3 de nov. de 2010

A IRRELEVÂNCIA POLÍTICA DO PARANÁ


Dono do 5º PIB estadual do Brasil, do segundo porto mais importante e do terceiro maior destino turístico com uma capital que é referência nacional em urbanismo e qualidade de vida. Líder na produção agrícola, bem colocado na produção de carnes, detentor de um parque industrial considerável especialmente na agroindústria e na área automobilística, corredor de importações do Paraguay, detentor de duas das mais completas universidades do Brasil (UFPR e PUC-PR) e maior produtor brasileiro de energia elétrica, o Paraná está para o Brasil como o Japão para o mundo: rico, mas irrelevante em termos políticos.

Seja quando o governo é conservador, como o de Fernando Collor, seja quando o governo é dito progressista, como o caso de Lula e como, aparentemente, será o de Dilma Roussef, o Paraná não consegue transferir seu peso econômico para a política.

O paranaense que chegou mais perto da presidência da república foi o ex-governador Ney Braga, que foi ministro da educação no governo Ernesto Geisel. Fora isso, mesmo os políticos mais relevantes da terra, como José Richa, Jaime Lerner e Roberto Requião, nunca passaram de curiosidades políticas nos palácios brasilienses, onde há um ou dois paranaenses lotados em tribunais superiores e apenas o ministro Paulo Bernardo em um cargo realmente influente da administração federal, o planejamento.

É certo que a tradição conservadora do estado diminui suas chances de emplacar nomes em governos ditos de esquerda. Mas conservadorismo não é algo ruim, porque sua interpretação depende muito do momento histórico e econômico que se vive. E mesmo conservador, o Paraná foi irrelevante por exemplo, no governo Fernando Collor.

O estado viveu nos últimos 8 anos um governo que se dizia de esquerda e alinhado ao governo Lula, mas não foram raras as vezes que seu governador flertou com o PSDB de José Serra ou Geraldo Alckmin e depois rifou o seu passe na composição da chapa de Osmar Dias, derrotada na corrida estadual justamente pela heterogeneidade e pelo que nós chamamos aqui de "autofagismo", aquela coisa de não ser nada mas invejar o alheio e atrapalhar o sucesso deste, seja impedindo composições, seja se impondo acima dos interesses alheios.

E há pouca probabilidade desse quadro mudar no curto prazo. Na composição do novo governo estadual, acorreram para as hostes tucanas todos os aliados de primeira hora do governo Requião com intuito claro de manter-se no poder e mais do que isso, de não mudar a forma de fazer política em terras paranaenses. Ou seja, o autofagismo continuará forte na terra das araucárias.

A esperança do estado em ter mais importância e consideração política nacional estaria numa renovação do PSDB, com aumento da importância de novas lideranças como Aécio Neves e Aluísio Nunes, incluindo o governador eleito Beto Richa. Mas o fato deste dirigir-se a passos largos para recepcionar de braços abertos a turminha do PMDB que bancou o péssimo governo Roberto Requião, marcado por 8 anos de estagnação política, deixa parecer que as coisas não evoluirão de novo, o estado continuará rico, pujante, mas com influência política quase nula.

7 comentários:

  1. Nossa região sofre de algo parecido FB. Minha esposa é a que mais critica a inércia politica da região.

    Aqui temos em média 350.000 habitantes. Destes, talvez, por baixo, 65% são eleitores, e nos últimos 20 anos, não se consegue eleger um deputado por conta das divisões politicas e uma quantidade de candidatos que divide os votos e nenhum deles se elege.

    Por outro lado, não temos obtido melhorias com o alinhamento politico. A maioria da câmara apoia o prefeito. O prefeito é do mesmo partido e coligação do Governador e também do presidente atual e da eleita, no entanto, a região não tem sido beneficiada por este alinhamento.

    Quando alguém reclama, minha esposa responde:
    - A maioria quer assim. Vocês quiseram assim. Você que vota não está contente, imagine nós outros. Minoria!

    Falta a nós e a vocês essa representatividade politica. Empenho por parte dos eleitos em defender os interesses da região, da cidade, da UF que ele representa.

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  2. O fisiologismo vicia. Não sei se é bem esse o caso de pessoas e partidos aí do PR mas, acho pouco. Os políticos de estados pujantes como o seu devem saber valorizar seu prestigio no cenário nacional. E saber reinvidicar tambem seus modelos de gestão.

    Não devem se ater unicamente às políticas de baixo nível como as executadas recentemente pelo PSDB nas eleições, ou àquelas meramente ridiculas. Os políticos influentes devem pensar grande.

    PE não é assim como o PR, mas caminha com melhorias. É consenso por aqui que precisamos de um novo jeito de fazer políticas, que olhe para o futuro e não para o passado.

    Do PR, acompanhei a trajetória de Jaime Lerner quando na época da privatização do banestado e da telepar. Até hoje, ele ainda me parece o político mais sensato.

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  3. Se existe um cara que eu não tenho nenhuma simpatia é Roberto Requião.

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  4. Uma perguntinha, Roberto Requião é parente do comercialista Rubens Requião?

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  5. Maia,

    É sobrinho do comercialista Rubens Requião.

    Eu estudei na UFPR, onde Rubens Requião é nada menos que um deus, é um dos ícones da nossa faculdade de direito, juntamente com os juristas de primeiro time que são e foram José Lamartine Correia de Oliveira (civil), Renê Dotti (penal), Egas Dirceu Muniz de Aragão (processo), João Régis Fassbender Teixeira(trabalho) e ainda com o médico Dante Romanó, que ministrava medicina legal.

    Tive a oportunidade de trabalhar numa pequena biografia de professores da casa e consta que, quando colegas foram entrevistar o Rubens Requião, ele nem queria ouvir falar do nome do sobrinho que então era governador. Ficou a impressão de que simplesmente detestava a figura do parente que foi seu aluno na mesma casa.... mas isso, bem dito, é boato.

    Dessa turma toda que citei, fiz a biografia do Egas e tive aulas com o Dotti e com o Fassbender Teixeira... mas isso, escrevo apenas por narcisismo meu...

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  6. Parabéns, Fábio, você teve bons professores. No wikipédia praticamente não existe nada sobre Rubens Requião, nem mesmo a indicação de que faleceu, apesar do texto se referir a ele no passado. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rubens_Requi%C3%A3o.

    Outro jurista que tenho admiração é o processualista Egas Moniz de Aragão.

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  7. É falecido, sim, Maia.

    Acho que há uns 10 anos.

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