27 de set. de 2012

QUANTA DIFERENÇA!

Não existe democracia perfeita basicamente poque não é possível avaliar a vontade de toda população em tempo real, e mesmo a sondagem de tempos em tempos é falha, na medida em que torna viciada pela campanha política onde os radicalismos afloram e os interesses personalíssimos superam os comuns. É aquela situação clássica - ninguém se elege se não colocar seu nome em disputa - e portanto, estar filiado a um partido. Não existe democracia direta em que o povo escolha quem realmente lhe represente, a representação feita pelo modo tradicional é ficta, tanto pode acontecer, como não e a regra é que não aconteça.

Winston Churchill bem dizia em tom de piada, que democracia é uma porcaria, mas é melhor que qualquer outro sistema conhecido, e é bem isso que acontece, é o mal menor.

Mas é tão menor quanto maior for o comprometimento e a consciência da população que vota, porque existe uma diferença abissal entre um povo politicamente conscientizado e outro alienado.

O sistema político brasileiro é um misto de parlamentarismo europeu com presidencialismo norte-americano. O problema recorrente em nossa história é que importamos o pior de cada um deles e montamos uma colcha de retalhos que combinada com um povo individualista, inculto, desonesto e irresponsável, nos legou um quadro político vergonhoso, a ponto de termos de votar leis que expliquem detalhadamente quem é e quem não é inelegível, já que o povo brasileiro de regra não sabe e tem preguiça de fazer essa distinção. Pior, é tanta a desonestidade do sistema que além de ter a lei promulgada, temos que implorar para o Judiciário interpretá-la, correndo o risco de vê-la inutilizada se não no todo, ao menos parcialmente.

Sempre digo e repito: os EUA podem ser acusados de tudo. Podem os detratores dizer que é um país imperialista, injusto, interventor onde não é chamado, exportador de armas e violência para qualquer lugar que lhe atenda interesses internos. Mas nos EUA vale o prelado do interesse nacional e a preocupação com os seus cidadãos, para depois pensar no resto do mundo. Ninguém, absolutamente ninguém pode afirmar que o país não é uma democracia verdadeira e sólida, que sobreviveu inclusive às suas piores falhas, que foram reveladas na eleição de George W.Bush em 2000.

E a consequência disso é que o Estado atende os cidadãos dentro de um determinado contexto ideológico, e os cidadãos, via de regra, prestam atenção em quem elegem e respondem nas urnas se alguma coisa está errada.

Mitt Romney, candidato republicano à presidência foi pego falando asneiras em uma reunião privada do partido, cujo conteúdo filmado vazou para o grande público. Ele disse basicamente que nos EUA há dois tipos de cidadão, os que dependem do governo para alguma coisa, que portanto não votam nele, e os que não dependem, nos quais ele e seu partido deveriam concentrar os esforços eleitorais, e isso foi interpretado como uma ofensa às pessoas mais pobres, que mais sofrem com a crise econômica que assola o país e ao mesmo tempo, desprezou os pobres que votam com os republicanos, que não são poucos.

Sua campanha sentiu o baque imediatamente, nos dias seguintes as pesquisas demonstraram uma perda sensível de apoio que só não foi pior, porque o presidente Barack Obama lidera um governo acusado justamente de não conseguir reduzir os efeitos da mesma crise.

Aqui no Brasil, o indivíduo pode falar as piores sandices e agir como um verdadeiro gângster, mesmo assim se candidata seguidamente carregando uma verdadeira ficha corrida de acusações e processos de corrupção, improbidade, de atos falhos e envolvimento em escândalos de toda a ordem e mesmo assim, leva décadas para perder apoio nas urnas. E se ele não pode se candidatar, manda a esposa, o filho ou o irmão para a disputa que se rege pelo seu apelido ou sobrenome e o povo continua votando, no caso, em gente cujo "chefe" e "inspirador" por exemplo assassinou jovens a sangue frio em um crime de trânsito, foi cassado por corrupção, enriqueceu sem fundamentação econômica ou mesmo que foi flagrado recebendo dinheiro proveniente de assalto puro e simples aos cofres públicos. O povo brasileiro vota no nome, não no currículo e o pior, despreza a ficha corrida de muita gente que não deveria ocupar cargos públicos, mas estar na cadeia.

Essa diferença entre os eleitorados dos EUA e o Brasil explica porque aquele país, fundado praticamente na mesma época que o nosso, virou uma superpotência tecnológica, militar, financeira e política que influencia o mundo todo em todas as áreas e nós ainda somos um rico potentado de gigantescas potencialidades inexploradas, sempre deprimido pela corrupção epidêmica, a incompetência e a satisfação de interesses pessoais mesquinhos muito antes de se pensar nos interesses comuns. Somos um povo de regra individualista, votamos de modo individualista e a regra é pensarmos que ao expressar o voto assim, teremos alguma benesse individualista. Mas em verdade, só o eleito e algumas pessoas à sua volta se beneficiam de algo. O eleitorado em geral só perde.

2 comentários:

  1. Falou tudo Fábio, a coisa vem de cima para baixo onde, em uma democracia verdadeira, deveria ser o contrário. Na próxima semana vou publicar trechos de informações políticas. levando meu leitor mensagens que ajudem, o seu será um deles.

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