17 de ago. de 2010

E SE DILMA VENCER?


A imagem é da BAND (TV)


Salvo alguma reviravolta muito improvável em política, Dilma Roussef deverá ser a primeira presidente mulher da história do Brasil. Mais do que isso, será a primeira vez em nossa história que um grupo político bem definido consegue emplacar 3 governos consecutivos nas urnas.

Eu tenho escrito aqui que não vejo em Dilma Roussef a leviatã estatista e autoritária que muita gente pinta.

Duvido que no seu governo ela se aproxime mais da Venezuela e Cuba do que o Brasil já é próximo, ou que altere radicalmente o trato de questões econômicas sensíveis como a taxa de juros e a política monetária. Duvido de uma guinada mais à esquerda, salvo uma ou outra criação de companhia estatal.

E também não sou dos que acreditam que ela não tem capacidade administrativa. Tem sim!

Pode não ter experiência política, mas capacidade administrativa, sim. Do contrário não teria sido secretária municipal e estadual e ministra das minas e energia e depois da casa civil.

O problema de Dilma não será sua capacidade. O gaguejar dela no debate não é prova de incapacidade, os números que as vezes ela troca quando se apresenta, também não, porque vivemos em um país gigantesco, onde um governo encerra milhares de dados a serem assimilados por um prefeito, que dizer por um presidente ou candidato a presidente. Dilma tem mais experiência administrativa que, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso quando eleito em 1994.

Quando eleito, Fernando Henrique Cardoso tinha experiência política (bem mais que Dilma hoje) e um vasto currículo acadêmico. Motivo de orgulho para qualquer país ter um intelectual assim na função máxima do Executivo, mas sua experiência em admnistração pública resumia-se àqueles poucos meses em que foi Ministro da Fazenda e lançou o Plano Real, sendo que sua função no ministério era mais política que administrativa, ele liderava o grupo parlamentar que acabou sustentando o governo Itamar Franco até o seu fim e possibilitando a implantação do programa de combate à inflação. Administrativamente, Fernando Henrique tinha na época, menos experiência do que Dilma hoje.

Mas penso que o grande problema de Dilma será o "lulismo".

Porque enquanto candidata escolhida por um presidente popular, ela pode e deve colar na figura dele e defender os avanços do governo dele. É invariável em qualquer lugar do mundo democrático: governos de sucesso econômico e social fazem seus sucessores. Para quê então, ela iria se afastar de Lula?

O problema é que a partir e 1º de janeiro de 2011 ela será a presidente e Lula, o ex. Ela passará a ter a palavra final, ela passará a tomar decisões. Ela passará a dar as coordenadas políticas para os embates no Congresso Nacional. Ela certamente terá a vontade de ser reeleita em 2014, coisa que afeta qualquer político.

Já ouvi petistas dizendo que Dilma não vai governar, que quem vai dar as cartas é Lula que voltará em 2014 para mais 8 anos.

Se isso acontecer, o governo Dilma racha na primeira semana, porque duvido que uma mulher que já demonstrou personalidade como ela vá aceitar o papel de presidente apenas de direito a receber ordens de terceiro. Uma vez eleita, ela será Dilma Roussef, a presidente, não a candidata do "lulismo".

Mais ainda, como fica o PMDB nessa equação?

Ora, o PMDB ficou com Dilma porque nenhum de seus líderes seria doido de bater de frente com Lula e sua popularidade (aliás, acho José Serra corajoso porque abriu mão do governo de SP para fazer isso). Mas duvido que dentro do partido não exista quem pense em um projeto de presidência já em 2014 ou em 2018. O PMDB se aliou ao lulismo em 2010, mas quer Dilma à frente do governo até 2014 ou 2018 para daí sim, alçar vôo próprio ou cobrar do PT a igualdade de condições que o PSDB não quis dar ao PFL em 1998, quando os liberais queriam a cabeça de chapa, mas os tucanos impuseram FHC, até porque o candidato natural do PFL, Luis Eduardo Magalhães, morreu.

Lula será uma sombra sobre o governo Dilma e sobre o PMDB, que não vai aceitar a mitificação do atual presidente, a lhe cortar sonhos eleitorais futuros.

Se Dilma tomar as rédeas do poder, pode desagradar a setores do PT, se ela não tomar, pode desagradar o PMDB e a si mesma.

Ela não precisa romper com o lulismo, precisa apenas ser presidente para todos os brasileiros (inclusive os não petistas) e deixar que 2014 e 2018 sejam apenas datas eleitorais. Mas eventualmente terá que administrar atritos dentro de seu partido e talvez, até a insatisfação de seu antecessor.

14 de ago. de 2010

VAMPIROS!

Na foto: Bela Lugosi, astro dos filme B... ou C... ou Z? Vampiro oficial do cinema.


Sou de um tempo em que literatura e cinema associados à figura de vampiros era coisa de fundo de prateleira ou filme B.

Vampiro, tempos atrás, era a coisa mais brega do mundo, piada para adolescentes que rolavam de rir do ridículo dos filmes onde pessoas com dentes caninos avantajados faziam de tudo para cravá-los no pescoço de algum panaca, sendo que no fim da fita o mocinho tratava de curar os bons do vampirismo e mandar os maus para a sepultura distribuindo estacas de madeira com uma precisão digna de atirador suiço de flechas.

A Rede Globo chegou a fazer uma novela esculhambando com o gênero. O vampiro chefe era o Ney Latorraca, que estava impagável e hilariante no papel de um conde europeu diabólico que não fazia absolutamente nada certo.

Foi uma época em que houve um repique do vampírismo, mais ou menos quando ocorreu aquela refilmagem de "Drácula de Bram Stocker", que até hoje é o único filme decente sobre o assunto, até porque foi fiel à obra original (que eu li) e deixou de lado os exageros.

Hoje em dia, os vampiros estão de volta. Tem mais livro sobre vampiro que edições de Paulo Coelho e livros de auto-ajuda nas estantes de livrarias.

É uma praga pior que a peste na Transilvânia!
As editoras estão pegando aqueles "pockets books" que se vendiam em rodoviária, dando uma garibada no idioma, pondo uma capa moderninha e vendendo como se fosse obra de vencedor do Nobel. Na Bienal do Livro em São Paulo, eles enchem prateleiras e se duvidar muito, estarão por lá alguns condes romenos se oferecendo para morder "de graça" o pescoço de adolescentes.

E dias atrás eu estava numa livraria e me surpreendi com uma edição de Emilie Brontë com um box na capa: O livro de cabeceira do personagem tal de Crepúsculo!.

Enfim, o modismo dos vampiros está nas livrarias e no cinema. Hoje em dia eles são "sexys" e "fashion" e não viram mais morcegos para se locomover de lado a outro, vão de Porsche ou Ferrari com insulfilm para evitar os raios solares. Aguenta mais um tempinho e dentro de alguns anos, ao rever os filmes da série Crepúsculo, terá bastante gente se perguntando como é que gostou daquilo quando tinha 15 anos.

E você (e eu) que pensava que Paulo Coelho era ruim, heim? Foi mal...

11 de ago. de 2010

ATESTADO DE NÃO-LERNISTA

Copiado do blog do Fábio Campana.

Atestado

Sempre que chega o período eleitoral, a ordem entre os candidatos é de se descolar de qualquer político ou coisa que seja polêmica ou que tenha reações contrárias sem levar em conta todas as coisas positivas as quais esses políticos também se associaram.

Beto Richa, não precisa jurar que não é lernista; Osmar Dias, também não.

Vou facilitar a vida de vocês e de seus marqueteiros. Estou emitindo atestados de “não lernistas”. Podem apanhá-los na chapelaria.

Digo chapelaria porque certamente o chapéu de Curitiba fornecerá muitos votos. Herdou-se uma cidade que é referência no mundo todo, apesar de todas as suas carências e mazelas.

E ao Estado que se candidatam também creio ter dado alguma contribuição, como a onda de industrialização que multiplicou empregos e arrecadação.

Espero que o atestado de “não lernista” possa contribuir para que os ilustres candidatos aproveitem melhor a campanha, com mais propostas e menos sofismas.

E que tenham a coerência de pedir aos lernistas que não votem neles.

Jaime Lerner

10 de ago. de 2010

JOAQUIM BARBOSA

Não me conformo com essa polêmica envolvendo o Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, fritado porque foi visto em um bar conversando com os amigos enquanto está de licença médica na corte.

O leitor bem sabe como eu critico a magistratura brasileira, como eu reclamo das idiossincrasias de nossa Justiça. Este blog tem sido, ao longo destes quase 4 anos, um crítico feroz do jeito brasileiro de não solucionar problemas em juízo, de arrastar decisões finais, do formalismo excessivo e do excesso de mordomias deferidas aos juízes, desembargadores e ministros.

No entanto, ainda assim, não vejo motivos para essa crítica contra o ministro Joaquim Barbosa, que está em tratamento de problemas de coluna.

Este senhor tem um histórico de vida exemplar. Nascido pobre, saiu de casa aos 16 anos para trabalhar como gráfico no jornal Correio Braziliense. Estudou sempre em escola pública e formou-se pela Universidade de Brasília. Trabalhou no Itamaraty, foi advogado e depois procurador da república e professor universitário.

Uma vez indicado pelo presidente Lula, caracterizou-se pela independência em suas decisões. Foi ele quem relatou e abriu processo criminal contra um monte de indiciados pelo Mensalão, inclusive o todo-poderoso José Dirceu, em sessões do STF onde demonstrou firmeza institucional e não se vergou em momento algum aos interesses do governo que lhe indicou.

Agora, se está doente, nada o impede de visitar os amigos e ter momentos de lazer.

Ora, quem de nós nunca foi gripado a uma festa de amigos? Quem de nós nunca ignorou uma ordem médica para não perder um momento de lazer?

A crítica ao ministro está em ele ter sido visto com amigos, em um bar, bebendo um aperitivo.

Quem lê meste blog também sabe que sou um ativista contra o álcool, mas não podemos demonizar o ministro por ter amigos e não consta que ele beba além da conta.

Que eu lembre, são poucos os tratamentos médicos que impedem o uso eventual de álcool. E tenho certeza que nenhum deles prescreve afastar-se dos amigos.

Enfim, não vejo absolutamente nada de errado no comportamento do Ministro.

7 de ago. de 2010

EU ACREDITO NAS PESQUISAS

À cada divulgação de pesquisa eleitoral, qualquer que seja o resultado acontece o fenômeno da sua desclassificação.

Alguns dizem que a amostragem é insuficiente, outros dizem que a metodologia não é clara, outros, ainda, afirmam que se trata de resultado encomendado e não raro ouvimos alguém perguntar se conhece alguém que já tenha respondido pesquisas. E isso, óbvio, sempre parte de quem está atrás nos números.

Eu já respondi várias pesquisas eleitorais, não menos que 10 vezes para o IBOPE, o Gallup, o DataFolha e entidades de pesquisas regionais. E moro em Rio Branco do Sul na região metropolitana de Curitiba, lugar que há quase 20 anos não consegue eleger um prefeito que complete 1461 dias de mandato, ou seja, 4 anos completos.

E penso que as pesquisas patrocinadas pelos grandes institutos nacionais são sérias, embora toda pesquisa deva ser analisada em conformidade com o momento em que tenha sido feita e a margem de erro, sempre lembrando que a única pesquisa efetivamente relevante é a das urnas.

Como toda sexta-feira é dia de pesquisa daqui até outubro, vamos cansar de ouvir acusações de compra de institutos, favorecimentos e direcionamentos de resultados. Mas as pessoas esquecem que se considerarmos a colocação dos candidatos nos pleitos das últimas eleições majoritárias, as pesquisas quase sempre acertaram, embora o percentual possa ter sido diferente por uma simples razão: o eleitor tem o direito de mudar o voto até aquele momento de apertar o botão verde da urna eletrônica!

É certo, porém, que com uma população desinteressada de política e afeita a transformar quase tudo em partida de futebol. As pesquisas acabam fortalecendo (mas pouco) a parte que aparece na sua dianteira. Existe uma parcela relevante do eleitorado que vota para ganhar a eleição, aquele bando de retardados que acha que perde o voto se seu candidato for derrotado, aquela gente que, sim, é responsável pelo atraso do Brasil na exata medida em que não sabe votar e escolhe sempre os piores, os mais incapazes e os mais desonestos.

Mas isso é outro assunto, guarda relação com a péssima situação da educação e da cultura no Brasil.

6 de ago. de 2010

“O Lula quase me derrotou e agora derruba o Osmar”.
Declaração do senhor Roberto Requião do Mello e Silva, que apóia Dilma Roussef para a presidência e está em todos os palanques do presidente Lula no Paraná. Veja mais sobre isso aqui.

DEBATE MORNO

Assisti 4 blocos do debate de ontem e sinceramente, não vi absolutamente nada que pudesse influenciar meu voto ou qualquer coisa que pudesse alterar os rumos da eleição presidencial.

Se Dilma gaguejava, Serra parecia desligado(em alguns momentos chegou a pedir por três vezes o nome do programa Luz para Todos para comentá-lo). Gaguejar e ter lapsos de memória não tira votos de ninguém, não adianta forçar a barra, até porque, quando deram respostas sobre os assuntos, ambos apresentaram dados e opiniões e o mais engraçado de tudo é que quase sempre concordaram nas questões de fundo, que são uma verdadeira praga em debates, porque tratando delas, não se fazem propostas específicas para absolutamente nada.


EDUCAÇÃO:


Dilma Roussef defendeu acabar com a progressão automática do ensino, ou seja, a aprovação de crianças de uma série para a outra sem provas e avaliações. Marina Silva afirmou que o Brasil está 30 anos atrás do Chile em processos educacionais e defendeu investimento mínimo de 7% do PIB na pasta como sendo "política social de terceira geração", embora não tenha explicado o termo. José Serra afirmou que o governo federal retirou verba das APAES, relativas ao ensino de deficientes, por serem elas entidades privadas. Plínio Sampaio limitou-se a afirmar que educação é problema relativo à distribuição de renda.

SAÚDE:

José Serra defendeu a união de oposição e situação em questões relacionadas à saúde e soube capitalizar o fato de ter conseguido avanços legislativos na área quando era senador. Também criticou a extinção de "mutirões de saúde" pelo atual governo. Dilma Roussef defendeu uma nova organização para o SUS com o aumento exponencial de unidades de saúde emergencial e outras de tratamento e diagnóstico clínico. Marina Silva afirmou que saúde também guarda relação com educação. Plínio Sampaio não teve destaque nesse assunto.

SEGURANÇA PÚBLICA:

Plínio Sampaio afirmou que o problema da segurança decorre da distribuição desigual de renda, mas não apresentou propostas. Marina Silva, disse que decorre do "adoecimento da juventude", mas não teceu maiores considerações. José Serra pouco comentou sobre o assunto e Dilma Roussef trabalhou com 3 questões a) agir com autoridade; b) reforçar o controle de fronteiras; c) expandir o programa de polícia pacificadora do Rio de Janeiro.

INFRA-ESTRUTURA E EMPREGOS:

José Serra foi enfático ao dizer que o programa de investimentos federais é insuficiente e que boa parte dos empregos criados nos últimos 8 anos deve-se a investimentos estaduais, como os de SP e MG. Dilma Roussef afirmou que políticas de crédito, de distribuição de renda e de promoção de investimentos foram fortes nos anos Lula. Marina Silva pouco disse sobre o assunto. Plínio Sampaio afirmou que os demais usam de um discurso gerencial de "bom mocismo" que não muda nada no país, deixando claro que defende a reduçao linear da carga horária de trabalho para gerar mais renda e empregos.

REFORMA AGRÁRIA:

Plínio Sampaio afirmou que o governo Lula promoveu menos reforma agrária que o de Fernando Henrique Cardoso e defendeu a invasão de terras como forma de pressionar o INCRA.

IMPOSTOS, JUROS:

Ninguém defendeu reforma tributária. José Serra declarou-se preocupado com o aumento da despesa pública e a pressão que isso faz sobre os juros que, no Brasil, ainda são os mais altos do mundo. Dilma Roussef afirmou que a relação dívida pública X PIB caiu de quase 50% para 30% em 8 anos e que isso garante que no médio prazo seja possivel atacar o problema dos juros. Plínio reclamou que gasta-se 40 vezes mais para o pagamento de juros do que para o Bolsa-Familia.


Foi um debate fraco. Eu gostaria de ao menos uma vez ver um candidato à presidência ousando em propostas, como, por exemplo, reconhecer que boa parte do problema de segurança pública se dá pela facilidade da entrada de jovens no mundo das drogas em face da leniência que existe no Brasil em favor da publicidade e do consumo de álcool pela juventude. Mas não, todo mundo diz que a saúde é prioridade, que a educação é prioridade e que a segurança pública é prioridade, mas ninguém fala de medidas específicas.

Os militantes do Serra dirão que ele venceu o debate. Os de Dilma dirão que a vencedora foi ela. Quem milita por Marina saiu com a impressão de que ninguém queria ouvi-la e os adeptos de Plínio Sampaio descobriram que seu candidato seria forte... na eleição presidencial de 1960!

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...