8 de set. de 2011

AS UPP(S) VIRARAM SUCO?

No Brasil existe o costume de achar que o que dá certo em um primeiro momento, é eterno. No Rio de Janeiro, então, passar do caos à festança é uma tradição local e todo mundo acreditava piamente, para o gáudio dos políticos da região, de que o problema da violência nas favelas estaria resolvido com as UPP(s).

Os últimos acontecimentos comprovaram que as UPP(s) são uma boa idéia, mas não solucionam coisa alguma.

São uma boa idéia porque representam policiamento ostensivo, que em qualquer lugar do mundo é a melhor arma contra a violência do dia a dia. Polícia na rua, afinal, significa pronto atendimento às pequenas ocorrências, que não raro viram grandes ocorrências.

Mas solução definitiva efetivamente não são.

Já escrevi aqui antes, posso estar errado, mas o que soluciona o problema de violência nas favelas do Rio (e de qualquer lugar) é urbanização. Acabar com os guetos, melhorar as condições de vida e facilitar a ascensão social.

O Estado brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro, é preguiçoso. Ele quer dar uma esmola qualquer aos cidadãos, no caso as UPP(s), para dizer que solucionou problemas, mas não se mexe de modo efetivo para fazer ações efetivas de desenvolvimento.

As UPP(s) seriam apenas o primeiro passo de um processo que necessariamente tem que passar por derrubar barracos e fazer arruamento, recompor topos de morro com vegetação, construir praças, postos de saúde e quadras esportivas, dotar as regiões de linhas de ônibus e corredores de transporte por onde circulem pessoas e valorizem os imóveis para que seus proprietários montem negócios e façam florescer a economia local. Uma vez havendo economia, naturalmente o progresso chega e melhora sensivelmente as condições de segurança, até porque isso gera empregos e ocupação econômica que tira pessoas do tráfico.


É certo que existe algo nesse sentido no Rio de Janeiro, faça-se justiça, o Programa Favela-Bairro atua nesse sentido, embora não pareça ser uma prioridade naquelas bandas.

Mas buscou-se pintar as UPP(s) como a panacéia, o ovo de Colombo, a solução definitiva gestada em 1 ano, para um problema causado pela irresponsabilidade política de mais de século, que começou com a desapropriação de cortiços para a urbanização da parte central da cidade do Rio há muito tempo atrás, e que de omissão em omissão legou um complexo colossal de favelas nascidas da inexistência de ação estatal.

As UPP(s), como solução definitiva viraram suco. Será que desta vez as autoridades vão entender que esse problema só se resolve com ação integrada do Estado por décadas e começar já a investir nessas favelas, integrando-as às cidades?

4 comentários:

  1. Lugares em situação semelhante resolveu, por que o RJ não resolve? Tecnologia existe. Efetivo existe. Vontade da população e reclamação dela também. Falta algo. E, o teatro que os responsaveis montam em cada uma destas pacificações, tenho certeza, não é a solução!

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  2. É hábito, tudo aquilo que o poder púplico lança, na maioria das vezes deixa o rabo exposto e o que era para ser solução, acaba gerando um problema maior. Bem disse Fábio, aquilo que se contruiu em séculos não será em anos que se resolverá.

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  3. Fábio, eu não diria que 'viraram suco'. UPP é início, é o básico, é o primeiro passo, mas não se pode ficar apenas nas UPP´s; o estado tem a obrigação, também,de implementar política de inserção social: boas escolas, bom atendimento de saúde, oportunidade de empregos, atração de investimentos para geração de empregos e empreendimentos etc.

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  4. Eu diria que no Brasil so falta uma coisa: igualdade social e econômica. No dia que a diferença, especialmente econômica, nao for tão grande, teremos um país de primeiro mundo. Mas nem os brasileiros, classe média, preconceituosos, e nem os ricos/milionários donos das empresas entendem essa equação simples, que qualquer pessoa de países civilizados sabe desde criança.

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