10 de ago. de 2010

JOAQUIM BARBOSA

Não me conformo com essa polêmica envolvendo o Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, fritado porque foi visto em um bar conversando com os amigos enquanto está de licença médica na corte.

O leitor bem sabe como eu critico a magistratura brasileira, como eu reclamo das idiossincrasias de nossa Justiça. Este blog tem sido, ao longo destes quase 4 anos, um crítico feroz do jeito brasileiro de não solucionar problemas em juízo, de arrastar decisões finais, do formalismo excessivo e do excesso de mordomias deferidas aos juízes, desembargadores e ministros.

No entanto, ainda assim, não vejo motivos para essa crítica contra o ministro Joaquim Barbosa, que está em tratamento de problemas de coluna.

Este senhor tem um histórico de vida exemplar. Nascido pobre, saiu de casa aos 16 anos para trabalhar como gráfico no jornal Correio Braziliense. Estudou sempre em escola pública e formou-se pela Universidade de Brasília. Trabalhou no Itamaraty, foi advogado e depois procurador da república e professor universitário.

Uma vez indicado pelo presidente Lula, caracterizou-se pela independência em suas decisões. Foi ele quem relatou e abriu processo criminal contra um monte de indiciados pelo Mensalão, inclusive o todo-poderoso José Dirceu, em sessões do STF onde demonstrou firmeza institucional e não se vergou em momento algum aos interesses do governo que lhe indicou.

Agora, se está doente, nada o impede de visitar os amigos e ter momentos de lazer.

Ora, quem de nós nunca foi gripado a uma festa de amigos? Quem de nós nunca ignorou uma ordem médica para não perder um momento de lazer?

A crítica ao ministro está em ele ter sido visto com amigos, em um bar, bebendo um aperitivo.

Quem lê meste blog também sabe que sou um ativista contra o álcool, mas não podemos demonizar o ministro por ter amigos e não consta que ele beba além da conta.

Que eu lembre, são poucos os tratamentos médicos que impedem o uso eventual de álcool. E tenho certeza que nenhum deles prescreve afastar-se dos amigos.

Enfim, não vejo absolutamente nada de errado no comportamento do Ministro.

9 comentários:

  1. Fábio, ele está fazendo esse tratamento desde abril e disse que só volta quando estiver 100%. Considero, com todo o respeito, um absurdo, até mesmo porque existem 13 mil processos parados desde abril nas prateleiras do Joaquim que foi visto e fotografado num buteco em Brasília. Se fosse uma licença de um ou dois meses, tudo bem. Mas ele está de licença há 4 meses.

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  2. Tenho a leve suspeita de que os condenados pelo mensalão estão por trás dessas falsas denúncias contra ele. Este homem mexeu (com muita coragem diga-se) num ninho de abutres e serpentes.

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  3. Maia,

    No Brasil a gente se acostumou com o "mais ou menos curado". O INSS manda uma pessoa voltar a trabalhar mesmo não curada, o negócio é tirá-la da fila de atendimento e mais do que isso, evitar que o Estado pague pela sua não atividade.

    O ministro está certo em querer ser 100% curado antes de voltar a trabalhar. E numa dessas, num desses processos que envolvem as perícias ridículas do INSS, é capaz dele manifestar-se em favor da sociedade e impedir esse acinte à saúde pública, que é liberar pessoas ainda em tratamento para voltar ao trabalho na marra, por incompetência do Estado.

    Se o médico diz que o Ministro não está curado., não há porque ele voltar ao trabalho... é Lei, e deveria ser para todos, o que infelizmente ainda é sonho!

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  4. Salvo engano, aqui mesmo lhe escrevi uma vez que não está na nossa cultura o valor / respeito a quem vence por conta. Esse tipo de comentário / nocicia que a imprensa faz questão de cultivar é só mais uma demonstração... na falta de pauta ou numa transferencia de frustração, ficam procurando vidas para cuidar [e, preferivelmente, destruir].

    Das pesquisas, preferiria que saissem em quantidade menor com amostras maiores. Influenciariam menos no resultado. Quanto ao debate, na essencia ainda foi Lula vs. FHC, só que apenas as sombras. Logo escrevo sobre isso.

    Abraço!

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  5. Ele pode ter a licença que a lei lhe permite. No entanto, na base da piramide social, o INSS por exemplo, resiste aos demais trabalhadores tais licenças. Pra mim, esta é a base da critica.

    Além disso, a coluna atrapalha a pensar? Atrapalha ler processos? Claro, que com fortes dores pouco se produz, pouco se faz. Eu sei. Eu e milhões de brasileiros sentimos tais dores, mas, não temos, e não podemos, e não conquistamos a benesse de estar de licença e receber o que ele recebe.

    A reclamação é simples: Ele tá ganhando muito e nada produzindo. Numa outra empresa qualquer, ele já teria sido substituido! Por que não na corte?

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  6. Adão,

    Pela Lei, se estiver "encostado" pelo INSS, a empresa não pode demitir.

    A questão, sob o ponto de vista de saúde, passa a ser o fato de que o INSS manda voltar ao trabalho gente que não tem condições de enfrentá-lo...

    O Ministro está certo em querer recuperação completa. Ele tem a condição de pedir isso, quem não tem são milhões de brasileiros que se sujeitam ao criterio político do INSS de gastar o mínimo possivel com o cidadão;

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  7. É a lei e está na lei. O Joaquim só deve voltar quando estiver apto e pronto. Não tem nada a ver com seu salário. A gente tem que acabar com esse pensamento pobre de coitados que fica esperando tudo do governo, do Estado. Isso não existe, não é real.

    Quer muitos aceitem isso ou não´aceitem, somos nós mesmos quem cuidamos de nossas próprias vidas - para o bem ou para o mal

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  8. Tenho pavor quando assunto é atestado médico,Fábio.Escrevo isso porque é tanta gente que conheço que entra de atestado médico sem necessidade(rpincipalmente sábado),chega a ser de arrepiar.Abraços.

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  9. Rodrigo M.18/8/10 11:31

    Tenho a leve impressão que os condenados, etc.. do mensalão estão por trá$$ até da tal licença médica!!

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