17 de abr. de 2008

A BLOGOSFERA CONTRA O ANALFABETISMO


Afora o sério problema do analfabetismo em si, no Brasil há um enorme contingente de analfabetos funcionais, pessoas que frequentaram escolas, mas que são incapazes de ler e/ou escrever.

Também sofremos de um problema em classificar os parcialmente alfabetizados, pessoas que até lêem coisas simples, mas escrevem de modo precário e são incapazes de, em uma lauda, fazer um resumo de suas vidas, que é um dos requisitos internacionalmente aceitos para avaliar a efetiva alfabetização de um indivíduo.

E ainda há a questão da absoluta ineficiência do sistema educacional, o que engloba as escolas públicas e principalmente as privadas, cada vez mais caras e mais glamurosamente envoltas em marketing, mas ao mesmo tempo piores em conteúdo.

Ainda me surpreendo a cada vez que constato erros grosseiros, que ultrapassam qualquer razoabilidade no que diz respeito à dificuldade natural do idioma português, como uma chamada de um canal de TV dedicado a documentários contendo um enorme "voçe",ou ainda, com um anúncio de marca de automóvel oferecendo um carro com "descanço" de braço.

Ou seja, o Brasil hoje não precisa apenas combater o analfabetismo, precisa também evitar que os alfabetizados esqueçam o que aprenderam.

E isso só acontecerá se a inteligência voltar a ser "chique" no Brasil, pois nossa sociedade desandou a idolatrar gente desprovida de qualquer cultura e consumir sub-produtos da ignorância, como o funk, o axé music, a música "country" que substituiu o antigo sertanejo de raiz e toda e qualquer música que não observe as regras gramaticais (e as de bons costumes também, porque muitas letras de funk, axé e sertanejo incentivam à bebedeira, ao crime e ao sexo irresponsável), as revistas de fofocas que comentam as novelas da semana e as perversões sexuais das celebridades que vivem trocando de parceiros, os jornais sensacionalistas, e, óbvio, os programas de TV idiotizantes, produzidos sem qualquer finalidade cultural.

Isso porque um analfabeto (o funcional incluído) não é apenas fruto da falta de escolas, ele é fruto de um meio que não incentiva ao estudo e que dá a impressão de que ele não é necessário. Muitas crianças fogem da escola porque acreditam que ela não lhes serve de nada. Outras, negligenciam os estudos por não acreditar que com eles terão uma vida melhor que uma capa de Playboy ou um jogador de futebol. No Brasil não existe mais o conceito de sucesso, mas apenas o de "se dar bem".

Se queremos que o Brasil deixe de ser um país com altas taxas de analfabetismo, devemos acabar com o conceito de que é o lugar onde as bundas são mais importantes que os cérebros.

Meu pai é dono do jornal RaioX, aqui na minha cidade, cujo link está na barra ao lado. Certa feita ele fez uma promoção em que publicou trabalhos infantis selecionados nas escolas do município, feitos com temática encontrada nas edições do jornal, o que ajudou no processo de alfabetização, o que foi atestado inclusive por professores e ao mesmo tempo, agregou novos leitores à publicação.

A iniciativa teve vida curta, porque infelizmente não contou com o auxílio nem das autoridades, muito menos do comércio e da indústria da região.

No entanto, a promoção do jornal certamente diminuiu o índice de analfabetismo funcional, pois incutiu a idéia de participação das crianças em debates adultos e ensinou-lhes a importância da leitura.


Este post é parte da blogagem coletiva promovida pela Georgia e pela Meire.

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