- Memórias da Segunda Guerra Mundial. Lorde Winston Spencer Churchill.

Romances/Contos:
- "A Ilustre Casa de Ramires", "O Crime do Padre Amaro" e "O Primo Basílio", todos do Eça de Queirós;
- "Dom Casmurro" e "O Alienista", de Machado de Assis;
- O Amor nos Tempos do Cólera. Gabriel Garcia Marques;
- A Era Dourada. GOre Vidal;
- O Retrato de Dorian Gray. Oscar Wilde;
- O Nome da Rosa. Umberto Eco.

Outros:
- Pálido Ponto Azul. Carl Seagan;
- O Mundo é Plano. Thomas L. Friedman.

APODRECENDO NA PRATELEIRA:

Eu não sei onde estava com a cabeça no dia em que comprei A PROFECIA CELESTINA, que é uma verdadeira bomba.

Estória irritante, piegas, cheia de clichês esotéricos e diálogos idiotas, o que me fez largá-lo no terceiro capítulo, escondê-lo na prateleira e nunca abri-lo nem para consultar o nome da editora.

Já li livros ruins, um deles, O Código Da Vinci. A diferença é que o livro de Dan Brown, se lido como ficção prende o leitor por ser uma trama cinematográfica competentemente posta em papel. O problema é que tem gente que acredita que ele trata de fatos reais, o que é assunto para outros comentários.

Mas a Profecia Celestina tenta incutir desde o primeiro parágrafo que é algo real e que seus personagens efetivamente constataram as profecias e seus supostos efeitos.

É péssimo, basta dizer que na esteira de seu sucesso comercial, apareceram obras como "A Décima Profecia" ou "Para entender a Profecia Celestina", o que demonstra que foi apenas uma bem engendrada ação de marketing.

Como literatura, não serve para nada, depois de tentar ler isso, passei a nutrir admiração pelo Paulo Coelho.

Vou repassar a tarefa, mas que fiquem como convidados, sem obrigação de cumpri-la:

- Shirlei;
- Cejunior;
- Elisabete Cunha;
- Marta Belini; e
- Letícia, do Flanela Paulistana.

5 de mai. de 2008

COOOOOOOOOXXXAAAAAA!!!!!!



Durante a semana que passou, dirigentes rubro-negros fizeram de tudo para criar um clima de guerra para a partida final do campeonato paranaense.

Proibiram a Rádio Transamérica de transmitir o jogo, porque o locutor dela seria o mesmo que narrou a partida final da Série B do ano passado, quando o Coxa foi campeão.

Impediram os diretores da Federação Paranaense de Futebol de entrar no estádio com a taça, dizendo que ela não seria entregue lá.

Em cartas de torcedores de jornais, mais de um rubro-negro incitou a violência e ofendeu abertamente a instituição e os torcedores do Coritiba. Por serem sempre os mesmos, presume-se que fazem parte da folha de pagamento da Rua Buenos Aires.

Mas não adiantou. Até conseguiram reverter a vantagem do Coritiba, mas na hora de decidir, o Coxa foi mais forte e depois do gol do título, o time rubro-negro se acabou, perdeu o encanto, desapareceu de campo.

Enfim, o 33º título alvi-verde no Paraná foi coroado com a marca de todas as conquistas Coxa-Brancas, o sofrimento, a decisão na bacia das almas do desespero à alegria contagiante.

As 22 horas de ontem, no Alto da Glória, tinha mais gente esperando o Coxa levantar a taça do que havia no local do jogo, sem contar a IMENSA carreata entre o bairro da Água Verde e o Alto da Glória, que fez com que um trajeto de pouco menos de 5 km levasse 3 horas.

30 de abr. de 2008

O DRAGÃO PÔS O FOCINHO FORA DA TOCA

Já há sinais de uma crise mundial. O aumento exponencial do preço do petróleo, causado pela política externa equivocada do governo de George W.Bush, pela ganância de populistas como Hugo Chaves, pelo "boom" econômico da China e pelo enfraquecimento global do dólar americano, levou ao aumento de preço dos alimentos (não se culpe o etanol brasileiro por isso, é mentira!) e arroxou as economias mais pobres.

O primeiro país a sentir essa crise foi justamente os EUA, basicamente porque os americanos são as pessoas mais endividadas do planeta, e as que mais consomem alimentos e combustíveis.

E no rastro da crise, os brasileiros podem se reencontrar com uma velha conhecida, a inflação.

Para combater a inflação, taxas básicas de juros do Brasil estiveram (e ainda estão) sempre entre as maiores do mundo nos últimos 30 anos.

E a carga tributária pulou de 22% do PIB em 1985, para os 36,8% atuais, considerando que dependendo da forma de cálculo, ultrapassa 40%.

Pior que isso, aposentadorias da iniciativa privada sofreram achatamentos nem sempre por meio de leis constitucionais, sem contar que os serviços do Estado foram negligenciados, porque a classe política negou-se a mexer nos privilégios de certas áreas do funcionalismo público que se aposentam ganhando mais que na ativa, num contexto em que o déficit previdenciário cresce todos os anos por culpa apenas e tão somente do setor público.

O resultado foi, de um lado, uma retração econômica causada pela perda de poder aquisitivo do setor privado, e de outro, o caos administrativo, pois em certas áreas do serviço público não houve reposição de funcionários que se aposentavam, o que prejudicou muitas atividades vitais ao Estado e à cidadania.

Mas após uma série de governos arbitrários e doses cavalares de remédios tortuosos, ineficientes e cruéis que incluíram inclusive refazer a Constituição de 1988 retirando-lhe todas as bondades para com a população, a inflação foi domada, e isso causou um enorme impacto positivo nas contas públicas e mesmo na vida dos cidadãos comuns, porque uma moeda estável é garantia de menos pobreza, ainda mais quando essa pobreza aumentou pelo arroxo no combate ao próprio vilão.

A questão primordial, porém, é que esse processo deixou claro que o verdadeiros vilões da inflação brasileira são um Estado ineficiente que gasta demais e uma classe política que, por ter excessivas relações (e na maior parte das vezes, corruptas) com esse mesmo Estado, resiste em reformá-lo, porque isso representa a perda de privilégios.

Escrevo tudo isso porque é visível a preocupação do governo brasileiro e das autoridades monetárias em relação à inflação.

Sabe-se que nossas contas públicas não estão exatamente sob controle, de tal modo que é sombria a perspectiva, mesmo que remota, de um processo de inflação conjugado com estagnação econômica. Seria algo catastrófico não apenas em termos econômicos, mas também em termos políticos para um governo que navega em águas calmas, mas que não tem certeza se terá um candidato forte para suceder seu carismático presidente.

A partir disso o IOF subiu no início do ano não apenas para repor a CPMF, mas também para conter o crédito e consequentemente o consumo. Na semana retrasada o COPOM aumentou a taxa básica de juro e nesta semana, a Petrobrás analisa a efetiva possibilidade de aumentar o preço dos combustíveis, isso com o aval do Presidente da República, que declarou que não pratica correção desses valores desde 2005 ao mesmo tempo em que divulga em eventos pelo país, sua preocupação com a volta da inflação.

A gênese dessa volta estaria no impacto global do preço do petróleo, que influencia todos os preços no planeta. Mas a perspectiva de aumentar sequencialmente a taxa de juros e forçar o Tesouro Nacional a arcar com bilhões de reais para honrá-la, isso com um Estado ainda inchado, problemático e ineficiente, é o que basta para o governo deixar de lado o discurso de que o Brasil está alheio à crise internacional.

É o que eu já escrevi antes aqui. O "sub-prime" brasileiro pode ter 4 rodas, porque pode acontecer de nossos bancos ficarem com milhões de veículos sub-valorizados em financiamentos não pagos. E se isso acontecer, a pressão sobre as contas públicas, causada pela queda da receita tributária e mesmo pelo aumento da despesa pública na demanda por programas como o bolsa família, além do pagamento de juros adicionais, pode ser desastrosa do ponto de vista da estabilidade da moeda e dos índices inflacionários.

Na dúvida, é melhor cutucar o dragão desde já, para que não saia da toca.


PS: A imagem é do www.aguiareal.com.br

24 de abr. de 2008

FUTEBOLÍSTICAS

1. Uma vergonha o que fizeram ontem com o Paraná Clube em Porto Alegre. Dois jogadores expulsos ainda no primeiro tempo, cartões amarelos em profusão e penalti não marcado, tudo para classificar um "grande" com futebol de "pequeno". O Paraná Clube é sistematicamente prejudicado por arbitragens ruins e ontem, ao marcar o primeiro gol do jogo, atraiu a fúria do árbitro contra si. Ao contrário do Coritiba que caiu para a segundona por insuficiência técnica, o Paraná foi rebaixado em 2007 por influência direta da arbitragem. É (mais) uma vítima da zona que é o futebol brasileiro.

2. Bem sabem meus leitores da admiração que tenho pelo ex-presidente do Coxa, Evangelino da Costa Neves, que ficou 12 anos à frente do clube. Mas por mais que o admire, eu acho que ele ficou tempo demais à frente do clube, criou um vício que acabou por prejudicar a instituição após sua saída. Eu escrevo isso para fazer uma crítica ao São Paulo Futebol Clube, que resolveu reeleger o senhor Juvenal Juvêncio para presidente, embarcando no mesmo continuísmo nocivo que caracteriza o futebol brasileiro. Justamente o São Paulo, cuja alternância sadia no poder afastou os personalismos e garantiu contas em ordem e, principalmente, títulos. Está na hora dos clubes brasileiros acabarem com essa mania de dirigentes quase perpétuos.


3. O Palestra Itália deveria ser interditado e ponto final. O futebol brasileiro não cansa de incentivar as veleidades com essa mania de colocar panos quentes em cima de feridas graves. Se estivéssemos na Europa, o estádio estaria fechado preventivamente até a apuração dos fatos. Mas o Palmeiras quer fazer a final lá, e clube grande no Brasil manda e desmanda. Eu só me pergunto o que aconteceria se fato parecido ocorresse no Couto Pereira em Curitiba ou na Ilha do Retiro no Recife... certamente teria cartola paulistano mandando demolir os estádios.

22 de abr. de 2008

INQUÉRITO E IMPRENSA

Em todos os casos em que um advogado não tem uma linha de defesa com argumentos sólidos ou mesmo saiba que seu cliente é culpado da acusação, certamente aparecem alegações envolvendo abusos da autoridade policial, tal qual o que está acontecendo nesse caso da menina Isabela Nardoni.

E mais do que isso, virão à tona os bons traços de personalidade do acusado. De repente ele vira uma santa pessoa ao repetir a palavra "deus" a todo momento, além de divulgar a imagem ser um bom cônjuge e pai/mãe dedicado, que chora a cada vez que é lembrado do fato criminoso.

Isso sem contar a alegação clássica de primariedade.

Nesse bárbaro caso paulistano, deparamos com ótimos advogados de defesa, porque em meio ao circo armado pela imprensa, eles souberam se aproveitar dela engambelando até a poderosa Rede Globo com aquela entrevista no Fantástico de domingo passado.

A Rede Globo fez as vezes do melhor advogado de defesa que uma pessoa pode contratar, aquele que chama a opinião pública contra as autoridades ao mesmo tempo em que afasta os olhares do barbarismo do crime e da complexidade das provas técnicas. Mais que isso, ajudou a santificar os acusados e certamente atraiu a simpatia de uma boa parte da opinião pública, aquela para quem as lágrimas de alguém são mais importantes que vestígios de nylon e o DNA do sangue espalhado na cena do crime. O fato é que para o telespectador médio da Rede Globo, lágrimas são palpáveis, e provas técnicas extremamente difíceis de compreender.

Estão presentes todos os elementos da defesa criminal clássica, aquela vista em qualquer processo comezinho em qualquer fórum do país:

1. A polícia é arbitrária! Os laudos não foram juntados aos autos! A prisão preventiva era desnecessária!

2. Os acusados, primários e de bons antecedentes, foram expostos pela polícia à execração pública, mesmo sendo santos a chorar em frente às mesmas telas que transmitem o festival de descaramento e falta de moral do Big Brother Brasil!

Aonde quero chegar com isso tudo?

Quero dizer que a imprensa quer mais é ver o circo pegar fogo. Quer muita gente protestando na porta da delegacia e muito choro de indiciados, muitas entrevistas exclusivas e especialmente, quer que os acusados sejam absolvidos para bradar em alto e bom som que a polícia é incompetente e a Justiça não funciona.


A idéia geral que fica é que a polícia ou é arbitrária ou é incompetente, quando na prática, esse caso é um exemplo de atuação policial eficiente, que soube aliar a prova técnica (perícias) aos depoimentos de testemunhas, diminuindo brechas na eventual denúncia do Ministério Público, que possibilitem à defesa protelar o processo judicial por tempo indefinido.

E a imprensa faz todo esso barulho sem atentar que, por exemplo, os laudos periciais não precisam ser juntados aos autos do depoimento dos acusados, porque o inquérito é uma fase em que, a teor do Código de Processo Penal, a defesa não pode intervir com alegações.

Ou seja, a imprensa ignora qualquer regra jurídica em favor do sensacionalismo barato, porque sabe que o espectador comum acredita mais em jornalistas despreparados, mas ávidos por lágrimas que atraem a audiência dos incautos, que na polícia, na boa polícia que efetivamente existe e que combate o crime.

E isso explica, pelo menos em parte, o porque de setores de nossa sociedade preferirem acreditar na segurança vendida por traficantes e bicheiros, a chamar a polícia.

17 de abr. de 2008

A BLOGOSFERA CONTRA O ANALFABETISMO


Afora o sério problema do analfabetismo em si, no Brasil há um enorme contingente de analfabetos funcionais, pessoas que frequentaram escolas, mas que são incapazes de ler e/ou escrever.

Também sofremos de um problema em classificar os parcialmente alfabetizados, pessoas que até lêem coisas simples, mas escrevem de modo precário e são incapazes de, em uma lauda, fazer um resumo de suas vidas, que é um dos requisitos internacionalmente aceitos para avaliar a efetiva alfabetização de um indivíduo.

E ainda há a questão da absoluta ineficiência do sistema educacional, o que engloba as escolas públicas e principalmente as privadas, cada vez mais caras e mais glamurosamente envoltas em marketing, mas ao mesmo tempo piores em conteúdo.

Ainda me surpreendo a cada vez que constato erros grosseiros, que ultrapassam qualquer razoabilidade no que diz respeito à dificuldade natural do idioma português, como uma chamada de um canal de TV dedicado a documentários contendo um enorme "voçe",ou ainda, com um anúncio de marca de automóvel oferecendo um carro com "descanço" de braço.

Ou seja, o Brasil hoje não precisa apenas combater o analfabetismo, precisa também evitar que os alfabetizados esqueçam o que aprenderam.

E isso só acontecerá se a inteligência voltar a ser "chique" no Brasil, pois nossa sociedade desandou a idolatrar gente desprovida de qualquer cultura e consumir sub-produtos da ignorância, como o funk, o axé music, a música "country" que substituiu o antigo sertanejo de raiz e toda e qualquer música que não observe as regras gramaticais (e as de bons costumes também, porque muitas letras de funk, axé e sertanejo incentivam à bebedeira, ao crime e ao sexo irresponsável), as revistas de fofocas que comentam as novelas da semana e as perversões sexuais das celebridades que vivem trocando de parceiros, os jornais sensacionalistas, e, óbvio, os programas de TV idiotizantes, produzidos sem qualquer finalidade cultural.

Isso porque um analfabeto (o funcional incluído) não é apenas fruto da falta de escolas, ele é fruto de um meio que não incentiva ao estudo e que dá a impressão de que ele não é necessário. Muitas crianças fogem da escola porque acreditam que ela não lhes serve de nada. Outras, negligenciam os estudos por não acreditar que com eles terão uma vida melhor que uma capa de Playboy ou um jogador de futebol. No Brasil não existe mais o conceito de sucesso, mas apenas o de "se dar bem".

Se queremos que o Brasil deixe de ser um país com altas taxas de analfabetismo, devemos acabar com o conceito de que é o lugar onde as bundas são mais importantes que os cérebros.

Meu pai é dono do jornal RaioX, aqui na minha cidade, cujo link está na barra ao lado. Certa feita ele fez uma promoção em que publicou trabalhos infantis selecionados nas escolas do município, feitos com temática encontrada nas edições do jornal, o que ajudou no processo de alfabetização, o que foi atestado inclusive por professores e ao mesmo tempo, agregou novos leitores à publicação.

A iniciativa teve vida curta, porque infelizmente não contou com o auxílio nem das autoridades, muito menos do comércio e da indústria da região.

No entanto, a promoção do jornal certamente diminuiu o índice de analfabetismo funcional, pois incutiu a idéia de participação das crianças em debates adultos e ensinou-lhes a importância da leitura.


Este post é parte da blogagem coletiva promovida pela Georgia e pela Meire.

16 de abr. de 2008

BASE ALIADA?

Apesar do histrionismo da senadora Ideli Salvatti, a Comissão de Infra-Estrutura do Senado aprovou ontem outra convocação (não convite) da ministra Dilma Roussef, para responder perguntas acerca do tal dossiê, pondo um pouco de lenha na fogueira quase apagada dos cartões corporativos.

E isso só aconteceu porque, segundo o Estadão de hoje, "...nenhum dos aliados fieis do governo acompanhava os trabalhos da comissão...".

A oposição vibra com essas coisas, porque sabe que, na teoria, a maioria folgada do governo no Congresso lhe permite impedir e adiar indefinidamente esses atos que lhe causam constrangimento.

Mas essas pequenas vitórias são um sinal claro de que na prática o governo não tem um rolo compressor parlamentar e pode ser batido em qualquer questão importante ou não, basta avaliar corretamente a estratégia.

O fato que se extrai disso tudo é que a base so é "aliada" quando se trata de partilhar cargos e benesses. Eu me pergunto, onde está a liderança, por exemplo, de José Sarney, que deveria pedir todo o cuidado (e presença) de seus pupilos nas comissões neste momento, impedindo manobras como essa que a oposição pôs em prática com sucesso?

No caso, a questão é enfraquecer Dilma e ponto final. É um ato de campanha política, um factóide puro e simples, feito para manchar a imagem dela, porque se os dados sigilosos dos governos FHC e Lula forem divulgados, causarão estragos para ambos, afinal, sabe-se que o gasto da Presidência com mordomias para a primeira familia são grandes desde tempos imemoriais.

Mas quanto mais a ministra relutar e adiar o depoimento, pior ficará sua imagem, porque deixará a impressão de esconder algo.

Dilma foi lançada candidata e agora foi atingida, e o pior de tudo, com o aval da "base aliada".

NÃO AO CHAVISMO

O Senado aprovou e o governo tratou de renovar as concessões da Rede Globo para as praças de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília e Recife, o que afasta de vez aquela especulação promovida por alguns radicalóides de que a Globo teria o mesmo fim da RCTV.

O Brasil não é a Venezuela, Lula não é como Chaves e nossas instituições, de algum modo funcionam.

A Globo pode ser ruim. Mesmo assim, é melhor ter uma imprensa assim, que uma amordaçada como a da Venezuela.

Isso só mostra que essa história de "pig" é no máximo um devaneio de pessoas afetadas por aversão a opiniões contrárias.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...