8 de mai. de 2007

ROBERTO CARLOS E A BIOGRAFIA

Com todo o respeito que eu tenho às opiniões em contrário, entre elas a do Tom Paixão, cujo blog não tratou do assunto mas vai linkado porque ele fez comentários em outros blogs, eu quero me manifestar em favor do Roberto Carlos sobre essa questão da biografia.

Este "post" é um melhoramento de um comentário que fiz no blog do Orlando Tambosi, que achei pertinente colocar aqui, para constatar a opinião dos meus leitores.

Quero dizer que eu gostaria de ter comprado esse livro, mas não tiro as razões do Roberto Carlos, senão vejamos:

1. Ele é religioso praticante, isso é notório. Por mais que eventualmente ele tenha deixado de seguir os ditames da fé (igreja) que pratica, é fato que ele procurou segui-los e que nunca deixou de divulgar aquilo em que acredita de modo fervoroso e por vezes tocante pelo talento aplicado nas músicas que compôs para tanto. Portanto, ele não é um homem sem moral nenhuma, alguém sem valores ou mesmo alguém de valores duvidosos.

2. Eu não lembro de ter visto alguma vez o Roberto Carlos envolvido em escândalos de fofocas tipo revista Contigo, ou se exibindo em Caras a cada vez que trocou de namorada, como é comum nas "celebridades" de proveta de nossos dias;

3. Ele nunca se envolveu em discussões políticas e na única vez em que foi acusado disso, fez uma linda homenagem ao amigo Caetano Veloso, numa das canções mais belas da música nacional, que não teve conotação política, mas apenas pessoal;

4. Todos os fatos obscuros de sua vida foram tratados com discrição e sem alarde. É comum que artistas pegos em atos falhos saiam na imprensa, valendo-se de sua fama para desqualificar seu adversário judicial e lançar dúvidas sobre o eventual pedido. Roberto Carlos, pelo menos que eu lembre, nunca foi à imprensa para desqualificar algum adversário em juízo, como muitos artistas menores já fizeram em casos parecidos;

5. Ele assumiu todos os filhos comprovadamente dele, sem batalhas judiciais após a prova;

6. A vida privada dele sempre foi protegida e nunca houve especulações maiores sobre suas intimidades, justamente porque ele optou por proteger sua familia. Mais que isso, quando ocorreu algum tipo de problema em sua esfera familiar, ele mesmo veio a público para dar a notícia, mas por respeito aos seus milhares de fãs, não por cobiça de promoção pessoal;

7. Seus filhos sempre agiram de modo discreto e nunca passaram noitadas de exibicionismo à la Paris Hilton ou outras figuras ainda menores, certamente não por falta de condições financeiras ou oportunidade, mas por receberem em casa uma educação calcada em valores pessoais.

Enfim, Roberto Carlos, além de gênio da música, é um ser humano cordato, educado e preocupado não só com sua imagem, mas também com o bem estar de seus familiares e amigos e dos seus milhares de fãs. Ele pode ter errado na vida, como toda e qualquer pessoa erra. Respondeu ações em juízo, certamente pagou indenizações e advogados e pelas coisas erradas que eventualmente fez. Se tem manias e idiossincrasias, bem, quem não as tem?

O fato mais importante disso, porém, é que Roberto Carlos nunca usou a mídia para auto-promoção, senão em decorrência de seu enorme talento.

Ele é muito diferente das "vagabas" que vão para Caras mostrar os seios novos ou a nova cozinha de suas mansões, ou dos palermas que desfilam com uma mulher por noite para alavancar suas carreiras sem talento.

Roberto Carlos é motivo de notícia porque tem uma obra excepcional e porque é admirado e amado por milhões de pessoas que reconhecem na sua música um alento ou uma diversão. É um artista como poucos no Brasil, com uma carreira de 40 anos levando multidões aos seus shows sem apelação barata, sem nudismo, sexismo ou ainda hipocrisia política como uns e outros que se dizem "socialistas" e cobram duzentos reais o ingresso para assisti-los. É um ídolo popular de verdade, um artista reconhecido aqui e no exterior, que nunca precisou de escândalos de imprensa para lotar teatros e estádios pelo Brasil afora.

Ele tem uma biografia de verdade a preservar, é diferente de outros tantos que chegam a pagar para que alguém lhe faça uma biografia chapa-branca com alguma revelação bombástica a fim de dar um impulso adicional à sua carreira medíocre.

Com todos esses fatos, eu concluo que Roberto Carlos buscou proteger a sua intimidade e a de seus familiares e amigos.

O autor da biografia sabia do risco existente ao publicar a obra, até porque a editora deve tê-lo avisado que poderia sofrer ações judiciais. Portanto, houve um risco calculado nessa questão.

Ademais, não houve censura nesse caso, onde seguiram-se os trâmites burocráticos atinentes ao Estado de Direito, posteriores à circulação da obra.

O ofendido, Roberto Carlos, leu a biografia, não gostou, acionou a Justiça e tirou a obra de circulação. Seria uma falha moral se ele, Roberto, fosse à imprensa fazer acusações contra o autor da obra, coagindo-o indiretamente por meio de sua massa de fãs. Mas não, Roberto Carlos chamou seus advogados e tratou da questão nos tribunais, como um cidadão de verdade deve fazer ao sentir-se ofendido.

E notem bem, agiu sem o intuito de ainda por cima ganhar algum dinheiro, como o que ocorre na enorme maioria das ações de danos morais. Dou razão a ele.

Caros amigos blogueiros,

Não tenho a intenção de mudar a opinião de ninguém ao levantar o tema. Aliás, essa discussão tem dois beneficiados: a) o debate franco de idéias e concepções de vida e de leis; b) eu mesmo, que tenho grande interesse pelo tema "direito moral" e gosto de saber com as pessoas reagem caso a caso.

Há bons argumentos contrários ao RC, como o do TOM PAIXÃO ou da PATRICIA M, e há quem tenha levantado outros argumentos que não os meus em favor dele, como a PATA IRADA.

Fico feliz em ver que, salvo uma ocorrência isolada em outro blog, todos os que vieram até este blog até agora, demonstraram educação e argumentos sólidos para discutir a questão. Já disse um ex-professor meu que em Direito não existe resposta errada, existe interpretação. Em parte, ele está certo, e vocês comprovam isso neste debate.

23 comentários:

  1. Fabio, eu discordo. Pessoas publicas deveriam saber que nao tem mais privacidade. E como o livro nao foi de forma alguma ofensivo, nem publicou nenhuma calunia a respeito do cantor, a lei deveria estar do lado do autor e da editora.

    Alias, achei que o incidente como um todo manchou a carreira dele, e se quer saber, estou de acordo com o que escreveu o famigerado Paulo Coelho. Pela primeira vez tenho de concordar com o maluco.

    E quem quiser ler o livro de graca (eu nao me interesso de forma alguma pela biografia do Roberto Carlos), ha PDF's rolando pela internet afora. Facam bom proveito!

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  2. Anônimo9/5/07 07:08

    Tai um homem de valor..que com certeza pode ter tido seus pecados, quem nao tem? ele esta certo de ir a justica. A justica e para isso mesmo..gosto muito do Roberto e assino embaixo de tudo que vc citou

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  3. Anônimo9/5/07 09:32

    Clpa!Clap!Clap! Parabéns, Fábio!
    Não concordo com essa máxima de não poder separar á vida pública da vida privada.
    Penso que o autor do livro deveria consultar antes para obter a autorização pessoal do cantor e submeter o manuscritos antes da publicação.
    O tal Paulo Coelho foi o primeiro a proibir músicas do Raul Seixas lindas por sinal, porque simplismente 'mudou de lado'.
    Mas infelismente aí no brazil continuamos a idolatrar aqueles que fazem um escandalo por semana.
    Depois dizem que o governo e o congresso não é a cara do povo brasileiro.

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  4. Concordo com tudo que o Fábio citou sobre RC. Mas discordo do fato de não se poder publicar uma obra sobre um ídolo. Uma pessoa pública. Não me recordo de ter ouvido nada sobre informações incorretas ou caluniosas na biografia. Portanto, se me permite, é uma obra histórica sobre uma pessoa PÚBLICA.

    Faço minhas as palavras de Patrícia m.

    Paulo Coelho é um pateta que, como bem disse a Malu, proibiu músicas apenas por ter mudado de lado. Não tem direito de criticar RC agora.

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  5. Moderação é coisa de boiola (2)!

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  6. Fábio, está correto em toda a linha. Mas digamos que por alguma razão algum iluminado publicasse uma biografia não-autorizada do José Dirceu com provas cabais de todas as maracutaias em que se meteu? Valeria recorrer à justiça? Quando um jornal publica uma noticia denuncia não é o mesmo principio? Fico preocupado com isso. E interessante notar a velocidade de ema selvagem que a justiça atuou nesse caso.

    PS: Moderação evita aporrinhação. ehehehehe

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  7. Fábio, concordo com vc, mas também com a patricia m. que disse o seguinte: "pessoas publicas deveriam saber que não tem mais privacidade...", mas pq o autor da biografia não pediu autorização para escrever a biografia? Assim teria evitado tanto transtorno!

    Em contra partida me pergunto o pq de tanto estardalhaço num assunto de tão pouco valor?! Com tantos problemas que temos no nosso país e no mundo, pq dar tamanha atenção a um assunto como esse?

    Bem...respeito a figura pública de Roberto Carlos e seu comportamento sempre digno e discreto. Não sou sua fã, mas achei que sua atitude foi completamente cabível.Eu tb não permitiria que disponibilizassem uma biografia sem a minha devida autorização, afinal quem sabe da minha vida muito bem sou eu mesma e mais ninguém!

    Beijinhos...fique com Deus e um bom restinho de semana!

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  8. Fábio, com todo respeito que tenho ao Roberto e sua obra, achei que ele pegou pesado. Tive oportunidade de apenas folhear o livro que tem muitas fotos e tive a impressão de ser uma biografia feita de maneira respeitosa e carinhosa, afinal o biógrafo é fã declarado do Roberto. Pelo que vi e li a respeito da biografia não creio que houve nenhum desrespeito a pessoa pública que ele é. Abração

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  9. Fábio (Não precisa publicar)
    Seu Adsense tá meio escondido. Dê uma olhada no www.carloscardoso.com, que é um cara que dá muitas dicas de veiculação de publicidade em blogs. Abração

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  10. Pertinente o comentário da Malu, faço minha as palavras dela. Beijus

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  11. Anônimo9/5/07 16:11

    Fábio:
    As razões que você alinhou são boas, mas não acho que justifiquem uma ação na justiça para impedir a publicação de fatos que são públicos, alguns, e documentados, outros.
    Não concordo com este tipo de censura.

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  12. Anônimo9/5/07 17:21

    Fábio, vou concordar com a Patricia, o Túlio e Rayol: o homem é uma "pessoa pública". Artistas tem que ficar na mídia, de uma maneira ou de outra, se não acabam esquecidos.
    Tá bom, o Roberto não precisa mais disto. Mas a biografia proibida não tinha nada que não fosse do conhecimento geral.
    Enfim, também acho o Paulo Coelho um chato mas acertou quando chamou a editora (que publica seus livros, aliás) de covarde.
    Um abraço.

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  13. Anônimo9/5/07 19:41

    Nenhuma biografia devia ser editada sem o consentimento da pessoa em causa, ou senão vejamos: Se ele se ofendeu é porque o que está escrito não corresponde há verdade dos factos e sendo assim a biografia deixa de ter sentido, ou não é?
    Roberto Carlos tem curriculum suficiente para uma biografia, mas todas as pessoas, (conhecidad ou não) têm direito à sua vida privada, porque é isso que ela é, privada! Há celebridades que fazem questão de não ter vida privada e expõem-se de livre vontade, mas quem sabe separar as águas e só quer dar a conhecer o seu talento tem todo o direito.
    Não concordo com biografias não autorizadas por serem um abuso. Mesmo que sejam para dizer maravilhas da pessoa!
    Beijinhos Fábio e obrigada pelo carinho deixado no amar-ela.

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  14. Fabio

    Mesmo que ele não fosse assim como escreveste, acho que uma biografia "não autorizada" é um abuso para qualquer pessoa.

    É um direito que ele tem como qualquer pessoa. Não é obrigado a aceitar que alguém escreva sobre a sua vida privada se ele não quer se expor. É a vida dele.

    Não acho que ele pegou pesado. Fez o que qualquer um de nós faria.
    Acho até que le fez tudo muito certinho, pagou por todos os exemplares que mandou recolher.
    Eu não pagava, escreveu porque quis.

    Um beijo.

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  15. Pata Irada, o Roberto Carlos nao pagou por nenhum exemplar nao. Ele abriu mao de cobrar multas e indenizacoes, apenas isso. Quem arcou com o prejuizo de ter publicado o livro e NAO ter vendido foi a editora e muito provavelmente o autor.

    Esta na midia, em qualquer canto da internet, o acordo firmado em tribunal.

    Desculpem, mas eh muito diferente publicar uma biografia de um figurao publico como o Roberto Carlos e uma biografia de um de nos, que somos pessoas privadas e no fundo nao somos ninguem de interesse relevante para o resto do pais. Nao ha comparacao plausivel nesse caso.

    So reafirmando, Roberto Carlos nao pagou por nada. Mas, de novo, o livro esta ai na internet para quem quiser ler, gracas a pirataria brasileira. Eita povinho!

    Sera que o queridao agora vai botar a Justica atras de tudo quanto eh site, igual a Cicarelli? Hahahaha, so falta essa.

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  16. Eu também dou a razão a ele, Fábio.
    Que interessa os erros, os amores, seus pecados? Fácil colocar no livro a vida dos outros, difícil é expor a nossa!
    O povo não sabe apreciar uma boa música, mas quando se trata de bisbilhotar a vida dos outros, aí todo mundo se interessa.
    Pois eu me contento com suas músicas, que na verdade são verdadeiras poesias. Quanto a sua vida e suas intimidades só diz respeito a ele mesmo.


    Beijo Fábio, e bom dia!

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  17. se um dia meu coração for consultado, para saber se andou errado, chamo fabio pra meu advogado.
    e meu amigo, camarada.
    mas discordo da discordancia sua, querido fabio.
    roberto não leu o livro, ele disse.
    foi instrumentado pela terrível assessora dele e por apaniguados. roberto, tenho fontes fidedignas para dizer isso, está virando um elvis presley com pitadas de howard hughes. ou vice versa, sei lá.
    sério.
    problema dele.
    a biografia não o desabona e nem aborda temas que discutiamos há tempos, como dona laura e sua (dela) vida amorosa.
    ele pediu, de inicio, 30 milhões por danos morais.
    não há dano moral na obra.
    a editora, justamente chamada de covarde por um de seus contratados, paulo coelho, deve ter se acoelhado por causa disso. se cada biografado, pessoa mais que pública, impedir uma revisão histórica de sua vida e seus atos, além de seu trabalho, melhor fechar os cursos de historia.
    ou ficar nos machado de assis da vida.
    acho que é isso, grande fábio.
    se os aloprados tivessem a democracia que nós outros temos em nossos debates bloguísticos, o brasil seria outro.
    vida longa aos blogs nossos de cada dia.
    paz

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  18. Fabio, eh sempre agradavel discutir posicoes com pessoas educadas. Infelizmente no blog Apaniguado, como nao fazemos aprovacao de comentario, vez ou outra aparece um(a) petralha mal educada. A bola da vez eh a chata da Ana Karenina, tadinha, sofreu lavagem cerebral e fica repetindo sem parar que o governo Lula eh impoluto... Hahaha.

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  19. Acho que ao invés de esconder a biografia, o Robertão devia era esconder alguns dos seus últimos discos...

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  20. Walter,

    Essa foi genial! Apoiado!!!!

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  21. Acho que o Roberto Carlos não está nen um pouco preocupado com promoção.
    Não gosto da maioria, só pra não dizer nenhuma, das suas músicas.
    Se ele não gostou não é obrigado a ter que engolir um livro só para que algúem se vanglorie nas costas dele, só porque é famoso.
    Ainda bem que não pagou pelos exemplares.
    Comecei agora a admirá-lo! hehehe quaquá

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  22. Pois é, Fábio. O tempo passou, e eu acabei de ler o arquivão do livro que corre por aí. O que posso te dizer é que não há na obra nenhum detalhe que desabone o RC, e nenhum fato novo importante. Portanto, ponto pra burrice dele.

    Outro ponto pra burrice dele é o fato de conseguir proibir a comercialização de um livro que custava 60 paus. Esse preço já seria proibitivo para mim, imagine para os fãs menos capacitados financeiramente. O advogado dele deve ter alertado para o que aconteceria - o texto circulando na net. E mesmo assim ele teimou.

    De resto, pra quem não leu, o texto tem momentos bem fracos. Pode-se dizer que um terço repete a mesma lenga-lenga: "Para a música tal, Roberto teve uma inspiração no hotel tal, baseado na perna quebrada de seu cachorro, se preparando para o show tal, no ano tal. Daí ligou para Erasmo carlos, eles burilaram a letra pelo telefone, e tal".

    Me interessou muito mais a parte dos anos 60/70, de como o restante da MPB via essa coisa de jovem guarda e rock. Me esclareceu muita coisa que não diz respeito a ele propriamente. É coisa que faz parte da história da MPB. E que ele acabou, pela lei, tungando pra si.

    Coisa feia. Ele poderia muito bem ter saído de sua preguiça em relação a livros e ler. Depois depurar com o autor e pedir um tanto do preço de capa, coisa que de nenhum modo o desabonaria.

    Desrespeito ao historiador e a uma coisa chamada pesquisa. É por isso que o Brasil não vai pra frente.

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