A imagem é da BAND (TV)
Salvo alguma reviravolta muito improvável em política, Dilma Roussef deverá ser a primeira presidente mulher da história do Brasil. Mais do que isso, será a primeira vez em nossa história que um grupo político bem definido consegue emplacar 3 governos consecutivos nas urnas.
Eu tenho escrito aqui que não vejo em Dilma Roussef a leviatã estatista e autoritária que muita gente pinta.
Duvido que no seu governo ela se aproxime mais da Venezuela e Cuba do que o Brasil já é próximo, ou que altere radicalmente o trato de questões econômicas sensíveis como a taxa de juros e a política monetária. Duvido de uma guinada mais à esquerda, salvo uma ou outra criação de companhia estatal.
E também não sou dos que acreditam que ela não tem capacidade administrativa. Tem sim!
Pode não ter experiência política, mas capacidade administrativa, sim. Do contrário não teria sido secretária municipal e estadual e ministra das minas e energia e depois da casa civil.
O problema de Dilma não será sua capacidade. O gaguejar dela no debate não é prova de incapacidade, os números que as vezes ela troca quando se apresenta, também não, porque vivemos em um país gigantesco, onde um governo encerra milhares de dados a serem assimilados por um prefeito, que dizer por um presidente ou candidato a presidente. Dilma tem mais experiência administrativa que, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso quando eleito em 1994.
Quando eleito, Fernando Henrique Cardoso tinha experiência política (bem mais que Dilma hoje) e um vasto currículo acadêmico. Motivo de orgulho para qualquer país ter um intelectual assim na função máxima do Executivo, mas sua experiência em admnistração pública resumia-se àqueles poucos meses em que foi Ministro da Fazenda e lançou o Plano Real, sendo que sua função no ministério era mais política que administrativa, ele liderava o grupo parlamentar que acabou sustentando o governo Itamar Franco até o seu fim e possibilitando a implantação do programa de combate à inflação. Administrativamente, Fernando Henrique tinha na época, menos experiência do que Dilma hoje.
Mas penso que o grande problema de Dilma será o "lulismo".
Porque enquanto candidata escolhida por um presidente popular, ela pode e deve colar na figura dele e defender os avanços do governo dele. É invariável em qualquer lugar do mundo democrático: governos de sucesso econômico e social fazem seus sucessores. Para quê então, ela iria se afastar de Lula?
O problema é que a partir e 1º de janeiro de 2011 ela será a presidente e Lula, o ex. Ela passará a ter a palavra final, ela passará a tomar decisões. Ela passará a dar as coordenadas políticas para os embates no Congresso Nacional. Ela certamente terá a vontade de ser reeleita em 2014, coisa que afeta qualquer político.
Já ouvi petistas dizendo que Dilma não vai governar, que quem vai dar as cartas é Lula que voltará em 2014 para mais 8 anos.
Se isso acontecer, o governo Dilma racha na primeira semana, porque duvido que uma mulher que já demonstrou personalidade como ela vá aceitar o papel de presidente apenas de direito a receber ordens de terceiro. Uma vez eleita, ela será Dilma Roussef, a presidente, não a candidata do "lulismo".
Mais ainda, como fica o PMDB nessa equação?
Ora, o PMDB ficou com Dilma porque nenhum de seus líderes seria doido de bater de frente com Lula e sua popularidade (aliás, acho José Serra corajoso porque abriu mão do governo de SP para fazer isso). Mas duvido que dentro do partido não exista quem pense em um projeto de presidência já em 2014 ou em 2018. O PMDB se aliou ao lulismo em 2010, mas quer Dilma à frente do governo até 2014 ou 2018 para daí sim, alçar vôo próprio ou cobrar do PT a igualdade de condições que o PSDB não quis dar ao PFL em 1998, quando os liberais queriam a cabeça de chapa, mas os tucanos impuseram FHC, até porque o candidato natural do PFL, Luis Eduardo Magalhães, morreu.
Lula será uma sombra sobre o governo Dilma e sobre o PMDB, que não vai aceitar a mitificação do atual presidente, a lhe cortar sonhos eleitorais futuros.
Se Dilma tomar as rédeas do poder, pode desagradar a setores do PT, se ela não tomar, pode desagradar o PMDB e a si mesma.
Ela não precisa romper com o lulismo, precisa apenas ser presidente para todos os brasileiros (inclusive os não petistas) e deixar que 2014 e 2018 sejam apenas datas eleitorais. Mas eventualmente terá que administrar atritos dentro de seu partido e talvez, até a insatisfação de seu antecessor.
Eu tenho escrito aqui que não vejo em Dilma Roussef a leviatã estatista e autoritária que muita gente pinta.
Duvido que no seu governo ela se aproxime mais da Venezuela e Cuba do que o Brasil já é próximo, ou que altere radicalmente o trato de questões econômicas sensíveis como a taxa de juros e a política monetária. Duvido de uma guinada mais à esquerda, salvo uma ou outra criação de companhia estatal.
E também não sou dos que acreditam que ela não tem capacidade administrativa. Tem sim!
Pode não ter experiência política, mas capacidade administrativa, sim. Do contrário não teria sido secretária municipal e estadual e ministra das minas e energia e depois da casa civil.
O problema de Dilma não será sua capacidade. O gaguejar dela no debate não é prova de incapacidade, os números que as vezes ela troca quando se apresenta, também não, porque vivemos em um país gigantesco, onde um governo encerra milhares de dados a serem assimilados por um prefeito, que dizer por um presidente ou candidato a presidente. Dilma tem mais experiência administrativa que, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso quando eleito em 1994.
Quando eleito, Fernando Henrique Cardoso tinha experiência política (bem mais que Dilma hoje) e um vasto currículo acadêmico. Motivo de orgulho para qualquer país ter um intelectual assim na função máxima do Executivo, mas sua experiência em admnistração pública resumia-se àqueles poucos meses em que foi Ministro da Fazenda e lançou o Plano Real, sendo que sua função no ministério era mais política que administrativa, ele liderava o grupo parlamentar que acabou sustentando o governo Itamar Franco até o seu fim e possibilitando a implantação do programa de combate à inflação. Administrativamente, Fernando Henrique tinha na época, menos experiência do que Dilma hoje.
Mas penso que o grande problema de Dilma será o "lulismo".
Porque enquanto candidata escolhida por um presidente popular, ela pode e deve colar na figura dele e defender os avanços do governo dele. É invariável em qualquer lugar do mundo democrático: governos de sucesso econômico e social fazem seus sucessores. Para quê então, ela iria se afastar de Lula?
O problema é que a partir e 1º de janeiro de 2011 ela será a presidente e Lula, o ex. Ela passará a ter a palavra final, ela passará a tomar decisões. Ela passará a dar as coordenadas políticas para os embates no Congresso Nacional. Ela certamente terá a vontade de ser reeleita em 2014, coisa que afeta qualquer político.
Já ouvi petistas dizendo que Dilma não vai governar, que quem vai dar as cartas é Lula que voltará em 2014 para mais 8 anos.
Se isso acontecer, o governo Dilma racha na primeira semana, porque duvido que uma mulher que já demonstrou personalidade como ela vá aceitar o papel de presidente apenas de direito a receber ordens de terceiro. Uma vez eleita, ela será Dilma Roussef, a presidente, não a candidata do "lulismo".
Mais ainda, como fica o PMDB nessa equação?
Ora, o PMDB ficou com Dilma porque nenhum de seus líderes seria doido de bater de frente com Lula e sua popularidade (aliás, acho José Serra corajoso porque abriu mão do governo de SP para fazer isso). Mas duvido que dentro do partido não exista quem pense em um projeto de presidência já em 2014 ou em 2018. O PMDB se aliou ao lulismo em 2010, mas quer Dilma à frente do governo até 2014 ou 2018 para daí sim, alçar vôo próprio ou cobrar do PT a igualdade de condições que o PSDB não quis dar ao PFL em 1998, quando os liberais queriam a cabeça de chapa, mas os tucanos impuseram FHC, até porque o candidato natural do PFL, Luis Eduardo Magalhães, morreu.
Lula será uma sombra sobre o governo Dilma e sobre o PMDB, que não vai aceitar a mitificação do atual presidente, a lhe cortar sonhos eleitorais futuros.
Se Dilma tomar as rédeas do poder, pode desagradar a setores do PT, se ela não tomar, pode desagradar o PMDB e a si mesma.
Ela não precisa romper com o lulismo, precisa apenas ser presidente para todos os brasileiros (inclusive os não petistas) e deixar que 2014 e 2018 sejam apenas datas eleitorais. Mas eventualmente terá que administrar atritos dentro de seu partido e talvez, até a insatisfação de seu antecessor.