8 de ago. de 2016

ESPORTE É DISCIPLINA, MEDALHA É BÔNUS


Ensinar esportes não deve ser uma busca por medalhistas, precisa ser um exercício de cidadania. 

O Brasil tem um povo vaidoso com um governo que se aproveita disto. Achamos que vitórias, medalhas e títulos diminuem nossos problemas, quando em verdade só aliviam nossa sensação de impotência ante a tantas coisas que não resolvemos porque nossos políticos não tem nem competência, nem vontade para atacar.

Incorremos no erro de buscar os fenômenos individuais das modalidades para fazer deles medalhistas e celebridades. Merecidamente eles viram ídolos, tais como Gustavo Kuerten, Joaquim Cruz, Flávio Canto, Hortência, Gustavo Borges, Daniele Hipólito, Servílio de Oliveira, etc... Daí eles se aposentam, e o esporte diminui ou desaparece do cenário porque não aparecem fenômenos todos os dias e eles sozinhos não deixam uma tradição no ensino da modalidade não porque não queiram, mas porque seu país valoriza demais os resultados e de menos o trabalho de formação e a pura e simples prática recreativa. 

É preciso ensinar esportes para as crianças e adolescentes todos os dias e mais do que isso, mostrar para eles todo tipo de modalidade, informá-los das muitas possibilidades, dar-lhes a opção de conhecer  e despertar interesse para o que tenham vocação, se é que à tenham.

Escrevo isso em época de olimpíada, para dizer que esporte é antes de tudo uma  parte da formação de um bom cidadão, devia ser um elemento importante e obrigatório do sistema educacional, representando a procura por disciplina e saúde.

Não se deve ensinar esportes nas escolas focando nos resultados, mas para mostrar as boas coisas que ele retorna à pessoa. O aluno que aprender esportes na escola e tiver o talento, naturalmente acabará adotando a profissão de atleta, vai treinar e buscar resultados. É assim nas potências esportivas, elas formam cidadãos melhores que aprendem a seguir regras, respeitar os adversários e praticar por prazer, ao mesmo tempo em que formam atletas de sucesso potencial.

O professor Paulo me acompanhou desde a segunda série do primário até a primeira do colegial. 

Boa praça com os alunos, amigão de todo mundo, não havia gente na escola que não gostasse dele. Era o professor da diversão, do futebol, do basquete, do handebol, das corridas e dos passeios à pé pela cidade. Quando precisava de silêncio dizia um "tá agitada, Creuza?" e sendo a sala quase sempre só de garotos, voltava ao silêncio, segurando o riso. 

Mandava fazer trabalhos sobre esportes, tínhamos que pesquisar regras, atletas e competições. Quando chovia, aproveitava esses trabalhos e fazia brincadeiras de perguntas e respostas, perguntava dos resultados das olimpíadas, dos panamericanos, da copa, do campeonato brasileiro. Os alunos aprendiam regras, conheciam os astros do esporte, se divertiam nos erros das equipes alheias, mas sempre em silêncio, algazarra só era permitida até ele fazer a próxima pergunta. 

Um dia os alunos estavam agitados. Era para montar 4 times para um torneio de handebol, naquela linha de ir escolhendo e deixando os piores para o final. O problema é que por mais que ele pedisse silêncio e mandasse parar com as palhaçadas, não conseguia. 

Daí se irritou. Apitou forte, disse que o handebol estava cancelado e mandou formar duplas com o aluno que estivesse mais próximo. Seguiu-se a pior sequência de exercícios que eu e todo mundo ali tinha feito na vida. Abdominal, carrinho (consistindo em um dos alunos segurar as pernas do outro e atravessarem a pista com os  braços fazerem as honras da roda, trocando para voltar), corrida em torno da escola e um monte de outras atividades chatas que ninguém gostava.

No final da aula, todo mundo exausto, uns olhando pros outros com cara de culpados, foi curto e grosso: sem comportamento, todas as aulas seriam iguais àquela. E nunca mais, inclusive nos anos seguintes, aconteceu de alguém cair na besteira de sair da linha.

Mesmo eu, que sempre fui um desastre completo em todos os esportes, sempre tive empatia, era um professor que nos ensinava um valor que não esqueci nunca, o da disciplina em observar regras por ser parte de um todo.

Eu e meus colegas aprendemos boas coisas sobre o esporte. Não saiu daquele colégio nenhum campeão de nada, mas bons universitários, bons pais, bons profissionais, bons funcionários, bons cidadãos. Gente que, via de regra aprendeu a respeitar para ser respeitado.

Esporte é muito mais o que o professor Paulo nos ensinava do que resultados, medalhas, glórias e aparições da TV. Esporte é escola de disciplina. Medalhas e vitórias são um bônus para quem aprende a fazer dele um gerador de cidadania.

5 de ago. de 2016

A OJERIZA A EQUILÍBRIO FISCAL



A união e os estados em crise, como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, tem em comum o fato de acumularem déficits por décadas à fio, sem preocupação alguma com equilíbrio fiscal e abusando da prática nacional de empurrar os problemas com a barriga.

No Brasil, as sucessivas crises fiscais sempre foram tratadas a partir do ponto de vista da receita, nunca do problema real, que é a despesa. A solução clássica para os apertos fiscais e para atender às exigências de órgãos de socorro como o FMI sempre foi de arrancar mais dinheiro da sociedade, nunca adequar o tamanho do Estado ao da receita.

A última grande reforma administrativa do país deu-se em 1967 (veiculada pelo famoso decreto-lei nº 200).

A folha de pagamento da União e de muitos estados cresce vegetativamente sempre acima do crescimento da receita, que por sua vez cresce quase todos os anos acima de qualquer índice de inflação, decorrência de manobras fiscais criminosas como a não correção das tabelas dos impostos progressivos como o IRPF e o Super Simples, da criação de taxas para absolutamente tudo, do puro e simples aumento e criação de novos impostos ou ainda pelo aumento da burocracia que por sua vez gera receitas indiretas porque causam a necessidade das empresas contratarem serviços adicionais que também pagam impostos.

A carga tributária do Brasil girava em torno de 12% do PIB no inicio da década de 80. O governo de João Batista Figueiredo foi o primeiro a enfrentar os problemas fiscais com aumento de impostos, criando o PIS, que inicialmente era um programa social, que depois foi transformado em imposto (contribuição social), sendo que, de incidente sobre folha de pagamento, passou a ser calculado a partir do faturamento bruto das empresas. Tempos depois, já no governo Sarney, criou-se o FINSOCIAL que foi declarado inconstitucional e substituído pelo COFINS, com a desculpa de que seria utilizado para financiar a saúde, coisa que nunca aconteceu. Depois vieram vários governos e aumentos sucessivos de todos os impostos. O ICMS que na década de 80 era de no máximo 16%, hoje tem alíquotas que chegam a 25%, sendo que a alíquota básica foi definida em 18%, mas o estado do Rio de Janeiro conseguiu uma exceção e cobra 19%, sem contar os penduricalhos, tais como diferenciais de alíquota, que elevam essa conta para bem mais que 25% contados na ponta do lápis. Hoje a carga tributária oficial é de 38% do PIB, mas dependendo da forma de cálculo, ultrapassa os 40%.

Mas as despesas nunca foram atacadas. No país inteiro, há categorias de funcionários que gozam de coisas como anuênios e licenças-prêmio, algumas categorias chegaram a poder se aposentar ganhando mais que na ativa e na maioria delas, ainda há gente que se aposenta sem redução de vencimentos, apesar das restrições tímidas havidas nos últimos anos.

Nada contra os direitos dos funcionários públicos, o problema é que essa conta nunca fechou e no caso da União, a receita previdenciária cobre o déficit colossal da previdência do funcionalismo público há décadas, prejudicando a segurança atuarial dos aposentados do setor privado, que recebem menos e sujeitam-se a regras cada vez mais exigentes para obter o benefício.

Mas não é só o funcionalismo. Os governos brasileiros, mesmo as câmaras de vereadores mais humildes, dos menores e mais pobres municípios, enchem seus agentes políticos e mesmo concursados de mordomias que vão desde o cafezinho até aviões intercontinentais. São assessores em profusão, carros oficiais, gabinetes suntuosos, viagens, telefones celulares, comitivas, auxílios disso e daquilo e inclusive frotas de aviões e helicópteros que seriam melhor utilizados pelas forças armadas no cumprimento dos seus deveres.

Não há um dia que não se tome conhecimento de um tribunal licitando caviar ou de uma repartição alegando que precisa dar iPhone para seus procuradores. O único freio para tanta bondade é a opinião pública descobrir o processo licitatório nos complexos sites de "transparência", cujas informações são sempre truncadas e indiretas.

O resultado são déficits públicos recorrentes, que são pagos pela sociedade na conta de juros que representa não menos que 30% do orçamento da União. 

Isso quando ela não paga com a mercadoria mais cara que existe, que é o seu bem estar futuro. 

Ontem eu lia um artigo sobre a reforma da previdência e deparei com uma informação de que os estados, especialmente os em crise, pretendem unificar seus sistemas previdenciários com o federal. Ou seja, durante décadas foram generosos com seus funcionários e pouco se preocuparam em contribuir para seus fundos previdenciários serem sadios e com segurança atuarial. Agora, deficitários, querem passar a conta para a União, mas mais especificamente, para os aposentados do setor privado, aqueles que só conseguirão o benefício com 65 anos de idade e 30 de contribuição, e cujos vencimentos podem ser hoje, no máximo de R$ 5.189,82. Os governadores preferem quebrar a previdência de quem recebe um salário mínimo a adequar suas despesas governamentais e sanear seus sistemas previdenciários, eles não querem briga com seus funcionários, preferem transferi-la para que a União se incomode com o problema. 

Embora boa parte dessa briga que eles deveriam ter, seria com sindicatos, órgãos de classe e entidades "sociais" que dizem defender os direitos "dos trabalhadores", mas só defendem mesmo interesse paroquiais e mesquinhos, de certas classes bem organizadas.

Se trata de uma ojeriza sistêmica de políticos e agentes públicos de todas as esferas contra o princípio de equilíbrio fiscal. A idéia geral é de que se deve fazer equilíbrio fiscal, desde que os interesses individuais dos políticos e dos agentes públicos não sejam violados de modo algum. 

Funcionou por bons 194 anos desde a proclamação da independência, mas chegou ao limite. A atual carga tributária e a burocracia insana simplesmente inviabilizam a atividade econômica, causam a informalidade e a insegurança jurídica, prendem a economia do país, impedem o crescimento e forçam à reforma do Estado, que está longe de ser discutida pelo tom do que se ouve entre a classe política do país.

2 de ago. de 2016

VIRAR PESSOA JURÍDICA PODE PREJUDICAR SUA APOSENTADORIA



Nestes tempos em que se discute com 15 anos de atraso uma reforma previdenciária profunda que ataque um dos dois principais problemas fiscais brasileiros, o déficit crescente do INSS (o outro é a conta absurda de juros), não deixa de ser importante discutir o efeito de transformar o empregado em pessoa jurídica.

Para nós, contabilistas, é o melhor dos mundos. O empregado de certa empresa vira pessoa jurídica, nós recebemos os honorários de tabela e ele ainda desconta 11% (quando somos pessoas físicas) do valor que é nossa contribuição previdenciária. Mas para o ex-empregado as coisas não são assim tão simples.

Quando você aceita virar pessoa jurídica, imediatamente tem de pensar em como ficará sua aposentadoria. Um empregado que ganhe R$ 15 mil mensais, contribui para o INSS pelo máximo da tabela, ou seja, ele está pagando para, quando completar o tempo e a idade, aposentar-se com um valor de aproximadamente R$ 5 mil por mês, talvez um pouco menos dependendo de sua média de contribuições. Porém, quando transformar-se em pessoa jurídica, existe o risco de cair no erro de não contribuir mais ou de fazê-lo no modo econômico, de um salário mínimo por mês, remunerando-se pelo lucro apurado em contabilidade, que em princípio é isento de IR e de contribuição para o INSS.

Numa empresa tributada pelo MEI, o ex-empregado obrigatoriamente contribuirá com um salário mínimo, somente um salário mínimo, independentemente de poder faturar R$ 4 mil por mês. Numa empresa tributada pelo Super Simples, ele estipulará o valor do seu pró-labore, que é a parte que conta para efeito de contribuição previdenciária, contribuindo com 11% sobre o valor estipulado. Se a empresa do ex-empregado acabar no sistema normal de tributação (lucro presumido, arbitrado ou real), além dos 11% pagará a contribuição parte empregador, de 20%. 

Imposto de renda continua incidindo da mesma forma sobre os valores.

O ideal é que o funcionário que se transforme em pessoa jurídica avalie bem sua situação. Se ele estiver próximo de se aposentar, deve manter a contribuição que já praticava, por mais caro que isso seja. Se ele ainda tiver muito tempo antes de se aposentar, pode, dentro das regras atuais, contribuir algum tempo com um salário mínimo, muito embora haja consequências em outros aspectos, como no caso de auxílio-doença ou auxílio-maternidade.

O que não pode é acreditar que transformar-se em pessoa jurídica, mesmo com aumento de remuneração não terá consequências futuras.

Aqui, no meu escritório, sempre que aparece um caso assim eu trato de instruir a pessoa no sentido de proteger sua carteira previdenciária. Transformar-se em pessoa jurídica não pode ser apenas uma vantagem para o empregador que se livra de certos custos, nem um alívio da carga de trabalho do empregado que passa a ter mais tempo livre ou menos obrigações (muito embora há casos de transformação em pessoa jurídica para burlar regras trabalhistas).

Previdência e aposentadoria são assuntos espinhosos que, em verdade, só tem sido tratados com cuidado no Brasil há pouco mais de 10 anos. Com as novas regras previdenciárias que certamente virão com a(s) reforma(s) que se aproxima(am), o cidadão terá se pensar na sua aposentadoria desde o primeiro dia de trabalho, o que vai significar fugir da informalidade e assumir o custo de planejar a velhice, que é muito mais importante do que casar, ter filhos ou comprar um carro ou uma casa. 

E isso passa por avaliar com cuidado a possibilidade de transformar-se em pessoa jurídica.

26 de jul. de 2016

CORITIBA: NOVO ESTÁDIO É DISCUSSÃO SOBRE O FUTURO



É sintomático. Quando em campo as coisas não vão bem aparecem propostas de construir um novo estádio ou de reformar o Couto Pereira, o que gera irritação na torcida não só pelo fato de demonstrar pouco foco na atividade-fim do clube, mas também porque geralmente acaba virando discussão vazia, que tempos depois cai no esquecimento, não sem antes haver a divulgação de desenhos e maquetes bonitos e entusiasmantes, que acabam em decepção.

Porém, o fato de todas as diretorias do clube nos últimos 30 anos terem prometido coisa assim sem cumprir, não pode excluir a discussão do assunto, porque ela é, em essência, uma projeção sobre futuro da instituição. 

Sim, é preciso que o Coritiba Foot Ball Club discuta de modo sério e objetivo o futuro do seu patrimônio, e que considere não só as opiniões da torcida, mas também dos sócios, dos conselheiros e dos diretores, além, claro, de pessoal qualificado para avaliar negócios e suas viabilidades.

Não se faz negócio sem objetividade. Negócios que projetam um futuro fantasioso, a partir de premissas falsas quase sempre dão errado. Negócios que consideram demais as paixões dos envolvidos, idem. Negócio é por definição, algo simples e direto, que considera o risco a partir de fatos e projeções objetivos, alheios às emoções.

Temos fatos objetivos já sabidos que podem ser trazidos à discussão:

a) Hoje, o clube tem como moedas de troca em um negócio como este, que não será inferior a 500 milhões de reais, a propriedade do CT Campina Grande, do CT Bayard Osna e do estádio, sendo que não pode ser desalojado dos dois últimos antes que uma nova praça esportiva e um novo CT sejam erguidos e entregues em plenas condições de uso. E quando cito isto, é porque estou excluindo de qualquer negócio o uso das verbas de TV, publicidade e bilheteria, que sustentam o clube e não podem ser carreadas para mais nada, sob pena de agravar a má-fase do futebol e inviabilizar o clube a partir do agravamento da situação da sua atual dívida.

b) O município de Curitiba não aprovará a demolição do Couto Pereira. A partir do noticiário havido quando do projeto da W-Torre, sabe-se que o município imporá restrições à construção de novo estádio no local. Fatores como o recuo em relação à rua e a proibição de atividades complementares terão impacto no modelo negocial, de modo que é mais fácil reformar do que erguer nova construção. Porém, isso afeta a viabilidade econômica do negócio, porque também já ficou claro que a região não comporta um shopping-center, um hotel, um centro de convenções e um estádio, todos concentrados ali. É sabido que a prefeitura vetou, porque a região não aguentaria o fluxo de tráfego, além de outros problemas.

c) Não se deve imaginar um negócio em Curitiba, a partir de premissas que valem para, por exemplo, os EUA. Nos EUA, o conceito de estádio afastado das áreas centrais das cidades considera que o evento esportivo é uma oportunidade de passar um dia agradável com a família, não apenas o torcer pelo time. No Brasil temos a cultura da vitória a qualquer custo. Assim, o torcedor chega no estádio mais ou menos na hora do jogo e, se o time está perdendo, sai até antes para ganhar tempo, ou seja, ele não vai ao estádio para experimentar a gastronomia ou passear com a família, ele vai ver o jogo e, se o time perde, vai sair dali o mais rápido que puder. Não há nenhum estádio no Brasil que se mantenha sem a necessidade de agregar pessoas que paguem mensalmente pelo direito de assistir eventos nele, e os shows e eventos são considerados como receitas extraordinárias, nunca fixas. Não há no Brasil, estádio que seja um lugar de entretenimento 7 dias por semana.

Claro que há inúmeros outros fatores, alguns deles indecifráveis, como por exemplo, a quantidade de público que a mudança de endereço ganharia ou perderia, o que aconteceria com as tradições da instituição que sempre se orgulhou de ocupar o "Alto da Glória", o sentimento em relação ao que muita gente (inclusive eu) viveu nas arquibancadas do Couto Pereira.

Eu penso que a mudança de endereço não diminuiria o amor pelo clube, nem a procura por acompanhá-lo. Muitos clubes tradicionais já mudaram de endereço e outros tantos nem estádio têm e nem por isso perderam torcedores, vide Grêmio (que já mudou-se duas vezes), Flamengo, Fluminense e mesmo Corinthians até pouco tempo. Se o clube estiver bem em campo, o torcedor o seguirá. 

E também imagino que um negócio bem feito terá reflexos positivos em campo, porque se der lucro, naturalmente haverá mais recursos para investir em futebol.

O que não podemos de modo algum, é excluir do clube e da comunidade Coxa-Branca a discussão sobre o assunto porque não gostamos da diretoria, porque temos desconfianças em relação ao Conselho Deliberativo ou ainda porque o clube está mal em campo. Também não podemos limitar o assunto às tradições e à intransigência de ficar no Alto da Glória porque nossos corações ficariam apertados com o fim do Couto Pereira. Se pensarmos sempre assim, o clube não evoluirá, porque desconfianças e boas lembranças sempre existirão entre os Coxas.

O mundo evolui, não é diferente com o futebol. Na década de 70, o gigantismo do Couto Pereira fez o Coritiba virar um clube de expressão nacional não só porque os Coxas pagavam ingressos, mas porque nossos rivais pagavam para jogar os grandes jogos em nossa casa. Hoje, isso não existe mais, o modelo de negócio tem que mudar, temos que viabilizar estruturas de treinamento modernas para as categorias de base, temos que criar fatores que aumentem a visibilidade da marca Coritiba e que impulsionem as vendas de produtos dela. É o futebol moderno, é o mundo de hoje que se impõe. É a competitividade que caracteriza o tempo em que vivemos que nos obriga a discutir essas coisas, sob pena de simplesmente desaparecermos do mercado.

A alternativa à isto é simples: voltemos ao amadorismo, renunciemos a tudo o que é moderno e profissional e aceitemos um clube tradicionalíssimo, que jogue apenas torneios suburbanos.

A discussão tem que ter menos paixão e mais objetividade.

25 de jul. de 2016

A VIOLÊNCIA BRASILEIRA DESCONTROLADA



Mais de 50 mil assassinatos por ano, tiroteios, mortes e ferimentos causados por balas perdidas, explosões de caixas automáticos, assaltos cinematográficos a bancos e transportadoras de valores, guerras entre traficantes, pichações  por todos os lados, manifestações políticas que vandalizam patrimônio publico e privado e que ofendem os valores mais básicos de pura e simples educação ao estar em publico, brigas entre gangues de rua, desrespeito às mais básicas regras de convívio social, violência contra mulheres, explosão de casos de pedofilia, homofobia, racismo, xenofobia, maus tratos a animais, separatismo político, abandono de idosos, trânsito caótico e mortífero, corrupção generalizada em todas as esferas da administração pública, tráfico de drogas, de armas, de escravos, de crianças e de animais silvestres.

Uma guerra civil não declarada. Absolutamente nada no Brasil está livre da violência descontrolada causada pelo excesso de leis paternalistas que consideram o bandido como uma vítima da sociedade, não como um destruidor dela, com direito aos mais variados recursos, à prescrição e à todo tipo de perdão, e inclusive, com o direito de culpar a vítima, com a possibilidade de algum parlamentar lhe tomar as dores.

No Brasil o indivíduo abre o porta-malas de um carro de som em frente de um hospital as 3 da madrugada e promove uma "rave" com muito álcool e drogas. Se instado a acabar com a baderna, ele agride a pessoa que pediu clemência pelos adoentados, e, na remotíssima possibilidade da intervenção da polícia, nem preso ele vai. e, quando é chamado à Justiça, paga pelo crime com uma cesta básica doada a algum miserável escolhido pelo juizado especial.

E nossos maiores astros do "show biz" promovem o álcool, o consumismo, o sexo irresponsável e a pura e simples destruição da infância, querendo tornar adultos o mais rápido possível as crianças que serão futuras consumidoras de lixo supostamente cultural como o funk e o sertanejo universitário.

O Brasil está nessa situação porque simplesmente não cultua mais nenhum valor, não adaptou seus conceitos morais à sociedade moderna e urbana. 

É o resultado de um sistema legal tão generoso que um indivíduo que planeja matar a esposa e o faz com requintes de crueldade, é condenado a 30 anos mas não passa mais que 6 em regime fechado e ainda é capaz de pedir a guarda dos filhos com enormes chances de sucesso. 

E décadas martelando na cabeça das pessoas que o policial é tão mau quanto o bandido.

E uma verdadeira obsessão em acabar com a família e com bons costumes, sob a alegação de que impedem que mulheres e homossexuais tenham seus direitos consolidados, 

E leis cada vez mais restritivas de direitos do honestos, como se criminoso tenha apreço por regras de qualquer natureza.

A violência no Brasil está descontrolada porque somos uma sociedade doente, que em certo momento escolheu defender o crime, achando que ele existe porque o país é socialmente injusto. É o resultado de décadas de pensamento ideológico socialista e marxista que não se adapta à uma sociedade eminentemente capitalista, com o resultado claro: o criminoso se prevalece das leis toscas e frouxas e do aparato político desconectado com a realidade por ranço ideológico.


18 de jul. de 2016

FAROL ACESO, FATURAMENTO ALTO




Não é surpresa nenhuma que, numa época de crise com as contas públicas em colapso, os governantes brasileiros inventem uma nova regra de trânsito, supostamente para "dar mais segurança" aos motoristas, multando pesadamente e até organizando "blitzes" para fiscalizar com rigor.

Farol baixo ligado durante o dia não era norma de segurança obrigatória, mas quase todo motorista sabia ser bom e que pouco custava fazê-lo. Eu, particularmente, sempre deixava os faróis ligados em rodovias, e a maioria dos motoristas passou a fazê-lo agora. 

Mas é fato, os governos brasileiros queriam pegar os distraídos, não porque eles não cumpriram a regra, mas porque são presas fáceis para a sanha fiscalista e arrecadatória do Brasil, que joga dinheiro no lixo com olimpíada e copa do mundo, mas não é capaz de empreender campanhas eficientes de conscientização sem cair na tentação de arrancar mais dinheiro dos otários para pagar auxílio-moradia para alguns nababos.

Se o governo brasileiro tivesse um mínimo de seriedade, teria instituído essa regra uns 5 anos atrás (ou, melhor, já com a promulgação do Código Nacional de Trânsito em 1997), obrigando as montadoras a fornecerem veículos que acionem os faróis tão logo seja dada ignição. Em 5 anos, ficaria algo tão comum que ninguém mais esqueceria.

Mas é óbvio que a intenção não é nem nunca foi dar segurança a quem quer que seja. Os governos brasileiros desprezam o cidadão, para eles, só há 4 tipos de pessoas que devem ser protegidas: os políticos, os altos funcionários públicos (juízes, promotores, auditores fiscais, etc...), os grandes empresários e as celebridades do futebol e do show bizz. Todos os demais são LIXO que só servem para pagar impostos cada vez mais altos e serem multados por regras estúpidas como esta, para que os governos façam caixa em época de vacas magras.

O farol aceso não é diferente do kit de primeiros socorros, caça-níqueis utilizado pelo governo Sarney, nem daquela regra do novo extintor que, de tão inútil que era, acabou levando à desnecessidade do equipamento nos automóveis, não sem antes multar uma horda de motoristas, porque faltava uma letra "a" na identificação do equipamento do seu carro. 

Não se engane o leitor, a única intenção dessa regra foi arrancar uns quebrados da sociedade, dar mais uma aumentadinha na carga tributária para garantir as mordomias do andar de cima durante a crise

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11 de jul. de 2016

PORTUGAL NA EURO - A VITÓRIA DO FUTEBOL COMPROMETIDO



Tantos empates e tantas prorrogações denotam, sim, um futebol pragmático, mas o diferencial da seleção verde-rubra foi o comprometimento, coisa que os pragmáticos da bola nem sempre praticam.Vivenciamos uma época de futebol por demais pragmático que sinceramente não me agrada, mas não se pode dizer que Portugal foi campeão apenas porque carregou o regulamento sob o braço. 

Falar em futebol pragmático e comprometido me lembra o Felipão. Sim, aquele Felipão multi-campeão pelo Grêmio, campeão da América pelo Palmeiras, campeão do mundo pela Seleção Brasileira e que elevou o futebol de Portugal a um patamar que não se imaginava. O Felipão mau-humorado, agitado e grosseirão que não admitia choro. O Felipão zagueirão pesado do interior gaúcho, não o paizão sentimental da Copa de 2014, muito menos aquele que, ao voltar para o Grêmio, declarou também necessitar de carinho.

Portugal teve muito comprometimento ontem e durante o torneio. 12 anos passados da derrota traumática na Euro que jogou em casa, era nítido que nossos patrícios portugueses jogavam com sangue nos olhos, acreditando em todas as jogadas, doando suor, deixando as lágrimas para outra hora, mesmo sabendo não serem favoritos e inferiores. 

Cristiano Ronaldo, craque afamado, übersexualpop star da humanidade saiu de campo mas não do jogo. Preferiu o banco, engolir as lágrimas e suportar a dor. Nada de chuveirinho mais cedo, nada de terno  e tribuna de honra, nada de "tô nem aí, sou milionário" como visto frequentemente nos campos do Brasil de Felipão.

E o jogo foi correndo, e a diferença técnica foi diminuindo na medida em que Portugal barrava o avanço da fabulosa seleção francesa embalada pela Marselhesa nas vozes dos seus concidadãos, no templo em que foram multi-campeões.

E ao lado do campo, Cristiano era um Felipão dos bons tempos. Navegar era preciso, e mesmo fora do jogo berrava, gesticulava, mandava fazer falta, xingava os companheiros e praguejava a torto e direito. Era o jogo da sua vida, era a vida do seu jogo que estava em disputa. E Portugal, que jogara três prorrogações, aos 10 do segundo tempo do prolongamento parecia estar inteiro, enquanto os (ótimos) franceses tropeçavam nas próprias línguas e já não conseguiam mais trocar passes precisos.

O futebol pragmático de Portugal avançou na Euro aos trancos e barrancos. Não jogou bonito, foi pro gasto. Mas jogou comprometido, porque além da vontade de vencer teve um líder. Aqui no Brasil o chamaríamos de marrento ou mascarado, mas um líder que engoliu as lágrimas e distribuiu "pqps!" inspirando os companheiros. Um líder sensibilizado pelo semblante preocupado dos compatriotas nas arquibancadas, que saiu do campo mancando para entrar na história do futebol do seu país - o grande líder de uma grande batalha onde viver não era preciso.

Foi épico. 

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...