28 de ago. de 2007

POR QUE O BRASIL PRECISA DE DEFESA?

Faço um comentário adicional a uma matéria da revista ISTOÉ desta semana, reproduzida no site Defesanet:

Há quem diga que o Brasil não tem inimigos e, portanto, não precisa investir nas forças armadas. Há quem nem goste de pensar em investir em equipamento das forças armadas, com medo que elas ponham a tropa na rua como já aconteceu algumas vezes na conturbada história republicana do país.

Esse receio político contra as forças armadas não faz mais sentido, porque o mundo em que vivemos hoje não é o mesmo da década de 60. A dita "regra democrática" impede que se instaure na maioria dos países relevantes do mundo um regime militar. E quando digo relevantes, cito países cujos títulos públicos são negociados nos mercados financeiros, países sujeitos a sanções econômicas não de entidades pouco eficientes como ONU e OEA, mas sanções dos mercados, que geram prejuízo imediato e grande desgaste político a governantes que não consideram essa equação.

Podem perguntar, e a Venezuela?

A Venezuela não é um país relevante. Seu único produto de exportação é o petróleo que ela vende para os EUA sem pestanejar. Seu mercado consumidor praticamente não existe mais e a única empresa de lá com relações internacionais é a estatal PDVSA. Enquanto a Venezuela continuar vendendo petróleo barato para os EUA, não terá relevância nenhuma para os mercados financeiros a quem pouco importa quem seja o ditador de plantão.

O Brasil, por sua vez, é um país de economia diversificada com empresas multinacionais, um dos maiores mercados consumidores do mundo, grande importador e exportador. Não há paralelo econômica entre o Brasil e a Venezuela.

O fato é que equipar bem as forças armadas e ter um programa estratégico de renovação constante dos seus meios agrega tecnologia e conhecimentos ao país, que geram riquezas em outras áreas. O programa AMX, por exemplo, possibilitou a EMBRAER a criação da família de E-Jets, EMB 145 a 195, exportados para o mundo todo em negócios que chegam a bilhões de dólares e é sabido que é muito melhor exportar aviões que minério de ferro, dado o valor agregado.

Investir em armamentos é uma estratégia econômica de todas as nações efetivamente ricas. A pequena Suécia, por exemplo, detentora de indústrias eletro-eletrônicas poderosas todas elas trabalhando em conjunto com o setor militar. Basta dizer que a Suécia mantém há décadas uma indústria aeréa própria, voando em aviões "Vigen" ou "Gripen", ao invés dos americanos F16 ou franceses Mirage. Tá certo que há componentes estrangeiros nas aeronaves, mas o fato é que há uma indústria própria.

Dizer que o Brasil é pacífico e não tem inimigos também não é desculpa. Riquezas nacionais têm sido roubadas das Amazônias (a verde e a azul, nossos mares territoriais), e há uma necessidade premente de proteção destas riquezas, além das reservas petrolíferas e das fronteiras. O Brasil pode não ter inimigos, mas não pode virar território aberto para marginais, como o que está acontecendo com grupos traficantes.

Um programa de reequipamento das forças armadas, que preveja troca de tecnologia com os fornecedores e produção própria aqui, só traria benefícios para a economia do país, gerando empregos, receitas tributárias e progresso econômico. As forças armadas não são inimigas da democracia, são uma parte importante de um conjunto econômico que se quer consistente.

24 comentários:

  1. Caro Fabio,

    Gostei do comentário, esta na hora de protegermos nossas fronteiras contra traficantes e membros de movimentos revolucionarios (FARC). Concordo contigo nesse ponto, mas discordo quanto a necessidade de se produzir equipamentos aqui. Por exemplo, por que gastar tempo e dinheiro para produzir um aviao do tipo do AMX? Vamos usar nossos recursos, que sao escassos, para produzir os bens em que somos bons e produzir. Com o dinheiro da venda desses bens (e com os tributos gerados por eles) o Estado brasileiro poderá melhorar a qualidade de suas forças armadas.

    Abraco
    Adolfo Sachsida

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  2. Filho
    Concordo em parte, mas acho que o comentário do blog do adolfo é a síntese do que o Brasil precisa. Modernizar nossas forças armadas é questão de segurança nacional, especialmente em relação à Amazônia e nosso litoral. Mas antes de fabricarmos armas, devemos implementar nossa infra-estrutura: estradas, ferrovias, aeroportos, água e esgoto, saúde pública, educação e segurança. Posso falar de forças armadas, na condição de terceiro sargento da reserva do Exército Brasileiro.
    Só discordo do Adolfo quanto à expressão "recursos escassos". O PAC está aí para demonstrar que recursos existem e só não são utilizados porque os nababos de Brasília não querem e porque os próximos anos devem servir para perpetuar as maracutaias vigentes
    Teu pai - rxmayer@uol.com.br

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  3. Ainda existe algum cândido a dizer que não precisamos de Forças ARmadas? Só doido.

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  4. Sinceras felicitações,FABIO.
    Até que enfim vejo alguém entendendo a necessidade de equiparmos nossas forças armadas sem terem medo que a coisa "vire" contra a democracia.
    Grande abraço!!

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  5. Fábio, você terminou de acabar com o Hugo Chávez, com muita justeza, por sinal.

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  6. Concordo 100% com voce (uau, acho que eh a primeira vez, ne?).

    :-)

    Ainda mais com a Venezuela se armando ate os dentes...

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  7. Interessante e inteligente o post, Fábio. Pessoalmente, eu torço para que todas as forças armadas (e as armas) se tornem anacronimos, mas sei que isso dificilmente ocorrerá, de forma que elas são uma desagradável necessidade. Só não vejo necessidade, por exemplo, de mandar nossos jovens para morrer no Timor, ou outros lugares distantes... :(

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  8. Meu amigo, o problema mais grave da Suécia e fazer o povo preguicoso sustentado pl estado ir trabalhar. Mendigagem e pobresa eles só conhecem pl TV. Ah sim, claro... tem... mas nao se compara com Brasil. Nao me agrada ver recursos sendos colocados em armamentos e contrucoes de avioes quando temos tantos outros problemas a serem resolvidos. Gera emprego? Ok... mas a que preco

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  9. Isso aí! Não vejo mesmo como o Brasil voltar à ditadura militar, ainda mais se tratar das diversas leis que já se arraigaram na cultura nacional, bem como convenções e tratados internacionais em que o Brasil se obrigou perante outros Estados soberanos, protegendo o Estado Democrático de Direito...

    Mas, sinceramente... pode ser ignorância minha, já q não tenho lido o jornal com a frequência q deveria, e talz... o que as Forças Armadas representa para nós? Tá, um Estado se mantém soberano graças às Forças Armadas... mas não me parece q há grandes necessidades de investimentos neste ponto.

    Pra mim, o pior do Brasil é o brasileiro mesmo, com suas indústrias madeeiras destruindo nossas florestas e comercializando madeira ilegalmente; com seus traficantes sempre mto bem aparelhados. De vez em qdo, o Exército sai às ruas, se entranhando nas favelas, pra botar ordem na casa... mas isso ainda é mto raro.

    Acho q as Forças Armadas já está mto bem aparelhada, com seus membros recebendo mto bem, sempre em constante preparação. Isso o q importa, né mesmo?

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  10. mutumutum,

    Eu discordo plenamente do que você escreveu, as FA estãoi numa m... como poucas vezes na história e desguarnecidas as fronteiras, até madeira da Amazônia está sendo contrabandeada livremente.

    De qualquer modo, volte sempre aqui, sempre será bem vindo!

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  11. O Brasil é uma nação amiga, que não se mete nos problemas dos outros. Porém os nossos governantes fazem vistas grossas aos nossos problemas internos também.

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  12. ZEPOVO
    Concordo, todo país livre tem que garantir defesa de seu território.No caso do Brasil com longas fronteiras secas em território de floresta e pantanal só c/ radares e Força Aérea eficiente. A industria bélica sempre gerou e sustentou desenvolvimento tecnologico nos paises desenvolvidos.Muitas empresas americanas, hoje potencias mundiais, começaram como fornecedoras de material bélico.
    Acho que depois da Ditadura os militares se recolheram à caserna,mas já esta na hora de voltarem a influir nos destinos do País,democraticamente e lutando por garantir o necessário para nossa defesa.

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  13. Fábio, além de tudo o que diz em seu post, gostaria que você desse uma olhada nos planos do Chavez veja o link http://sopabrasiguaia.blogspot.com/2007_08_28_archive.html

    Deixar do jeito que estão nossas forças armadas é dar arrumar prá cabeça logo logo. Abraços

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  14. É, as FA estão mesmo uma sucata.Pena que esta não possa ser privatizada, né? he he he !

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  15. Flavio, o Brasil quer fazer parte do Conselho de Seguranca da ONU. Se quer mesmo, tem que participar mandando efetivo. Por isso o Timor Leste e o Haiti. Alias, eh um belo trabalho que as nossas forcas armadas estao fazendo no Haiti.

    Ah, e isso serve como propaganda tambem para o pais virar pelo menos um lider regional.

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  16. Barbaridade dizer que as forcas armadas sao bem remuneradas. Hahahahahaha. Ja viu o perfil da soldadesca? So tem gente das classes mais baixas da populacao, que estao la para ganhar uma graninha. Nao ha mais escola (decente) de oficiais. Acabou.

    Alias, alem de nao terem um efetivo decente, nao tem material decente tambem nao. Nem cacas, nem navios, nem submarinos, nem armamentos, nao tem nada.

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  17. Achei isso no blog da Lilica e achei legal. Estou colocando nos comentários dos blogs que tem engajamento político e, claro, que não poderia deixar o seu de fora:

    Dirceu mandava em Delúbio
    que tramava com Valério
    que pagava Valdemar
    que foi denunciado por Jefferson
    que incriminou Genoino
    que não entregou ninguém.
    Dirceu foi para a planície,
    Delúbio para a fazenda,
    Valério mudou o penteado,
    Jefferson ficou sem mandato,
    Genoino perdeu a pose, e
    O STF, que não estava na história,
    pôs todos no banco dos réus.

    Um abraço, meu amigo!

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  18. precisamos sim e muito das FA que infelizmente estão depauperadas, as nossas fronteiras estão abertas para a invasão do banditismo de todos os tipos

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  19. Todos os paises do mundo, incluindo o Brasil,precisam de defesas..os outros estao ai para tomar o que os outros tehm.

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  20. Alguém imagina um país sem FA??? Isso não existe!

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  21. O pessoal esquece que tem uma amzonia rica e que se dermos bobeira já era. Hoje em dia mesmo já está risível a intervenção brasileira por aquelas bandas.

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  22. PS: Achei maneiro teu pai opinando.

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  23. Anônimo1/9/07 20:35

    Caro Fábio:

    Nessa nova visita, aproveito para registrar o comentário e ingressar um pouco no debate sobre essa questão.

    Justifico, de antemão, meu posicionamento como idealista do multilateralismo nas relações internacionais (área na qual atuo acadêmica- e profissionalmente).

    Entre todos os excelentes registros aqui deixados, o de seu pai, Rupert, foi o que mais me agradou.

    O velho conceito de soberania nacional está sendo substituido pelo ideal de integração dos povos, respeitadas as heranças culturais. O mais visível e avançado exemplo prático desse argumento espelha-se na União Européia.

    O conceito de paz, em toda a história da humanidade, sempre concorreu com o da "pax". A caracterização dessa última encontra espaço no Império Romano e na atuação americana, durante o século passado.

    Depois da Queda do Muro e dos ataques ao WTC imaginou-se que a paz poderia ser alcançada através de uma nova primavera dos povos, unidos pelos ideais democráticos, da integração comercial e do combate ao terrorismo, momento no qual o comunismo soviético, munido de poderio bélico atômico, era extinto.

    Infelizmente, a guerra do Iraque e o conseqüente fortalecimento do terrorismo acabou com as novas esperanças.

    Na América Latina o inimigo não assusta tanto: cartéis de drogas (incluindo o Rio de Janeiro) e guerrilhas (como as FARC) talvez sejam a maior ameaça. Some-se a isso a nova ditadura da Venezuela, que investe firme na missão de fazer prosperar a "idiotice" chavista.

    O governador do Rio de Janeiro esteve, recentemente, na Colômbia para conhecer o exitoso progresso do presidente Alvaro Uribe no combate à criminalidade urbana. Infelizmente, o governo federal não quer nem saber do plano.

    Assim, lamentavelmente, ainda será necessário investir em armamentos para nos defendermos do crime, do tráfico de drogas e, eventualmente, de iniciativas absurdas como aquela que caiu no esquecimento, mas foi ensaiada por Evo Morales, de tentar retomar o Acre.

    O investimento em armas é um retrocesso do qual não nos livraremos tão cedo - por necessidade.

    Fábio Mayer, esse foi mais um sábio artigo, entre tantos outros que escreve em seu blog. Parabéns!

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  24. Anônimo3/9/07 09:13

    Fábio gostaria de te dar os parabéns pelo seu blog. Sempre tenho o maior prazer em ler seus artigos e concordo com a maioria deles. Mas esse tem um ponto em que discordo; acredito que as forças armadas precisem ser reestruturadas e tudo, mas não acho que a inovação tecnológica tenha que vir dai, pois já existem armas para se destruir o planeta, repito, o PLANETA diversas vezes e aumentar essa potência eu acredito que seria imprudência. É lógico que isso nos levaria a ficar atras militarmente falando de outros países, mas não creio na possibilidade de uma guerra entre nações por agora, e também não acredito que guerrilhas e traficantes tenham armamentos tão modernos que nos levem a modernizar ao máximo nossas forças armadas. É lógico que inovações militares já deram grandes contribuições à sociedade, mas acredito que essas inovalções tecnológicas deveriam vir de centros especializados para isso.

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