3 de nov. de 2009

MATOU UM, FERIU QUATRO

Quando escrevo aqui sobre violência, não esqueça o leitor que sou ativista contra o álcool, que é o motor da maior parte dos crimes cometidos por motivos fúteis e banais.

Neste fim de semana quente em Curitiba, um indivíduo de 26 anos matou um garçom e feriu 4 clientes de um bar no bairro do Batel, que é o mais sofisticado da capital, onde concentram-se os prédios de apartamentos de altíssimo luxo e as casas noturnas mais badaladas e caras tanto quanto inacessíveis ao povão, prova de que vivemos uma violência disseminada entre todas as camadas da população, fruto da impunidade e da falta de freios morais num país onde o "se dar bem" e o "sabe com quem está falando?" são instituições nacionais.

Segundo a imprensa, o indivíduo queria sair do bar com uma garrafa de cerveja e foi proibido pelo segurança, porque em Curitiba, se a prefeitura encontrar garrafas quebradas jogadas em volta do estabelecimento, ele pode pagar multa.

Ofereceram um copo e o "macho" o "super-homem", o "pagador da conta" sentiu-se ofendido. Jogou a garrafa no chão, saiu com cara amarrada e voltou armado atirando para todos os lados, certamente encorajado pelo alto grau de embriaguez. Provavelmente pegou o carrão, saiu cantando pneus e agora vai alegar na delegacia que não lembra de nada.

E assim vamos. Conheço pais que aceitam passivamente que seus pimpolhos de 15, 16 anos fiquem até alta madrugada na rua e cheguem em casa fedendo a álcool. As autoridades, por sua vez, se omitem, vejam que juízes irresponsáveis têm desprezado o teste do bafômetro como prova de embriaguez que implica crime e perda da habilitação para dirigir. Devolvem a carteira de motorista para indivíduos "espertos" com dinheiro para pagar bons advogados, os mesmos indivíduos acostumados a frequentar as baladas para beber, e geralmente só beber.

A bebida, mais especificamente a cerveja, é a verdadeira porta de entrada do mundo das drogas, pois disseminada entre adolescentes. Mais do que isso, entre os adolescentes de classes sociais mais altas o problema é maior, ao contrário do que se possa imaginar, porque para eles, beber a cerveja da marca "x" ou "y", no bar "x" ou "y" é questão de status na medida da sofisticação do produto e do local, contando ainda que estes adolescentes geralmente têm dinheiro para experimentar o "algo mais" da balada, onde traficantes circulam livremente para vender ectasy e quetais. Se o jovem pobre entra nesse mundo as vezes pela vontade de experimentar algo diferente na vida, o jovem rico entra apenas pela emoção de transgredir, isso com a velada omissão paterna, que ainda paga advogado e abafa a imprensa para salvar a pele do filhote.

Esse tipo de violência se combate julgando e punindo com rigor os envolvidos e também seus pais irresponsáveis, se comprovado que se omitiram para evitar comportamento inapropriado de seus filhos menores. E, claro, é preciso combater o vício do álcool entre crianças e adolescentes de todas as classes sociais, o que demanda uma atuação firme das autoridades, como os conselhos tutelares (que são inexistentes na maior parte do país, pelo menos operacionalmente) e as polícias agindo de modo integrado, e juízes determinando o apenamento cabível no Estatuto da Criança e do Adolescente, independentemente da classe social do infrator.

Em "O Globo":

IDENTIFICADO E PRESO CLIENTE QUE MATOU FUNCIONÁRIO DE BAR EM CURITIBA

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