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3 de nov. de 2008

OBAMA OU McCAIN?

Impossível negar a importância global de uma eleição nos EUA. E ao mesmo tempo, impossível deixar de admirar o processo democrático de lá, onde em mais de 200 anos as eleições presidenciais repetiram-se quase que religiosamente a cada 4, com uma única alteração substancial de regra, a ocorrida quando resolveu-se impedir a reeleição indefinida do chefe do executivo.

É fato que a democracia americana não é perfeita. É comum que o candidato mais votado nas urnas não seja eleito presidente em razão do colégio eleitoral que define o pleito, criado por motivos vários, entre eles, o fato do país ser uma federação e buscar impedir a excessiva influência de apenas um estado nas decisões nacionais.

Também se constatou nas últimas décadas um aumento exponencial nos custos das campanhas, o que impõe aos candidatos, além dos atributos políticos, a capacidade de agregar recursos financeiros.

Apesar de dezenas de candidatos de pequenos partidos espalhados pelo país e muitas vezes concorrendo apenas dentro de um ou alguns estados, os EUA escolherão amanhã entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain.

Eu já escrevi que, como brasileiro, se tivesse o direito votaria em McCain, porque historicamente os republicanos defendem o livre comércio, impostos menores e liberdade econômica, que são valores favoráveis aos parceiros comerciais dos EUA.

Mas se americano fosse, votaria em Obama em razão da necessidade premente de rever os conceitos de política externa do país, marcados nos últimos 8 anos pela influência radical dos "neocons", que após os atentados de 11/09/2001 passaram a defender um intervencionismo excessivo do país, com gastos militares irreais mesmo para ume economia tão poderosa quanto aquela.

Sem contar que vivemos uma época em que é certo que haverá mais regulamentação sobre mercados financeiros, tarefa para a qual, assim entendo, os democratas são mais qualificados.

Obama tem seu calcanhar de aquiles na pouca experiência política. É senador de primeiro mandato num partido cujas divisões internas são grandes, muitas vezes implicando posições irreconciliáveis que já implicaram na derrota em várias eleições presidenciais. Apesar de sua sólida formação acadêmica (Colúmbia e Harvard), Obama terá dificuldades em lidar com isso, até por ser um representante de minorias raciais, o que certamente aumentará o tom dos debates internos no partido Democrata.

Já McCain tem duas pedras no sapato. Sua idade avançada e a candidata a vice, Sarah Palin. Ela é uma radical "neocon" que lhe foi imposta na tentativa de reagregar o partido que tradicionalmente entra unido no pleito presidencial, mas que em 2008 está dividido, em razão dos equívocos das políticas interna e externa do governo George W.Bush. Os analistas entendem que, dada a idade de McCain, aumenta a probabilidade de Palin assumir suas funções, o que preocupa boa parte do eleitorado, dado sua pouca experiência aliada justamente ao radicalismo do seu discurso tanto sobre direitos civis, quanto política econômica interna e política externa.

Amanhã, os americanos decidirão quem vai governá-los durante uma tormenta em que sua influência global é seriamente contestada. Além disso, a própria candidatura de Obama indica a efervescência das tensões raciais de um país multiculturalista, que aceitou imigrantes de todas as partes do globo, mas que nem sempre lhes deferiu poderes políticos, apesar de contar com sua força de trabalho na construção da superpotência que é. Os EUA votam durante um hiato, em que tanto podem reafirmar sua liderança econômica, política e militar do mundo, quanto podem começar a repassá-la para a China.

30 de set. de 2008

CONGRESSISTAS E ESPECULADORES

E o "Plano Paulson" foi rejeitado pelo Congresso dos EUA.

É certo que dado o processo eleitoral daquele país, a discussão da matéria foi acirrada e dotada de grande carga ideológica. Muitos republicanos imaginaram que, aceitando a intervenção bilionária do Estado na economia, estariam dando fôlego aos democratas não só para levar Barack Obama para a Casa Branca, como para ele continuar nela em 2012 e ainda fazer o sucessor.

Isso porque a solução proposta pelo governo Bush vai radicalmente contra todo o ideário republicano, sempre mais liberal, menos intervencionista e distante daquele Estado mais centralizador pregado pelos democratas, embora mesmo estes não sejam adeptos do intervencionismo que constatamos aqui no Brasil e mesmo em alguns países europeus.

De qualquer modo, empenhar neste momento 750 bilhões de dólares para salvar empresas financeiras teria o efeito de deixar os republicanos sem discurso por décadas, causando-lhes sérios problemas eleitorais, vez que em boa parte do país, é o viés ideológico que define as votações, o que explica o sucesso que os democratas fazem nos centros urbanos mais desenvolvidos e o dos republicanos, nos estados de economia agrícola.

Se estivéssemos longe das eleições dos EUA, provavelmente o plano seria aprovado, mas mesmo assim, com alterações profundas, porque quando levado a votação, os líderes do Congresso americano já haviam decidido não empenhar 750 bilhões numa tacada só, contingenciando 450, 100 para uma eventual segunda parcela e 350 apenas e tão somente se as duas primeiras tivessem efeito visível nas relações econômicas.

Eu encarei a decisão como um voto de confiança do Congresso na economia do país e nos seus agentes econômicos. Ficou bem claro que entenderam que o estrago está feito, e que remendar não necessariamente soluciona a questão, que dizer entregando 750 bilhões que seriam melhor usados em desonerações tributárias que geram crescimento econômico, por afetarem a economia real.

Engana-se quem pensa que a histeria nas bolsas de valores afeta a opinião dos congressistas dos EUA. Não que eles sejam imunes ao clamor popular, mas o fato é que eles distinguem direitinho esse clamor de um movimento especulativo. Mais que isso, o fato do plano ter partido do governo Bush foi encarado apenas como uma obrigação de quem errou tanto em diversos setores da administração. Nem que tivesse maioria no Congresso, Bush conseguiria impor o seu plano, encarado como imediatista à guisa do discurso de catástrofe tão comum nos lábios de quem vive de valorizar e desvalorizar ações contando com a manchetes dos jornais.

Devemos lembrar que o mercado de ações nos EUA é uma tradição de século e meio. Aquele país está acostumado a presenciar corretores se descabelando, porque sabe que na arena das finanças, nem sempre histeria e desespero são sinais de quebradeira.

Fiquei com impressão que o Congresso dos EUA levou isso em consideração, pelo menos num primeiro momento.

Em tempo:

Há tempos atrás se reclamava muito no Brasil do dólar barato demais, que diminuía a retabilidade das exportações. Hoje, abri o jornal e li que praticamente os mesmos grupos de empresas e pessoas que falavam isso, mostram-se "preocupados" com a valorização do dólar. No Brasil, a especulação tem uma cara-de-pau que nem precisa de óleo de peroba!

28 de set. de 2008

PREOCUPANTE

Não sou economista, mas já levantei aqui neste blog, algumas questões que o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa citou na matéria que você pode ler no DEFESANET:

"O dólar acabou"

Eu não torço por uma crise, muito menos se ela afetar o atual governo, porque o Brasil já elegeu em meio a uma crise severa, um senhor chamado Fernando Collor e deu no que deu.

Mas não custa alertar e lembrar que Carlos Lessa é um petista histórico, gente que estava na gênese do partido do presidente Lula. E ele faz alertas importantes, fugindo da "maris tranquilitatis" dos discursos oficiais.

25 de mar. de 2008

BOICOTE?

O mundo inteiro sabia, há 8 anos, que a China era (como ainda é) governada por uma ditadura de partido único.

Em 2000, seu sistema de governo era exatamente igual ao de hoje, de tal modo que a cúpula do Partido Comunista tomava todas as decisões do país, bem como adotava (como continua adotando) todos os itens do caderninho oficial das ditaduras, tais como:

- Não há liberdade de imprensa ou de expressão;
- Controle estatal sobre a atividade econômica;
- Perseguição contra opositores, dentro e fora do país;
- Repressão violenta e desproporcional a atos de insurgência, por mínimos que sejam;
- Violação sistemática de direitos humanos, especialmente de opositores;
- Controle rigoroso de fronteiras para jornalistas ou observadores internacionais.

Eu lembro bem que na época todos os meios de comunicação destacavam a pujança econômica e quase capitalista da China, defendendo a candidatura de Pequim porque isso aceleraria o processo democrático, bem como alguns programas de direitos humanos e preservação ambiental. Houve até quem tenha comentado que seria uma possibilidade única de chamar a consciência chinesa (se é que ela existe) para os direitos do Tibete.

Passados 8 anos, o país continua uma ditadura sanguinária onde o capitalismo só existe em bolsões de riqueza extrema como a capital e Xangai. Os problemas ambientais agravam-se a cada dia e os direitos humanos naquele país continuam sendo ficção científica. Já a situação do Tibete é exatamente a mesma, daí eu me pergunto onde estavam, 8 anos atrás, os indivíduos que protestam hoje contra a violenta repressão que existe lá? Me pergunto também onde estão, agora, os ufanistas que acreditavam que as Olimpíadas levariam a democracia a um país que não respeita nada nem ninguém?

Com todos os indícios em contrário, escolheram Pequim como sede das Olimpíadas, de um tal modo que hoje não vale falar em boicote, como o que o presidente americano, George W. Bush foi obrigado a rechaçar dias atrás e como o presidente da França, Nicolai Sarkozy, admitiu possível ontem.

Se não queriam que uma ditadura intervencionista assumisse o encargo era moleza, bastava escolher o Rio de Janeiro ou uma das reluzentes cidades européias ou norte-americanas que se candidataram.

Enfim, fizeram a escolha errada e todo mundo se calou, agora aguentem-na!

Da minha parte, vou acompanhar os jogos, mas acho que a escolha foi errada.

As Olimpíadas serão realizadas tal qual as de 1936 (Berlin), para que os governantes chineses façam apologia de seu regime criminoso e de sua pujança econômica forjada por meio de trabalho escravo, devastação ambiental e de um capitalismo da Revolução Industrial, que já foi enterrado no Ocidente no século XIX, mas do qual o mesmo Ocidente se beneficia, e tanto é assim, que calou-se na escolha desta sede.

A diferença entre os nazistas e os comunistas chineses, está apenas no fato de que a China não precisa do "espaço vital". É um país gigantesco, que não precisa de guerras de conquista para colocar em prática os interesses de seus governantes. Fora isso, Berlin 1936 e Pequim 2008 tem os mesmos panos de fundo: o deslumbramento irresponsável de quem escolheu a sede, e o oportunismo de quem é o dono dela.

Mais sobre esse assunto, com a Shirlei, clique aqui.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...