8 de nov. de 2007

DESPEJANDO BACHARÉIS EM COISA NENHUMA



Ontem eu tentava convencer uma amiga a incentivar a sua irmã em desistir de cursar direito, incentivando-a a abraçar uma carreira tecnológica, como física, química, geologia, engenharia mecânica e florestal, biologia, eletrônica e muitas outras.

Hoje, para minha surpresa, meu irmão, que trabalha em RH, comentou de um artigo que leu, segundo o qual no Brasil sobram milhares de bacharéis em administração, ciências contábeis e direito e faltam, de modo quase desesperador, profissionais nas áreas tecnológicas, que são importados de outros países, mesmo com o desemprego nacional mantendo-se na faixa dos 9 a 10% da força de trabalho.

Isso é fruto da estupidez nacional, da falta de marco regulatório e da ganância de empresários do ensino.

Abrem-se dezenas de novos cursos universitários por mês no Brasil, e mais de 90% deles na área de humanas, por uma razão simplíssima: cursos de administração, ciências contábeis, marketing, economia e direito são baratíssimos de ministrar, de modo que qualquer um desses centros universitários furrecas que encontramos por aí hoje em dia, oferta todos eles com a certeza que os incautos não saberão distinguir um deles de uma universidade verdadeira.

Aqui na minha região, há centros universitários usando o prefixo "uni" em seu nome.

Um pior que o outro, com sua publicidade agressiva e demagógica, contratando mestres e doutores de segunda linha (formados no mesmo esquema de proliferação de mestrados e doutorados sem a menor qualidade) e em alguns casos, nem pagando em dia e condignamente os professores que contratam.

O curso de direito então é um campeão de audiência. Curitiba e região tem mais cursos de direito que o estado da Califórnia, e o sul do Brasil, mais que os EUA inteiro.

Uma vergonha! As pessoas entram numa instituição podre destas, pagam uma fortuna para conseguir um diploma em que o próprio nome da instituição afasta a credibilidade da formação e depois, ou ficam a choramingar pela falta de competência em passar no exame de ordem, ou não arranjam colocação num mercado saturadíssimo ou, ainda, aviltam a profissão, forçando que a remuneração caia para todos. E o mesmo acontece em diversos outros cursos simples de ministrar, que não precisam de métodos de ensino e pesquisa, laboratórios, visitas e treinamento de campo.

Deixa-se milhões de jovens no desemprego porque os "empresários" do ensino não querem investir nada e tirar o dinheiro que gastam em prédios suntuosos e publicidade agressiva o mais rápido possível dos otários, cuja formação de qualidade dependerá só deles, porque a faculdade não lhes dará nada de bom a refletir.

Mas faltam geólogos para trabalhar no setor de commodities (mineração), químicos, físicos, matemáticos, engenheiros e pesquisadores de um modo geral, para desenvolver novos produtos para a indústria.

Isso é falta de marco regulatório, porque a abertura das faculdades é autorizada por critério político e não técnico. Em Curitiba existem 20 ou 25 faculdades de administração, bem analisando, 10 dariam conta da demanda, o que significa que os estudantes de 15 delas ficam apenas com um diploma na parede. Se os estudantes dessas 15 estivessem na área tecnológica, conseguiriam colocação mais rápido e ganhariam mais que os administradores. Mas o sistema incentiva o jabá e os cursos baratos de ministrar.

É preciso rever esse sistema. Se o Brasil quer mesmo distribuir renda, precisa desafogar o mercado de algumas profissões e suprir a demanda por gente que exerce outras.

E, claro, fechar e colocar na cadeia alguns desses "empresários", que vendem cursos superiores via internet ou por satélite, ou de fim de semana, iludindo gente honesta, conquanto desavisada.

PS: Não estranhem os leitores se os comentários do Haloscan demorarem a entrar na tela. Estarei viajando neste fim de semana a partir da sexta-feira e, embora vá procurar internet para atualizar o blog, posso não encontrá-la.

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