3 de dez. de 2007

ASSIM NÃO

1. ASÍ NO!

Me diga o leitor:

Você trabalha numa empresa tradicional, controlada, digamos, pelo capital espanhol.

A empresa está há décadas no seu país, emprega milhares de pessoas e paga em dia, sem contar que, por ser multinacional, paga um pouco acima da média nacional e concede alguns benefícios adicionais.

Daí, o governante do seu país, se achando injustiçado, humilhado e escorraçado pela declaração do chefe de Estado da Espanha, ameaça nacionalizar a empresa em que você e mais algumas milhares de pessoas trabalham, dependendo do resultado das eleições... espanholas!

Você continuaria a votar num governante assim se lhe for dada a chance de sufragar?

Acho que Chaves se encontrou ontem com sua arrogância. E ela lhe deu um pontapé!

2. ASSIM NÃO!

O Chaves paranaense, que atende pelo nome de Roberto, veio com o discurso de classes, dizendo que ia aumentar o IPVA em 20% porque é um imposto que afeta a quem tem carro, que por sua vez, é a parcela mais rica da população.

E pretendia aumentar também o ITCMD para as heranças acima de R$ 600 mil, que para ele, é o padrão dos "ricos".

Daí o caldo entornou, e sua "base aliada" resolveu ouvir as vozes sensatas da oposição (que fez barulho)e começou a se rebelar.

Hoje o governo recolheu a mensagem e, pelo andar dos trabalhos legislativos, os paranaenses se livraram por pelo menos um ano de mais uma tungada em seus combalidos bolsos.

Provavelmente lhe disseram: Assim não, governador!

3. ASSIM NÃO, MERCADANTE!

Assisti parte do discurso do senador Mercadante, defendendo a CPMF.

Um discurso muito bonito, em que ele falou do custo que a estabilidade econômica, trabalho de vários governantes, teve para o Brasil.

Falou que a CPMF ajuda na manutenção do superávit primário que por sua vez ajuda na queda dos juros e da dívida pública.

Mas no meio da peroração, ele saiu com uma pérola, que não foi comentada pela imprensa. Disse que a arrecadação aumentou mesmo mais que uma CPMF, mas isso é porque o crescimento econômico está aí.

Ou seja, reconheceu que o governo arrecadará em 2007 mais que uma CPMF, mas deixou claro que não abre mão dela, mesmo com o governo não precisando, porque, afinal, terá em 2007, arrecadação adicional maior que ela!

Bonito discurso, mas soou falso, porque se fosse para contribuir para a estabilidade desse modo tão bonito que ele citou, ele mesmo teria votado em favor dela, naquele tempo em que éramos governados pelos tucanos.

Mas na época ele votou contra, de modo que, hoje, o discurso soou como se o país só tivesse importância para ele a partir de 2003.

Assim não, Mercadante!

2 de dez. de 2007

A MÍSTICA DO JOGO

O bom futebol, aquele que é jogado em campo, prega peças em nós torcedores.

E isso porque o futebol não é uma ciência, e muito menos é exato. Ele envolve coisas estranhas como fé, sorte, azar e mística.

Na semana passada, no apagar das luzes de um jogo dramático eu vivi uma das mais arrebatadoras emoções da vida, uma explosão de alegria que ficará na retina pelo resto da minha vida.

Hoje, no entanto, vi uma verdadeira religião chorar e fiquei triste, porque um time aqui de Curitiba, pelo qual nutro simpatia fora de campo, o Paraná Clube, também caiu.

Mas penso que o Paraná caiu pela falta de mística, enquanto o Corinthians, pelo excesso dela.

Queira ou não queira, mesmo quem não tem a mínima simpatia pelo Corinthians (meu caso), é triste ver milhões de pessoas decepcionadas porque faltou apenas um gol, um gol de nada e ao mesmo tempo de tudo, para que a tragédia não ocorresse. Se bem que esse gol teria que ser feito em um time tão grande, importante e tão místico quanto o alvi-negro, o imortal tricolor gaúcho de tantas batalhas.

O problema é que o Corinthians que foi rebaixado hoje não é o alvi-negro do bom futebol e da mística, a mesma mística que faltou ao Paraná Clube que perdeu do Santos uma partida que vencia até os 28 do segundo tempo.

Pelo contrário, o Corinthians que caiu hoje, é o de Duailib, de Kia, da MSI, e do suspeito Berezovski, às voltas com a Policia Federal e com ligações com uma coisa ainda mais má, a política. O Corinthians que caiu hoje é o da vergonha de gente que enriqueceu e se aproveitou daquela massa retumbante que lota estádios por onde o time joga, e que por vezes, de modo incauto e irresponsável, chegou a gritar coisas como "el, el, el" Kia é da Fiel!".

O Corinthians de hoje, de mística não tem nada, porque ela, a mística, no esporte acompanha quem compete, não quem compra.

A mística do Corinthians é a do clube sofredor, dos craques formados em casa, do time empurrado pela massa. Esse Corinthians que víamos há alguns anos, não era o verdadeiro. Era um Corinthians moldado pela força de um dinheiro maldito e não o time do povão paulista. A mística do futebol manda avisar que pode até ser deixada de lado, mas um dia cobra a conta disso.

Porque o Corinthians de verdade, o do bom futebol e da mística, até poderia cair, como cairam Grêmio, Sport, Náutico, Palmeiras, Fluminense, Coritiba e Atlético Mineiro, com a certeza de que voltaria um dia, como todos voltaram, sem que isso seja vergonha, nem desgraça, muito menos o fim de tudo.

A mística no futebol tem disso, presente, ela não deixa seu apadrinhado se apequenar.

O Paraná Clube, por não ter mística, ou ter pouca, se apequenou e caiu, o Corinthians, abandonou a sua e acreditou no conto de fadas da riqueza instantânea,
e não há nada que a mística odeie mais que ser trocada por algo fugaz, porque ela tem vocação de eternidade.

O futebol cobra a taxa da mística. Grandes clubes não podem se afastar dela porque se o fazem, se apequenam.

O que seria do Grêmio sem sua mística de lutador?

Ou do Coxa sem a sua, a do sofredor que precisa acreditar até o último minuto?

Ou ainda, a do São Paulo, para quem a organização é a mistica?

O Paraná voltará à Série A e um dia, daqui há muitos anos, terá a mística a lhe acompanhar.

Já o Corinthians, terá de fazer as pazes com a sua, e voltar a ser o time do povo, embalado pela galera, não o time dos executivos engravatados a prometer milhões de dólares para quem só se contenta com troféus e glórias.

28 de nov. de 2007

A CONTA DO CAOS TRIBUTÁRIO

Ando sem inspiração para escrever sobre política, basicamente porque em novembro e dezembro, ela se resume a tratar dos aumentos de impostos a vigorar a partir de 1º de janeiro do ano seguinte.

É exatamente isso que acontece na União (não achem que é só a CPMF que é tratada pelo governo hoje, essa história de "reforma tributária" ainda não está bem contada) e em praticamente todos os estados da federação, o leitor que confira o noticiário de onde mora.

Mas uma notícia me chamou a atenção hoje, a da máfia de fiscais que "ensinavam" sonegação no Rio de Janeiro.

É o tal fato que aparece quando o sistema tributário é caótico e inintelegível.

O Regulamento do ICMS do Paraná, por exemplo, é composto de umas 200 laudas, e é complementado por pelo menos uns 450 decretos, convênios do CONFAZ e várias outras normas e instruções normativas. O mesmo acontece com o Regulamento do Imposto de Renda, do IPI e das normas de arrecadação previdenciária, e estão indo para o mesmo caminho as regulamentações do PIS, COFINS e ISS, sem contar a obscuridade da Lei estúpida e mal redigida (um macaco seria mais objetivo que esse Congresso Nacional de néscios que temos) que criou o Super Simples e aumentou de modo brutal a carga de impostos sobre as pequenas empresas.

Basta dizer que o IBDT - Instituto Brasileiro de Direito Tributário concluiu certa feita que no Brasil se edita uma norma tributária a cada 20 minutos.

Sem contar a burocracia que não se limita nunca à seguir a letra de tais leis e regulamentos, porque ela é sempre maior no balcão de atendimento.

É o caos que tem por consequências a instabilidade jurídica, o aumento generalizado de custos e, obviamente, o aumento exponencial da corrupção.

O resultado é que, por mais que o contribuinte pague todos os seus impostos em dia e aja com diligência no trato das obrigações acessórias, se for fiscalizado ainda assim é provável que receberá algum auto de infração. A interpretação da barafunda de normas é dada pelo Estado por meio de seus agentes, que podem discordar entre si e decidir até de modo conflitante, desde que isso favoreça a arrecadação, porque os Conselhos de Contribuintes são uma piada e a Justiça não dá respostas rápidas a absolutamente nada, muito menos questões tributárias, que podem afetar o contra-cheque em dia da maioria de juízes que estão na função pelo ótimo salário, não por vocação.

Um agente fiscal mal-intencionado dá a interpretação que quiser para normas tributárias, e multa o contribuinte independentemente dele ter pago seus impostos em ordem. Se ele quiser, fecha uma empresa com base em interpretação toda própria das normas e impõe ao empresário um custo, ou o de "calçá-lo", ou o de apelar para um Judiciário precário e incapacitado.

E essa notícia vinda do RJ (deixo os links da Folha de S.Paulo aí embaixo) mostra que formam-se gangues de agentes fiscais, empresários mal-intencionados e, claro, óbvio e ululante, políticos que de alguma forma tiram o seu.

Mas quem paga a conta é o contribuinte honesto, que paga pelos que sonegam, e o consumidor de todo e qualquer produto ou serviço, porque eles certamente encarecem em virtude de todos os custos legais ou imorais que esse estado de coisas impõe, mesmo aos empresários honestos, que são a enorme maioria.

Na Folha:
- Rombo causado por fiscais do Rio chega a R$ 1 bi
- Fiscais ensinavam empresas a sonegar impostos, diz procurador
- Operações da PF revelam sonegação fiscal de R$ 1 bi


PS:

Veja o leitor em Ultimo Segundo, que não estou errado, o governo manobra para aumentar o IR se a CPMF não for aprovada. Mas não duvidem que, ao mesmo tempo, fica feliz em contar com a CPMF e o IR aumentado.

26 de nov. de 2007

A TRAGÉDIA, A FESTA E A MOBILIZAÇÃO VENEZUELANA

1. Luto.
No site da Folha de S.Paulo de hoje, há uma foto anterior à tragédia de ontem, que mostra um buraco na arquibancada da Fonte Nova, com o aço oxidado da estrutura. Veja aqui.

A Fonte Nova não é cedida de graça para o E.C.Bahia. Pelo contrário, o clube paga uma parte substancial da renda total de cada partida a título de aluguel e o que o Estado da Bahia faz? Simplesmente mantém abandonado um estádio que recebe média de 30mil pessoas por fim de semana, o que é muito mais que irresponsabilidade, é homícídio culposo puro e simples.

Não estou culpando apenas o atual governo, antes que algum petista venha dizer que estou perseguindo-os. Para chegar nesse ponto de degradação, é porque faz décadas que o estádio está abandonado, muito embora, a cada conquista do Bahia ou do Vitória os políticos estejam lá, tentando arrancar alguns créditos junto à massa torcedora daquele estado, que é a mais fanática e fiel do país.

O mais triste é saber que em pouco, dão uma garibada no estádio pagam umas quireras para as famílias das vítimas e tudo cai no esquecimento... e ninguém vai preso por matar 8 pessoas.

2. Festa.

Claro que este que vos escreve não perderia a festa da chegada dos Coxas em Curitiba ontem, após a epopéia de sábado, quando foram campeões da Série B aos 47 do segundo tempo. O aeroporto Afonso Pena é distante uns 25 km do estádio Couto Pereira. No caminho, milhares de veículos acompanhando a carreata e pessoas dos dois lados da Avenida das Torres envergando camisas, faixas e bandeiras festejando com o buzinaço. E 10 mil Coxas no estádio aguardando os campeões. Uma festa só equiparada à de 1985, quando o Coxa foi campeão brasileiro, mas ainda, segundo a velha-guarda alvi-verde, muito inferior à do tri-campeonato paranaense em 1973, quando havia Coxas esperando o time na Rodovia do Café, a 60 km da capital.




3. Mobilização Venezuelana.

Os blogueiros da Venezuela ainda lutam pela democracia morta daquele país, assassinada pelo ladrão Hugo Chaves, que agora tenta minar a política colombiana ao fazer esse jogo de cena com as FARC, usando-a de pretexto para subverter a hierarquia de comando das forças armadas colombianas, a quem pretende "dar instruções", passando por cima da autoridade do presidente Álvaro Uribe.

Bem fazem os blogueiros venezuelanos, tentando alertar seus compatriotas do fascismo de Chaves, um louco que pretende governar a América Latina inteira a ferro e fogo...e sozinho!

24 de nov. de 2007

QUANDO OS PESSIMISTAS DESISTEM E OS OTIMISTAS REZAM!



Eu estava aflito e já imaginava desde a semana passada que o Coxa não seria campeão.

Fruto da minha alma pessimista, eu cheguei a ter pesadelos com a perda do título por alguma bobeira do time e, aos 36 do segundo tempo do jogo de hoje contra o valente Santa Cruz, vi o pesadelo virar realidade, bateu o desespero, tive vontade de desaparecer.

Eis que aos 42 o garoto Keirrison empata numa bola mascada e aos 47, na bacia das almas acontece o milagre e Henrique Dias marca o gol da vitória.

Deus definitivamente existe!

O leitor sabe o que é chorar de alegria?

Eu hoje chorei de alegria, xinguei a mim mesmo pelo meu maldito pessimismo e fui pro meio do povão Coxa-Branca que desfilou em toda a Curitiba orgulhoso da alma guerreira do seu time.

Já disse aqui e repito: pro Coxa nada é fácil, tudo é suado, e é por isso que aquele que um dia se apaixona por ele, vira amante fervoroso!

Seguem algumas fotos dessa caminhada de 2007:







22 de nov. de 2007

BASE ALIADA II, A NOVELA!

Hoje,na Folha de S.Paulo e em todos os grandes órgãos de comunicação:

PTB deixa bloco governista e libera bancada do Senado para votar como quiser a CPMF

Leia aqui e aplique o comentário que fiz ontem, sobre o PMDB.

Desta vez, a defecção foi causada por atos arbitrários da senadora Ideli Salvatti, o que demonstra bem a arrogância do PT no trato de seus "aliados".

É incrível! O que a oposição não consegue fazer no embate com o governo, a "base aliada" trata de providenciar.

21 de nov. de 2007

BASE ALIADA

PMDB ameaça criar novas dificuldades para Lula.
No blog do Josias de Souza, Folha de S.Paulo


A matéria aí em cima, dá conta que o PMDB, liderado por Orestes Quércia, discutirá numa reunião em Curitiba o "descolamento" em relação ao PT, o que significa que essa é uma tese que tem a simpatia do também "aliado" Roberto Requião, que não deixaria uma pauta assim ser discutida aqui na capital do Paraná sem algum interesse nela.

O governo Lula paga pela estupidez do PT que trata a "base aliada" como um conjunto de serviçais, e que começou a discutir o golpismo do terceiro mandato por conta própria, inclusive contando com a cara-de-pau do presidente da Câmara, que deixou a proposta ser desarquivada mas declarou que não sabia dela. Ao mesmo tempo em que a proposta adulatória afagou o ego do presidente, acendeu luz vermelha em setores da base aliada, que contavam com o apoio dele para levar o PMDB à presidência em 2010, o que desencadeou o endurecimento de relações, inclusive nas negociações da CPMF.

Interpreto isso como um aviso ao governo sobre o PT e sua sanha de se manter no poder. A "base aliada", especialmente o PMDB, sonha em fazer o presidente, por mais que setores radicais do PT achem ter direito natural à cabeça de chapa.

Minha opinião é sabida. Fui contra a regra de reeleição e sou contra a regra de uma segunda reeleição. Mas principalmente, apesar de ser oposição, não aceito e nem aguento mais essa discussão sobre o mandato do atual presidente, basicamente porque ele atrapalha a governabilidade. Lula assumiu neste 2007 e já há urubus falando em 2010, como se não existissem, ainda, 3 anos de trabalho pela frente.

Quem gosta de estudar história, pode conferir o que acontecia nos tempos da República Velha quando, mal eleito um presidente, já se discutia sua sucessão. Deu no que deu, e não foi nada bom.

A persistir essa bobagem de terceiro mandato, arrisca o governo ficar sem a reeleição e sem apoio parlamentar, que já é precário.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...