10 de jul. de 2008

O TRÂNSITO VAI PARAR? (PARTE 2)

Interessantes os comentários sobre a matéria do trânsito, todos eles demonstram que os motoristas de modo geral não aguentam mais a carga que representam os constantes engarrafamentos e o stress que eles causam.

Alguns, porém, merecem uma reflexão melhor.

O João Bosco pergunta se as pessoas efetivamente têm disposição em atacar o problema e quanto cada um de nós daria de sacrifício por isso.

É uma questão relevante, se pensarmos que os motoristas mal-educados geralmente demonstram egoísmo extremo ao parar o carro onde bem entendem, passar o sinal vermelho, abusar da velocidade, costurar, etc... Eu vou mais longe à pergunta do Bosco: Será que estes motoristas se sacrificariam?

Não custa verificar o que está ocorrendo com a Lei Seca. Tem bebum que não se conforma em perder o direito de colocar a vida de terceiros em risco, de tal modo que participa de redes de mensagens para identificar locais de blitzes, como está ocorrendo em São Paulo.

Esse tipo de gente não se saccrifica por nada e por ninguém. O cara que é egoísta no trânsito, é em todos os aspectos da vida. É aquele indivíduo que afirma com todas as letras que pode beber quanto quiser, que continua perfeito ao volante, é o cara que estaciona na saída de ambulâncias e se criticado ainda acha ruim, etc...

Daí teriamos a situação clássica de terra brasilis, os conscientes dando sua parcela de esforço para os egoístas "se darem bem" ganhando um trânsito melhor e tratando de levá-lo a outro gargalo.

O problema cultural do Brasil aflora nesses momentos.

Já o Zé Povo, afirma que uma boa alternativa seria o uso de táxis, que, por sua vez, precisaria ser uma atividade menos cartorial do que é entre nós.

Acho que é uma boa alternativa, mas ao mesmo tempo, implica sérias consequências. O problema dos perueiros em São Paulo ultrapassou o limite da infração administrativa para virar crime organizado, de tal forma que há um exército de pessoas carregando outras a preços que nem chegam a ser convidativos, mas de regra sem qualquer tipo de segurança. O táxi é uma atividade regulamentada em qualquer lugar sério do mundo, justamente pela necessidade de transportar as pessoas com segurança.

Mas o Zé também bate em um ponto importante da questão, o fato de as frotas de táxi não aumentarem, e estarem concentradas em mãos de poucas pessoas, o que ocorre no Brasil todo (São Paulo e Curitiba, por exemplo) e até no exterior (Em Nova York, licenças de táxi são um patrimônio valiosíssimo). O número de táxis em Curitiba não aumenta há pelo menos duas décadas, e duvido que nas demais grandes cidades isso não seja parecido, basicamente porque há interesses políticos envolvidos na questão.

E a Magui faz menção à bicicleta, na qual não acredita que possa ser usada, até pelas grandes distâncias que o transporte de massas envolve.

A bicicleta para mim, é um mito. Vivemos numa sociedade sem tempo e de grandes distâncias, ainda não chegamos àquela cidade idealizada pelos "nerds" que dizem que no futuro a maioria das pessoas trabalhará em casa, em frente de um computador.

Não podemos prescindir do transporte motorizado até por questões econômicas. A bicicleta é uma alternativa para quem tem tempo ou para percorrer distâncias curtas, e só. Ela não substitui nada e não pode ser aventada como solução para o problema do trânsito.

A opção que um proprietário de veículo faz pelo transporte coletivo envolve alguns requisitos, entre eles o do transporte público ser bom.

E quando digo "bom" não estou me referindo a confortos como viajar sentado e com ar condicionado, mas a coisas básicas como o cobrador ter troco, o coletivo chegar e sair no horário e ter condições de higiene.

Volta e meia eu me pergunto se não devo sair de ônibus do escritório para tratar de algum assunto. Acabo sempre não indo, porque a viação que me atende não observa horário nenhum. As vezes passa um ônibus a cada 20 minutos, as vezes a espera é de mais de uma hora. Depois, em intervalos de 5 minutos, é possível passar um ônibus super-lotado e outro vazio, fruto da falta de planejamento e respeito pelo usuário, sem contar que as condições de higiene são pior que precárias.

Uma das razões pelas quais o metrô de São Paulo é bem afamado, é a pontualidade. A mesma pontualidade que faz os europeus viajarem de trem (na Alemanha, há linhas de trem com saídas em horários como 17h26 ou 2:01 e chegadas igualmente "quebradas").

O indivíduo proprietário de um veículo não vai arriscar chegar atrasado em um compromisso e deixar sua agenda nas mãos de companhias de transporte. Ele só opta por elas quando sabe que o contrato de transporte será honrado, salvo, claro, caso fortuito ou força maior. O fato é que até sujeita-se às filas e à lotação, mas não aceita o atraso que lhe causa problemas econômicos.

Enfim, o problema do trânsito é complexo.

Para dar sobrevida a nossos sistemas viários será necessário investir muito em capacitação dos transportadores coletivos e motoristas de táxis, tornando os serviços profissionais e confiáveis, considerando ainda que, para que se tornem confiáveis, é preciso que as pessoas à volta também tenham educação.

Aqui onde eu vivo, um indivíduo comprou uma sirene e um jogo de luzes daqueles que a polícia usa nos veículos. Sabem para quê? Ele trafega nas vias exclusivas de ônibus em Curitiba, na contra-mão e em velocidades absurdas por todo o lugar se apresentando como policial em serviço. Até hoje ninguém o pegou, é um caso extremo, mas demonstra que a absoluta falta de educação de um motorista tem potencial de causar atrasos até mesmo em sistemas de transportes coletivos confiáveis.

Enfim, o Brasil precisa reaprender o trânsito como um todo, e o problema é sério, porque envolve perdas econômicas.

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