14 de mai. de 2007

PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E PROGRESSO

Aqui onde eu vivo, que é região de Mata Atlântica, ainda há muitas pedreiras exploradas sem qualquer critério devastando tudo à sua volta.

Até pouco tempo atrás, abriam-se novos veios tão logo esgotada a produção mais superficial, que, claro, é a mais barata. O resultado são centenas de áreas estéreis, onde não cresce nem capim-gordura, cuja exploração acabou sem aproveitar todo o potencial produtivo, prejudicando outros terrenos adjacentes, alguns invadidos por loteamentos irregulares.

De uns tempos para cá, para abrir pedreira é preciso plano de exploração, relatório de impacto ambiental e em certos casos, a compensação de reserva legal, que é um instrumento pelo qual troca-se a preservação de uma área, pela exploração em outra.

Guardada a crítica sobre a dificuldadec e demora do licenciamento, é um grande progresso numa região que foi simplesmente devastada, porque a indústria do cal, além de precisar de pedra em abundância, precisa também de lenha, matriz energética que só agora sofre alteração, visto que as indústrias rudimentares estão em extinção, dados os custos proibitivos.

Enfim, para ser minerador, é preciso antes de tudo profissionalismo e capacidade financeira.

É fato que as regras ambientais rígidas (e outros fatores empresariais, não apenas isso) causaram quebradeira de pequenas empresas e problemas sociais. Mas, hoje, o que se nota é que a indústria em questão recuperou a força, embora concentrada em empresas maiores e mais profissionalizadas, que necessitam de mão-de-obra mais qualificada (conquanto melhor remunerada) e ao mesmo tempo causam menos impacto ambiental e distribuem melhor a riqueza que geram.

É um sinal dos tempos. O mundo em que vivemos exige empresas profissionais e empregados qualificados. A tendência mundial da mineração é que ela fique concentrada em empresas altamente especializadas, que retiram a maior quantidade de minério possível com o menor impacto ambiental, tratando, inclusive, de medidas de reflorestamento e recomposição das áreas cuja lavra foi encerrada.

Aqui, havia centenas de pequenos mineradores e 90% deles não seguiam nenhuma regra ambiental, trabalhista, de segurança no trabalho ou de competição saudável. Cada um com uma pequena pedreira, carregando explosivos em porta-malas de automóveis e usando-os sem o acompanhamento de um profissional habilitado (o blaster), queimando a pedra sem qualquer critério, competindo uns com os outros de modo selvagem, aviltando o preço dos produtos, pondo em risco a vida de pessoas e devastando o meio ambiente. Se é fato que ainda existem alguns, também é verdade que a situação melhorou muito.

O que se tem visto nos últimos tempos por aqui, embora ainda de modo tímido, é que a tomada do negócio por empresas maiores gera menos empregos diretos, mas remuneração melhor. Isso transfere empregos para o setor de serviços, que usa mão-de-obra menos qualificada. Ao mesmo tempo, há um ganho de produtividade, pois vende-se um produto melhor ao mesmo tempo em que as fábricas são menos poluentes e não desperdiçam matéria-prima, e as frotas de equipamentos (caminhões, tratores, perfuratrizes) mais novas, economizando combustíveis.

Guardados os muitos problemas que ainda existem, é uma prova de que gestão ambiental é possível. Ainda não chegou o tempo em que o mundo possa prescindir de explorar recursos minerais, enquanto isso, se o fizer seguindo regras e buscando alternativas para causar o mínimo de estragos, o desenvolvimento econômico é garantido. O que não se pode, é render-se à histeria que temos visto em alguns lugares.

Enfim, é possível, sim, conciliar extrativismo com meio ambiente, desde que haja bom senso na aplicação das normas e que se entenda que elas alteram a situação econômica, como esse fenômeno de perda de empregos na índustria, transferindo-os para o setor de serviços. É apenas parte de um processo evolutivo.

PS:

Na barra lateral, a Coluna Prédica, do Jornal RaioX de maio/2007.

11 comentários:

  1. Muito interessante! Tinha notado que o número de "pedreiras" diminuiu consideravelmente aqui no estado do Rio. Algumas se encontram fechadas ou abandonadas...
    Em compensação, alguns municípios como Cantagalo, no centro-norte, vivem exclusivamente disso. E só tem empresa grande por lá.
    Um bom exemplo de como o mercado se adapta às exigências de uma legislação específica.

    ResponderExcluir
  2. É impressionante e interessante o ser humano... as vezes eu paro pra analisar o q a gente pensa ao desmatar florestas por exemplo, sabendo que estamos além de matando as árvores, matamos a nós mesmos, lentamente.... tsc tsc tsc.... bjokas!!!!

    ResponderExcluir
  3. As vezes acho que IBAMA e companhia estao atrapalhando o desenvolvimento mais do que protegendo...acho que as coisas tem que ser feita com respeito a natureza, mas nao podemos impedir o desenvolvimento de regioes pobres, como o Piaui, que ainda precisa ser explorado..Quanto a profissionalizacao? nao tem mais volta ou empresa e empregados sao profissionais ou a vaca vai para o brejo

    ResponderExcluir
  4. Tem razão.Sair da miséria com negócio próprio nunca mais.Hoje só com capital, cultura direcionada e muita buracracia.

    ResponderExcluir
  5. Infelizmente esses são os percalços cometidos pelos reacionários liberticidas em sua sanha assassina pelo lucro nas costas do povo trabalhador.

    ResponderExcluir
  6. Está certo. Necessário ter um a estrutura e um plano para se montar algo.
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. É essa conciliação que leva ao desenvolvimento sustentável.

    ResponderExcluir
  8. Infelizmente o homem ainda sofre com a cultura de exaurir pra depois entrar em desespero ao ver tudo árido. Enquanto não encontrarmos uma maneira racional de lidar com a natureza, estaremos nos condenando lentamente.

    Abraços.

    DB.

    ResponderExcluir
  9. Ola Fabio:

    Obrigado pelos comentarios. Seja sempre bem vindo.

    sds

    Mario

    ResponderExcluir
  10. Fabião, tem novidade para você no APOIO FRATERNO. To te esperando lá. Abraços, Mário.

    ResponderExcluir
  11. Vim lá do blog do Mário, conhecer seu canto.
    Com certeza o caminho é esse, há der trilhado. Sabemos que vamos levar ainda muito tempo para termos a situação totalmente definida e sermos exemplos, mas em algum momento tem que se dar o começo, que seja já,prá ontem.
    Um abraço

    ResponderExcluir

Não serão publicados comentários ofensivos, fora dos limites da crítica educada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...