30 de abr. de 2007

OCTÁVIO FRIAS DE OLIVEIRA E A IMPRENSA BRASILEIRA

A imprensa brasileira, apesar de todos os seus defeitos é de regra pluralista, democrática e de altíssima qualidade.

Há quem diga que é conservadora e direitista, mas são pessoas contaminadas pelo ranço do totalitarismo, aversas às opiniões contrárias e ao debate de idéias. Não preciso dizer quem são ou onde se encontram tais pessoas, mas o fato é que elas não conservam o hábito de, quando não a fim de discutir, simplesmente não ler, ouvir ou assistir aquilo com o que não concordam. Preferem pedir o fechamento do órgão de imprensa que têm como inimigo, ou, pior, censura para que ele se adeque aos seus interesses personalíssimos ou às suas visões tacanhas e limitadas de mundo.

Com efeito, no Brasil há publicações e órgãos de imprensa para todos os gostos e tendências, basta deixar o ódio ensandecido de lado.

A propósito do falecimento do "publisher" da Folha de S.Paulo, Octávio Frias de Oliveira, veio-me à memória uma lista dos grandes homens que fundaram a imprensa brasileira e deixaram os grandes conglomerados de mídia que existem hoje. Além dele mesmo, Frias, cujo arrojo do jornal levou à modernização gráfica e editorial inclusive dos concorrentes, a lista conta com Victor Civita que fundou a maior editora de revistas do país e criou Veja, uma das maiores revistas de informação semanal, numa lista onde encontram-se Time, Newsweek, Der Spiegel, The Economist e outras. Também a família Mesquita. Júlio de Mesquita pai, filho e neto, que lutaram, cada um em seu tempo contra ditaduras, pelo direito de editar nas páginas do Estadão (meu jornal preferido, leio desde adolescente) aquilo que achavam justo. Também Roberto Marinho, que assumiu ainda garoto o recém criado "O Globo" com o falecimento precoce de seu pai, transformando a organização em um verdadeiro império de comunicações. Assis Chateubriand Bandeira de Melo, dos Diários Associados, que trouxe para o Brasil o conceito de imprensa de alcance nacional e o conceito de anúncios publicitários, que entraram na imprensa brasileira por meio de seus jornais. Há ainda muitos, como os Sirotski de Porto Alegre, Francisco Cunha Pereira Filho e Paulo Pimentel aqui do Paraná, os Nascimento Brito, no Rio de Janeiro e outros tantos que criaram grandes empresas de mídia e informação em um país tão pouco afeito à ela.

Octávio Frias de Oliveira deixou sua marca naquela frase que a Folha de S.Paulo sempre estampa em sua capa: "Um jornal a serviço do Brasil". Graças a homens como ele, há muitos outros órgãos de imprensa com a mesma tarefa.

14 comentários:

  1. Uma grande perda para o jornalismo carioca e brasileiro foi a derrocada do Jornal do Brasil, que acabou saindo das mãos da família Nascimento Britto e foi parar com o Nélson Tanure.
    Perdemos um contraponto para o Globo e um jornal de enorme tradição. O que aí está hoje em dia não passa de um pastiche.
    Um abraço e boa semana.

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  2. Cejunior,

    Acho que o Rio nunca esteve tão mal de jornais quanto hoje em dia.

    O Globo sempre foi um bom jornal, apesar dos interesses das organizações Globo. Mas depois da morte do Roberto Marinho e da saída do Evandro, virou uma piada.

    O JB era ótimo até o dia em que fez acordo com O DIA, que nunca foi bom...

    O RJ hoje, não tem um grande jornal...

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  3. Essa incompreensão do povo em relação à mídia impressa é uma verdadeira ignorância. Pombas, claro que um jornal tem direito a ter opinião e isso o fazem nos seus editoriais. O fato de serem de esquerda ou direita não nubla as suas qualidades. Lembremos que a imprensa escrita foi essencial para as grandes conquistas deste país. Abraços.

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  4. Bom, alguém ensinou aos papas da imprensa como se bate cabeça ao governo.

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  5. Anônimo1/5/07 09:36

    Falando do comeco do seu post, eu as vezes penso, como leigo é claro, que nossa imprensa fica em cima do muro demais. A editoria vem com pautas, em geral, que vendem, e é só. Deve ser assim no mundo inteiro, nao quero dizer com isso que seja conservadora ou nao, em termos de politica eu acho que adulam demais os nossos politicos, claro que linhas editoriais de jornais e revistas semanais sao diferentes, liguagem, forma, etc.,mas eu acho que jornais tinham que ter posicao, alem de informar. Esse papo de ser imparcial eu nao concordo muito não. Veja a Folha, ela quase foi empastelada no governo do Collor, com invasao da PF e tudo. Pq mostrou um coroné Canadense que a maioria do povo brasileiro pensava que era caçador de marajas , por causa da Globo que fez o que fez. Se houvesse tendencia no jornalismo ja haveriamos de saber o que pensava a Globo antes e nao ser camaleonica e pautar por interesse. Como vc eu leio desde pequeninim, e na casa do meu avo a leitura era da Folha. Nos Estados Unidos sabemos quem come criancinha e quem reza pela paz mundial, aqui depende do jaba !

    Jack "the unpublisher" Aré

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  6. Jack,

    Suas razões são pertinentes, não deixa de ter razão...

    Porém, eu sempre digo que o insatisfeito com Veja pode ler Carta Capital ou Caros Amigos e o insatisfeito com o Estadão ou a Folha podem migrar para os atuais chapa-branca O Globo e Jornal do Brasil. E ainda há os jornais radicais, HoraH aqui de Curitiba, Hora do Povo em Sampa e muitos outros...

    Enfim, é fato que existe jabá, mas isso existe em qualquet lugar... cabe ao leitor a tarefa de escolher o que ler.

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  7. Olá Fábio, é-me difícil comentar porque não estou dentro do assunto. Porém devo dizer que amei a frase que escolheu para o template acerca dos anunciantes!
    Beijinhos

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  8. Fábio

    Felizmente permanecem as idéias e o pensamento.

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  9. Fábio

    O bom é que podemos escolher o que queremos ler.
    Tomara que isso nunca mude.

    Um bom finalzinho de feriado e um beijo.

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  10. Eu ainda vejo uma imprensa tendenciosa e muito igual... alguns apresentam a notícia em pé e outros sentados, no final das contam dão a mesma notícia do mesmo modo, com pontos e vígulas "as vezes" diferentes.

    Alguns, e graças a Deus, alguns vários conseguem fazer da própria notícia muito mais que uma pauta e uma edição, mas uma lição pra posterioridade de como não se esquecer de uma matéria.

    bjs

    Ly

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  11. Anônimo2/5/07 12:35

    olha eu li a biografia do Nelson Rodrigues e depois disso ele passou a ser meu idolo jornalistico, no meio a biografia mts fatos como os jornais se formaam, inclusive o globo, achei mt interesante, e um absurdo ele que era totalmente de direita passar pelo que passou na ditadura, quanto ao Roberto Marinho eu não gosto mesmo, e a forma que a Globo usa o povo como massa de manobra, mas é só ter um pouco de neuronios pra não deixar se alienar, mas com BBB e outras tantas não sei se isso é possivel para a maioria....

    http://vidacretina.zip.net
    http://noelevador.zip.net

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  12. Anônimo2/5/07 13:30

    O ruim é que jornalistas ainda sofrem violência quando investigam desmandos, sejam políticos, da bandidagem, dos poderosos enfim.

    Fico bestificada com a trela que a imprensa americana dá ao belicoso Bush, que não passa um dia sem mandar inocentes pro além....

    Beijos

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  13. Anônimo2/5/07 13:58

    Fábio:
    Muito bem lembrado dos outros nomes que marcaram o nosso jornalismo. Tem ainda o Samuel Wainer.

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  14. Fábio
    Em geral desconfio muito da nossa imprensa. Ela sempre está muito comprometida com grupos e interesses políticos. A revista Veja por exemplo, não confio nem um pouco e em toda sua história atropelou várias vezes o que seria o bom jornalismo.

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